Revista LiV nº 66

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ano 15 | nĂşmero 66

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R$ 15

Bruna Lombardi outubro | 2019

Talento, espiritualidade e beleza atemporal. A saudade de Walter Bandeira Solidariedade no CĂ­rio de NazarĂŠ Os encantos de Nice














editorial Olá, amigos! Sempre que finalizamos mais uma edição da LiV, ficamos um pouco saudosos do processo todo. Nesta edição, a de número 66, que chega às suas mãos, temos motivos de sobra para esse sentimento, porque revisitamos a carreira do inesquecível Walter Bandeira – a voz mais poderosa do Pará - um artista que nos deixava há 10 anos. Pelos escritos poéticos do jornalista Elvis Rocha, Walter ganha vida: tivemos o privilégio enorme de reunir sua família e amigos amados para reviver histórias maravilhosas do cantor. O resultado dessa incursão, no mínimo fantástica, vocês conferem em uma matéria especial nas páginas a seguir. A bela atriz Bruna Lombardi conversou conosco sobre sua carreira, casamento, espiritualidade, meio ambiente e empoderamento feminino. Desafiando a lógica e o tempo, Bruna permanece tão bonita e magnética quanto há mais de 40 anos, quando estreou na TV. Falamos ainda sobre a bela cidade de Nice, no interior francês – uma joia de cidade, incrustrada no litoral azul. Repleta de histórias e muito charme, Nice tem se tornado um destino cada vez mais frequente para os brasileiros. Fomos lá conhecê-la também. Além de Nice, Bruna Lombardi, Walter Bandeira, a LiV mergulhou no universo de solidariedade do Círio de Nossa Senhora de Nazaré, no mundo mágico das crianças-prodígios e ainda pisou em Santarém, lar do chef Sandro Mota. Há ainda nossos incríveis colunistas e dicas mais deliciosas ainda.

André Moreira

Uma excelente leitura e até nosso próximo encontro.

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Fabrício Ferreira

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Neto Porpino

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LIV é uma publicação trimestral da Publicarte Editora para a Construtora Leal Moreira. Os textos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião da revista. É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos e ilustrações, por qualquer meio, sem autorização.

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galeria

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SANDRO MOTA A Gastronomia do Oeste paraense conquista o Brasil.

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gourmet

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perfil

BRUNO PORTELLA O fogo serve de inspiração na recriação de ícones da história.

especial crianças

BRUNA LOMBARDI Atriz, cineasta, escritora, roteirista. São inúmeros os talentos de uma das mulheres mais lindas do Brasil.

Nice

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capa

índice

WALTER BANDEIRA Há 10 anos a maior voz da música paraense nos deixava.

86 Pequenas no tamanho, grandes no talento: crianças mostram que é possível desenvolver responsabilidades sem abrir mão da infância.

80 A pérola do litoral francês é um destino irresistível

spotlight �������������������������������������� pág • 18 dicas ����������������������������������������������� pág • 20 Celso Eluan ����������������������������� pág • 30 Fernando Gurjão ���������������� pág • 42 Leila Loureiro ������������������������� pág • 52 especial Círio ������������������������� pág • 54 Angela Sicilia ������������������������� pág • 60 horas vagas �������������������������� pág • 100 institucional �������������������������� pág • 102

ESCREVERAM NESTA EDIÇÃO:

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• Flávia Ribeiro • Dominik Giusti • Carolina Menezes • Tarik Duarte • Lorena Filgueiras • Elvis Rocha



spotlight

Claudia Andujar Com curadoria de Thyago Nogueira, a exposição apresenta a obra de Claudia Andujar através de centenas de fotografias, desenhos, uma instalação audiovisual, além de livros e documentos que mostram sua dedicação aos Yanomami. Até 10 de novembro no IMS Rio, na rua Marquês de São Vicente, 476, Gávea – e de terça a domingo, das 11h às 20h (entrada gratuita). 18 | www.revistaliv.com.br



dicas Belém

Marcos Berman Deliciosidades Autodidata, o confeiteiro Marcos Berman transformou o hobby em profissão, e de sua cozinha saem as receitas que justificam o nome da casa: bolo vulcão de chocolate, bolo gelado de morango, torta chocomousse. Merecem destaque ainda as receitas salgadas, como a unha de caranguejo, de camarão e a quiche de palmito com alhoporó. Com a sócia, Berman ainda tem uma linha com torta de chocolate belga zero açúcar. Peça um café gourmet italiano ou suco feito na hora.

Avenida Nazaré, nº 881. marcosbermandeliciosidades

Porteño Há uma choripaneria entre nós. Da Argentina até o Brasil, as receitas mais tradicionais fizeram um trajeto que desembocou na Amazônia, mais especificamente em Belém. Localizado no bairro de Nazaré, o Porteño foi inaugurado em junho de 2019 e coleciona elogios e clientes apaixonados. Dentre as diversas comidas típicas da Argentina, os sócios incluíram no cardápio as que mais têm relação com o movimento de comida urbana moderna, encontrando o seu maior expoente no Choripan, a união de chorizo e pão, temperado com o chimichurri, molho muito conhecido pela utilização em churrascos. Como não poderia deixar de ser, a casa trouxe as empanadas, feitas diretamente no fogo, uma releitura exclusiva do Porteño que oferece um sabor incomparável. O cardápio é assinado pelo chef Roberto Hundertmark.

Travessa Doutor Moraes, nº 47. portenobelem

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dicas Belém

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dicas Brasil

Z Deli Sandwiches Em um acolhedor salão na Alameda Lorena, inspirado em uma deli americana, no pulsante centro financeiro de São Paulo, os sanduíches que chegam às mesas são tão convidativos quando deliciosos. Apostando na velha máxima de que “em time que está ganhando, não se mexe”, a Z Deli acaba de abrir sua terceira unidade no centro velho de São Paulo. No cardápio, sem invencionices, figuram sanduíches clássicos (como os hambúrgueres e sanduíches de pastrami – que, aliás, mereceria um destaque por si) e sanduíches de roast beef, pasta de ovos e o Turkey Club. Mas a Z Deli vai muito além dos sandubas: o cardápio inteiro é cheio de afagos aos sentidos da gente. São tortas, bagels, drinks. Tudo transbordando de zelo e atenção em cada prato.

Alameda Lorena, 1689, Jardim Paulista São Paulo / SP – Telefone: (11) 3088.5644 zdelisandwiches

Bráz Eléttrica Há vinte anos nascia Bráz Eléttrica. O nome foi inspirado no forno elétrico, de alta performance, e que foi trazido de Nápoles, na Itália, e assa os discos de pizza em 90 segundos e a 480º. As pizzas são todas feitas com massa leve, própria, fermentada por 24 horas. Todas as receitas da casa são assinadas pelo pizzaiolo Anthony Falco, um dos mais importantes nomes da culinária nova-iorquina. Neo-napolitana é como chamam as pizzas da Bráz Eléttrica: longa fermentação, mesclando farinhas brasileiras e italianas e assadas em menos de um minuto e meio. São ideais, inclusive, para ser dobradas e comidas com as mãos. Recomendamos a Sr. Falco, pizza feita com molho, linguiça fresca, cebola roxa, alho, manjericão e grana padano. Peça uma cerveja da casa e, se ainda houver “espaço interno”, inclua o Bi-volt como sobremessa: uma mousse com brigadeiro meio amargo. Rua dos Pinheiros, 220 São Paulo/SP brazelettrica

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dicas Brasil

Banzeiro em São Paulo O Banzeiro, restaurante que há dez anos encanta o paladar amazonense, abriu as portas de sua filial paulista. Localizado no Itaim Bibi, bairro de vida noturna agitada e repleto de sedes corporativas, o Banzeiro São Paulo é a primeira incursão do chef Felipe Schaedler fora de Manaus, onde mantém também o Moquém do Banzeiro. Os dois restaurantes de Manaus, aliás, estão presentes no novo empreendimento. Decoração, cardápio e até as louças lembram bastante os “irmãos mais velhos”. Para atrair os clientes de São Paulo, porém, Schaedler revela que precisou adaptar porções (que são menores para os paulistas) e ousar com algumas misturas que no Banzeiro original ele nunca arriscou colocar no cardápio, como o pirarucu com missô. Para beber, a gente recomenda o Tiki Cocktail, feito com rum e purê (purê, vejam bem!) de cupuaçu! Eleito por três anos consecutivos como “melhor chef”, Schaedler é pesquisador gastronômico e é considerado um dos nomes mais importantes da cozinha nacional.

Rua Tabapuã, 830 • Itaim Bibi São Paulo - SP, 04533-003 banzeirosp

Anita Pâtisserie Localizada em João Pessoa, na Paraíba, a Anita Pâtisserie é uma confeitaria/delicatessen, especializada na doçaria francesa com um menu para lá de convidativo, com destaque para os macarons e croissants, feitos com receitas originais e feitas à risca. O ambiente igualmente delicioso e acolhedor, com um serviço impecável. Vale muito ir lá, sem hora para sair, permitindo-se degustar tudo com calma – qualidade que é indispensável à boa mesa. Recomendamos os macarons de chocolate Ruby, os ovos beneditinos e o croque monsieur – simplesmente inesquecíveis!

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Avenida Fernando Luiz Henrique dos Santos, 2340, sala 4. João Pessoa, Paraíba. anitapatisserie



dicas mundo

Mirazur Eleito o melhor restaurante do mundo, o Mirazur fica em Menton, no Sudeste francês. “Francês de alma cosmopolita”, o Mirazur tem o comando de um argentino e sua esposa brasileira. O chef argentino Mauro Colagreco celebra todos os dias os valores tradicionais do país: igualdade, fraternidade e liberdade. Localizado na fronteira com a Itália e com uma visão espetacular do Mediterrâneo, o Mirazur oferece uma cozinha criativa com ingredientes locais, que vêm em grande parte dos cinco pomares que Colagreco cultiva. Os pratos, à base de frutos do mar, são imperdíveis: a lagosta é uma das estrelas do menu, em mousseline. Dentre as sobremesas, destaca-se o iogurte Granny Smith com cristais de coentro – um frescor ao paladar. E não se deixe enganar por conceitos pré-concebidos: o menu do chef, com 4 pratos, custa, em média, 60 euros. Acessível, com uma visão linda e com o plus de ter estrelas Michelin e o título de melhor do mundo, vale incluir um dia de viagem a Menton, se você estiver planejando passar as férias na Europa.

30 Avenue Aristide Briand, 06500 Menton, França restaurantmirazur

Belcanto Também figura na lista de “Os 50 melhores do mundo” o português Belcanto. Localizado em Lisboa, em endereço mais que privilegiado, o Belcanto está sob o comando do chef José Avillez. Originalmente inaugurado em 1958, em 2012 o restaurante foi totalmente repaginado e renovado pelo próprio Avillez. O cardápio é totalmente composto por menus degustação: Evolução e Clássico. Cada um tem uma proposta distinta. O último, por exemplo, reúne pratos que contam a história do Belcanto.

Rua Serpa Pinto 10A, 1200-026 Lisboa belcanto_joseavillez

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Muitas vezes a tecnologia é colocada como vilã do desemprego, pois elimina postos de trabalho no atacado, substituindo mão de obra por novos processos ou máquinas. Não é diferente agora, quando a Inteligência Artificial começa a ocupar alguns espaços e deixa dúvidas sobre o futuro do emprego. Profissões como motoristas (até de aplicativos) devem dar lugar aos veículos autônomos; profissionais de call center serão substituídos por algoritmos. Até profissões especializadas, como médicos ou advogados, sofrerão competição com softwares. O mundo não vai acabar, basta olhar poucas décadas para trás e perceber o movimento que a informática, precursora desse movimento atual de IA, causou. No início dos processos de automação de escritórios, há pouco mais de 40 anos, contavam-se aos milhões os postos de

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trabalho que atuavam em serviços como contabilidade, finanças, bancários, seguros e similares. Muitos trabalhos repetitivos como calcular, classificar, documentar, registrar, foram eliminados pelo uso de computadores e softwares simples. Naturalmente muitos cargos se extinguiram e pessoas foram dispensadas na busca por maior eficiência. Ocorre que essa maior eficiência gera maior competitividade, reduzindo custos e, consequentemente, os preços finais. O resultado é que produtos e serviços passam a ser mais acessíveis. Por outro lado, o esforço de inovação não vem só de processos, mas de novos produtos e serviços. Há quarenta anos, por exemplo, não existia telefonia móvel, muito menos internet. Não é difícil perceber quantos novos produtos, serviços e empregos foram gerados com essa nova tecnologia.

Uma outra forma de perceber as mudanças e seus efeitos é comparar dados. Na década de 1980 vivíamos em permanente crise e o desemprego não era menor que o que ostentamos hoje, porém a população cresceu mais de 50% e ainda houve maior inserção da mulher no mercado de trabalho. Não fosse a crise recente que elevou o desemprego no Brasil ao patamar superior a 12%, tivemos, em 2014, um desemprego na faixa de 8%, mesmo com toda inserção tecnológica que aboliu milhões de postos de trabalho, mas que acabou gerando infinitas novas atividades que, certamente, sucumbirão em outro momento. A evolução é permanente e alimentada pela competição para oferecer melhores produtos e serviços a menores custos. O desafio é não se perder no meio do processo.



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Elvis Rocha

Acervo pessoal

Pra sempre

Walter

No Bar do Parque dos anos 1980, um Ruy Paranatinga Barata de cabeça branca e voz anasalada mira o repórter e questiona: “O que é Belém do Pará sem Walter Bandeira?” Ao lado, o homenageado, cigarro na mão, finge modéstia enquanto resmunga para as câmeras; o grande poeta, diz ele, “exagera”. A pergunta, eternizada em vídeo, busca respostas desde o dia 2 de junho de 2009, quando Walter, artista multitalentoso que transitou desenvolto pela música, pelas artes cênicas e visuais, virou saudade para admiradores, parceiros e familiares que o acompanharam nos anos em que foi reconhecido sem exagero - como “A Grande Voz do Pará”.

W

alter completaria 78 anos neste 2019. E dez anos após a despedida, abreviada por um câncer agressivo de esôfago, sua presença continua forte, seja nas ondas de rádio - por meio de canções, vinhetas e peças publicitárias que ele, locutor profissional, imortalizou em emissoras públicas e privadas -; seja em vídeo (com as plataformas de compartilhamento repletas de registros de apresentações ao vivo, gravações raras, entrevistas etc); ou pelas periódicas homenagens em forma de peças, shows e exposições realizadas para manter viva a memória do mais velho dos quatro filhos de Risoleta Bandeira e Euclides Gonçalves.

O reconhecimento é merecido. A despeito do talento elogiado muito além dos limites da terra em que nasceu, Walter Bandeira “escolheu” o Pará. Durante grande parte da longa carreira, lidou com questionamentos frequentes sobre as razões pelas quais, sendo o artista que foi, nunca se aventurou em outros centros, como muitos de sua geração. A resposta quase sempre era uma declaração de princípios - não só artística. “Para sair de um lugar você precisa ter uma motivação boa muito grande lá fora ou uma motivação negativa muito grande aqui. E o que eu poderia ter lá não é suficiente para cobrir o que tenho aqui: amizade, carinho e respeito”, explicava. »»»

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Música Para muitos, existiu o cantor Walter. E ele demonstrou inclinação para a música desde cedo. Do Colégio do Carmo, onde começou a cantar, para os palcos, foi um estalo. Foi crooner da banda de Guilherme Coutinho, com quem formou uma parceria encerrada apenas com a morte do pianista, fulminado por um ataque cardíaco em 1983. Da longa colaboração saíram dois dos álbuns mais disputados nos sebos paraenses desde então: “Guilherme Coutinho e A Curtição (1969)” e “Procura-se”(1971), que misturam a sofisticação de Jonnhy Alf, o suingue do Beco das Garrafas e o senso pop de Sérgio Mendes. Nessa época, Walter já cultivava a aura de irreverência que o acompanhou ao longo de toda a trajetória artística. Gay assumido, não tinha pudores em aproveitar a presença no palco para cutucar a sociedade conservadora da época. “Lembro do Walter cantando na Assembleia Paraense. Imagina, eu era uma garota de uns 12 anos e lá pelas tantas, no meio da música, ele mandava a gen-

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te gritar um palavrão: ‘Lá-lá-lá, porra!’. Em pleno salão da assembleia! Aquilo pra gente, um bando de garotos, era uma libertação e tanto”, lembra a atriz YeYé Porto, que anos mais tarde teria a oportunidade de transformar o ídolo dos palcos em um dos grandes amigos da vida. Entre os anos 1970 e 1980, o artista se manteve como figurinha carimbada na noite paraense, atraindo um público cativo para as muitas casas

Walter não cantava apenas. Ele vivia as letras. Por ser um cara do teatro e levar isso pra música, era um intérprete diferenciado.

noturnas em que atuava, quase sempre com um repertório formado de standards americanos, MPB e as novidades da época. Passou pelo restaurante O Outro, do chef Paulo Martins, fez época na Saudosa Maloca e foi o escolhido para animar a noite de inauguração do Hilton Hotel, em Belém, na noite do dia 18 de agosto de 1984 - Fafá de Belém, amiga e parceira musical de Bandeira, também se apresentou neste dia. “Walter era um tremendo cantor e intérprete. E era adorado pelas pessoas. Tinha fã clube feminino, de gays, de motoristas de táxi. Todos o adoravam”, lembra o violonista Nego Nelson, com quem Walter também fez história. Integrantes do Grupo Gema, ambos ajudaram a transformar o Maracaibo, bar-teatro inaugurado em 1984, no que o jornalista Edgar Augusto Proença chamou de a “Grande Meca dos Músicos da Cidade”. Localizado na Alcindo Cacela, o bar recebeu até o ano do encerramento de suas atividades, 1994, praticamente todos os grandes


músicos da cena local - nomes nacionais como Arrigo Barnabé, Luiz Melodia e Vitor Ramil, entre outros, também passaram por lá. “Fizemos mais de mil shows em dez anos. Tocávamos música de novela, instrumental, música americana, pop da época, que o Walter adorava. Foi uma época excelente”, diz Nego Nelson. As quintas-feiras, dia reservado ao Gema, eram certeza de casa cheia. É difícil encontrar alguém que tenha frequentado o circuito classe média de Belém no período que não tenha um causo para contar sobre as lendárias apresentações. “Foi quando virei amiga do Walter. Ele era ruim de decorar letras e eu desenvolvi um método de soprá-las antecipadamente do lado do palco. Assim ele conseguia cantar sem errar”, recorda, aos risos, Yeyé Porto. A trajetória da banda rendeu a publicação de um livro, “Walter Bandeira & Grupo Gema”, escrito pelo pesquisador Advaldo Castro Neto filho do percussionista Dadadá Castro, integrante do grupo - e lançado pela Imprensa Oficial do Estado em 2016, ano em que Walter completaria 75 anos. Apesar da longa carreira na música, Walter deixou poucos registros fonográficos, o que o fazia se aborrecer muitas vezes com a cobrança dos amigos e admiradores por mais gravações. Além dos já citados discos com Guilherme Coutinho, apenas em 1991 entrou em estúdio para lançar o primeiro disco solo: “Clichê”, um título “não é pra levar tão a sério” bem ao estilo do cantor. Em 2009 gravou o primeiro CD, “Guardados e Perdidos”, ladeado pelo pianista Paulo Campos de Melo. Não houve tempo para shows de lançamento. “Pra mim qualquer gravação é uma coisa parada, um momento só na vida da pessoa”, dizia, em entrevistas, para justificar a aversão aos estúdios.

Teatro “Walter não cantava apenas. Ele vivia as letras. Por ser um cara do teatro e levar isso pra música, era um intérprete diferenciado. Quando interpretava ‘Geni’, do Chico, era um espetáculo à parte...” A lembrança de Nego Nelson remete a uma das outras paixões da vida do artista. Além de cantor talentoso, Walter foi a vida inteira um homem das artes cênicas. Apaixonado pelo palco, em 1976 montou, ao lado de Zélia Amador de Deus, Luís Otávio Barata - com quem teve uma

longa relação amorosa - e Margaret Refkalefsky, o Teatro Cena Aberta, um grupo que durante os 15 anos de sua existência ajudou a consolidar o teatro contemporâneo no estado. Criada em plena Ditadura Militar, a trupe se notabilizou pela coragem com que tratava de temas sensíveis para a época. Censura, precariedade de políticas culturais, violência contra minorias, questões sexuais faziam parte do universo do grupo, que fez do anfiteatro da Praça da República

um dos imãs para os interessados em cultura engajada na capital paraense. “Conheci o Cena Aberta quando era estudante e ia assistir os ensaios no anfiteatro. Quando os vi pela primeira vez pensei: égua, quero fazer parte desse grupo, fazer esse tipo de teatro!”, lembra o ator Aílson Braga, que mais tarde se juntaria ao grupo e se tornaria amigo de Walter. “Ele tinha uma força e uma dramaticidade muito grande. Sempre conversava sobre leituras, filmes, e como levar isso tudo para o palco. Era uma pessoa interessada em quebrar essa caixa cênica do teatro. Sempre queria propor coisas novas em cena”, enfatiza a atriz e pesquisadora Luciana Porto, filha de Yeyé - e afilhada de Walter. Ela, sob a batuta da diretora Iracy Vaz, ajudou a levar aos palcos em agosto deste ano o espetáculo “Walter Bandeira - Sem Pecado e Sem Perdão”, uma empreitada que reuniu gerações para homenagear a memória do artista. “Antes de morrer ele me presenteou com muitos arquivos, DVDS etc. O espetáculo também surgiu desse baú de memórias, da visão que ele tinha sobre si”, diz Luciana. Idealizado e montado pelo Grupo de Teatro de Insurgências Amazônicas (TEIA) num intervalo de oito meses, “Sem Pecado e Sem Perdão” lotou as seis noites em que esteve em cartaz no Teatro Universitário Cláudio Barradas. “Ao contar a história do Walter estávamos narrando parte da história da Belém dos anos 60, 70 e 80. Ele foi um ícone da nossa cultura, sobretudo porque trabalhou em duas frentes que contribuem muito para o desenvolvimento de uma cidade: a arte e a educação”, aponta Iracy Paz, uma das centenas de alunas de Walter no tempo em que foi professor da Escola de Teatro e Dança da Universidade Federal do Pará. »»»

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Pintura A peça encenada este ano não foi o primeiro grande projeto em homenagem a Walter após sua partida. Em 2016, quando ele completaria 75 anos, um grupo de amigos, artistas, pesquisadores e agitadores culturais se reuniu para produzir uma série de atividades com o objetivo de lembrar o legado do artista. Sob o título “Walter 75”, a empreitada contou com espetáculos musicais, a produção de um minidocumentário (Deboche!), o lançamento do mencionado livro sobre a história do Grupo Gema e a realização de uma exposição para divulgar uma faceta bastante conhecida pelos mais próximos: o Walter Bandeira amante das artes plásticas. “A ideia do projeto nasceu de uma conversa com a Nazaré Lima (grande amiga do Walter), que guardava todas as aquarelas e telas feitas por ele. Em 2014 resolvemos catalogar esse material e vimos que daria uma bela exposição. Em 2015 voltamos a falar desse assunto e ela lembrou que em 2016 o Walter completaria 75 anos. A ideia inicial foi a exposição das aquarelas. Queríamos mostrar um dos talentos que pouca gente conhece, a pintura. Ele produziu diversas obras. A maioria nunca saiu do seu espaço de criação. Algumas sequer assinava”, lembra Edithe Pereira, idealizadora da exposição, intitulada “Walter Bandeira - O Canto das Aquarelas”. Montada no Museu da Universidade Federal do Pará sob a curadoria de Jussara Derenji, “O Canto das Aquarelas” ficou em exposição de 23 de agosto a 29 de setembro de 2016, apresentando 60 das centenas de aquarelas produzidas por Walter durante as madrugadas na casa em que viveu no bairro da Campina, no centro de Belém. “Uma das minhas maiores lembranças do tio Walter é ele pintando durante as noites após um dia inteiro de trabalho. Conheci Picasso, que eu tentava copiar ainda garota, porque ele gostava muito. Queria imitá-lo. Ele era a minha maior referência de artista”, recorda a jornalista Nara Bandeira, sobrinha e um dos “xodós” do artista em vida. Em fevereiro de 1982 Walter já havia realizado uma exposição com o resultado de suas atividades como artista plástico - alcunha com a qual ele dizia não se identificar -, uma mostra com 30 telas na Galeria Elf. Em setembro de 1989, por insistência de Gileno Chaves, voltou a protagonizar uma individual no mesmo espaço, desta vez com 40 trabalhos. “Tudo na minha vida é

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acidente de percurso. Comecei a pintar por puro prazer, sem pretensão nenhuma. Nunca vou ser artista plástico. A música me dá possibilidade de trapacear, a pintura, não”, disse em entrevista à época, com a habitual modéstia birrenta que contrastava com a opinião geral sobre seus talentos. Família É domingo de manhã e a casa está cheia. Nas paredes, aquarelas com temas femininos e um autorretrato de Walter. A mesa oferece tapiocas, pães e sucos variados. Pelas estantes há imagens do artista ainda jovem, ao lado de quadros com fotografias antigas da família. No bairro da Campina, em Belém, a equipe da Revista LiV é recebida para uma reunião com cara de revival de cenas vividas centenas de vezes naquele mesmo espaço. A pedido de Simone Bandeira, filha adotiva de Walter e atual detentora do espólio do artista, sobrinhos, netos, amigos e afilhados aparecem para dar testemunhos sobre suas experiências com o artista, tio, avô e amigo. “Só a Nazaré (Lima, historiadora e amiga de longuíssima data) que não veio. Ela disse que se emociona demais ao falar do Tio Walter”, explica Simone, justificando a ausência de uma das convidadas. “Muita gente não vem aqui pelo mesmo motivo”, acrescenta. De fato, a presença do cantor, dez anos após sua morte, se espalha por todos os cantos da casa de dois andares. Lá estão Yeyé e Luciana Porto, Nara Bandeira (com os filhos Clara e Patrick) e o neto Hugo, filho de Simone. A maioria tem histórias muito particulares para contar da relação com Walter, e quase todos embargam a voz em algum momento ao rememorar detalhes sobre o artista. “As pessoas lembram dele como um sujeito irreverente, polêmico, mas ele era um cara muito família. Era louco pelos sobrinhos, netos e afilhados e passava boa parte do tempo livre inventando passeios, contando histórias. Todos temos memórias muito boas dessa relação com ele”, diz Nara, que morou ali com os pais e tios até casar, aos 21 anos. “O almoço de domingo era tradição. Ou aqui ou na casa do Chembra (o jornalista Euclides Bandeira, irmão de Walter, falecido em 2000). Todo mundo se reunia nessa cozinha, onde rolavam conversas sobre música, jornalismo, tudo, coisas que foram muito importantes para a formação de muita gente que passou por aqui.” »»»

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Quero que as novas gerações conheçam e saibam o que ele representou. ― Simone Bandeira ―

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Nara e Simone, filhas de Lúcia e Maria de Nazaré - esta irmã adotiva de Walter - eram os chamegos do cantor até a chegada dos “netos”. Nas plataformas de compartilhamento de vídeos, é possível encontrá-las, ainda crianças, em apresentações e videoclipes gravados por Walter. Desde a morte da matriarca Risoleta Bandeira, em 2012, Simone mora sozinha com o filho na casa de quatro quartos e atualmente é responsável pelos arquivos e objetos pessoais deixados pelo artista. O dormitório que servia para descanso e atelier particular segue intocado - e pouca gente tem permissão para visitá-lo. “Lá estão vídeos, documentos, fotos, escritos, arquivos de shows e espetáculos.” Pedimos para ver o acervo. A resposta foi não. Simone garante que não pretende manter o material longe dos olhos do público por muito tempo. “Quero que as novas gerações conheçam e saibam o que ele representou.” Conta que há quatro anos assinou um termo de compromisso com a Secretaria de Estado de Cultura do Pará (Secult) para a doação dos arquivos e uma equipe do Museu da Imagem e do Som já esteve no local catalogando todo o material, mas a doação ainda não foi efetivada. Não sabe dizer a razão. A Revista LiV entrou em contato com a Secult para confirmar o compromisso do Estado e buscar explicações para o suposto atraso, mas até o fechamento desta edição não teve resposta. Depois de algumas horas de conversa, Bandeiras e agregados começam a dispersar. Nara se embrenha pelos cômodos da casa à cata de fotos antigas, Hugo mete a cara no celular, Yeyé e Luciana lembram de outro compromisso, Simone recolhe a mesa. Como o encontro já não faz parte do cotidiano, todos se encaminham para o quintal descoberto onde durante anos a família se refugiou em reuniões de final de semana e pedem um registro fotográfico. Enquanto se ajeitam, o pequeno Patrick, de apenas 6 anos, começa a repetir: “Vai aparecer uma alma nessa foto, vai aparecer uma alma nessa foto, vai aparecer uma alma nessa foto”. De quem seria?



A HONESTIDADE DO PROFESSOR

POSEIDONHO

Professor Poseidonho era homem fora de série. Doutor e pós-doutor duas vezes, professor universitário dedicado a seus alunos. Além da dedicação às aulas, foi diretor de Centro, de Faculdade e de Instituto, considerado por todos como excelente mestre e gestor. A tudo somava qualidade das melhores. Era honestíssimo. Professor Poseidonho jamais pegaria um centavo de dinheiro alheio, nem aceitava que fizessem. Levava a coisa pública de forma transparente e impessoal, como deve e deveria ser. De tanto fazer, foi nomeado pró-reitor da Universidade, cargo importante, de alta responsabilidade - o que não abalou em nada sua humildade e simpatia. Belo dia, professor Poseidonho caminhava pelo campus, por uma alameda quase deserta, quando encontrou um velho vigilante da Universidade, que fez efusivos sinais de que precisava falar com o Pró-reitor. - Bom dia, professor! Preciso muito lhe pedir um favor. - Pois não, se estiver ao meu alcance... - Pois, professor, veja minha situação... Tenho um filho super estudioso, moleque dedicado mesmo. Já prestou cinco vestibulares, mas sempre morre na beira... Nesse ponto, professor Poseidonho achava que o vigilante ia pedir aulas particulares, ajuda com livros ou algo do gênero, mas o homem completou: - Aí, queria saber se o senhor pode dar uma força, arranjar uma vaguinha para ele. Basta colocar o nome dele no listão, em qualquer curso de humanas e... Mal o homem falou, levou uma bronca homérica: - O senhor me respeite, e se dê respeito! Imagina se faço uma coisa dessas. Ninguém passa em vestibular com nome colocado na lista, meu senhor, de favorzinho. Coloque seu filho para estudar mais e não me dirija mais a palavra. Dado o recado, professor Poseidonho,

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Fernando Gurjão Sampaio advogado e escritor @tantotupiassu tantotupiassu@gmail.com

vermelho de raiva, deu as costas ao homem. De noite, muito ofendido, contou a história à esposa e foi carinhosamente consolado, que as pessoas são assim, acham que as coisas funcionavam de qualquer forma atravessada. Os dias passaram, o pedido do vigilante foi esquecido, superado, e a vida seguia seu rumo. Passados meses, pouco depois da realização do vestibular daquele ano, Poseidonho caminhava novamente pela Universidade, quando avistou o tal vigilante. Para sua surpresa, ao invés de não lhe dirigir a palavra, o homem passou a gesticular mais efusivo ainda que antes, chamando o cansado pró-reitor. A contragosto, pois, sobretudo, era bom com as pessoas, Professor Poseidonho foi falar com o homem. - Professor! Gostaria de lhe agradecer. - E pelo quê? – perguntou, assustado. - Meu filho passou no vestibular – comemorou. - Pois parabéns a ele - respondeu, sisudo. - Já dei os parabéns, mas preciso agradecer ao senhor, pois meu filho passou no vestibular, hehe. - E que o senhor quer dizer com isso? - Nada, professor. Sei guardar segredos – falou, enquanto piscava um olho e ria em pretensa cumplicidade. Já desesperado, Professor Poseidonho rebateu, gritando: - Seu filho passou porque estudou, entendeu? Estudou! Não ajudei a ele, jamais faria isso, nem teria como fazer.

- Sim, professor. Eu sei, eu sei – afirmou, com um sorriso embevecido no rosto - não se preocupe; não se preocupe. Segurando o vigilante pelos braços, já quase perdendo a compostura, professor Poseidonho olhou no fundo dos olhos do homem e falou bem lentamente: - Ouça! Pela última vez: não fiz nada, jamais faria e nem poderia fazer. Juro por Deus e por tudo que é mais sagrado: seu filho passou por mérito dele, porque estudou e passou. Em choque, o vigilante foi caindo em si, até que murmurou: - Quer dizer que ele passou sem ajuda? - Sim... - Porque estudou? - Isso... - Meu Deus... E eu dizendo para todo mundo que tinha sido o senhor, desmerecendo o menino... Nesta hora, já sem forças, diante do pavor de uma vida inteira de honestidade destruída pela loucura do vigilante, que espalhava um ato criminoso inexistente, professor Poseidonho se deu por vencido e só conseguiu pedir, em quase sussurro: - Homem... Vá para casa abraçar seu filho, pois ele merece. E, por favor, desminta isso tudo... Com um tapinha no ombro, o Pró-reitor se despediu quase sem reação, chocado com a descrença do pai. E cada qual foi para seu canto, assustados diante do incontrolável da vida.





saĂşde e bem estar

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Flávia Ribeiro

Vida

Dudu Maroja / Divulgação

plena

Você é capaz de ouvir quando o corpo fala e exige calma? Estudo, trabalho, filhos, trânsito e várias coisas entre uma atividade e outra, entre uma boa noite de sono. Sono? A correria exige que tudo se repita no outro dia e depois. Sem perceber, acabamos deixando a saúde de lado nesse processo, até o momento em que o corpo reclama. Primeiro, começa dando sinais discretos, até o momento em que ele exige uma parada brusca, uma pausa mandatória. Mas com tantos afazeres, você consegue ouvir? E atender? A Revista LiV traz histórias de pessoas que abandonaram anos de atitudes ruins consigo mesmas, que não estavam felizes e que passaram a se ouvir mais e mudaram em nome da saúde.

A

orientadora socioeducativa e fotógrafa Ana Carla Oliveira era muito sedentária e sentia azia constantemente. Fez exames de rotina e, mesmo com as taxas normais, acreditava que a saúde estava debilitada. “Eu tinha pouca vontade de sair de casa, tinha raiva de andar. Eu não me sentia bem na maior parte do tempo”, relembra. Em maio deste ano, ela resolveu tentar mudar. Começou um novo estilo de vida. “A primeira coisa foi mudar a alimentação e o meu psicológico”. Cortou açúcar, refrigerantes e bebidas alcoólicas. Substituiu o arroz por batata doce, o pão por tapioca. Adotou uma alimentação, rica em legumes, proteínas e com pouco carboidrato. Além disso, começou a fazer atividade física. Sua presença na academia é garantida de segunda a sexta. Em quatro meses, já sente melhoras na qualidade de vida. “Todas as noites, eu dormia sentindo azia e acordava também. Comia muito durante a noite e, ao deitar, sempre sabia que tinha exagerado. Por comer muito e tomar muito líquido antes de dormir, eu achava que tinha uma noite de sono completa. Mas, com o tempo, percebi que não. Eu acordava muitas vezes para ir ao banheiro. E tinha o sono interrompido. Sentia dores nas costas durante o dia, provavelmente por causa do meu peso.

Agora tenho disposição para fazer qualquer coisa e tenho mais foco. Eu estava com muito foco na dieta e isso se espalhou para outras coisas, como no meu trabalho. Mais determinação para fazer qualquer coisa. Acredito mais em mim. Eu achava que depois dos 30 não conseguiria emagrecer mais. É mais difícil, de fato, do que aos 20, mas é possível” analisa. A vida de Ana Carla foi marcada pela luta contra a balança. Ela começou a engordar aos sete anos de idade. Nesta época passou a enfrentar também o preconceito, disfarçado de brincadeiras e de conselhos. Na escola, os colegas sempre a chamavam por um apelido. Nem os professores a chamavam pelo nome. “Nunca aceitei meu corpo”. Ela também sofria gordofobia em família. “Falavam coisas horríveis para tentar me ajudar, mas acabaram prejudicando todo um processo em mim. Diziam que eu não podia usar calça legging, que eu ia parecer maior, que eu tinha que emagrecer para arrumar um emprego, que nunca arranjaria marido e nem formaria família. Naquela época, eu achava que a vida era terminar o ensino médio, arranjar um namorado, noivar, casar, ter filhos e pronto. Só isso. Hoje, eu sei que a vida é muito mais e que posso nem ter essas coisas na minha vida e tudo bem”. »»»

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As dietas começaram aos 16 anos, quando ela perdeu 15kg. “Eu nem era tão gorda, mas me fizeram acreditar que era preciso mesmo emagrecer”. Só que o efeito da dieta passou e vieram mais 20kg. Aos 22, uma nova dieta e 25 kg a menos. Mas, novamente, ela voltou a engordar. Sua vida começou a mudar quando foi a São Paulo, onde mora atualmente, pela primeira vez. “Eu estava magra, mas via as mulheres nas ruas com cropped e legging e pensava que elas não podiam usar esse tipo de roupa porque eram gordas. E comecei a ver que elas eram lindas. E mais bonito era ver que elas se sentiam bem daquele jeito. Passei a me espelhar nessas mulheres. Quando voltei a Belém, percebi que estava emagrecendo pelos outros. Não era por mim ou pela minha saúde, e sim para agradar as outras pessoas. A partir daí, comecei a minha militância pelo corpo e pela autoaceitação. Estava na hora de me aceitar, aceitar o meu corpo. Eu não sou feia porque sou gorda. Tenho que começar a me ver de outra forma. Fiz uns ensaios sem roupas e comecei a admirar o meu corpo. Co-

Eu nem era tão gorda, mas me fizeram acreditar que era preciso mesmo emagrecer ― Ana Carla ―

mecei esse momento maravilhoso de entender o meu corpo, de aceitar e de amá-lo do jeitinho que ele é” resume Ana, que também é fotógrafa. Agora, aos 31 anos, ela entende que a militância pela aceitação do corpo se confundiu com a falta de cuidado com a saúde. “Eu me aceitei, mas não me cuidei. Estava estragando a minha saúde e ultrapassei os limites. O meu corpo não estava mais suportando o peso que estava carregando. Cheguei a 115 kg. Eu não sei para onde o sedentarismo estava me levando, mas não era um lugar bom. Nunca estive tão bem na minha vida, quanto nesses últimos meses. Nunca me senti tão bem. Nunca tive uma autoestima tão consciente. Este momento é maravilhoso. Tão fantástico”. Tão novo. Está sendo fantástico, afirma a paraense, após eliminar 22 kg da balança. Assim como Ana Carla, a estética não era a prioridade para a empresária Julyana Querubim. “Eu nunca me senti feia, mesmo estando acima do peso. Só que eu me sentia esgotada e, emocionalmente, mais ainda. A minha saúde emocional foi o que mais me motivou a mudar. Eu tenho conhecimento sobre alimentação, mesmo assim estava tudo alterado em função do fato de eu não me alimentar direito e nem fazer atividade física. Eu não tinha tempo para me cuidar, então essa

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negligencia estava afetando toda a minha vida”, pontua. Ao longo do último ano, Julyana teve vários desmaios e por uma razão que jamais poderia imaginar: anemia. O diagnóstico foi também o começo da virada de costumes. “Na noite de Revéillon. Ao chegar em casa, após um dia de muito trabalho, não havia nada em casa para curtirmos a nossa ceia. Falei com o meu marido e com a minha mãe que eu achava que estava com depressão. Naquele dia chorei tudo o que precisava, transbordando emoções que eu não sabia como lidar: que eu precisava de ajuda e que talvez sozinha eu não conseguisse. Falei que ia ser a última noite atormentada. No dia 02 de janeiro, fui fazer exames de sangue e estava com uma anemia absurda. O médico receitou 30 injeções de ferro para evitar uma transfusão de sangue, mas sem descartar. Era preciso ver primeiro como eu ficaria após as injeções. Gradativamente, fui mudando minha alimentação. Cortei o açúcar, inclui exercícios físicos. Fiz drenagem linfática para tirar o excesso de líquido do meu corpo. Comecei a fazer terapia, que foi a coisa mais maravilhosa que fiz por mim e por minha família. Voltei a pegar sol, que era algo que eu já não fazia há muito tempo. Fui melhorando e perdi 14 kg nesse processo”, fala Julyana, que tem uma empresa de buffet. Depois disso, ela reprogramou a vida inteira. Voltou a dançar, passou a fazer um tipo de terapia com barras (de acess). O marido, Everton, também está fazendo terapia. E com tantas mudanças, nossa entrevistada ainda se permitiu mais uma ruptura: tirou um dia da semana para não trabalhar, descansar e ficar com a família. Nesse novo momento, ela aprendeu a delegar, e uma prova foi que contratou um gestor, para auxiliar na administração da empresa. “A minha preocupação nunca foi o meu bem-estar físico. Eu estava com medo de ser uma pessoa nociva para pessoas tão maravilho-

sas, como minha família, meus amigos, meus funcionários, meus clientes. Hoje, sou uma pessoa muito mais evoluída e que realmente precisa de muito exercício diário para ser uma pessoa melhor. Consigo lidar com as coisas de outra maneira. A gente dialoga de uma maneira muito saudável. Tenho muito orgulho de tudo que conquistei e muito por conta da terapia”, analisa Julyana, que ainda incluiu na rotina o crossfit e massagens relaxantes. Para quem sente que está em dúvida se vale a pena começar a mudar de vida, ela recomenda que não é fácil, mas vale muito a pena. “Nunca é tarde para você se avaliar, se relapidar. Se reconstruir é uma delícia! Ano passado, aos 37 anos, eu vi que poderia ser melhor: resgatar a minha vida, por meio de terapia e me reconhecer, foi tão legal! Resgatei coisas que eu achei que nem poderia mais viver. Minha reconexão comigo me ensina a ser grata por todas as bênçãos que tenho. A gente começa a olhar as coisas com outro valor. Indico para todo mundo que voltem a sonhar” destaca a empresária. Para o médico Wagner de Andrade, as mudanças em prol da saúde exigem foco e determinação. “A mudança começa por você. Para mudarmos o estilo de vida e ganharmos saúde, devemos adotar hábitos saudáveis de vida como alimentação saudável, praticar atividades físicas regularmente, dormir bem e ter momentos de lazer”, orienta. Aos que buscam melhor qualidade de vida, alimentação saudável é imprescindível. Por isso, o gastroenterologista enfatiza que as mudanças devem ter foco na saúde, não em emagrecer, conforme ele mesmo explica: “assim como ser magro não é sinônimo de saúde, estar acima do peso também não expõe automaticamente a pessoa a doenças”. Algumas das recomendações para alimentação saudável é programar antecipadamente

as refeições evitando ficar longos períodos sem se alimentar ou pular qualquer refeição, além de ter uma boa hidratação durante o dia. “Leve com você sua alimentação saudável e sua garrafa de água”, aconselha. Além disso, foque ainda em reeducação alimentar e não em dietas, pois “dietas têm prazo de validade determinado e uma alimentação muito restrita, enquanto que a reeducação alimentar é uma forma de educar o cérebro para que você aprenda a se alimentar melhor e com qualidade, utilizando alimentos saudáveis para o resto da vida” destaca o médico, enfatizando ainda que é necessário ter atividade física regular e não descuidar da saúde mental no processo.

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Leila Loureiro advogada, professora universitária e escritora @leilaloureiro

EU VOU VOLTAR PRO MEU CERRADO Eu não sei onde estava com a cabeça quando adiei todas as possíveis viagens para a Chapada dos Veadeiros, no Centro-Oeste do país. Pessoas são assim, andam pelos extremos, dando saltos de norte a sul em sua existência, mas o “centro” de cada um fica ali, reservado, esperando o momento certo de ser explorado. Tudo começou quando a Layana, uma amiga querida, propôs que viajássemos para a Chapada. Ela tem a gargalhada mais autêntica que conheço, e ainda abraça apertado. E não só abraça, como pede colo com a mesma maestria. E hoje, topar com alguém sem medo de mostrar suas vulnerabilidades é uma loteria. Que delícia gente de carne, osso e coração. Gente que chora, sente medo, mas que segue lutando a cada dia, e – pasmem!

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– sendo feliz até quando se está meio perdido. Chupem Coachs! Convite aceito, não demorou para que a Lay convencesse outras pessoas e conduzisse a “trip”. Só tive o trabalho de relaxar e seguir as ordens da nossa administradora do grupo de whatsapp, a maior patente digital dos tempos modernos. A Chapada dos Veadeiros fica em Goiás, em pleno cerrado brasileiro, rodeada de lendas místicas e um visual deslumbrante. O tempo tomou outro ritmo ali na nossa “comunidade”. Éramos doze pessoas ao todo, de diversas nacionalidades. Sem conexão com a internet, todos se olhavam nos olhos e se divertiam com absoluta atenção. Os dias offline passavam tranquilamente, até que um lampejo de sinal telefônico nos trouxe duas notícias: a avó da Tatá havia faleci-

do e a sobrinha do Raj havia nascido. Arrepiamos todos. Acolhemos o choro de tristeza e alegria. “C’est la vie!”, disse a francesa. Logo lembrei de um trecho do único livro que levei na bagagem. O “livro do desassossego”, do Fernando Pessoa. “O próprio viver é morrer, porque não temos um dia a mais na nossa vida que não tenhamos, nisso, um dia a menos nela”. E assim, como os 12 apóstolos disseminando a palavra de um líder radiante em forma de céu azul e poentes escandalosos, sentamos e fizemos nossa última ceia. Entre vegetarianos e carnívoros, um belo brigadeiro selou a comunhão daqueles dias. Na manhã seguinte, tivemos que trair nossa promessa inicial de vivermos ali para sempre. O trabalho nos chamava. Maldito Judas!



especial CĂ­rio

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Elvis Rocha

Gratidão

sem

Dudu Maroja

limites

Solidariedade. Ligação recíproca entre duas ou mais coisas ou pessoas. Sentimento de amor ou compaixão pelos necessitados, que impele o indivíduo a prestar-lhes ajuda moral ou material. Qualidade, característica ou estado de solidário. A definição, na letra fria dos dicionários, ganha novas dimensões a cada outubro em Belém do Pará.

N

a capital paraense, a chegada do Círio de Nossa Senhora de Nazaré, uma das maiores procissões religiosas do planeta, transforma o clima e desperta em muitos de seus moradores a necessidade de transformar o verbo em ação. Pelas ruas e esquinas, antes, durante e após, “ajudar o outro” se torna parte da festa. É este estado de espírito que torna possível que a cidade sobreviva ao fluxo assustador de gente que chega, de todos os cantos do estado e do Brasil, para vivenciar a época ciriana, que há muito transcende os aspectos meramente religiosos para tocar não só devotos, mas todos os interessados na experiência do encontro, do reconhecimento do outro. O “Natal dos Paraenses” como também é conhecido - não ganhou a alcunha à toa. Em nome da Santa Padroeira do Pará, católicos, ateus, evangélicos, afro-religiosos e toda sorte

de indivíduos transformam a rotina para tornar a acolhida (um outro nome para solidariedade) em algo maior do que a promessa. O engenheiro e empresário Nilson Aires é um exemplo. Católico fervoroso e membro da Guarda de Nossa Senhora de Nazaré, há 31 anos reúne familiares e amigos numa empreitada ao mesmo tempo exaustiva e gratificante: trabalhar sem descanso para oferecer, nos dias que antecedem a procissão, um pouco de conforto para alguns dos milhares de devotos que chegam a Belém. Morador da Cidade Velha, transforma a rua onde vive e trabalha, a Joaquim Távora, num bunker de apoio para guardas, vendedores, moradores de rua, curiosos e quem mais aparecer. É o “Café da Fé”, projeto que atende anualmente cerca de 6 mil pessoas entre a quarta-feira que antecede o Círio e a madrugada do grande domingo dos paraenses. »»»

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A gente conversa com os vizinhos para que eles cedam um espaço para as pessoas. Entre 50 e 60 casas servem como abrigo para os romeiros no Círio por aqui.

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“O projeto nasceu de uma promessa minha. No primeiro ano atendemos cerca de 25 pessoas, a maioria de membros da Guarda. No segundo ano, com o boca a boca, esse número saltou para 300 e, de lá pra cá, só foi crescendo. Foi quando comecei e receber doações. Não é um evento da Igreja, é um evento para a Igreja”, diz. Nas contas de Aires, são consumidos, no período em que o projeto é realizado, em torno de 12 mil lanches e refeições e cerca de dois mil litros de suco, fora as doações de água aos romeiros. “Durante a trasladação servimos 1.500 sopas e no dia da Grande Procissão, além do trabalho aqui na rua, temos um grupo no Ver-o-Peso para auxiliar as pessoas que estão esperando o atrelamento da corda”, ele acrescenta. O trabalho para atender toda essa demanda, como dá pra imaginar, é colossal e exige organização, que começa já na semana seguinte ao término do Círio, quando reuniões periódicas de avaliação da edição anterior e planejamento para o próximo ano são realizadas. O projeto, que começou como uma empreitada familiar de Aires com o irmão Ney e a então namorada (hoje esposa) Rivanize, conta atualmente com a participação de mais de duzentos voluntários, entre jovens, adultos e idosos das mais diversas vertentes religiosas. “Os chamo de multiplicadores de solidariedade porque é isso que eles são. Trabalham com o único intuito de ajudar o próximo.” A “multiplicação de solidariedade” se estende às redondezas. Além da oferta de alimentação para os romeiros, Aires ajuda a organizar uma rede de apoio entre os vizinhos para que os fiéis tenham um espaço para descansar, tomar banho e recarregar as energias antes de seguirem na rotina da fé. “A gente conversa com os vizinhos para que eles cedam um espaço para as pessoas. Entre 50 e 60 casas servem como abrigo para os romeiros no Círio por aqui”, diz. O próprio estabelecimento comercial dos Aires, o “Café da Naza” deixa de funcionar durante uma semana para servir de ponto de depósito dos mantimentos doados e como dormitório dos promesseiros. “Desde a quarta-feira ninguém dorme aqui. Mas é um trabalho muito gratificante. A gente fica esgotado, mas feliz”, Aires faz questão de ressaltar. Este ano o devoto tem um motivo a mais para agradecer. Em 2018, por conta de um problema de saúde que o deixou internado justamente na época do Círio, não acompanhou a reta final dos preparativos e nem o trabalho dos companheiros. Recuperado, ele, junto com a família e os parceiros do projeto, já se prepara para o que chama de mais uma experiência de fé e solidariedade. “Vou fazer esse trabalho até quando a idade não aguentar mais. E sei que depois que eu não puder mais fazê-lo ele será continuado pelos meus filhos.”


Plácido Iniciativas como a de Aires e Cia. têm raízes fundas na tradição cristã, mas ganharam contornos muito específicos que se manifestam durante a festa do Círio. Quem diz é o padre José Maria Guimarães Ramos, mestre em Ciência da Religião pela Universidade do Estado do Pará e doutorando em Sociologia e Antropologia pela Universidade Federal do Pará. Autor do livro “A aparição de Nossa Senhora de Nazaré em Belém do Pará - O sagrado na Amazônia”, ele conta que a solidariedade como traço cultural do paraense está associada a uma figura central na história da devoção: Plácido José de Souza, caboclo que em 1700 encontrou a imagem nas águas do Murucutu. “Maria escolheu Plácido e este a acolheu, é assim que ele entra para a história. Depois que encontrou a imagem, a casa do caboclo se encheu de pessoas que se reuniam para fazer orações”, explica o pesquisador. Ele

argumenta que a lenda em torno das muitas idas e vindas da imagem - que voltava às águas do igarapé sempre que retirada por Plácido -, também ajuda a compreender algo muito importante sobre o sentido do Círio e da acolhida: o respeito ao outro. “Se colocar no outro é característica da fé. Plácido entende que lá é que Maria quer ficar e a partir de então constrói uma choupana para a imagem, iniciando a devoção que se tornou o Círio.” José Maria acrescenta que, além das questões religiosas, o sentimento de acolhida na época da quadra nazarena tem muito a ver com peculiaridades da cultura paraense desenvolvidas ao longo da história. Com as primeiras edições do Círio, começaram a se consolidar elementos que depois ficariam associados ao período e passaram a integrar a dimensão da festa, como a criação de um mercado durante a realização das festividades, que começou a atrair visitantes das ilhas no entorno de Belém.

“O Círio era também momento de fazer negócios. E essas pessoas que vinham participar da festa ficavam hospedadas normalmente em casa de parentes.” Com a chegada dos romeiros, as trocas materiais ganharam um novo status. Ao juntar a dimensão comunitária da fé com os sentimentos coletivos que os festejos normalmente despertam, criou-se um combo poderoso que se manifesta na maneira muito particular com que a maioria dos paraenses vivencia a devoção pela padroeira do estado. “Existe a questão do lugar, a preparação da comida. É uma coisa bem amazônica. Há o costume da pessoa vir do interior e trazer alguma coisa, uma farinha, uma maniçoba: são trocas simbólicas mediadas pela fé que se tornam expressões de fraternidade. A partir do momento em que alguém é recebido por uma família no Círio, ela passa também a fazer parte daquela família”, diz. »»»

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Casa de Plácido A inauguração da Casa de Plácido, em maio de 2010, é vista pelo padre e pesquisador como um marco. Administrada pelos padres barnabitas, o espaço ocupa uma área de mil metros quadrados dentro do Centro Social de Nazaré, numa estrutura que conta com ambulatórios, salão de repouso, refeitório e banheiros, idealizados para servir como ponto de apoio para os fiéis que chegam à capital paraense o ano inteiro, mas especialmente durante o Círio. “Esse modelo de acolhimento que é oferecido pela Casa de Plácido não existia em lugar nenhum. O centro de acolhida em Aparecida, por exemplo, se inspirou no trabalho que é feito aqui em Belém”, aponta. O trabalho junto aos romeiros durante o Cïrio é realizado pelos integrantes da Pastoral da Acolhida da Paróquia de Nazaré. Criada pelo padre Raimundo Silvio Jaques em 2002, em “tempos normais” conta

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com dez integrantes que se reúnem diariamente numa pequena sala localizada nos fundos do estacionamento ao lado da Basílica. Em outubro, este número salta para aproximadamente 1200 voluntários. Socorro Almeida, uma das coordenadoras da pastoral, diz que a expectativa para este 2019 é que o trabalho na Casa de Plácido atenda aproximadamente 85 mil pessoas. “No começo eram apenas 500 pessoas, número que a cada ano só faz crescer”, ela diz. O voluntariado oferecido pela Pastoral da Acolhida atua cinco dias antes e 15 dias após a Grande Procissão, e da quarta-feira que antecede o Círio até o sábado da trasladação, os serviços são oferecidos em esquema de 24 horas de trabalho, com o núcleo de voluntários, que conta com profissionais das mais diversas áreas, colaborando em sistema de escala. Todo material utilizado é conseguido por meio

de doações. “Temos médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, gente de todos os tipos que durante o Círio tira um tempo da sua agenda para fazer esse trabalho tão importante de acolher o próximo e mostrar seu amor por Maria através da doação.” Na pastoral desde que ela foi fundada - com um curto intervalo de tempo afastada para realizar outros trabalhos na Paróquia de Nazaré -, Socorro se diz realizada por participar da festa doando seu tempo para a tarefa de cuidar do outro. Assim como muitos dos que participam, atribui à intercessão da Santa o fato de um trabalho com tanta demanda e responsabilidade ser realizado a contento no final das contas. “É um trabalho cansativo, mas muito bonito. Só quem tem a oportunidade de ver o que acontece nesse tempo sabe como é gratificante enxergar a gratidão nos olhos das pessoas durante o Círio de Nossa Senhora”, ela diz, resumindo o espírito da coisa.



Ângela Sicilia chef de cozinha @angelasicilia

Os cheiros do Pará Belém tem uma característica muito única, à medida em que o Círio vai ficando mais próximo: suas ruas e casas cheiram à maniçoba! Não, não há exagero em minhas palavras. Pergunte a um paraense ou alguém que tenha visitado a cidade em outubro. Que o paraense tem essa relação umbilical com a comida, é público e notório, mas fica ainda mais evidente durante a quadra nazarena. É uma loucura conviver com o perfume da maniva sendo cozida – difícil até de concentrar! E, à medida que vão sendo acrescidos os embutidos, as carnes, é difícil resistir à vontade de bater na porta do vizinho e pedir uma xícara... de maniçoba. E o cheiro das mangas? Sim, porque em outubro as mangueiras fi-

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cam carregadas (para desespero dos motoristas e felicidade de 99% da população) e vão ao chão amarelinhas, perfumadas. Caiu verde? Sem problema! Junto um tico de sal e vai da mesma forma. Que dizer do cheiro das ervas, dos banhos de cheiro e dos preparados, garrafadas? Patchouli, catinga de mulata, priprioca, pau d’angola, cumaru... É uma profusão de aromas que perfumam o mercado do Ver-O-Peso: o cheiro do pescado fresco; do açaí sendo batido; das frutas frescas, dos peixes e camarões secos... além dos cheiros das encantarias do Pará. Mais encantador que isso tudo é o sentimento de pertencimento que fica mais evidente em cada um de nós, paraenses, que temos

orgulho desta terra; que compreendemos a sabedoria da floresta, que respeitamos o tempo das coisas. Algo explode no meu peito quando falo de quão privilegiada eu sou por morar no coração do mundo; algo reacende em mim, cada vez que sinto aquele cheiro característico que invade as narinas, sem pedir permissão e que desembarco em Belém: a nossa terra tem um cheiro muito característico, tal qual o asfalto quente tem quando chove. É cheiro de lar. E lar, como sabem, é todo lugar em que você pode dizer: ‘coloca mais adubo na maniçoba, que tem mais gente vindo pro almoço!”. Feliz Círio. Feliz nosso Natal de perfumes e reencontros com nossa história.





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Lorena Filgueiras

FolhaPress/Divulgação

Beleza atemporal No dicionário, o verbete tempo refere-se à “sucessão dos anos, dos dias, horas (...) que envolve, para o homem, a noção de presente, passado e futuro”. Na vida real, Bruna Lombardi desafia os conceitos de tempo e cronologia. Aos 67 anos, recentemente completados, parece que o tempo parou para nossa entrevistada e, paradoxalmente, melhorou o que já era bom. A beleza estonteante de Bruna, com a qual encantou o Brasil, no final da década de 70, quando estreou na Televisão. Era 77. Um ano depois, convidada para viver uma médica na TV Tupi, ela contracenaria com Carlos Alberto Ricceli e, no coração do Brasil, nascia uma paixão fulminante entre os dois protagonistas... e lá se vão mais de 40 anos de casamento, sobre o qual ela fala nesta entrevista exclusiva concedida à LiV. Neste tempo também, Bruna transitou por outras áreas, como Cinema, Literatura com a mesma tranquilidade e naturalidade com que interpretou grandes papeis – sem mencionar o cultivo da própria espiritualidade – e hoje considera-se em sua melhor época. Bruna, a sensação que tenho é que não se passou um único dia para você desde sempre. Qual o segredo de tanta jovialidade e beleza? Em primeiro lugar agradeço seu comentário, e acho que a gente sempre pode se melhorar em todos os aspectos, tentando se tornar um ser humano cada vez mais feliz e acredito que isso se reflete na aparência também. Se o nosso interior, nossa mente e nosso espírito estiverem sofrendo, vivendo momentos complicados, sem saber como resolver, o exterior vai mos-

trar isso, não tem jeito. A gente tem muita coisa pra cuidar: o corpo, a cabeça, a emoção, os sentimentos, os valores, porque tudo se conecta. Atriz, cineasta, escritora. Qual o grande papel da sua vida? Pra mim é tudo uma coisa só: sou eu na busca, na minha retribuição, na minha arte, sempre movida a paixão. Faço aquilo que gosto e acredito, e adoro compartilhar tudo isso que aprendo com as pessoas. Tenho feito muitas palestras no Brasil todo e em muitas empresas e faculdades. Estive em Portugal e

fiz palestras no Porto com grande receptividade. É uma troca muito bonita. Faço também as ‘“Jornadas de Conhecimento” e são imensas plateias e sempre temos um momento de Meditação e Mindfulness. Percebo cada vez mais como esses encontros presenciais são transformadores. São sempre grandes temas para que a vida seja cada vez melhor. És uma grande ativista pela conservação da natureza. Quais mudanças de vida adotaste em família e no teu entorno? »»»

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Eu abraço várias causas para ajudar as pessoas a serem mais felizes. Desde cuidar de animais abandonados, procurar abrigos, incentivar a adoção, até plantar árvores, não jogar lixo nas ruas, córregos, rios, mares. Trabalho para que as pessoas tenham mais inclusão, mais consciência de si mesmas e do que os outros estão passando, [para que] tenham mais amor e empatia. Trabalho pelos processos de cura e busca de autoconhecimento. Trabalho por um mundo mais verde, pela preservação da natureza, pelo fim da violência contra mulheres, pelo cuidado com os animais e por uma sociedade mais equilibrada, de paz e harmonia. Queremos mais qualidade de vida para o cotidiano das pessoas. Queremos saúde física, emocional e espiritual. Atingimos o equilíbrio quando conseguimos equalizar todos os canais de percepção do corpo.

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Tudo isso resulta em mais qualidade de vida. Nas minhas redes e na Rede Felicidade e em toda minha comunicação com a mídia, a mensagem é melhorar a vida das pessoas e do planeta. Quero que todos possamos viver mais felizes. E a resposta pra tudo é mais amor. Mencionaste, em entrevista recente, que tua busca pelo espiritual ficou ainda mais latente depois de uma viagem pela Ásia. O que mudou em ti, Bruna? Encontraste o que tanto buscaste? Ainda continuas buscando? Eu sempre tive essa procura de compreender valores, responder perguntas básicas que a gente se faz, como, por exemplo, quem somos? O que fazemos? Para onde vamos? E achar um propósito na vida, achar uma missão para a gente conseguir

preencher esse vazio e todos os vazios. A arte é uma grande resposta para minhas buscas, mas o movimento de atuação na sociedade é uma coisa que realmente faz muito sentido para uma vida. Então eu faço isso defendendo o valor da felicidade, embora a palavra felicidade hoje pareça muito desgastada, porque foi usada demais, ela ainda é, acima de tudo, o que todos queremos e precisamos. Todos nós continuamos nos apaixonando, amando cada vez mais (se Deus quiser) e continuamos buscando a felicidade como escopo da vida. Acho que estamos em um momento de crise de valores, mas as grandes transformações do mundo só vão acontecer através das mudanças de valores e as mudanças de valores só vão acontecer por meio de uma consciência maior e de autoconhecimento. Essa é a transformação.


Então todo meu trabalho é voltado para as pessoas se autoconhecerem, para as pessoas compreenderem melhor quem elas são, se descobrirem, se aceitarem. Para que possam encontrar paz de espírito, porque vai mudar sua vida e o mundo. Você está casada há 41 anos com o Carlos Alberto Riccelli. Qual o segredo de uma relação bem sucedida? Imagino que tendo o Kim quase 40 anos, vocês dois tenham rituais, momentos só de vocês... Nada vem pronto. Agradeço a Deus a sorte que tive. Tenho uma relação linda minuto a minuto, momento a momento. É uma relação que é rica e enriquecedora. Somos três pessoas (com o Kim, o meu filho) que trocam muito. Buscamos coisas parecidas, temos códigos complementares. Isso ajuda a gente a ser muito feliz, muito unido e a realizar tanta coisa juntos. Tem o lado da sorte, que foi a gente ter se encontrado, mas

também o lado do trabalho cotidiano: muita conversa, diálogo, compreensão. Todos crescemos juntos. E a felicidade não significa estar alegre e a rir o tempo todo. Isso seria absurdo! Estar feliz é ter uma sensação de serenidade e paz de espírito para poder resolver os problemas e as dificuldades, superar obstáculos. Cada vez que uma coisa ruim aparece, a gente tem que encarar e resolver, para que esse seja o aprendizado e a evolução. Você conheceu o Riccelli enquanto fazia novela. Mas em qual momento se apaixonaram? Quando foi que começou a olhar de maneira diferente para ele? O Ri e eu sempre tivemos muito diálogo, os mesmos interesses por tudo, o mesmo olhar e a mesma percepção sobre todas as coisas que a gente gosta. E foi uma atração absoluta, tesão total! Muita sorte o nosso encontro no coração do Brasil, no Xingu, no meio da aldeia indígena. A gente se sentiu vivendo no paraíso. E continuamos tentando construir belos momentos, belos trabalhos, a gente vive criando, inventando e amando. E essa mesma paixão, curiosidade e entusiasmo continua nos movendo. Quando você estreou em TV, era praticamente uma menina. Hoje, fala-se e discute-se muito questões como assédio, empoderamento. Você enfrentou algum problema de assédio na carreira? Tive a sorte de não ter tido esse tipo de confronto, mas sou muito solidária com as mulheres, com tudo o que enfrentam e meu trabalho é ajudar no empoderamento de cada uma delas. Vivemos num mundo de grandes contrastes e problemas para resolver. As mulheres sempre foram o polo de transformação. São elas que buscam a união e uma nova escala de valores. Não podemos aceitar situações que nos façam mal, relacionamentos abusivos, nenhum tipo de violência. »»»

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As mulheres quando se unem são muito fortes. E, ao contrário do que geralmente se pensa, as mulheres são unidas. As mulheres sempre se ajudaram. Mas existe uma grande distorção social, a ideia de competição. Para sermos fortes juntas, não podemos competir umas com as outras. Nós mulheres unidas vamos conseguir respeito e uma nova postura no mundo. O que os motivou a sair do Brasil há 30 anos? A gente adora viajar, conhecer o mundo, trocar informações, descobrir novas coisas. Fomos para Los Angeles com um propósito: fui estudar roteiro e cinema. E nossa experiência foi extraordinária. De lá pra cá, fiz muitos roteiros e fizemos muitos filmes, todos premiados; criei e escrevo a série ‘A Vida Secreta dos Casais’, na HBO, que já está na segunda temporada, além de ter feito durante dez anos o programa ‘Gente de Expressão’, que agora pode ser visto no meu canal do YouTube.

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Estamos conversando no mesmo dia em que decidiste compartilhar uma foto sua com o Bowie. Qual entrevista foi a mais bacana para você? Por que? Qual entrevistado foi o mais difícil? Tive a sorte de conseguir tantas entrevistas impossíveis e conhecer os maiores talentos e grandes personalidades, dos quais eu era fã. O David Bowie foi simpaticíssimo, brilhante com grande senso de humor, típico inglês, que mistura ironia e uma perfeita observação da vida. O que aprendi é que quanto mais a pessoa é extraordinariamente bem-sucedida e famosa, mais ela aprendeu a simplificar a vida, e isso tudo é visível nas entrevistas. São trocas de intimidade e confiança. O que é a Rede Felicidade? A nossa Rede Felicidade é um lugar super especial; nosso Portal de Encontro e Interatividade, onde converso com todos, respondo perguntas, e temos todos uma troca permanente. A participação, o compartilhamento e o engajamento são fantásticos e todos fazem parte das minhas redes sociais, seja no Facebook, Instagram e YouTube. É uma forma de ficar ainda mais próxima do meu público, através de toda a nossa rede, poder levar ainda mais conteúdo e emoção para poder tocar o coração das pessoas. Quais são seus planos para o futuro? Estamos lançando agora o Clube Felicidade, que é a nossa mais nova iniciativa. O Clube Felicidade é um clube de assinaturas, e você recebe todos os meses, em sua casa, uma caixa temática com um livro escolhido especialmente por mim e por um grupo de curadores, além de vários conteúdos, experiências e presentes que vão motivar, inspirar, estimular o assinante a ser mais feliz. Tudo o que faço tem como propósito despertar as pessoas para uma consciência que crie um campo de abundância, prosperidade e muito amor em suas vidas. Essa é a minha retribuição, com toda gratidão por tudo o que recebi.

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galeria

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Dominik Giusti

Divulgação

Começo, fim

e renovação O artista plástico Bruno Portella tem no fogo sua maior inspiração: são pinceladas de rostos famosos, que trazem consigo não só as figuras de personas de grande notoriedade, mas também o conceito do que o elemento carrega, como a ideia de destruição e renovação.

É

assim com Frida Kahlo, Carmem Miranda, Elvis Presley, Clint Eastwood, Marilyn Monroe, Janis Joplin. Para o artista, foi uma mania de infância que o fez ter em cores como vermelho e laranja, em forma de labaredas, a sua grande marca. Ele admite que sempre foi apaixonado pelo fogo. “Quando criança, eu botava fogo em tudo. Não podiam me deixar sozinho que eu já arrumava um incêndio pra fazer. Quando me tornei artista, incorporei essa verdade à minha identidade visual. Em termos conceituais, meu trabalho também dialoga com todos os significados que o fogo tem para mim, como reunião, proteção, destruição, criação, luz, evolução, transformação etc. Dessas, a superação é a que mais me inspira e o fogo me lembra superação”, revela. Mas antes de se aventurar pelas tintas, Portella trabalhou por 15 anos no mercado publicitário, com foco em comunicação e vendas. Não à toa, essa também é uma marca da sua trajetória artística: aliar

mercado e sensibilidade. Hoje em dia, ele tem obras em coleções particulares em diversos pontos do mundo: Miami, San Diego, Toronto, Amsterdã, Genebra, Zurique, Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo. Engajado, Portella foi um dos artistas a serem selecionados para compor o livro “The Art Book Brasil” (2015), da editora Decorbook. “O artista é empreendedor de sua carreira”, define. As obras com rostos de famosos fazem parte da série intitulada “Ícones de Fogo”, que retrata personalidades de tempos distintos e que para o artista, assim como o fogo, acabaram sendo fundamentais para transformar os espaços sociais por onde passaram. Por conta desta característica, ele conta que é a série de obras com a qual o grande público mais se identifica, gerando maior empatia com seu público e servindo de base para outras séries como: “Brasil”, “The Forgotten” e “A Parte Que Queima”. Todas elas podem ser acessadas pelo Instagram @portmanilustra e pelo www.brunoportella.com. »»»

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Arte e mercado Portella tem ciência que esses rostos são, atualmente, bastante mercadológicos, seja por estarem ligados à uma causa social ou política, como é o caso da artista e ativista mexicana Frida Khalo. Questionado sobre como ele analisa Arte e Mercado na própria carreira, ele afirma, seguro: “Incendeio ambos!”. Ele explica que, em sua opinião, existe uma crença errada que para que o artista possa vender seus trabalhos, ele precise fazer um trabalho meramente comercial. “Isso está errado. O artista, na verdade, tem de desenvolver cada vez mais o sua técnica e conceito, transformando-o em algo cada vez mais relevante para sociedade e junto com isso ser comercialmente forte como empreendedor e protagonista da sua carreira”, diz. “Mercado ou Arte? Eu alimento e incendeio os dois! Evoluo cada vez mais minha técnica e conceitos artísticos sem moderação e deixo a parte comercial para o meu poder de ser relevante ao próximo, de fazer networking, comunicação, geração de conteúdo, negociação e licenciamento”, reflete. Além do fogo, outro fascínio de Bruno são os rostos. Por isso são predominantes em suas telas, pelo encanto de retratá-las. “Talvez tenha a ver com as metáforas do fogo que também se repetem na vida de cada um de nós. Esta relação vem da influência grega e renascentista no meu trabalho. A parte da construção é bem acadêmica. Depois eu desconstruo com o fogo e as espátulas”, explica. Por conta dessa habilidade, Portella venceu dois ArtBattles Amsterdam, na capital da Holanda – evento internacional que existe há 15 anos e é uma batalha de arte, em que o artista tem 20 minutos para pintar uma tela, com rounds de oito artistas. O maior desafio, no entanto, não é enfrentar os demais artistas, e sim, conquistar o público, pois são as pessoas que observam o evento que votam. Para Bruno, trata-se de uma experiência de democratização da arte. No Brasil, ele também é bicampeão do ArtBattle Lounge. ‘Somos a meca do graffiti mundial e os street artists estão tendo muito sucesso nos eventos nacionais. O ArtBattle é uma vitrine incrível para os artistas e eu recomendo a todos passarem por esta experiência. Participar do ArtBattle moldou minha técnica artística e me ajuda muito na construção do meu nome como artista”, ele conta.

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Outro evento importante de sua carreira foi o convite para expor no Memorial da América Latina, com imagens de ícones políticos importantes da nossa história recente, como Emiliano Zapata, Eva Perón e a própria Frida. “O convite foi resultado do trabalho que eu realizo de segunda a domingo há mais de 10 anos”, diz, pedindo que o belisque para ter ideia de que isso foi verdade, pois o

Memorial apresenta mostras de ícones Latino Americanos e Zapata. “O convite veio diretamente da Diretoria e da Curadoria e isso é um sinal muito importante da abertura e democratização que o local vive atualmente. O resultado disso está sendo um aumento de empatia e o redescobrimento do Memorial da América Latina pelo grande público e pelos jovens”, acrescenta. »»»

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Projetos futuros Para 2020, Bruno Portella planeja o lançamento de novas séries de obras figurativas e também de uma série de trabalhos mais abstratos. Ele está em cartaz com a exposição coletiva, a “ArtWeek 5”, na galeria de arte do Alphaville Tenis Clube, com entrada gratuita. Já para 2020, ele prepara uma nova exposição no Memorial da América Latina, intitulada “Tolerancialismo”. Além de telas, o artista também desenvolve sua própria marca de roupas, que leva apenas seu sobrenome “Portman”, e apresenta estampas de suas pinturas. Ele adianta que o plano é expandir em 2020, já que teve uma boa experiência: o primeiro lançamento da marca, o moletom Portman Metallica, se esgotou em 45 dias. E ainda como parte de sua carreira multidisciplinar, este ano ele começou também a fazer mentorias e cursos para artistas, por meio do perfil @atelierbrunoportella, com foco em vendas de trabalhos artísticos e comunicação e marketing para engajamento de público. “Lá os artistas recebem dicas valiosas e pílulas de mentoria gratuitas sobre como vender a sua arte. Em setembro e outubro agora começo também como palestrante de Gestão Artística nos eventos Epicentro 2019 e durante as rodadas de palestras do 5º Salão Nacional de Arte Contemporânea de Alagoas no qual também estarei expondo como artista convidado”, diz. E parece que ele quer voar ainda mais alto: “já estão rolando os convites para palestrar em 2020. Planejo também o lançamento de um livro para 2020 ou 2021. Vem muita coisa legal por aí!”, promete.




destino

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Tarik Duarte

Divulgação

Azul da cor

de Nice

Exclusiva, acessível e de uma beleza estonteante. Assim é Nice, no coração do litoral francês. Conheça os motivos que fazem deste charmoso lugar um dos destinos mais procurados no país.

S

eja por seu aeroporto, como a porta de entrada da Côte d’Azur, ou por seu jeito cosmopolita, Nice tem se tornado um dos destinos mais procurados por quem anseia conhecer um novo lado da França, com mais tranquilidade e sem abrir mão de conforto e sofisticação. Por ter pertencido à Itália até 1860, ela tem os braços abertos à cultura e recebe turistas de todas as partes do mundo, principalmente no verão, por ser uma cidade litorânea, com praias de areia e de seixo e uma bela vista para o mar do sul da França. Para quem já conhece Paris ou vai pela primeira vez, vale a dica de ficar atento: uma passagem para Nice, com escala na capital francesa, pode sair até pelo mesmo preço do bilhete direto para a Cidade Luz. Mesmo para quem só tem um dia de passagem pela charmosa cidade, há de viver intensamente Nice e se apaixonar eternamente pela cidade. Depois de escolher o sapato mais confortável da mala, é hora de encarar uma agradável caminhada pela Promenade des Anglais, a belíssima orla da cidade banhada pelo azul do

mar Mediterrâneo. Ponto escolhido por skatistas e ciclistas para um bom passeio com a brisa oceânica, é lá que o conhecido carnaval da cidade ocorre no mês de fevereiro, além de ser um dos melhores locais para fotos que garantem o #tbt do ano inteiro, com destaque ao Hotel Negresco, que está entre os mais belos e conceituados da região da Riviera Francesa. Os sete quilômetros de extensão da Promenade des Aglais dão uma boa oportunidade para conferir a bela vista da baía formada no local, ponto de ancoragem de várias embarcações, além das praias de seixo de Nice, com áreas de banho públicas garantindo uma bela tarde de calor e sol durante o verão, sempre tendo cuidado com a correnteza da região, no caso de banhos com crianças. Outro ponto importante é a possível necessidade de sapatilhas para maior conforto dos pés acostumados à areia. Muitos hotéis e restaurantes contam com áreas privadas na praia e disponibilizam gostosas espreguiçadeiras para se perder nas horas sob o sol do sul francês. »»»

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A bela Cote D`Azur, ou a Riviera francesa, ĂŠ o cenĂĄrio privilegiado de Nice.

O Hotel Le Negresco ĂŠ um dos hoteis mais antigos e luxuosos da cidade.

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Uma vista panorâmica de tirar o fôlego da chamada Baía dos Anjos pode ser vista do alto da Colline du Châteu, com entrada ao final da orla por uma escada (para os bons de fôlego), mas também com acessibilidade garantida por um elevador gratuito ao lado do Hôtel Suisse Nice. O local tem esse nome por ser antigo endereço de um castelo que ainda guarda ruínas, após ser demolido por ordem do rei Luis XIV. As memórias podem ser visitadas no Parque do Castelo, uma boa opção para as crianças se divertirem enquanto a família curte um dos cartões postais mais bonitos da França. O local marca o alto de Vieille Ville, a parte histórica da cidade, que pode ser um choque aos olhos acostumados à modernidade da cidade até aqui e essa diferença fica clara do alto da Colline du Châteu. Com um mundo particular, que vai de restaurantes de família a filiais de gigantes do fast food, esse ponto da cidade surpreende a cada nova rua, com livrarias, hospedagens mais tradicionais e uma grande variedade de lojas que dão um show de preservação patrimonial e histórica. Por ser uma área muito procurada, também é comum de ver estabelecimentos abertos até altas horas da madrugada (o sonho de quem acorda no meio da noite desejando sorvetes ou crepes típicos do país europeu). Vieille Ville é um espetáculo a parte e pra quem pode se dar um tempinho a mais na cidade: um dia inteiro pode ser facilmente reservado ao local, sendo a Rue du Pont Vieux e a Rue de la Préfecture pontos imperdíveis, com a possibilidade de conhecer o Palais Royal, construção do século XVII que serviu como casa de governadores e príncipes durante suas visitas à Nice. Os amantes de Arquitetura verão seus sonhos realizados ao contemplar lojas com arcos ogivais em suas fachadas, todos devidamente restaurados, mas dando um toque medieval ao passeio. Não é preciso ir muito longe para degustar a rica culinária de Nice, além de seus quitutes de rua. É apenas um crime não experimentar uma salada Niçoise original, com feijão verde, azeitonas calletier, ovo cozido, anchovas e tomate. Os amantes de comidas mais práticas, porém ainda saborosas, têm um prato cheio com o Socca, um tipo de sanduíche com massa de panqueca à base de flor de grão de bico. E qual seria o sentido de conhecer a França e não experimentar a fina culinária que enraíza os grandes restaurantes do mundo? Pensando nisso, é quase que obrigação se sentar à mesa de um dos milhares de bistrôs e saborear o famoso Ratatouille, ensopado de legumes com berinjela, pimentão, tomate e courgettes, berinjela, pimentão e tomate. »»»

Perfeita pra ver e ser vista, a área à beira mar é um spot disputdo.

A salada Niçoise, típica de Nice.

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No coração da cidade, o Marché aux Fleurs concentra o melhor dos dois universos que Nice pode oferecer em uma feira de rua com início às 8h e que enche a Place Charles Félix de cores, artesanatos, flores e arte. Os sabores e aromas do local também podem ser desbravados com barracas de chá artesanais e sabonetes que compõe uma verdadeira obra de arte ao ar livre. Os amantes da gastronomia não podem esquecer de conhecer a loja L’Olivier, no número 7 da rua Saint Françoise de Paule, por oferecer uma variedade invejável de produtos gourmet, como pérolas de vinagres exóticos que explodem na boca, de sabores como manga e framboesa, até os mais tradicionais, como o balsâmico. Impossível não degustar e querer levar apenas um para casa. E falando em obras de arte, uma coisa que não se pode negar é que o povo europeu tem orgulho de sua história e faz questão de preservá-la para futuras gerações – nada mais justo, portanto, do que conhecer e aprender nos museus de Nice, programa que garante tranquilamente mais uma semana de estadia no local. Quem sai de Belém pode se sentir mais próximo da Belle Époque ao visitar o museu Massena, que originalmente era uma vila em plena Promenade des Anglais, doada aos moradores pelo duque de Rivoli, cuja única condição foi mantê-la aberta ao público que quisesse conhecer a história local. Com suas mansões, é possível ver itens inestimáveis para a França, como a máscara mortuária do próprio Napoleão. Uma ode ao preciosismo é o museu de Chagall, projetado e pensado minimamente pelo artista que planejou cada espaço já pensando na obra exposta, tornando o local um espetáculo como um todo.

MENÇÕES HONROSAS: Catedral de Nice: imponente e deslumbrante, o monumento surpreende com seu interior construído em design barroco, aglomerando um total de dez capelas com pinturas e esculturas. Festival de Jazz de Nice: considerado o evento mais importante do gênero musical, ele reúne anualmente os maiores nomes do jazz internacional ao final de junho e apresenta os novos expoentes da música que conquistou o mundo. Um pé em Cannes e outro em Mônaco: Por estar em plena Côte D’Azur e com várias opções de transporte de qualidade e acessíveis, é impensável não esticar a viagem por alguns dias para conhecer a luxuosa cidade de Mônaco e a histórica Cannes, uma cidade completando a outra em cultura, diversidade e lazer. 84 | www.revistaliv.com.br



especial dia das crianรงas

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Carolina Menezes

Dudu Maroja / divulgação

Pequenas

notáveis No mês dedicado a elas, a LiV conheceu dois pequenos talentos – Maitê e Mel, que, a despeito de suas poucas idades, têm grandes talentos, potenciais e, sobretudo, o acompanhamento dos pais, atentos às fases e reais necessidades de suas crianças.

F

oi o diabetes Tipo 1, descoberto ainda bem no início da vida, que levou a pequena Maitê Honda Eluan para o mundo das artes marciais, ainda aos três anos de idade. O que ela não imaginava é que aos dez anos recém completados, já seria faixa preta e reconhecida com várias premiações. “Percebemos que ela se sentia bem no karatê, ela evoluiu. Depois começaram a vir as medalhas, de forma muito natural. Mudar o foco das pessoas, que trocaram a imagem de criança diabética para criança karateca, foi um ganho muito importante”, reconhece o pai, Elizio Eluan, sem esconder o orgulho da atleta-mirim. Maitê é o que se conhece popularmente por criança prodígio, por ter, ainda muito jovem, desenvolvido uma habilidade tão marcante ainda tão nova, que acabou por ingressar em uma rotina mais madura para dar conta de expressar e mesmo aprimorar o próprio talento. É também o caso de Mel Chaves, 14, representante paraense da edição 2018 do programa The Voice Kids, que viu sua rotina mudar completamente desde a participação no reality show da Rede Globo. “Foi bem difícil na época porque tinha que gravar, tinha sessão com fonoau-

diólogo, escola, mas eu consegui manter tudo muito graças à minha mãe, que me ajuda demais nisso. Quando as notas caem, não tem jeito, eu dou mesmo uma pausa”, conta a cantora, que atualmente faz dupla com o conterrâneo Renan Andrade (que chegou a participar das audições na edição deste ano, mas não teve a cadeira virada pelos jurados). De acordo com a terapeuta ocupacional Thais Cabral, não há problemas em estimular esses pequeninos a brilharem cada vez mais forte em suas capacidades tão precocemente detectadas. Contanto que, para começo de conversa, seja algo que lhes traga prazer e satisfação. E, sim, o cuidado para evitar o superestímulo deve ser uma constante. “Infância é o período de maior desenvolvimento do ser humano, por isso é necessário oferecer os estímulos adequados para um desenvolvimento neuropsicomotor adequado”, justifica. Dentre as principais ocupações, a profissional destaca o brincar como elemento fundamental, por ser uma proposta prazerosa na qual a criança experimenta diferentes contextos e situações. “Temos então o desenvolvimento motor, físico, emocional e social na situação lúdica”, reforça. »»»

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Conexão imediata Maitê foi diagnosticada diabética com apenas um ano, mas só aos três começou a treinar, como já contamos. Conhecer o Mestre Yoshizo Machida, em uma aula ministrada em conjunto com um mestre japonês, foi o que transformou a menina em fã. Não demorou muito para que viesse a decisão de trocá-la de academia. “Coincidiu de ele voltar a dar aulas para crianças no mesmo ano em que ela entrou na academia. Vê-lo elogiar a Maitê, conversar, dar conselhos, bater papo, é uma honra imensa. Entendemos mais a fundo o sentido do karatê como filosofia de vida, não apenas como com-

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petição. E isso é mais importante do que qualquer medalha”, detalha Elizio. O pai destaca a grande vantagem de perceber que a filha faz o que gosta. Está ali com prazer, treinando ou competindo, além de ser um fator importante para manter a qualidade de vida - motivo que fez os pais buscarem um esporte com o qual ela se identificasse. Há ainda o fato de aprender a lidar com derrotas e vitórias. “Ser persistente para alcançar sonhos também é um grande treino que o karatê dá para a vida, além de buscar ser melhor a cada dia”, reconhece o pai, admitindo, em paralelo, que gostaria que a filha

tivesse mais tempo para o lazer. “Não é que não aconteça, mas poderia ser mais frequente”, analisa. “Também há um certo amadurecimento precoce, que não sei se é uma vantagem ou desvantagem. Mas lidar com disciplina, treinos, regras, enfrentar pressão em campeonatos ou em exames de faixas, convivência com amigos que algumas vezes precisam ser adversários seus dentro do dojo [local onde se treinam artes marciais japonesas] e não levar isso para fora, são fatores que acabam acelerando um amadurecimento mental”, compreende. »»»


Foi tรฃo engraรงado quando comeรงou, porque, para mim, cantar nunca deixou de ser um hobby.

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Rápida ascensão A mãe da Mel, Flávia Chaves, que trabalha como social media, sacou logo que a filhota tinha um gogó afinadíssimo, e a matriculou no Conservatório Carlos Gomes. Com dez anos, ela fez a primeira apresentação profissional. A chance no The Voice Kids parecia algo distante, mas da feita que a garota passou no primeiro teste, foi acumulando uma série de aprovações, até deixar o programa em uma das batalhas entre os concorrentes. “Foi tão engraçado quando começou, porque, para mim, cantar nunca deixou de ser um hobby. Lembro que tinha uns 11, 12 anos e eu cantava em uma hamburgueria e amava: ganhava para cantar e depois ainda ganhava um sanduíche! Eu ficava feliz demais, acha-

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va o máximo!”, diverte-se, lembrando. Em cada pontuada que Mel dá à própria trajetória, sempre lembra do apoio de Flávia como imprescindível para tornar tudo o mais natural possível - bem como da terapeuta e do coach com os quais passou a contar de uns tempos para cá. “Além de cantar ela faz participações em eventos, e eu fico muito em cima para saber que se ela quer mesmo e deixo claro que tudo bem se ela não quiser. Coloco na frente sempre a preocupação de que ela viva bem todas as fases; estimulo que chame amigos para vir em casa. Gostei muito da parceria com o Renan, porque eles têm o mesmo estilo, mesma idade, são leves”, relata a mãe.


A terapeuta ocupacional corrobora a importância da atenção de Flávia em garantir que Mel não fique sobrecarregada, e cita que os estímulos em excesso podem desencadear episódios de ansiedade. “É balé, aula de reforço, inglês, escola, natação, isso traz uma cobrança grande. É preciso balancear o que é prazeroso, até que ponto não se torna cobrança para não desencadear um sentimento de ansiedade. A criança inserida em uma gama muito grande de estímulos desenvolve agitação psicomotora que pode repercutir no desenvolvimento emocional e às vezes até no cognitivo. A falta de conhecimento dos pais, ainda que haja a boa vontade, pode render estímulos errados, inadequados e até regressão da habilidade”, alerta Thais.

AZUL OU ROSA? A cor não é relevante. Saúde é o que realmente importa e por isso, mãe, fique atenta aos períodos para realização de seus exames ultrassonográficos. O primeiro exame morfológico deve ser feito em 11 e 13 semanas, por exemplo. Assim, você acompanha a evolução do seu bebê e pode vivenciar a sua gravidez mais tranquila.

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Lorena Filgueiras

Uma

Dudu Maroja / divulgação

escola de portas abertas

Muito mais que abrir o espaço físico aos pais que desejam uma experiência imersiva e, por conseguinte, mais completa, abrir as portas de uma escola é, também, abrir o coração e esperar que a mensagem principal seja ouvida. Dentro de um ambiente escolar, não é somente o jovem que estuda: a família tem participação decisiva na formação e condução de valores imprescindíveis a um futuro cheio de oportunidades.

O

s olhos do educador Reginaldo Martins brilham quando ele fala sobre ser educador e suas motivações. Não se podia esperar menos de um homem que dedicou a maior parte de sua vida à sala de aula e quase duas décadas ao Colégio Acrópole – motivo aliás, que o fez voltar para Belém, após uma década inteira trabalhando em uma grande empresa de educação nacional baseada no Paraná. O convite para retornar à cidade natal veio acompanhado de uma proposta arrojada: conceber uma escola, com projeto educacional e mesmo arquitetônico inéditos. Localizado em uma área valorizada, de expansão da cidade, o projeto arquitetônico foi concebido por Herlon Oliveira e impressiona pelos traços futuristas, com grandes áreas livres, com o objetivo de transmitir a sensação de acolhimento e segurança. A proposta pedagógica, igualmente inovadora, contempla estrutura de semi-integral, integral, turno estendido. “Nossos alunos são todos nascidos no século XXI marcado pela vida dinâmica e velocidade de informação. Para atender a esse público, a escola investiu em ativida-

des que pudessem preencher o tempo do jovem dentro da escola, em consonância com o projeto pedagógico. Temos escolinhas de desporto, em várias frentes: natação, vôlei, basquete, futsal, além de duas parcerias fortes que agregam muito valor, como o sistema de ensino Objetivo de São Paulo (do Maternal I ao 9º ano/EF) e, no Ensino Médio, há uma outra parceria ainda mais inovadora e exclusiva: o ensino médio é 100% digital – trata-se da Geekie, uma referência no ensino por meio da interface digital”, conta o diretor. A Geekie, aliás, é um poderoso recurso educativo. Todos os alunos têm acesso à plataforma de ensino adaptativo – Geekie ONE - e é acessada pelos alunos com a utilização de um Chromebook. Isso significa que ele não vai mais usar cadernos ou livros? “De forma alguma!”, tranquiliza Reginaldo Martins. “O Sistema é híbrido quanto ao uso de recursos. O recurso é mais tecnológico, mais rico, mas sem abrir mão da humanização, de atividades participativas, enfim, de todas as habilidades que são exigidas no momento em que vivemos deste século XXI”, completa. »»»

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Por uma cultura de paz A escola é credenciada ao Programa de escolas associadas da UNESCO (PEA-UNESCO), órgão da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura. “São escolas selecionadas e que para tal, precisam estar alinhadas às diretrizes emanadas nos documentos e eventos que a UNESCO promove no mundo todo. O mote principal do programa é desenvolver a cultura de paz e entende-se que a educação é uma alavanca que move as pessoas para melhor! Além de ser uma pessoa tranquila, esse cidadão vai promover a harmonia em seu entorno e educará outros futuros cidadãos para a cultura de paz. Toda atividade da escola tem de estar lincada aos objetivos da UNESCO”, explica Martins. No dia em que esta reportagem ocorreu, a escola vivenciava um dia dedicado ao trânsito. As crianças do Jardim levaram bicicletas para ter aulas de educação no trânsito. “Procuramos alinhar todas as nossas atividades aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da UNESCO e é muito interessante observar que esses pequenos cidadãos regulam e fiscalizam os comportamentos dos pais quando estão dirigindo”.

SERVIÇO:

Colégio Acrópole (91) 3238.4116

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Portas abertas Há cinco ou seis anos, a escola percebeu que não conseguia atender a toda demanda do público que buscava mais informações. Esse foi o start que motivou a criação de uma ‘Coordenação de Atendimento’ permanente. Em função das crescentes demandas, da Coordenação de Atendimento, a escola decidiu criar um dia inteiro para acolher aos clientes novos. Esse dia, que ocorre sempre aos sábados, permite que os pais passem pela experiência de conviver um dia inteiro dentro da escola: a equipe inteira é mobilizada e todos os ambientes são igualmente abertos. Existe, por questões de segurança, uma lista, consolidada a partir da demanda de um ano inteiro, que fundamentará o credenciamento. Nesse dia, após a acolhida de boas-vindas, o público pode interagir com professores e o corpo administrativo. A espera não será longa! A data da edição de 2019 já foi definida: será no dia 09 de novembro a próxima edição do evento “Escola de Portas Abertas”.


ESCOLA CERTIFICADA PELA UNESCO

Brinquedoteca

PARCERIA COM A GEEKIE MELHOR MATERIAL DIDÁTICO EDUCAÇÃO INTEGRAL

Aulas Práticas

SUSTENTABILIDADE FORMAÇÃO HUMANA FORMAÇÃO DIGITAL

Piscinas Semiolímpica e Infantil

ESPORTES

Playground

Arena Sintética

Sala Ed. Infantil

Ginásio Poliesportivo

Auditório

Horta

As melhores

Se NACcrIA EXelPesEviRveIÊ opol m no

Biblioteca Av. João Paulo II, nº 10

/acropolebelem

acropolebelem.com.br /SistemaEducacionalAcropoleBelem

91 3238-4116 LIGUE

#AMELHORESCOLAEMTUDO

da Educação Infantil ao Ensino Médio

Atendimento: 2ª a 6ª feira, das 8h às 12h e das 14h às 18h. Sábados, de 8h às 11h.


gourmet

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Lorena Filgueiras

Dudu Maroja

Prazer

em cozinhar

O chef santareno Sandro Mota é um dos grandes expoentes da culinária ítalo-amazônica. Tão apaixonado por cozinha, nosso convidado da LiV 66 só lamenta ter iniciado sua carreira tardiamente... ao mesmo passo em que afirma ser a pessoa mais feliz do mundo por fazer o que faz.

Q

uando perguntado sobre qual é sua primeira memória gastrônomica, os olhos de Sandro Mota brilham de emoção: “a de casa”, ele afirma. “Em nossa casa, todos os ingredientes eram tão simples e só as mães são capazes desta verdadeira alquimia que é transformar simplicidade em refeições incríveis. Minha velha sabia fazer isso como ninguém”, conta. Não esperava outra resposta de um homem cujo vasto conhecimento gastronômico é igualmente proporcional à sua simplicidade, especialmente quando perguntado quando foi que ele decidiu dedicar-se à cozinha. “Passei muito tempo procurando a profissão certa, ideal. Foi quando em 2000 abri uma pizzaria na casa da minha mãe. O negócio deu tão certo que decolou rapidamente. O público, cada vez mais crescente, começou a exigir novidades. “Não tardou até que eu fosse buscar aprimoramento e formação profissional”. O ponto seguinte de sua incursão foi buscar pelo curso de chef de cozinha no ICIF, instituto de culinária italiana, no Sul do país. Saiu de lá como chef internacional. E por que a cozinha italiana? “Pela

diversidade e apelo internacional. Não conheço uma única pessoa que não goste de comida italiana”, desafia. Pegou tanto gosto pelos estudos segmentados, que não demoraria a obter um segundo diploma na área, como especialista em cozinha autoral. Além das pizzas e demais pratos tão tradicionais, Mota apaixonou-se pela ciência dos gelatos, os sorvetes italianos. Destacou-se tanto, que ganhou um concurso nacional... na Itália. Prova maior de que os discípulos podem desafiar e superar seus mestres. Com um gelato de café com grappa, arrebatou o júri especializado. De volta ao Brasil, decidiu ampliar a casa, o restaurante Dom Mani, localizado em Santarém e deixou o cardápio ainda mais sofisticado. “Trabalhar com gastronomia não é fácil em lugar nenhum, avalie trabalhar no interior, com a missão de sempre buscar ingredientes e fornecedores que mantenham o ritmo de atender a um restaurante”, pondera. Mesmo com tantas dificuldades, seu restaurante é considerado um dos melhores do Pará. Com um plus: “ganho salário para fazer algo que amo e isso não tem preço!”, filosofa. »»»

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Consciência amazônica Sandro tem noção de sua responsabilidade como chef de cozinha na Amazônia. Sabe que precisa valorizar a cadeia de pequenos produtores, incentivando-os a manter o fluxo de produção e da fundamental importância que é sempre voltar às origens. Tal como ocorreu com ele, quando teve de buscar formação profissional e especialização fora do Pará, hoje Sandro observa o contrafluxo. ”Muitos chefs brasileiros e estrangeiros têm buscado conhecimento aqui, na Amazônia. Querem conhecer as tribos indígenas, as origens dos ingredientes, participar do modo de fazer, e esse intercâmbio é muito importante para colocar nossos ingredientes para ‘rodar’, estimulando produção e enriquecendo culturalmente a todos que buscam essas fontes. O fluxo inverso é o mundo dando honra a nossa Amazônia, ao nosso povo. Antes eles vinham pra cá e só levavam nossos insumos. Atualmente, não: eles vêm, provam e aprovam inclusive nosso estilo de vida e até técnicas. Um exemplo disso foi o congresso da Boa Lembrança [leia mais em nosso institucional] em Belém. Vieram e se renderam às delícias únicas da nossa região. Os chefs que deram aulas técnicas usaram nossos ingredientes e ficaram impressionados com essa qualidade”. Sandro esteve em Belém, recentemente, onde participou, como chef e palestrante, do XXIV Congresso da Boa Lembrança, que reuniu seus associados, no período de 17 a 22 de setembro. Convidado de honra, uma das estrelas do jantar magno, oferecido a convidados, foi seu prato “Pirarucu das Ilhas” – receita, aliás, que ele compartilha com nossos leitores nesta edição. Vamos à receita?

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Receita

Ingredientes: • 80 g. de Lombo de Pirarucu • 30 g. de açaí • 40 g. de queijo do Marajó • 50 g. de macaxeira • 7 g. de aceto balsâmico • 4 g. de mel • 1 buquê de chicória, coentro e alfavaca • Q.B. sal, pimenta e Alho

Pirarucu das Ilhas

Aligot de macaxeira e queijo do marajó Cozinhar a macaxeira. Depois de cozida passar em uma peneira e voltar ao fogo com um pouco de manteiga e creme de leite até ficar cremoso. Desligue o fogo e acrescente o queijo do Marajó ralado e mexa até dar liga. Reserve. Redução de Açaí Leve ao fogo o açaí com o mel, o aceto balsâmico até reduzir 30%: o ponto certo é ficar com um pouco de acidez, para dar o contraste com o peixe. Não deixar caramelizar muito para não perder a cor do açaí. Desligue o fogo e reserve.

Pirarucu Marinar com coentro, chicória, alfavaca, alho, pimenta branca e sal. Coloque o peixe e a marinada em uma embalagem de vácuo e lacre. Reserve por 24 horas. Após esse período, leve para cozinhar a 60 graus, por 40 minutos na embalagem de vácuo. Montagem do Prato Risque o prato circularmente com o açaí reduzido. Aqueça o aligot e o coloque em uma das bordas do círculo. Tire o peixe do vácuo e monte-o por cima o aligot. Decore com brotos de beterraba e sirva.

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horas vagas | Fox TURMA DA Floquinho, o cachorro do MÔNICA • LAÇOS Cebolinha, desapareceu. O menino

DVD | Blu-Ray

Direção: Daniel Rezende

desenvolve então um plano infalível para resgatar o cãozinho, mas para isso vai precisar da ajuda de seus fiéis amigos Mônica, Magali e Cascão. Juntos, eles irão viver grandes aventuras. Elogiada e bem-sucedida adaptação para o cinema dos personagens criados por Maurício de Souza, que viraram ícones da cultura pop brasileira.

FORA DE SÉRIE Melhores amigas e alunas fora

Destaque

Direção: Olivia Wilde

de série, Amy e Molly sempre focaram em tirar as melhores notas e se destacar dos demais alunos. Elas só não esperavam que seus colegas fossem aprovados nas mesmas universidades que elas. Ao perceber que poderiam ter se divertido mais, elas decidem correr atrás do prejuízo. A tarefa dessa vez é diferente: aproveitar ao máximo o ensino médio e as festas!

JUNTOS PARA Depois de muitas vidas e SEMPRE aprendizados, o cãozinho Bailey

Dica

Direção: Gail Mancuso

vive tranquilamente com Hanna. Um dia, Gloria, uma aspirante a cantora, aparece sem avisar na vida dos dois com uma notícia surpreendente: Hanna tem uma neta, chamada Clarity. Com o tempo, Bailey percebe como a menina é negligenciada pela mãe e decide que seu objetivo nesta vida é cuidar dela e protegê-la, incondicionalmente.

A TABACARIA Um jovem de 17 anos chamado

Cult

Direção: Nikolaus Leytner

Franz começa a trabalhar como aprendiz em uma tabacaria onde Freud é cliente frequente. Os dois estabelecem uma forte amizade. O jovem se apaixona por Anezka e começa a pedir conselhos amorosos para Freud que, mesmo sendo um renomado psicanalista, admite que o sexo feminino é um mistério. Em meio à grave tensão política na Áustria e a ascensão do nazismo, os 3 personagens enfrentam um dilema.

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Destaque

NO FUNDO DO POÇO Buchi Emecheta

Adah, a mesma protagonista de Cidadã de Segunda Classe, tem que criar e sustentar sozinha os cinco filhos, vivendo no subúrbio de Londres, em um lugar que ela chama de “o fundo do poço”. Tentando manter seu trabalho diário e suas aulas noturnas em busca de um diploma, ela se vê às voltas com o serviço de assistência social, que lhes classifica como “família-problema”. É onde Adah encontra uma causa comum com seus vizinhos brancos da classe trabalhadora e sua luta contra um sistema social que parece destinado a oprimir todas as mulheres.

Dica

NAS ENTRELINHAS DO HINO NACIONAL Dad Squarisi e Marcia Duailibe Forte

Nas entrelinhas do nosso hino há muita poesia, história, significados, mensagens patrióticas e beleza. O poema de Osório Duque Estrada se tornou a letra oficial do hino em 1922, para a comemoração do primeiro centenário da Independência do Brasil. Já estamos próximos da comemoração do 2° centenário e, por incrível que pareça, muitos o cantam sem conhecer a história ou saber o significado de todas as palavras e expressões.

Lançamento

A FÚRIA

Silvina Ocampo

Os contos de Silvina Ocampo - monstruosos, insólitos, perturbadores, sinistros, irreais - são o tesouro mais bem guardado da literatura latino-americana do sec. XX. Chega ao Brasil um livro de Silvina Ocampo. Publicado em 1959, ‘A Fúria’ é considerado “o mais ocampiano” dos livros de Silvina, obra em que a autora encontra sua voz única e seu universo alucinado. “Nos seus contos há algo que não consigo compreender: um estranho amor por certa crueldade inocente e oblíqua”, escreveu Jorge Luís Borges.

Confira

INTELIGÊNCIA SOCIAL

Daniel Goleman

Do autor do best-seller ‘Inteligência Emocional’, as últimas descobertas da biologia e da neurociência revelam que “somos programados para nos conectar” com os outros. O contato diário com nossos familiares e amigos molda o cérebro e afeta as células de todo o corpo, para o bem ou não. O autor compartilha sua pesquisa com grande convicção, mas precisamos desenvolver a inteligência social.

Clássicos

O PINTASSILGO Donna Tartt

Theo Decker, um adolescente nova-iorquino, sobrevive milagrosamente a um acidente que mata sua mãe. Abandonado pelo pai, Theo é adotado pela família de um amigo rico. Em seu novo e estranho apartamento na Park Avenue, Theo se apega a uma importante lembrança dela: uma pequena, misteriosa e cativante pintura que acabará por arrastá-lo ao submundo da arte.


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intitucional - LM

Leal Moreira patrocina XXIV Congresso dos Restaurantes da Boa Lembrança

Um registro ao final da cerimôia de abertura oficial.

De 17 a 22 de setembro, Belém foi a capital nacional da gastronomia brasileira, uma vez que foi o cenário do XXIV Congresso dos Restaurantes da Boa Lembrança, reunindo aqui boa parte dos associados dos restaurantes da Boa Lembrança. Com uma extensa e democrática programação gastronômica-cultural, o evento foi aberto oficialmente em uma cerimônia no Theatro da Paz, com a presença de autoridades dos governos estadual e municipal. A Leal Moreira preparou um lounge, com mobiliário da GPD, para oferecer ainda mais conforto aos convidados presentes. Os anfitriões do Congresso foram os paraenses Ângela e Fabio Sicilia e Sandro Mota, responsáveis por garantir uma celebração à altura do aniversário de 25 da Associação dos Restaurantes da Boa Lembrança. Durante a abertura do evento, Ângela Sicilia fez uma homenagem ao chef Dânio Braga, chef de cozinha e fundador da ARBL. Emocionado, Dânio Braga, falou da felicidade de revisitar Belém, especialmente em uma ocasião tão especial e festiva.

Fábio e Ângela Sicilia com Dânio Braga, chef e fundador da Boa Lembrança.

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intitucional - LM

Jantar Magno Na noite do dia 19 de setembro, o Hangar – Centro de Convenções da Amazônia sediou o Jantar Magno do XXIV Congresso da Boa Lembrança. Com um menu, cuidadosamente elaborado por 8 chefs de cozinha, o chef e sommelier Fábio Sicilia deu as boas vindas, em nome dos anfitriões. E apresentou os patrocinadores do evento, ressaltando a importância de a Leal Moreira assinar o patrocínio máster. O diretor de marketing da construtora, André Leal Moreira, em discurso aos presentes, enfatizou a felicidade de apoiar um evento tão significativo quanto aquele. “A Leal Moreira sempre considerou a Gastronomia uma arte e uma importante forma de expressão do povo paraense. Como uma empresa genuinamente local, cumprimos, mais uma vez, nosso papel de fomentar e incentivar as mais variadas formas de cultura. Ficamos muito felizes de ter patrocinado do XXIV Congresso da Boa Lembrança, por seu alcance, história e pela trajetória séria e respeitosa”, disse.

Em sentido horário, a partir do alto: Angela Sicilia, anfitiriã, no jantar. Abaixo, Fábio e Ângela homenageiam a Secretária de Cultura, Úrsula Vidal. Ã esquerda, a chef Daniela Martins.

Ilhas e Sabores

No Parque da Residência, o Festival Ilhas e Sabores econtrou parte da programção da Boa Lembrança. Ao lado, a casa de farinha e o restauranteur Nazareno Alves.

Durante os dias 20, 21 e 22, o Parque da residência, conhecido sítio histórico da capital paraense e sede da Secretaria de Estado de Cultura do Pará, foi aberto para uma extensa programação do XXIV Congresso da BL e do festival “Ilhas e Sabores”. Uma casa de farinha, em tamanho real e com forno para torra, foi montada no anfiteatro, além de mais de 30 barracas de restaurantes e pequenos produtores. O vagão da Maria Fumaça, resquícios do trem que fazia o percurso Belém-Bragança, foi transformado em um espaço da Leal Moreira para degustação de vinhos e apresentação dos empreendimentos da construtora. “A parceria com a Leal Moreira foi um sucesso e só tenho a agradecer todo o carinho que a Leal Moreira dedicou a todo o evento, desde sua concepção à conclusão dele”, afirmou Ângela Sicilia.

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Torre Santoro em ritmo acelerado Com uma localização privilegiada, em plena Avenida Governador JosÊ Malcher, o Torre Santoro encontra-se em ritmo acelerado, com a concretagem das primeiras lajes. O cliente Leal Moreira pode acompanhar o andamento das obras de seus empreendimentos no site da construtora. Veja as fotos do Torre Santoro.

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intitucional - LM

Lumiar e a luz do mundo Sucesso na década de 90, quando foi gravada pela banda Warilou, a música “Luz do Mundo” é uma composição dos músicos Manoel Cordeiro e Roneri. Considerada uma das composições paraenses mais bonitas, a música “Luz do Mundo” ganhou uma nova versão, gravada pelo artista Arthur Nogueira, que emprestou sua voz grave e marcante para trilhar a campanha de apresentação do Torre Lumiar, empreendimento da Leal Moreira no bairro de Batista Campos. Durante dois dias, Arthur Nogueira dedicou-se a tornar a canção ainda mais intimista, já que Luz do Mundo fala de um nascimento de uma criança e amor à vida. “Luz do Mundo foi uma canção feita para a filha do meu amigo e parceiro de composição, Roneri. Fala do milagre que é a chegada de uma criança neste mundo e de Deus”, afirma o músico Manoel Cordeiro. Para Arthur Nogueira, o convite da Leal Moreira foi muito especial. “Foi um prazer participar. Fiquei feliz demais com o convite! O marketing da Leal Moreira escolheu a música para que pudesse definir uma versão, ao que sugeri fazer o formato voz e violão – formato aliás que é do meu EP mais recente “Coragem de um poeta” e que rodei algumas cidades com esse show -, então tem tudo a ver com esse momento e sem falar que é uma música que parece sempre ter feito parte da minha vida e o fato de ser uma composição do Manoel Cordeiro, uma pessoa por quem tenho um carinho enorme... então tudo foi muito especial. Fiquei feliz com a conjuntura de bons presságios para essa gravação”.

VT Lumiar Com a música gravada e roteiro em mãos, a Leal Moreira partiu para a gravação do VT, que foi ambientado no Eliza Ferraz Atelier – parceira de longa data da Leal Moreira. Contando a história de um jovem casal, grávido de seu primeiro filho, acompanhamos a sensação de plenitude e felicidade proporcionadas pela segurança de ter um apartamento Leal Moreira. A Photograf, produtora que assinou a produção e gravação do VT, foi muito cuidadosa ao valorizar os detalhes que retratam a expectativa dos pais. A direção fotográfica das imagens da campanha foi assinada pelo Estúdio Tereza & Aryanne, considerado um dos melhores em seu segmento. O styling foi definido pelo produtor Vinny Araújo. Uma vez pronto e finalizado, o belíssimo comercial foi veiculado nas redes sociais da Leal Moreira e nos cinemas da cidade. Já viu o VT? Se não, acesse:

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QUARTO CASAL Vendas: Artes e fotos meramente ilustrativas que poderão ser altera-das sem prévio aviso, conforme exigências legais e de apro-vação. Os materiais e os acabamentos integrantes estarão devidamente descritos nos documentos de formalização de compra e venda das unidades. Plantas e perspectivas ilustrativas com sugestões de decoração. Medidas internas de face a face das paredes. Os móveis, assim como alguns materiais de acabamento representados nas plantas, não fazem parte do contrato. A incorporação encontra-se regis-trada no Cartório de Registro de Imóveis, Faria Neto, Único Ofício da Comarca de Ananindeua-PA, no Livro Nº2(RG), ma-trícula 16911, sob o NºR-5-Matrícula 16911, Protocolo Inter-no Nº81936, Protocolo Defi nitivo Nº52465, em 07/06/2013.

Planejamento, Incorporadora e Construção:

VENDAS: (91) 3222-5974 AVENIDA GOVERNADOR

JOSÉ MALCHER. 1350

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Check-list

obras Leal Moreira TO R R E

P ROJETO

L A NÇA MENTO

FUNDAÇÃO

ESTRUTURA

FECHAM ENTOS

FASE D E ENTR EGA

ACABAM EN TOS

SE U L E AL MO R E I RA ESTÁ P R O NTO

Torre Lumiar 2 ou 3 dormitórios (1 suíte) • 78m2 e 106m2 • Av. Roberto Camelier, 261 (entre Rua dos Tamoios e Rua dos Mundurucus)

Torre Santoro 2 ou 3 suítes • 123m2 • Av. Governador José Malcher, 2649 (entre Av. José Bonifácio e Tv. Castelo Branco)

Torres Unitá 3 suítes • 143m2 • Rua Antônio Barreto, 1240 (entre Travessa 9 de Janeiro e Av. Alcindo Cacela)

Torres Floratta 3 e 4 dormitórios (1 ou 2 suítes)• 112m² e 141m² • Av. Rômulo Maiorana, 1670 (entre Travessa Barão do Triunfo e Travessa Angustura) mês de referência: setembro de 2019

Veja fotos do andamento das obras no site: www.lealmoreira.com.br

em andamento • PROJETO = elaboração e aprovação de projetos executivos.

concluído

• LANÇAMENTO = apresentação e início da comercialização do empreendimento. • FUNDAÇÃO = execução de fundações. • ESTRUTURA = execução de estrutura de concreto armado. • FECHAMENTOS = execução de alvenarias/painéis externos e internos. • ACABAMENTOS = execução de revestimentos de argamassa, revestimentos cerâmicos (piso e parede), esquadrias e pintura. • FASE DE ENTREGA = paisagismo, decoração e início do processo de entrega com as vistorias. • SEU LEAL MOREIRA ESTÁ PRONTO

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Acompanhe o andamento do seu Leal Moreira em nosso site ou acesse o link por meio do QR Code abaixo:


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e-mail: drmodulados77@hotmail.com raimundolobato237


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Check-list obra Elo

TO R R E

P ROJ ETO

L A NÇA MENTO

FUNDAÇÃO

ESTRUTURA

FECHAM EN TOS

ACABAM ENTOS

FASE D E ENTR EGA

SE U L E AL MO R E I RA ESTÁ P R O NTO

Terra Fiori 2 quartos • 44,05 a 49,90 m2 • Tv. São Pedro, 01. Ananindeua. mês de referência: setembro de 2019

em andamento concluído

TORRE JASMIM - FINALIZAÇÃO DA PINTURA EXTERNA

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TORRE GARDÊNIA - FINALIZAÇÃO DA PINTURA EXTERNA

TORRE BROMÉLIA - FINALIZAÇÃO DA PINTURA EXTERNA

TORRE VIOLETA - FINALIZAÇÃO DA PINTURA EXTERNA




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