Revista LiV nº 65

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ano 15 | nĂşmero 65

junho | 2019

www.revistaliv.com.br

R$ 15

Iza

A voz do momento tem personalidade e representatividade Ursula Vidal Pas Schaefer Alter do ChĂŁo Manu Buffara








W W W. L E A L M O R E I R A . C O M . B R


editorial Amigos, A primeira (ou seria a de número 64?) LiV foi um sucesso: com novo nome e novo formato, nossa revista rapidamente esgotou nos pontos de distribuição e recebemos tanto carinho, que é impossível não iniciar este editorial agradecendo. A LiV 65, que chega agora às suas mãos, tem um sabor ainda mais especial. Passado o frio na barriga, tão característico das estreias, ainda resta a renovada emoção de preparar uma nova edição, que traz Iza, uma surpreendente nova voz que ecoa e nos encanta pelo timbre, postura e mensagem, mostrando que representatividade importa sim - e muito. Nesta entrevista, ela compartilha um pouco de sua história e da emoção de substituir Carlinhos Brown, no The Voice. Uma leitura imperdível! Também nesta edição conversamos com Ursula Vidal, uma mulher igualmente impressionante e de voz também marcante, que ousou empreender uma nova jornada e abraçou a política, ocupando o maior cargo da Cultura do estado. Ursula rememora sua trajetória como jornalista e todos os caminhos que a conduziram à Secult. Outra mulher que enriquece nossa LiV é a chef Manu Buffara, paranaense, que tem os pés bem fincados na terra. Recentemente eleita como a melhor chef do Brasil, Manu falou sobre como a alimentação é um ato, sobretudo, de respeito à cultura e à própria história. De quebra, Manu ainda inaugurou seu primeiro restaurante nos Estados Unidos - uma conquista e tanto para a menina que não sabia exatamente o que fazer quando ainda buscava respostas! Além destas matérias, falamos ainda sobre a crescente tendência dos produtos vegan, um especial de pais e filhos, além de nossos colunistas e dicas imperdíveis de locais para conhecer. Forte abraço e até a próxima edição! André Moreira

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gourmet

74 MANU BUFFARA Eleita ‘melhor chef do ano’, a paranaense celebra um grande momento em sua carreira.

URSULA VIDAL A jornalista paraense fala sobre ocupar o maior cargo da Cultura no Estado.

especial pais Alter do Chão

IZA A mulher do momento tem voz marcante e mostra que veio pra ficar.

66 perfil

PAS SCHAEFER Ele juntou Ciência à Arte e o resultado final é surpreendente.

galeria

58

capa

índice

80 Quando o ofício passa de pai para filho é um misto de admiração e exemplo.

40 O paraíso na Terra existe e fica no Oeste paraense

spotlight �������������������������������������� pág • 20 dicas ����������������������������������������������� pág • 22 Leila Loureiro ������������������������� pág • 46 no ponto ������������������������������������� pág • 50 Fernando Gurjão ���������������� pág • 72 Angela Sicilia ������������������������� pág • 86 horas vagas ����������������������������� pág • 94 Celso Eluan ����������������������������� pág • 96 institucional ����������������������������� pág • 98

ESCREVERAM NESTA EDIÇÃO:

88

• Flávia Ribeiro • Rodrigo Viellas • Vanessa Van Rooijen • Dominik Giusti • Rita Soares • Carolina Menezes • Lorena Filgueiras





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dicas Belém

Buiagu Localizado dentro do Hotel Atrium Quinta das Pedras, na cidade velha, o restaurante Buiagu tem à frente o chef Roberto Hundemark Neto. Jovem e talentoso, Hundemark imprime muito de sua personalidade na casa, cuja especialidade é cozinha paraense contemporânea. Nos pratos, os ingredientes locais imperam e o chef preza pelo rigor de sua produção. “Não usamos produtos industrializados e sempre procuramos insumos de primeira qualidade”, afirma. O fettuccine de palmito pupunha, com camarões à la carbonara é o carro-chefe da casa. Para acompanhar, o chef sugere um drink, o Ambaró, uma preparação à base de cachaça de jambu, taperebá e limão.

Doutor Assis, 834. Hotel Atrium Quinta das Pedras Cidade velha • (91) 3199.1611 @buiagu

Casa Combu Lá, do outro lado do rio, de onde se vislumbra Belém (ou seria Manhatã?), o rio é o quintal dos comensais, que têm ainda à sua disposição, rede, sombra e (muita) água fresca. Comandada pelos irmãos Solange e Luiz Saboia, a Casa Combu é um deleite. Da cozinha da chef Solange, saem deliciosos pratos e aperitivos. Para as entradas, sugerimos o camarão regional no bafo, o bolinho de maniçoba ou o tradicional casquinho de caranguejo. Dentre os pratos mais pedidos, destaca-se o lombo de filhote feito na brasa, acompanhado de arroz, farofa, vinagrete e salada de feijão manteiguinha. Para a experiência ser completa, peça uma cerveja estupidamente gelada ou um mojito, drink a base de rum, limão e hortelã, que é muito solicitado no restaurante. A travessia para a Casa Combu é pelo palácio dos Bares.

Rio Guamá (91) 99230.4245 @casacombubelem

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dicas Belém

Famiglia Sicilia Um dos mais tradicionais de Belém, o restaurante italiano nasceu em 1989, pelas mãos de Jussara e Giuseppe Sicilia, pais dos chefs Fabio e Angela Sicilia, que comandam a casa – que completa 30 anos, sendo uma das mais queridas (e concorridas) da capital paraense. Destaque para o atendimento, sempre primoroso e muito agradável. O cardápio tem clássicos italianos e criações dos chefs, como o pomodorini (entrada: pequenas torradas guarnecidas com cream cheese e tomates cereja confitados). Dentro os pratos mais solicitados, o filé alto, com queijo do Marajó e risoto. De sobremesa, o imbatível Dolce Paola, brownie de produção própria com sorvete e chantilly.

Avenida Conselheiro Furtado, 1420 (91) 4008.0001

Vanilla Um aconchegante espaço em um charmoso quarteirão do bairro de Nazaré é o endereço da Vanilla, uma doceria comandada pela chef patissier Bruna Azevedo e seu noivo, Elizer Santino. O casal começou com uma tímida produção, apenas para os amigos e como, no universo da gastronomia, a melhor propaganda é a boca a boca, em pouco tempo, a cozinha de casa não conseguia mais abrigar a crescente produção. Foi quando decidiram abrir a primeira loja física, em outubro de Começamos fazendo doces para amigos, de boca em boca fomos ficando . O local, no mesmo endereço, era menor, mais tímido. “Tínhamos apenas duas mesas e vendíamos bolos e brigadeiros fresquinhos, feitos diariamente”, conta Bruna. O atendimento, em contato direto com o público, fez toda a diferença e, em pouco tempo, tiveram que ampliar o negócio. O carrochefe da casa (e um dos mais pedidos) é a “Rainha de Copas”, uma taça coberta com brigadeiro e muitos morangos picados. Dentro da taça, sorvete! O morango trufado também é uma perdição!

Tv. Rui Barbosa, 1340 (91) 98343.5096 @vanillabelem



dicas Brasil

Lupe Bar y Taqueria A comida mexicana, embora ainda seja pouco difundida, acaba de ganhar um espaço para “adoração e degustação”, em São Paulo. Trata-se do Lupe Bar y Taqueria, no bairro de Pinheiros. À frente da casa estão dois publicitários e um engenheiro. Em comum, entre eles, a paixão pela Gastronomia da América Central. No cardápio constam tortillas, tacos e um franguinho empanado guarnecido com molho picante. Para beber, aposte no coquetel Sandía fiz (uma mistura de vodca com hibisco, sucos de melancia, limão tahiti, Aperol e espumante. Buemba!).

Rua Cunha Gago, 625, São Paulo @lupe.bar

Sorvete Gaudens Do latim, nasceu o nome da marca de chocolates do chef (e chocolatier) Fabio Sicilia. Com matéria-prima regional, a sofisticada linha de chocolates privilegia a combinação com ingredientes inusitados, como a tapioca, substituindo os flocos de arroz, responsáveis pelo efeito crispy nas barras de chocolate. Desta surpreendente mistura nasceu a cripioca, chocolate com tapioca. O cumaru, fava amazônica equivalente à baunilha, aromatiza alguns dos produtos da sofisticada linha. Já a motivação para a criação do sorvete Gaudens foi a nostalgia de infância, do sabor que existia nos sorvetes de chocolate e que, que com o passar do tempo, foi empobrecendo o teor de cacau (utilizando hoje um baixíssimo teor de cacau ou apenas pó, deixando-o completamente debilitado de sabor e aromas). “Resolvi fazer um sorvete rico em chocolate como os de antigamente, que hoje só é possível provar igual em alguns poucos produtores da iguaria, que ainda mantém receitas originais”, define Sicilia. Embora a aceitação do sorvete de chocolate seja ótima, a produção, atualmente, só atende à uma demanda exclusiva do restaurante Famiglia Sicilia. “Só é possível experimentá-lo em nossa casa, por enquanto, mas espero aumentar em breve a produção e democratizar esse sabor nostálgico, com a qualidade que os amantes de chocolate merecem”, finaliza Fabio. Av. Conselheiro Furtado, 1420 Belém - Pará (91) 4008.0001



dicas Brasil

Sorveteria do centro Tudo que o casal de chefs Jeffin e Janaína Rueda toca vira ouro! Não, não é um exagero. Trata-se de uma premissa verdadeira que advém do reconhecimento dos talentos da dupla, que tem revolucionado o circuito gastronômico em São Paulo. Com a Sorveteria do Centro não podia ser diferente. O empreendimento dos Rueda, fica próximo à Casa do Porco e ao Bar da dona Onça. Sorvetes alcoólicos, de sabores inusitados (como jaboticaba) estão no cardápio. Tem até sorvete de bacon! A premissa é uma praxe: ingredientes de qualidade, sem conservantes ou corantes. Sempre forma uma fila no local, mas vale a pena esperar uns minutinhos. A gente garante!

Rua Epitácio Pessoa, 94, Centro – São Paulo

De dia, padaria. Não qualquer padaria: um templo à produção artesanal. De noite – e à luz de velas – um local mais sóbrio, com pratos bem elaborados e ambiente extremamente acolhedor. Sob o comando do chef Salvatore Loi, quem entra no Mondo Pane vai se deparar com a lasanha ao ragu de vitela (claramente uma exceção no cardápio) e outros pratos rápidos como sanduíches, saladas – com destaque para a de pastrami com folhas verdes, temperadas com mostarda dijon e ervas frescas. A burrata com sauté de legumes e pão tostado é um deleite. O sanduíche de abacate com camarão é também um item a ser degustado com tempo e fome, já que a porção é farta. De manhã até à noite, as opções são fartas e convidativas. 28 | www.revistaliv.com.br

Mondo Pane Rua Haddock Lobo, 1396 - Jardim Paulista - São Paulo - SP (11) 3064.4333 @mondopane



dicas mundo

St John Bread and Wine A gente, aqui na LiV tem uma ‘quedinha’ (um quedão, pra ser sinceros) por Londres. De lá vem nossa indicação para abrir o Dicas Mundo: o St John Bread and Wine, local reconhecido por ser um dos melhores da capital inglesa, quando se trata de comer um bom pão e tomar vinhos selecionados. A simplicidade da comida é – quiçá – o grande segredo da casa, já que tudo vem lindamente executado, com primazia. Destacamos os sonhos (sim, aquele doce frito e recheado). Os sanduíches são excepcionais – com destaques para o “bacon buttie” e o sanduíche com tomates assados e ricota de leite de cabra. De sobremesa, peça a torta de chocolate meio amargo com pistaches. Vá com tempo (e com fome), para poder dividir os pratos com boas companhias.

26, St John Street, Londres @st.john.restaurant

Lyle’s Também de Londres, vem nossa segunda sugestão neste Dicas Mundo: o clássico Lyle’s. O restaurante, especializado em cozinha britânica contemporânea, tem um ambiente sisudo, silencioso. O contraste fica com por conta do atendimento atencioso e pratos que quase abraçam a gente. Destacamos os aspargos com a gema curada (regados por um inacreditável vinagrete de carne) e tem o peru com vegetais na manteiga.

56, Shoreditch High Street Londres

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especial

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Flávia Ribeiro

Divulgação

Bons para a saúde,

melhores para o mundo Os cosméticos vegan estão em alta, atendendo à uma demanda cada vez mais crescente de consumo consciente. Bons para a saúde, estes produtos – livres de qualquer ingrediente de procedência animal e tampouco testado nos bichinhos – têm conseguido certificações inéditas e selos de qualidade superior.

U

ma viagem a Los Angeles, há dois anos, mudou a vida de Renata Kalil, editora de beleza. Ela participou de um evento e a programação incluía alimentação e um passeio pelo Farm Sanctuary, abrigo que resgata animais em Acton. “Eu já conhecia o veganismo, mas foi nessa viagem que virou a chave para mim e percebi que não conseguiria mais não ser vegana. Foi o despertar de uma nova consciência”, analisa. Assim como Renata, aumentou o número de pessoas que se interessam e consomem produtos veganos. Segundo uma pesquisa realizada pelo Ibope Inteligência, em 142 municípios das regiões Norte, Centro-Oeste, Nordeste, Sul e Sudeste do país, mais da metade dos entrevistados (55%) declara que consumiria mais produtos veganos se estivessem melhor indicados na embalagem ou se tivessem o mesmo preço que os produtos que estão acostumados a consumir (60%).

Nas capitais, esta porcentagem sobe para 65%. A entrevista mostra ainda que 14% da população se declara vegetariana no Brasil. A transição do vegetarianismo para o veganismo é o caminho mais conhecido, mas não foi o que aconteceu com Renata. Ela não teve uma transição. Foi fácil? Não. Mas ela está feliz com as escolhas. “Eu passei a vida comendo carne. Amava. Só não consumo mais. Mas é uma questão cultural porque a comida traz memória e tradição. Eu comia e lembrava da minha avó. Há ainda a questão prática que é achar algo para comer. Agora, por exemplo, estou em um evento de trabalho e olhei o cardápio e não há opção vegana. Então, ando com uma barrinha na bolsa. Outra questão é que a minha geração é muito ligada à dieta. Então, para perder peso no veganismo a dieta é de mais carboidrato e menos gordura, enquanto que na tradicional é muita proteína, ou seja, carne, e pouco carboidrato”, comenta. »»»

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Mas ser vegana implica a alteração de tudo o que é consumido, ou seja, roupas e até os cosméticos, tão comuns na vida de uma editora de beleza também devem ser revistos. “Quando virei vegana não me preocupei com isso de imediato. Até pela questão do meu trabalho, eu usava maquiagem convencional. Hoje, posso dizer com certeza que o meu nécessaire é totalmente cruelty free [não testada em animais]. Mas, ainda não posso dizer que tudo que uso é vegano. Ainda há produto com cera de abelha ou mel, por exemplo. Tenho me atentado mais porque não faz sentido tanto esforço e esbarrar nisso. A gente vai se aperfeiçoando. Faz parte do meu processo. Eu ia comprar agasalho e de repente me atentei que vários tem lã e já não vou comprar”. O primeiro impacto foi na alimentação, a jornalista sentiu a necessidade de trazer a mudança no estilo de vida para mais próximo da rotina. “Eu comecei a conhecer marcas de nicho pequeno tanto do exterior, quanto do Brasil. Comecei a perceber que me tornei melhor editora porque conheci um universo que antes não existia para mim. As marcas passaram a me procurar e passei quase um ano só fazendo conteúdo de beleza vegana e cruelty free”, analisa. Por força do trabalho, ela se relaciona com todas as marcas, mas conseguiu cavar espaços para falar mais do veganismo e da importância de não testar produtos em animais. “É interessante porque há dois anos falava-se bem pouco e há cinco anos, acho que nem haveria relevância. Fui criando essa abordagem sobre veganismo de beleza. Então, percebi que não fazia o menor sentido ter nenhum produto que fosse testado em animal. O processo de testagem é muito cruel. É apenas uma exigência do capitalismo. Muitas marcas, como as de luxo, testam para entrar no mercado chinês. Algumas testam porque pode existir algum material não testado e as marcas não tem controle e nem se importam com isso. Um exemplo e que quando viajamos, paramos no freeshop para comprar um perfume de uma marca de luxo. Todos os perfumes são testados em olhos de coelhos. Quando fui descobrindo isso, fiquei chocada e não faz sentido dar suporte para isso”. Ela comenta que nas redes sociais pessoais só fala de marcas que não fazem testes em animais, pois sustenta que essa questão é central do debate e que as pessoas precisam falar mais e questionar essa prática.

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Antes, eu me preocupava mais com a aparência e hoje mais com a saúde. Mas também é a prova da mudança da minha alimentação. Acho que se tivesse mudado para alimentos naturais e orgânicos a minha pele também teria mudado muito. Mesmo assim estou feliz ― Renata Kalil ―

Além de fazer bem para o planeta, desde que começou a usar cosméticos vegan ela sentiu bastante diferença dos produtos na sua aparência. “Senti muita mudança no meu cabelo. Eu fazia muitos procedimentos, desde descolorir até alisar. Perdi metade dos fios que eu tinha. Hoje, tenho mais cabelo do que tinha há dois anos. Antes, eu me preocupava mais com a aparência e hoje mais com a saúde. Mas também é a prova da mudança da minha alimentação. Acho que se tivesse mudado para alimentos naturais e orgânicos a minha pele também teria mudado muito. Mesmo assim estou feliz” analisa. Essa análise da Renata traz algumas confusões. Cosméticos veganos não são sinônimo de saudáveis. “Existem

muitos alimentos e cosméticos veganos e orgânicos, mas nem todo mundo entende o real significado do termo “vegano”. Um produto vegano quer dizer apenas que, em sua composição, não há ingredientes animais ou provenientes de animais. Ou seja, um produto vegano não é necessariamente saudável porque em sua fórmula podem haver muitos outros ingredientes químicos e agressivos que não fazem nada bem à sua saúde” explica a empresária Luisa Baims Albrecht. Ela aconselha que o mais indicado é que a consumidora busque a combinação de produtos veganos, orgânico e certificado, porque além de não ter ingredientes de origem animal e de não ser testado em animais, a matéria prima é 100% natural e orgânica, além

disso todo o processo de produção é rastreado e garantido pelas certificadoras. Luisa é proprietária da empresa de cosméticos veganos Baims, que tem sede no Brasil e na Alemanha, onde ela mora há quase 20 anos. “A ideia da BAIMS surgiu em 2015, em Frankfurt, por causa do boom que estava havendo aqui no mercado de cosméticos orgânicos e que me fez conhecer e me apaixonar pelo conceito e qualidade de muitas marcas da Europa. Quis levar essa novidade maravilhosa para o Brasil que era muito carente de marcas com o propósito vegan, orgânico e com conceito de sustentabilidade. Entramos no mercado em agosto de 2016 com uma linha completa de maquiagem certificada”, conta. »»»

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ORGÂNICOS São produtos e cosméticos em que são usadas substâncias naturais, sem agrotóxicos e fertilizantes químicos. Além disso, os seus processos envolvem produção sustentável, sem agressão ao meio ambiente. VEGANOS Não possuem nenhum derivado de origem animal em seu processo de fabricação. Produtos veganos, inclusive, podem ser também sintéticos – o que, de uma diferente maneira, também pode ser prejudicial ao meio ambiente. CRUELTY FREE O selo “cruelty free” que, em inglês, significa “livre de crueldade”, assegura que não houve a realização de testes em animais durante o processo de produção.

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Ela vem acompanhando as mudanças no mercado e percebe o aumento da procura e da oferta de produtos tanto no mercado nacional quanto no europeu. “No Brasil, por ser o quarto maior mercado de cosméticos do mundo, se percebe mais o aumento devido às proporções do aumento da demanda. Mas, na Alemanha e Europa, o mercado de cosméticos green está crescendo muito mais rapidamente que o dos cosméticos convencionais há anos”, analisa a empresária. Foi de olho nesse crescimento que grandes empresas começaram a investir em linhas veganas, ao mesmo tempo que mantêm as linhas convencionais. Para ela, isso é um movimento sem volta e que beneficia os consumidores pois há mais opções. “Por outro lado, o ponto negativo ao meu ver, é que vejo a ‘mudança’ das empresas pode ser apenas como oportunismo para ganhar mais uma fatia de um mercado que tem grande potencial de crescimento. Não adianta lançar algumas novas empresas com conceito genuinamente sustentável e vegan, se 99% das suas empresas e produtos no mercado não seguem a mesma linha e continuam a testar em animais, utilizar derivados de animais, parabenos, silicones, fitalatos e outras químicas comprovadamente agressivas e/ou tóxicas para o ser humano nas fórmulas e ainda estar longe de um conceito sustentável como um todo”, pondera. “Quem é vegano não é para si, mas para o outro” Uma das vozes mais conhecidas sobre veganismo no Brasil, Alana Rox produzia a própria maquiagem até conhecer a Baims. “Eu já havia testado outras marcas, mas era hidratante mais ou menos, maquiagem que não pigmentava. Quando conheci a Baims me apaixonei. Além de embalagens lindas, a cobertura e a pigmentação são muito boas e ainda tem anti-idade, por isso posso até dormir com maquiagem que sei que a minha pele estará melhor ao acordar”, fala Rox, que se tornou embaixadora da marca.


Vegana há 15 anos, ela diz que não havia muitos produtos disponíveis quando começou e que ainda hoje, produz alguns produtos de higiene e limpeza. “Eu passei a pesquisar tudo o que consumia, os benefícios e como poderia funcionar na prática. Produzia a pasta de dentes até o desodorante”. Ainda hoje, Rox lava o cabelo com bicarbonato de sódio e vinagre. Ela também testemunhou o aumento da demanda de cosméticos vegans e diz que a internet ajudou muito nisso. “As pessoas começaram a estudar mais porque tiveram acesso mais fácil a informações. Muitas a entenderam que estavam causando dores e doenças para elas mesmas através da pele ou da boca. O seu corpo não nasceu para ficar doente, o

que está acontecendo para que isso aconteça” argumenta. Com tanto tempo no veganismo (e a vida inteira no vegetarianismo), ela ainda combate alguns mitos sobre o seu estilo de vida. “A gente ainda ouve que vegano é coisa de hippie e também que é coisa de rico. O que é bem confuso ser as duas coisas (risos). Dá para economizar mais no veganismo do que estilo convencional, então não precisa de muito dinheiro. É claro que quem quiser tudo pronto, vai gastar mais. Só que já fiz cardápios para a semana inteira mostrando que é possível gastar 50 reais. Isso com alguma folga, porque consigo fazer com 30 reais. E para a semana inteira, com quatro refeições por dia. Com um pouco de esforço e dedica-

ção sai mais barato e não toma muito tempo”, declara. Empresária, Alana também está lançando o segundo livro e ainda é embaixadora da ONG Mercy for Animals. Ela também é conhecida pelo programa “Diário de uma vegana e nas redes sociais como “The Veggie Voice” e se define como ativista. “Sim porque tudo o que eu faço é para despertar a consciência das pessoas, para salvar o homem do homem, antes mesmo de salvar os animais e o planeta. Quem é vegano não é para si, mas para o outro. E é bom lembrar que a gente é a natureza, fazemos parte. Tudo o que existe tem uma razão, nem sempre é para beneficiar o ser humano, mas pode ser bom para outra planta ou ecossistema”.

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destino

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Rodrigo Viellas

Rodrigo Viellas / Divulgação

Um altar à natureza “Em Alter do Chão, não se sente dor, tem um povo pobre, mas acolhedor. Por Deus foi criado, as suas belezas, suas lindas praias são da natureza. O seu lago verde é de admirar, por toda essa gente que vem visitar. Peixes saborosos, é de apreciar, nessas belas praias, em noites de luar”. Esses são os versos do hino não oficial do pequeno povoado no interior do Pará, que encanta o mundo e a cada ano atrai mais e mais visitantes pela sua beleza exuberante, por sua opulência de águas, pela sua cultura secular. Este marambiré, entoado pelo tradicional grupo Espanta Cão, sintetiza o que é este lugar abençoado pelo Tapajós, o rio de águas claras e quentes.

A

lter do Chão é uma vila cosmopolita. Tem gente de todo canto. Sua população é 7 mil habitantes, boa parte descendente dos Borari, etnia indígena que ocupa a região há séculos, bem antes da chegada dos portugueses. O encontro entre os povos tão distintos deu origem ao Sairé, festividade comemorada há mais de 350 anos e que celebra o contato dos Borari com os jesuítas, com elementos religiosos e profanos. Parece que desde de sempre o vilarejo tem vocação para receber quem é de fora. É comum andar pelas suas ruas e ouvir diferentes sotaques. Paulistas, cariocas, mineiros, argentinos, franceses, italianos, noruegueses, venezuelanos, ingleses e tantos mais que escolheram Alter para viver. Não é raro quem vem passar uma semana e fica três meses. Não é difícil encontrar pessoas que vieram apenas para

uma temporada e nunca mais foram embora. Alter tem disso. É isso. Um encantamento pela natureza, pela beleza, pela tranquilidade. Pela vida comunitária com culturas do mundo todo. Essa característica peculiar faz com que o visitante tenha experiências únicas na sua estadia na cidade. Na praça Sete de Setembro, que fica em frente à Ilha do Amor, principal praia e cartão postal de Alter, é possível se deliciar com o vatapá de frango da Tininha ou com a cozinha internacional do restaurante Italiano. Você pode almoçar a galinha caipira na barraca da Dona Jô ou então atravessar a pracinha e pedir um hambúrguer de cordeiro no Mãe Natureza. A região é bem marcada pela sazonalidade. E isso se reflete tanto nas paisagens naturais quanto no cotidiano da vila. De janeiro a julho, época das chuvas, o clima é mais

ameno, as ruas mais vazias de turistas e as praias praticamente desaparecem. Mas nem por isso Alter do Chão deixa de ser um ótimo destino nesse período. Com a cheia, surge a Floresta Encantada, um igapó a cerca de 3km do centro da vila por via terrestre. Também é possível ir de bajara ou lancha, passando pela Ilha do Amor e atravessando o Lago Verde até chegar no Caranazal. Lá, a dica é parar no restaurante que leva o nome da localidade, mas que também é conhecido por ser proprietário, seu Luiz. A boa pedida é um tambaqui na brasa para o almoço. Ao lado do restaurante há algumas catraias que fazem o passeio para dentro da Floresta Encantada, ao preço de R$ 30, com capacidade para até 4 pessoas. Na calmaria dos remos, navega-se por entre as árvores, com muitos pássaros, macacos e peixes. É um lugar mágico, único. »»»

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No verão as praias emergem do Tapajós e há muitas para se escolher. A Ilha do Amor é a mais conhecida. A travessia é feita por catraias ao preço de R$ 5,00 por viagem. Não demora quase nada para chegar ao paraíso. Areia de praia, água clara e quente, pouco mais de uma dezena de barracas com cerveja gelada, sucos de frutas típicas, peixes da região, petiscos locais, como o bolinho de piracuí, feito de farinha de Acari. Se chegar cedo, é possível pegar uma barraca bem na beira d’água e aproveitar o dia com água nos pés. Para quem não quer atravessar para a Ilha, é possível ficar na Praia do Cajueiro, com barracas e público mais local ou ainda buscar o Lago Verde, mais tranquilo, mas sem estrutura de bares e restaurantes – por isso é preciso levar água e comida se for passar o dia. Se você quer um serviço mais exclusivo, pode ir na praia de um dos maiores hotéis da vila. Com espreguiçadeiras na areia, tem carta de vinhos, cervejas especiais e cozinha de primeira. Passeios Há ainda praias nas quais só é possível o acesso por barco, como a Ponta do Muretá, Ponta da Valéria e Ponta do Cururu. Está última com um pôr-do-sol sensacional. De dentro d’água se contempla o sol baixando no Tapajós, colorindo o céu com tons de vermelho e laranja. Tem muitas lanchas que fazem esses passeios. Dê preferência aos cadastrados na Associação de Turismo Fluvial de Alter (ATUFA), com uma base na orla da cidade. É só perguntar para qualquer pessoa, que vai saber lhe indicar. Com tantos passeios, bom mesmo é ter um guia no seu grupo para mostrar não apenas as melhores opções de Alter, mas contar um pouco sobre a história do lugar. E para isso não existe ninguém melhor do que a Neila Borari. Nativa, indígena, compositora, artesã e também guia, conhece tudo sobre a região. Da cerâmica ao artesanato. Da Resex Tapajós/Arapiuns à Floresta do Nacional do Tapajós. Dos quitutes mais simples à culinária internacional. Nascida e criada em Alter do Chão, há anos montou uma agência turística, com pacotes diversificados e riquíssimos de belezas naturais e cultura da terra. É possível fechar grupos de todos os tamanhos, até mesmo individual, para conhecer o Canal do Jari e suas vitórias-régias enormes, o igarapé do Jamaraquá, a ponta do Icuxi, no rio Arapiuns ou tantos outros roteiros de tirar o fôlego pela região. Para quem pode passar mais dias, a boa pedida é fretar um barco e se hospedar nele. Há dos mais simples, do tipo regional, onde se dorme em rede, até iates de luxo, com suítes com ar condicionado. Daniel Govino Gutierrez e Marcelo Cwerner, são empresários especializados neste tipo de locação e experientes em organizar esse serviço. Ambos paulistas (que escolheram Alter do Chão para viver), eles trocaram os fechados escritórios de São Paulo pelo vento no rosto das embarcações do baixo-amazonas. Organizam casamentos em praias desertas, festas em picos paradisíacos e viagens inesquecíveis pelos rios e comunidades no entorno da vila.

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Foto: Lorena Filgueiras

Gastronomia Depois de tantos passeios é preciso reabastecer o corpo e há ótimas opções em Alter do Chão. Na orla da cidade, estão localizados dois belíssimos restaurantes, no que tange à qualidade dos pratos e serviço. Um deles, o Ty, é administrado por Juana Calcagno Galvão. Com um cardápio de releituras de comidas típicas requintadas, como os pratos Pirarucu com banana da terra, redução de tucupi e crisps de Jambu; e filé ao molho de açaí com purê de panc (plantas alimentícias não-convencionais). As sobremesas seguem a mesma linha: Panna Cotta de Tapioca (com ganache de açaí e calda de taperebá) e Pudim de Cupuaçu com calda de cumaru. O Farol da Ilha é comandado por Débora Diniz, que tem em seu currículo ter cozinhado para o Príncipe Charles quando visitou Alter do Chão. O destaque do Farol fica por conta das entradas: ceviche de peixe com banana da terra; bolinho de feijão de Santarém e guacamole com pirarucu defumado. Ambos têm como vista a Ilha do Amor. O Ty é um ambiente lounge praiano, enquanto que o Farol da Ilha é construído em madeira rústica. Na Praça Sete de Setembro, ficam as barracas de comidas típicas, como pastel, bolinho de macaxeira, e os imperdíveis chips de banana frita, uma iguaria de Alter do Chão que pode ser encontrada em vários pontos. A praça tem também

restaurantes que recebem o maior número de turistas da vila. O Italiano, com destaque para as massas, risotos e pizzas; o Arco-íris, com pratos individuais de peixes e carnes, o Mãe Natureza, com uma comida mais simples (mas não menos saborosa) e o Butikin, ótimo para petiscos. Colados um no outro, as mesas dos clientes se misturam e é possível fazer pedidos e mais de um, sem qualquer problema. Donos e garçons são todos amigos e o que vale é atender bem os visitantes. Todos funcionam a partir das 18h. Para o almoço, uma sugestão de comida gostosa e preço honesto é o Piracuí, que fica nos altos de um comércio, também na praça Sete de Setembro. Prato feito aqui não significa baixa qualidade, muito pelo contrário. Tanto a comida quanto a apresentação são maravilhosas! As opções são peixes na chapa (tambaqui, filé de pirarucu fresco ou surubim), carne e frango, com direito a acompanhamentos variados. Um pouco mais afastado do centro fica a Pizzaria Amazônia. O proprietário, José Salinas, é uma figura, um bon vivant. Trabalha descalço assando duas pizzas no forno a lenha, enquanto canta e dança ao som dos mais variados ritmos. A massa é deliciosa e ele faz apenas 25 por dia. É preciso mandar mensagem para reservar a massa (e para não perder a viagem). Funciona de sexta a domingo, no começo da noite. »»»

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Ingredientes de primeira, atendimento de primeira, lugar de primeira. A pizza Stella tem especiarias e vem com as bordas dobradas, em formato de estrela. Tem ainda a de camarão, flambada com cachaça de jambu. Para quem quer comer uma refeição mais informal, o X-bom tem lanches deliciosos, como o hambúrguer de piracuí, o X-Banana e Hambúrguer de bacon. Tudo caseiro, artesanal, com muito molho, queijo e salada. Ao lado fica a ‘sucaria’ Sabor da Fruta, que vende sucos geladíssimos e tão consistentes que dá pra tomar com colher. A hamburgueria Mamute também é artesanal e tem sanduíches com picanha e filé de frango, além de um tira-gosto de linguiça caseira. Há ainda o churrasquinho do Plínio, um dos mais tradicionais da vila. Tem espetinho de carne, língua de boi, asinha de frango, linguiça e, na alta temporada, ainda tem o de Pirarucu. As palavras de ordem são simplicidade e bom atendimento. Vida Cultural Mas Alter não é feita apenas de belezas naturais e boa gastronomia. A

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cultura é parte importante na vila que tem uma história secular e que mescla os costumes indígenas com tradições lusitanas. A festa do Çairé tem mais de três séculos e meio de atividade e é uma das festividades mais antigas do estado do Pará. A parte tradicional tem a procissão de barcos, retirada e levantamento dos mastros do Divino Espírito Santo, danças típicas como a desfeiteira e ladainhas entoadas num barracão de palha, construído especialmente para o evento. O Arco do Çairé, em formato de semicírculo, é feito com cipó ou madeira, adornado com fitas e flores coloridas, que simbolizam a fartura de alimentos na região. O arco possui três cruzes centrais, que representam a Santíssima Trindade (Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo) e uma cruz na parte superior que representa a junção das três pessoas da Santíssima Trindade, em um só Deus. Atualmente a festividade acontece no terceiro fim de semana de setembro e que há 20 dias ganhou ainda a disputa dos botos. As agremiações ‘Boto cor-de-rosa’ e ‘Boto Tucuxi’ fazem uma apresentação cênica com alegorias contadas

em enredos folclóricos. Personagens como a ‘Rainha do Çairé’, ‘Boto Homem Encantador’, ‘Curandeiro’ e ‘Cabocla Borari’, se apresentam para um público de 5 mil pessoas, no Lago do Boto, o Sairódromo. A festa, em si, atrai cerca de 40 mil pessoas por dia a Alter do Chão. Turistas da região, mas também de todo o Brasil, Europa e Estados Unidos. A cobertura é feita pela imprensa de todo o mundo. Há pouco mais de 10 anos o carimbó ressurgiu como movimento cultural em Alter do Chão. Liderados pelo Mestre Chico Malta, vários grupos se formaram e hoje se apresentam na vila. Qual a melhor época para conhecer Alter do Chão? O ano todo! A vila é tão rica e tão diferente ao longo das temporadas que é como se fossem dois lugares distintos, cada um com suas particularidades, mas todas deslumbrantes. Alter tem um monte de coisas para fazer, mas às vezes é não fazer nada. Se permita ser preguiçoso, diminuir o ritmo, se embalar na rede sem ver a hora passar, tomar um café da manhã demorado ou simplesmente deitar na areia da praia e deixar o dia passar.


Eduardo Basso. Artesão e carpinteiro, Eduardo constrói móveis rústicos de madeira caída, marchetaria, objetos pequenos, além de pranchas de stand up de madeiras e até embarcações maiores, como veleiros. Bom de conversa e com um trabalho primoroso, tem clientes no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e até na França. Todo sábado na parte da manhã acontece a Feirinha Agroecológica, no terminal rodoviário de Alter do Chão. São produtos orgânicos diretamente da horta da AMABELA, uma associação de camponesas de Belterra. Como a produção é familiar, há sempre uma surpresa de frutas e verduras da estação: araçá-boi, uxi, pupunha, cará, pequiá e mais um monte de coisas legais. É possível encon-

Foto: Lorena Filgueiras

O que comprar Aproveite a sua estadia em Alter do Chão para visitar comércios locais e comprar produtos que você só vai encontrar aqui na região. A Ekilibre tem uma linha de produtos de higiene que são totalmente naturais. Sabonetes, xampus em barra e pastas de dente totalmente livres de produtos químicos. Apenas matéria-prima que se extrai da Natureza. Tem ainda protetor solar, óleos essenciais e repelente. Vale também conhecer a Araribá, loja com produtos indígenas de todo o Brasil. Tem pulseiras, colares, redes, cerâmicas, máscaras, bordunas e mais uma infinidade de artigos. É quase como visitar um museu, de tantos itens que tem. Para quem gosta de decoração não pode deixar de conhecer o Atelier

trar também ovos caipira, mel e própolis de abelha nativa, óleos de andiroba e copaíba e muito mais. Além dos produtos orgânicos, a alimentação saudável também está presente. A curitibana Denise Rodrigues, da Tribo do Sol, trabalha com alimentação viva: queijos vegetais, uma série fermentados, probióticos e desidratados. A venezuelana Mari Carrilo trouxe do seu país a guacassaca,um molho a base de ervas que vai bem com peixes, carnes e até em pães. Quem faz bastante sucesso na feirinha é a Como em Casa, do Leandro Nogueira. São alimentos naturais e veganos, sucos detox, pastas naturais de amendoim, pães caseiros de açaí e banana verde e farofa de castanha. Tudo muito saudável e saboroso.

Onde ficar Há todos os tipos de hospedagem na vila, para todos os gostos e bolsos. Se você quer contato com a natureza, a Maloca Viva oferece quartos sem parede no meio da mata e espaço para meditação. A Vila de Alter é uma Pousada de Charme, exclusivíssima, com apenas 6 chalés com hospedagem de luxo, mas totalmente ambientados ao cenário natural. Fica no meio de um bosque com macacos guaribas, bichos preguiças e muitos pássaros como vizinhos. A Vila de Arumã tem chalés suspensos e muito bem decorados. Mas em quesito de vista, ninguém ganha da Vila Flor, que fica no alto de um morro, com piscina infinita abastecida com água do aquífero e de onde é possível se avistar o Tapajós e morro da Piroca. Para quem está no esquema mochilão, os redários são uma opção boa e barata. O Surara é o melhor deles. Ambiente familiar, café da manhã gostoso, bem localizado (fica na orla da cidade, em frente a Ilha do Amor) e é administrado por uma família tradicional de Alter do Chão. Prepara-se para ouvir muitas histórias do seu Laudeco sobre a região. Se você tiver um pouco de sorte, pode aproveitar para sair com ele em pescarias e depois desfrutar um peixe assado na brasa.

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O TEMPO E O VENTO... Outro dia foi meu réveillon. Não aquele do dia 31 de dezembro, mas o que marca a minha virada de ano pessoal. Reuni amigos e celebrei meu aniversário com uma programação intensa, como sempre gostei de fazer. No dia seguinte, acordei exausta, com o corpo fraco, sem forças pra levantar da cama. Abri meus olhos “de cigana oblíqua e dissimulada”, como os de Capitu, tropecei até o banheiro, olhei no espelho e logo caiu por terra a tentativa Machadiana de poetizar minha cara amassada. Não tem mais como negar: eu estou, oficialmente, envelhecendo. Certa vez ouvi alguém dizer que “mulher não mente, apenas administra verdades”. Pois bem, era chegado o dia em que tive que administrar seriamente o fato de que, chegados os 40 anos, o corpo começa a dar sinais de gasto, e a arrogância da juventude escorre pelo ralo, sobretudo quando surge a primeira crise do nervo ciático, fruto daquela hérnia de disco que surgiu do nada. Do nada? Creio que não foi bem assim. Comecei a investigar de onde veio essa hérnia. Lembrei que na infância eu vivia me ralando, caindo de bicicleta, pulando muros, subindo em árvores...sempre voltava pra casa com um joelho ralado, um galo na testa, um roxo nos braços. Aos 13 ganhei um patinete motorizado e virei o “terror” do bairro. Mais temida do que as visagens e assombrações paraenses, os vizinhos corriam do meio da rua para as calçadas ao ouvirem

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o som do motorzinho que atropelava tudo e todos, no maior estilo “o massacre da serra elétrica”. Eram cenas típicas de Quentin Tarantino, só que na Marambaia. Depois dessa fase, aos 15 anos, enquanto minhas amigas sonhavam em debutar, eu pedi um jet-ski de presente ao meu pai, e a paixão por aventuras continuou, com vários tombos e manobras altamente arriscadas. Lembro que aos 16 anos um amigo me deixou guiar a sua moto “master-ninja” e até hoje eu posso sentir aquela sensação do vento batendo no rosto a 200 km por hora. Bem, uma “administraçãozinha de verdades” de vez em quando não faz mal a ninguém. Um tempo depois, por volta dos 27 anos, eu sofri dois acidentes: um enquanto eu praticava wakeboard nos rios amazônicos e outro enquanto eu surfava em Salinas, litoral do Pará. No entanto, uma infiltração no quadril e 8 pontos na perna não foram suficientes para me aposentar das manobras radicais da vida. Segui acelerada e destemida. Larguei segurança por liberdade, vivi paixões impossíveis, me joguei de asa delta à 510m de altura, arrisquei em muitas tomadas de decisões, ganhei, perdi, magoei, sofri, pulsei, sorri, levantei, caí... Entorpecida de tanto baque, a gente cria uma couraça de coragem depois de ver que a pele corta, o sangue escorre, a carne inflama, mas tudo se regenera, cicatriza, renasce. O mesmo ocorre com as feridas

Leila Loureiro advogada, professora universitária e escritora @leilaloureiro

da alma. Depois de erros e acertos, a vida sempre segue mais forte. Até onde pude investigar, estava muito claro de onde vinha aquele cansaço um dia após o meu aniversário. Era uma simples ressaca. Apenas isso. Ok, é certo que a ressaca depois dos 30 já corresponde a uma dengue, mas continua sendo uma simples ressaca. Ressaca de quem vive, de quem celebra, de quem segue em pé. O meu corpo e suas dores e sinais do tempo são apenas o resultado lógico de tudo que já vivi tão intensamente até aqui. Quantos de nós já perdemos tempo comparando nossa vitalidade de hoje ao vigor dos 20 anos? Eu poderia citar aqui vários argumentos em defesa da beleza e maturidade dos 30, 40 ou 50 anos, mas vou sugerir um outro enfoque: que tal se passássemos a nos comparar com nossas futuras versões de 80, 90 anos? Certamente o seu “eu” de hoje está muito mais jovem que sua versão de amanhã. Aproveite! E nos dias de cansaço ou ressaca eu sempre bebo muita água, jogo a preguiça para o alto, calço o tênis e saio para minha corrida diária. E a hérnia de disco? Bom, eu tive uma única crise ano há anos, quando os médicos disseram que eu tinha que operar e que jamais voltaria a correr. Coitados, eles não sabiam do poder de regeneração natural do meu corpo e do quanto a “mini-aventureira” que o habita ama sentir o vento batendo em seu rosto.



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no ponto

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Flávia Ribeiro

Dudu Maroja

Ricardo Costa: 30 anos , empresário, proprietário da The Premium Steaks, amante de cozinha e principalmente de carne.

“Terra e mar” em sabores e texturas De preparo rápido e simples, o Surf ‘n’ Turf é bem conhecido fora do país: tem uma história e tradição em outras regiões. Em terra brazuca, vem ganhando fama, cavando espaço nas cozinhas e conquistando fãs.

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Em poucas palavras, o “Surf n’ Turf” foi criado para combinar proteínas do mar e da terra. Não dá para precisar quando foi criado, mas sabe-se que não é exatamente uma novidade. Embora o termo tenha sido criado na década de 60, nos Estados Unidos, a combinação já era usada há muito mais tempo nas culinárias espanhola, portuguesa e italiana. Há quem defenda que os chineses fazem isso há mais tempo ainda, pois a yakissoba seria a união de várias proteínas para dar sabor ao macarrão. No Brasil, entretanto, esse tipo mistura ainda é algo raro de se ver. Separar proteínas é quase uma tradição para as bandas de cá. Mesmo assim, por meio da TV, mais especificamente com uma forcinha de reality shows de gastronomia, como o Master Chef, que o prato já vem ganhando espaço. Para quem está em Belém, também é possível ter um pouco de mar e de terra na mesa. “Quando a gente fala pode até causar certo estranhamento, à princípio. Mas é algo bem parecido com a mistura da paella, que é bastante conhecida. Une os sabores de uma carne suave com outra que é potência. É uma quebra de paradigmas”, fala o chef Ricardo Costa, da The Premium Steaks. Há uma infinidade de combinações, como bacon com camarão, lula com linguiça, vieira e chouriço, etc. A mais comum é da lagosta com carne bovina e vamos mostrar aqui. Mas, o que vale mesmo, é aguçar a criatividade para executar o prato... e pode-se até mesmo usar mais de um tipo de proteína da terra do mar e da terra. O Suf ‘n’ Turf é preparado por Costa desde a abertura do The Premium Steaks, há cerca de três anos. Ele recomenda que para acompanhamento, seja utilizado algo mais neutro como aspargos e tomate cereja. “A ideia é que os acompanhamentos não disputem com o prato principal, que já traz uma mistura de sabores”, explica. Para beber, a sugestão é o New York Sour, um drink que une Bourbon, suco de limão siciliano, xarope de açúcar e vinho tinto. Já a bebida tem a intenção de ressaltar o sabor dos alimentos.

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VAMOS PREPARAR? Para ter esses sabores na sua casa, não preciso gastar muito tempo na cozinha. Em menos de trinta minutos, o prato principal e os acompanhamentos podem ser servidos em sua casa. Mãos à obra: O corte de carne escolhido foi o short rib, também conhecido como costela premium, que é um corte do acém com osso, ou seja, retirado da parte dianteira do animal. Uma carne suculenta e saborosa. Para a temperatura da brasa, a dica é que se coloque a mão por cima e se suportar cinco segundos é porque está no ponto. A carne assa três minutos de cada lado, em média. Agora, as atenções se voltam para as lagostas. Costa fez uma incisão e colocou na grelha com a carapaça voltada para baixo e deixou entre cinco e sete minutos. O crustáceo vai ao fogo sem temperos. O chef apenas pincela manteiga com alho por cima. A proporção é de 100 gramas de manteiga para dois dentes de alho amassados. »»»

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O acompanhamento é assado também e tudo é preparado quase ao mesmo tempo. Os aspargos ficam submersos em azeite e sal por uns minutos. São retirados do recipiente e colocados na grelha. Já o tomate cereja é levado para o mesmo fogo, em um recipiente, imerso em azeite. Em poucos minutos tudo está prontinho. O sabor leve da lagosta casa perfeitamente com a suculência do short rib. Os aspargos e o tomate cereja cumprem com a proposta de coadjuvantes. Quem nunca provou, vai se surpreender.

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PARA PREPARAR O NEW YORK BOURBON Utilize 50ml de Bourbon, com 50 ml de suco de limão siciliano e 50ml de xarope de açúcar. Coloque na coqueteleira com gelo. Sirva em copo de whisky, com gelo e 10ml de vinho tinto por cima. Como o vinho é mais leve que o xarope, sempre fica por cima.

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capa

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Vanessa Van Rooijen

Dona de

Gabryel Sampaio

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O amor pela música sempre existiu, mas as apresentações começaram longe dos grandes palcos e hits de sucesso. Iza, uma jovem cantora e considerada hoje um ícone da luta da mulher e a cara da música no Brasil, começou a se apresentar nas festas da família e igreja que frequentava. Formada em Publicidade e Propaganda, também aproveitava os momentos do happy hour na agência onde trabalhava para se apresentar. Nada era profissional até decidir mudar de vida e se dedicar ao que realmente amava: a música. Foi quando Iza decidiu criar um canal no Youtube e gravar covers de algumas músicas. Não tardou até que a voz grave e o carisma começassem a ser conhecidas e conquistassem fãs. Em pouco tempo, Iza tornou-se dona do hit de sucesso “Pesadão”, ao lado de Marcelo Falcão. Depois de conquistar inúmeros primeiros lugares como a música mais tocada, Iza não parou mais de fazer música. “Ginga”, “Dona de Mim” e “Brisa” são alguns dos sucessos da cantora que compõem o setlist da turnê “Dona de Mim”, o primeiro álbum da artista.

Mas a arte produzida por Iza vai além da música. Ela é símbolo da luta da mulher, racial e de renovação. Para transmitir mensagens, a cantora usa e abusa de figurinos únicos, letras ousadas e frases de efeito, quando a hora é de se posicionar sobre determinado assunto. Ela afirma: “A maneira como nos apresentamos no palco, na nossa vida pessoal; as roupas que vestimos, com quem nos relacionamos, tudo isso passa uma mensagem. Então, eu fico sempre atenta a isso para que tudo passe a mensagem que condiz com o que eu penso”. »»»

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Em entrevista para a revista Liv, Iza fala sobre as inspirações de seu trabalho, os sonhos para a carreira e a importância da representatividade da mulher negra nas músicas e cultura brasileira. Suas músicas falam sobre empoderamento, amor próprio, felicidade e luta. Quais são tuas inspirações musicais e o que essas músicas representam para você? Na verdade, eu não abordo esses temas intencionalmente. Eu acho que são coisas que acontecem na minha vida, são minhas vivências e meu ponto de vista. Eu lembro a menina que fui e sei como é importante me ver nos lugares, me sentir representada, ter uma mulher forte me dizendo todos os dias que eu posso e “quem sabe sou eu”. Então, sempre que eu puder, quero passar essa mensagem através do meu trabalho. Todas as mulheres fortes da minha família são inspiração para minha carreira e minhas músicas. Minhas tias, minha avó nordestina que veio pra cá e fez a vida acontecer. Minha mãe, principalmente. Ela me ensinou a sempre confiar em mim mesma. Hoje você é considerada um ícone pop da luta da mulher. Qual teu posicionamento sobre o feminismo e preconceito no Brasil? Acho que tem se conquistado muito em prol da mulher, mas ainda falta muito a se conquistar. Não somente em prol da mulher, mas principalmente da mulher negra. Ainda somos a parcela da população que mais sofre com homicídios, preconceito, racismo e machismo. A gente precisa se reerguer todos os dias. Eu sinto que tenho responsabilidade sobre o que eu falo e canto, para onde eu vou, com quem me relaciono. »»»

Eu fico lisonjeada quando eu ouço que inspiro muitas meninas. E se meu trabalho ajuda cada uma delas a serem mais fortes, isso com certeza vai refletir na sociedade

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A representatividade é importante, não há dúvidas - depois que você surgiu na cena musical, você consegue perceber um movimento mais expressivos de artistas negros? Como você enxerga o racismo no país e cenário musical? Além disso, você possui vários discursos de combate a cultura de ódio. Como você acha que pode contribuir para uma sociedade melhor a partir do teu trabalho? O que falta (e está sendo feito) na cultura e música brasileira em prol de uma sociedade mais justa e igual? Enxergo da mesma maneira que o preconceito com as mulheres. As coisas vêm melhorando, andando, mas ainda há muito a ser feito. De certa forma, a fama me protege hoje em dia do racismo, do preconceito e do assédio. Eu não sou mais assediada quando ando na rua, não ouço mais aquelas coisas horrorosas que me davam medo. Mas não dá pra negar que isso ainda existe. Eu fico lisonjeada quando eu ouço que inspiro muitas meninas. E se meu trabalho ajuda cada uma delas a serem mais fortes, isso com certeza vai refletir na sociedade. O diálogo e o respeito são sempre o caminho. Sobre a carreira, como estão seus planos para a mídia internacional? Você tem projeções de lançar discos e/ou parcerias em outros países? Quais seus planos? Eu sonho em cantar pra sempre, para o maior número de pessoas que eu puder. Uma carreira internacional é algo muito trabalhoso, que deve ser pensada com muito cuidado. Eu acabei de começar, quero dar um passo de cada vez. Quero fazer tudo com muito cuidado. Sua primeira música de sucesso foi “Pesadão” e último sucesso lançado até o momento “Brisa”, que tem uma pegada diferente das tuas primeiras músicas. Como está sendo essa transição de temas, ritmos e produção? Não há uma transição programada. “Brisa” representa um pouco do que estou ouvindo atualmente: reggae, música jamaicana... é uma vibe que eu gosto e que as pessoas não tinham visto eu cantar ainda. Quando a gente produz algo que é fiel ao nosso sentimento e pensamento, o público sente na hora de receber a música. Gostaria só de agradecer ao carinho que tenho recebido do público, estou feliz demais e espero que eu possa levar a minha música para o máximo de gente possível. »»»

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NĂŁo sei ainda se serei rigorosa ou emocional, isso deve acontecer com o andar do programa [ sobre substituir Carlinhos Brown no programa The Voice Brasil ]

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Você vai assumir, em julho, uma cadeira como jurada do The Voice, no lugar de Carlinhos Brown. Como está a expectativa para essa estreia? Você chegou a conversar com o Carlinhos? É uma grande honra e, ao mesmo tempo, uma grande responsabilidade estar nesse programa – e, mais ainda, substituir o Brown. Eu o considero um dos maiores produtores do mundo, uma artista incrível, premiado, além de ser uma pessoa muito inspiradora. Sou muito fã do programa, sempre assisti e gosto muito da proposta. Nunca pensei que pudesse fazer parte de um time tão estrelado. Fiquei lisonjeada com o convite e estou muito ansiosa para viver esse momento. Neste tocante, imagino que tua história inspire muitos outros jovens aspirantes a músicos. O que chama tua atenção quando ouves alguém cantar: técnica ou postura no palco? Serás uma técnica rigorosa ou mais emocional? O que me chama a atenção é o conjunto. O The Voice é um programa muito completo, que ensina demais os participantes. Não sei ainda se serei rigorosa ou emocional, isso deve acontecer com o andar do programa. Mas quero fazer com que os participantes se sintam cada semana mais seguros. Esse é o caminho que devo seguir. Além disso, tenho certeza que o programa vai mudar meu olhar como artista e vou aprender muito também. Eu imagino a loucura que é tua agenda e o assédio mesmo - por isso, pergunto: o que mais gostas de fazer quando precisas desacelerar da pressão da carreira? Gosto de estar com meu marido, minha família e meus amigos em casa. Reunir todo mundo e aproveitar o tempo com eles.

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galeria

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Dominik Giusti

Científica

Divulgação/artista

inquietude

A trajetória de Pas Schaefer é intensa. De criança inquieta a um prolífico artista, suas produções unem grafite ao universo científico, garantido um resultado final delicado, sensível e surpreendente.

Q

uando criança, o artista Pas Schaefer era inquieto. Certo dia, a avó apostou em uma alternativa afim de que o menino ficasse um tempo parado: colocá-lo para desenhar a partir de livros de desenhos científicos. Ao vasculhar suas próprias recordações, hoje em dia, nosso entrevistado refere-se ao episódio como o primeiro despontar do que se transformou a sua carreira profissional – que une arte e ciência. Formado em Ciências Naturais pela Universidade de São Paulo (USP) e atuante como grafiteiro, ele tem um estilo peculiar de traço e temática. Em suas obras é possível observar animais com formas delicadas e em

movimentos leves, o que o diferencia de uma escola tradicional de grafitagem e da street art. A ideia de juntar esses dois universos - que sempre estiveram juntos na história da ciência – para levá-los às ruas, veio na adolescência, quando ele começou a grafitar por influência de amigos e, ao mesmo tempo pela alma rebelde deste período da vida, em que ele se questionava sobre as coisas do mundo e sobre religiosidade. Mas a consolidação do seu estilo veio após conhecer a série “Arte e matemática” (TV Cultura), produzida pelo professor Luiz Barco, da USP, que une explicações sobre a matemática com exemplos como obras

do francês pós-impressionista Paul Gauguin. “Pensava em ensinar ciências de um jeito mais interessante para crianças. E quando estava nas aulas, fazia minhas anotações com desenhos. E nesse período, fui me interessando cada vez mais pela Arte e comecei a viver um conflito, ou era cientista ou era artista. Quando pensava em ciência e arte, as minhas visões eram dicotômicas. Isso virou um caos dentro de mim, até que conheci um cara chamado Luiz Barco”, comenta Pas Schaefer. “Pensei: existe uma ponte entre arte e ciência! Isso mudou completamente meu jeito de ver o mundo”, completa. »»»

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Certa vez, Luiz fez uma palestra na universidade no mesmo dia em que Pas estava lá fazendo um grafite. “Não me liguei que era ele, mas quando notei, estava percebendo que o conhecia de algum lugar, pensei: é o cara que salvou a minha vida! Nos conhecemos e acabamos ficando amigos”, completa o artista, que hoje tem projetos sobre arte-educação, como o “Infografitti”, que une arte, ciência e informação, e já foi realizado em Ourinhos (SP). “Realizei menos do que eu gostaria, mas pretendo retomar esse projeto para realizar com crianças e adolescentes”, afirma. “A ideia é juntar informação e grafite. Fizemos pinturas em Ourinhos sobre os camaleões, sobre o processo de produção de produtos derivados dos porcos, que é violento. Mas também pintamos moluscos, água vivas. Isso para ensinar ciência através do grafite”, explica. Esportes radicais e viagens Com a veia artística tendo se sobressaído sobre a do professor de ciências, Pas foi em busca de inspiração com a prática de esportes radicais. Mas na raiz, a mesma inquietação que o fez optar pelo curso, mas desta vez “entender como a natureza funciona e transformar em pintura”, ele diz. “Sinto que esse processo que hoje eu vivo, com esportes radicais, tem as mesmas raízes, para entender como a natureza funciona e transformar em pintura. Preciso agora experimentar a natureza”, celebra, dizendo que terminou recentemente um curso de paraquedismo. Dentre os locais que ele já passou, estão cidades da França, Espanha e Portugal e também do Brasil. Os destinos servem para criar, para manifestar a arte do que ele sente ao se deslocar para outro território para mais próximo de si - quando arrisca a própria vida por meio do esporte. Um exemplo foi quando ficou por um mês em um castelo francês e passou a se envolver com o simbolismo da porcelana, associando à fragilidade e à beleza da vida. A porcelana será a temática de sua nova exposição, ainda sem data para ocorrer, em parceria com Micha, também artista. “É sobre a brevidade da vida, os últimos momentos antes de morrer. Veio também da observação da pintura das louças portuguesas. Quando fiz meu primeiro salto solo, sabia que corria um risco grande e me perguntei: quais são as coisas mais importantes que tenho que fazer? Daí fui entender o símbolo que estava na porcelana”, explica o artista. »»» 69


É uma espécie de pintura mais delicada e lúdica Em outra aventura, junto com a sua esposa, cruzou o país, de Curitiba até a Paraíba, de carona, sem pressa para retornar para casa, apenas observando a paisagem e nutrindo-se de referências para criar. Ele também já passou por Belém e Alter-do-Chão, em Santarém. A morte e o questionamento sobre a vida são uma forma de trazer para as suas obras reflexões universais. Pas acredita que a arte contemporânea está impregnada de um discurso pessoal, de uma criação a partir de uma narrativa íntima do artista e quer fazer o contrário. “Não quero falar de mim e sim da natureza”, explicita. Outro motivo de adotar esse pensamento para produzir é pensar a cidade como um espaço para a melhor convivência entre os habitantes, por isso os grafites têm seu formato diferenciado. “É uma espécie de pintura mais delicada e lúdica, como uma acupuntura urbana. Acho que é o que as cidades estão precisando”, opina. Dessa orientação surgiu a sua primeira exposição, intitulada “Vida e morte subaquática”, exposta em 2012, em São Paulo, com o interesse em entender a vida na água e a forma de sobrevivência nesse ecossistema. “Quando criança pulei no mar e toquei numa água viva. Já saí gritando, mas encantando com aquele bicho, que tem potencial de leveza e agressividade. É a forma de sobreviver”, relembra. A mostra trouxe as águas vivas, polvos e outros animais marinhos. “Para mim, o polvo é o símbolo mor da sobrevivência subaquática. Ele consegue se virar, sair de inúmeras situações, é polivalente”, comenta. »»»

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Não quero falar de mim e sim da natureza

Memórias do começo “Sou do Brás, um bairro que não é muito bem visto em São Paulo. Com 13 anos tinha um amigo de uns 18, conhecido como ‘Formiga’, e ele grafitava. Mas um dia ele sumiu e pensei que ele havia sido preso. Mas logo depois soube que ele foi assassinado. Foi com ele que comecei a ir para a rua e logo quando fiz o primeiro, com 14 anos, na linha do trem, já tive que correr da polícia. Prometi para mim mesmo que nunca mais ia fazer aquilo”, relembra. “A segunda vez invadimos uma casa que pensávamos que estava abandonada, mas não estava. Chamaram a polícia e corremos de novo, fui para casa. E tomei um ‘couro’ da minha mãe, cheguei esbaforido. Ela perguntou o que tinha acontecido, eu disse que não tinha ocorrido nada. Apanhei e pensei que nunca mais vou me meteria nesse negócio

de grafite”, recorda, sabendo hoje que quebrou a promessa para si próprio e construiu um caminho pautado na sua relação com a ruas e as cidades. Nessa época, no início da adolescência, Pas queria também saber mais sobre questões de espiritualidade e sobre quem era Deus, com a ideia de entender como funcionava a natureza, já que ouvia que Deus era o criador da natureza e do universo. “Então pensei, se for falar com quem criou, vou sacar tudo. Queria estudar, mas fui para igreja evangélica. Em pouco tempo, não me identifiquei. E foi somente quando entrei na faculdade e comecei a fazer perguntas diferentes tive respostas diferentes. E com isso, comecei a me desconectar da espiritualidade e da religiosidade em si e transpus estes questionamentos para a arte”.

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A

MARVADA

CARNE

Não lembro quando o menino chegou, surgido do nada, já oficialmente nomeado Tatu. Gago, ele pedia grade no três-três que fazíamos todo final de tarde no campinho improvisado na rua larga de nossa casa, em Mosqueiro. Nesse dia, como em todos os outros, minha avó chegou da cozinha e pousou nosso lanche na beira da sacada: pãezinhos quentes com manteiga farta, café com leite bem doce, para manter as crianças em pé. Talvez porque fôssemos novos, talvez porque sentir fome fosse realidade tão distante de nós, não reparamos no olhar vidrado do menino Tatu, que passou a perder lances fáceis de tanto que encarava a comida. Vovó sempre ofereceu lanche a todas as crianças que nos circundavam, quantas fossem. No intervalo, lavamos as mãos e então Tatu, sem um pingo de vergonha, se jogou por cima do prato pegando seu quinhão, bebendo café com leite a quase se afogar. Minha avó, conhecedora das dificuldades da vida, pôs-se a prosear com o esfomeado. Perguntou onde morava, onde estavam os pais, quantos anos tinha e se estudava, a tudo respondido com mo-moro ali, mi-minha mãe tá-tá no mato, tenho ter-treze anos, não se-sei ler. Disse ainda que tinha sete irmãos mais novos, todos bacurizinhos cabeçudos e barrigudos, meninos que se perdiam livremente pelas ruas e matos da ilha, igual bichos. No fim do lanche, enquanto fazíamos a digestão 72 | www.revistaliv.com.br

e pensávamos na vida, vovó fez uma marmita com sanduíches e pediu que Tatu levasse aos irmãos – e, mal minha avó falou, Tatu sumiu pela rua correndo destrambelhado, segurando riqueza nas mãos. Sempre que voltávamos à ilha, Tatu logo aparecia para cumprimentar, para brincar e receber bondades da vovó. Ainda mais depois dela ouvir os meninos tirando sarro dele, porque Tatu quase nunca comia carne, nunca teve dinheiro para isso, e um dia o flagraram parado na barraca de churrasco que havia na Dezesseis, bem ao lado da churrasqueira cheirando toda a fumaça das carnes. Tatu cheirava a fumaça e metia uma colherada de farofa na boca, cheirava fumaça e comia, e quando perguntaram o que era aquilo, respondeu é que assim pa-parece que to co-comendo ca-carne. Durante anos, até estarmos taludos, Tatu rodeava nossa casa onde recebia sorrisos e era gente. Quando demorávamos a voltar, encontrávamos Tatu magro, as costelas marcando a pele. Quando íamos com mais frequência, lá estava Tatu gordinho e forte, sorridente e feliz. Virou companheiro com quem íamos à praia pegar jacarés – e até se apaixonou pela Lucinha, prima minha que passava o dia lendo na rede enquanto Tatu, enamorado, suspirava no muro admirando a musa que nem percebia tanto amor. Quando minha avó morreu a casa se fechou. Sumiu a avó da varanda, segurando o lanche de tantos, sorridente, vendo seus moleques felizes. As idas à ilha rarearam.

Fernando Gurjão Sampaio advogado e escritor @tantotupiassu tantotupiassu@gmail.com

Vendemos a casa da nossa infância como derradeira despedida. Com isso, também sumiram os tantos moleques que rondavam ali, buscando alegria. Certo dia, guiado pela saudade, passei de carro pelas redondezas e encontrei a velha casa toda aberta, as janelas pedindo sol, as redes na varanda como se ainda fosse Lucinha lendo, as cadeiras de embalo ainda balançantes, como se o dono tivesse acabado de sair para pegar café na cozinha. A casa das tantas felicidades ainda está lá, gerindo novas memórias em outros moleques que também jogam bola no campinho mal engendrado na nossa rua larga. Acabei encontrando nossa antiga caseira e, entre abraços e afagos, perguntei dos meninos. Um a um, fui sabendo de alegrias e tristezas. Do Tatu, soube que continua o esfomeado de sempre, ainda atarracado e sem pescoço, mas que agora não precisa mais cheirar fumaça de churrasco para ter o sonho da carne. Tatu batalhou, juntou dinheiro dos bicos de pedreiro e abriu um trailer de lanches. Agora vende seus próprios churrasquinhos, dando-se prejuízos constantes nos inúmeros espetos que rouba da grelha para satisfazer sua mágoa de infância faminta. Um dia, quem sabe ainda passo por lá para abraçar meu amigo Tatu, para dividirmos a Marvada Carne e rir dos moleques felizes que fomos, apesar de tudo, no campinho da rua larga e nos jacarés sumidos nas areias grossas do Farol.



perfil

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A

da

voz

Rita Soares

Dudu Maroja

cultura

A voz grave, os gestos largos, o sorriso aberto. Ursula Vidal Santiago de Mendonça, 47, é dessas pessoas que nunca passam despercebidas. Mal tinha saído da adolescência quando se tornou uma das principais apresentadoras de telejornal da capital paraense. Inquieta, mudou-se para o Rio e, lógico, chamou a atenção. Tornou-se “a voz do Fantástico”, mas para surpresa de muitos, decidiu voltar a Belém para mergulhar na produção de documentários. Um filme sobre a vida de catadores no lixão do Aurá fez crescer o interesse pela temática da sustentabilidade. Daí para a filiação partidária foi um pulo. Candidata ao Senado, ela surpreendeu com 585.344 votos. No início deste ano, assumiu a Secretaria de Cultura do Estado do Pará. Nesta entrevista Ursula fala sobre a vida e a carreira como jornalista, o desafio de gerir a Cultura em um Estado com necessidades amazônicas e, lógico, fala sobre o futuro.

U

ma característica marcante em você é a voz. Quando foi que as pessoas começaram a falar que você tinha jeito para o rádio e para a TV? Sempre fui uma leitora na sala de aula. Quando o professor perguntava quem queria ler, eu logo levantava a mão. E foi exatamente no período da adolescência que eu, participando de uma promoção por ingresso para show, fui chamada para fazer vinhetas de rádio. Não pensava em fazer Jornalismo. Pensava em fazer Psicologia. A Comunicação me agarrou pelo coração, pelo pé, pela garganta. Você foi apresentadora de TV em uma época em que o jornalismo era muito careta e exigia que os apresentadores fossem contidos e você com esses gestos largos, o cabelo cacheado... Olha, em Belém não houve implicância com o meu cabelo. Pelo contrário, isso acabou sendo minha marca. Mas, quando fui para o Rio de Janeiro, tive que cortar o cabelo muito curto, porque

ainda se usava o chroma key (técnica que coloca os apresentadores em um fundo verde para que imagens sejam sobrepostas). O recorte era muito difícil de fazer para cabelos crespos, eu passei oito anos com cabelos muito curtos. Você chegou a fazer a voz do Fantástico, dividindo o posto com Cid Moreira e, logo depois, decidiu voltar para Belém. O que te trouxe de volta? Naquele momento, eu mergulhei de maneiramuito profunda no conceito, na estética e no processo da produção documental e a Amazônia era meu território de interesse. Cada vez mais essa Amazônia me chamava, convidava. Não fazia sentido eu continuar no Rio se a minha linha de investigação de curiosidade e também o meu lugar de pertencimento estava aqui. Fui amadurecendo esse olhar de fora e esse olhar te sensibiliza para coisas que você não via, para traços, aspectos da cultura... »»»

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Foi aí que você ligou a chave da Ursula política? Não. Isso foi bem depois. Mas ali já não foi uma semente? Não. Isso [o interesse pela política partidária] aconteceu por volta de 2011 quando comecei a me envolver com a temática de sustentabilidade. Você assumiu a secretaria que foi uma espécie de vitrine dos governos tucanos capitaneando obras como a Estação das Docas, mas também foi uma das mais criticadas pela política considerada elitista. Como você pretende transformar a Secult? Neste Estado que respira e transpira Cultura em tudo que faz e em tudo que é, a Secretaria de Cultura já tem um protagonismo natural simbólico. A Secretaria de Cultura faz parte da memória, da lembrança, dos anseios e das esperanças da população deste Estado como uma secretaria muito importante para condução de políticas públicas. Eu vejo a cultura como uma necessidade básica, tão importante quanto à educação, a segurança, a saúde. O que a gente precisa é mostrar que a cultura está além de uma política pública de valorização das nossas identidades e tradições e valorização do patrimônio e das nossas práticas culturais, ela é também uma ferramenta importantíssima de geração de renda. Um desafio seu é levar políticas públicas de cultura para o interior. Como você tem atuado nesse sentindo? Existem dois grandes eventos que já são patrimônio desse Estado e que precisam do nosso carinho e cuidado. São a Feira do Livro e o Festival de Ópera. Neste ano, vamos ampliar a presença nos territórios por meio destas duas políticas públicas de fomento ao livro e à leitura, e de valorização da musicalização, da formação musical, ampliando essa formação de plateia. Também vamos atuar por meio de outros programas, como Cultura por Todo o Pará, Preamar do Carnaval,

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Preamar Junino. A ideia é desenvolver atividades de qualificação, de orientação e trocas com esses fazedores de cultura que já têm um trabalho extraordinário. Nós não somos promotores de eventos. A Secretaria de Cultura precisa identificar onde existem eventos, atores, cadeias produtivas, arranjos produtivos locais que trabalham com esse conhecimento traduzido nas artes, linguagens e expressões, onde a gente pode fazer esses lugares, essas festividades, esses projetos e programas, onde podemos fazer aporte e sermos parceiros, potencializando, dando escala para esse atendimento e potencializando essa cadeia produtiva.

Esse ano, vamos fazer em mais cidades, além de Santarém e Marabá. Estamos iniciando o processo de parceria, que já é uma parte da realização da Feira do Livro na FLIX, que é a Feira Literária do Xingu. Estaremos no Xingu, Parauapebas, Marabá, Santarém e em Bragança. Ainda estamos trabalhando com uma Lei Orçamentária desenhada no ano passado, por uma equipe com uma visão, um conceito que não era o nosso. Portanto, estamos executando um orçamento que não é o que nós desenharíamos. Mas estamos conseguindo uma marca de descentralização, de pluralidade, de diversidade de linguagem, expressões, atores e territórios.

A Feira do Livro, que você citou, era criticada por ficar restrita a Belém...

E em relação ao patrimônio público, que é uma das grandes riquezas do Pará, de Belém, espe-

cialmente, qual a estratégia? A preservação do patrimônio é uma rubrica de investimento muito significativa. Então, neste ano, precisamos centrar esforços na garantia da preservação do patrimônio que já faz parte do escopo gerencial da Secult porque se não fizermos intervenções imediatas podemos ter prejuízos maiores. Estamos cuidando de três casas que tem mais de 100 anos e que precisam de intervenção imediata, o Museu do Estado do Pará, o Museu de Arte Sacra e o Teatro da Paz. Uma coisa que nós precisamos fazer com urgência é entender a quantidade de fundos disponíveis que existem em diversas instituições do governo federal e buscar uma comunicação cada vez maior não só com os fundos existentes no Brasil, mas também em outros países. »»»

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Porque o cenário econômico não é dos melhores especialmente para a cultura... Com certeza. Para nós, do Norte, as modificações na Lei Rouanet não vão impactar muito porque a gente sempre acessou pouco. E este momento é, inclusive, de repactuar uma participação muito maior da região Norte nessa distribuição de recursos. E ainda temos que lidar com a extinção do Ministério da Cultura que tem sido uma pauta permanente do Fórum dos Secretários e dirigentes estaduais de Cultura. É uma luta política permanente pela recreação do Ministério da Cultura. São muitas lutas que a gente precisa travar e o Norte, historicamente, como ocupou um espaço muito periférico, precisa cada vez mais se fortalecer, inclusive, dentro dessa articulação política regional, para que a gente consiga acessar mais recursos. Que marca você gostaria de deixar nessa área. “Úrsula Vidal foi a Secretária de Cultura que ...” Que fez uma gestão democrática, valorizando as manifestações da cultura popular, tendo uma gestão responsável quanto à preservação do patrimônio histórico, arquitetônico, valorizando nosso patrimônio imaterial que é absolutamente rico.

A entrevista com a Úrsula Vidal continua em nosso site: sua trajetória política é pauta deste conteúdo exclusivo que você lê em www.revistaliv.com.br

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especial pais

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Carolina Menezes

Dudu Maroja

Paixão (pelo ofício)

de pai para filho

Muito mais do que repetir uma história de sucesso ou dar continuidade a um legado, filhos que seguiram a profissão dos pais e hoje os tem como colegas de trabalho, falam sobre um amor que nasceu de forma natural até o alcance do entendimento de que a vocação pode (e como pode!) estar gravada no DNA.

E

m casa, Paulinho, mas no consultório é Dr. Paulo Junior. E o pai, virou “paitrão”, com toda licença, digamos, poética, para um neologismo que define bem a relação entre os cirurgiões dentistas Paulo Mecenas e Paulo Mecenas Junior. Aos 50 e 24 anos de idade respectivamente, eles se tornaram sócios há pouco mais de dois anos e descobriram que na relação de pai e filho existia espaço para a construção de uma segunda relação, que ajudou a crescer ainda mais a admiração e o respeito mútuo. No começo, era até uma questão de logística. Paulo Mecenas, com quase 20 anos de atuação em Castanhal e estrutura pron-

ta e estabelecida, naturalmente convidou o filho recém-formado para acompanhá-lo - até porque exigiria um alto investimento que Junior tivesse sua própria clínica ou consultório. O dentista experiente gostou foi de ver que o filho, formado em um sábado, já estava a postos na segunda-feira para trabalhar. “Desde então, estamos juntos todos os dias da semana, e sábado também. Sempre o quis trabalhando somente na nossa clínica, pois a intenção era expandir o que iniciei. Assim, ampliei nosso espaço construindo uma sala somente para ele, a qual é, inclusive, maior que a minha!”, reconhece. “Ele é meu chefe sim, há uma hierarquia, e eu o respeito como

tal e como pai. Evito ao máximo chamá-lo de pai no ambiente de trabalho, mas confesso que de vez em quando escapa!”, confessa o filho. Os dois confirmam: se o mais novo não cumpre com as obrigações rola uma chamada de atenção - não existe passar a mão na cabeça por ser filho, e os dois concordam nesse acordo como fundamental para não misturar o profissional e o pessoal. “Mas é difícil de acontecer. O Paulo possui uma auto-percepção boa, se está deixando a desejar em algo, tenta corrigir logo. Ainda sou chefe, mas, com o tempo, a tendência é que passemos a nos ver como sócios e, quando eu sair, ele será o dono da clínica”, anunciou. »»»

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É importante para eles que os pacientes sintam, principalmente, que há esse distanciamento. ‘Buscamos sempre nos tratar como colegas de profissão no consultório para assim não permitir que a relação pai e filho interfira no trabalho”, avalia Mecenas. Junior acredita que todo e qualquer sucesso profissional que venha no futuro terá o peso decisivo do apoio do pai. “Desempenhamos funções diferentes, eu trabalho com ortodontia, aparelhos fixos, além de procedimentos mais simples, já ele é um dentista mais raiz (risos) faz de tudo, canal, prótese e implante... além de resolver questões administrativas, embora eu o ajude nisso também”, explana. Aqui o pai discorda e acaba deixando a paternidade mais evidente que as luvas e instrumentos cirúrgicos. “Com certeza ele tem relação com o meu sucesso, bem como sua irmã e minha esposa. Foi por eles que eu me especializei depois de formado, ficava trabalhando até tarde e viajava para cursos de aperfeiçoamento. Ele pode

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não ter trabalhado comigo nessa época, mas, com certeza, era fonte de motivação para mim”, declara-se. Genética nas alturas “Aconteceu que eu peguei, de bandeja, 45 anos de experiência e fui aprender o que faltava”, conta o piloto Pedro Pagno, 30, filho do também piloto Luiz Pagno, 64. O pai até tentou estimular para que ele seguisse outra profissão - talvez Engenharia Mecânica... de repente, um curso de Administração. “Eu fiz, mas não levei em frente. Queria era ser piloto, não teve jeito. Acho que é genético”, conta. Se a gente for analisar a infância do Pedro e dos outros quatro irmãos dele, realmente não tinha mesmo como ser muito diferente. O primeiro avião de Luiz, adquirido antes dos 30 anos, como ele mesmo diz, bancou a criação de todos os filhos. “Eu era criança, meu pai tirava os bancos e colocava colchões. A gente gostava, mas eu adorava. Foi entrando na cabeça naturalmente, né, e com 13 anos eu já ia para o aeropor-

to ler, estudar sobre aviação. Com 17, já estava no curso e aos 18 fui aprovado”, remonta Pedro. “Aí eu aceitei!”, lembra o piloto veterano, que iniciou ainda mais novo que o filho na área, aos 16. Curiosidade: Pedro tem esse nome em homenagem ao instrutor que ensinou Luiz a voar, ainda no Rio Grande do Sul, de onde é natural, ainda na década de 70. Piloto executivo com milhares de horas de voo, ele chegou a colocar o filho adolescente algumas vezes ao lado na cabine, para auxiliá-lo em trajetos de baixa complexidade. “Via que ele levava jeito, tirava boa velocidade. Aviação não tem manual, você aprende voando. Há quem estude a vida toda e não consiga”, admite. Com 13 anos de experiência, Pedro diz que é sua capacidade de, como se fala no meio, “sentir o avião” que lhe torna apto a seguir o caminho traçado também pelo pai. “Só quem sente isso, que é a sensação do avião mergulhando, descendo, é que consegue voar direito. Eu tenho esse sentimento há bastante tempo, meu pai mais ainda”, orgulha-se. »»»


O filho também optou pela carreira em voos comerciais, o que já não é muito a praia do Luiz, e mesmo assim, o pai não deixa de dar pitacos e cobrar sempre que necessário. “Cobro muito porque tem que se fazer tudo certo. O preparo, que a gente chama de pré-voo, é tudo. 95% dos acidentes vem de falhas no pré-voo”, insiste. “E ele não está errado. Se eu falhar, eu morro, basta uma falha que seja”, reconhece Pedro. No caso da família Pagno, pode ser que a sucessão siga adiante. A filha mais nova de Luiz está se preparando para fazer o curso para piloto, para voar só por hobby. Já o filho mais velho de Pedro, de apenas 5, anos, é um aficionado no assunto. “Mas eu espero que ele não trabalhe com isso...! Sabemos dos riscos, né? Me considero um sortudo na aviação, as coisas deram muito certo para mim. Mas mesmo assim o coração ainda aperta quando eu subo ou quando meu pai sobe, minha mãe que o diga!”, admite. Os dois divertem-se ao lembrar dos primeiros pousos de Pedro ainda no início. “A gente ia brigando até pousar, mas era legal!”, reconhece Luiz. “A verdade é que eu tive, na parte técnica, um excelente instrutor, que em 45 anos de história nunca teve um acidente. Me ensinou o que é disciplina, e que tem que fazer por amor”, elogia o filho.

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Quando eu não tinha nada, eu acordava 3h para ter algo. Depois que comecei a ter, passei a acordar às 2h, para poder manter ― Joaquim Nunes da Silva ―

Um tem 40 anos de profissão. O outro, onze. “Ele nunca desistiu de nada do que fez na vida. Começou em outro Estado, com dificuldade e gente puxando para trás. Admiro a honestidade, o trabalho, a dedicação, insistindo sempre que o bem vence o mal”. Não é preciso ouvir Kim Nunes falar por muito tempo com tanto orgulho do pai, o médico veterinário e pecuarista Joaquim Nunes da Silva, para entender que sempre foi muito mais do que simplesmente seguir a mesma profissão ou se deixar levar por uma infância e uma vida vivida na lida do campo, da fazenda. “Eu não sei, ele que sabe. Surpresa sempre é, porque há muitas opções na hora de escolher com o que trabalhar”, diz o patriarca, questionado sobre o motivo para o caçula de dois filhos, que acabaria virando seu sócio, seguir os mesmos passos. “Sempre gostei de mexer com gado, mas acho que o estalo foi quando meu

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outro irmão fez vestibular para Medicina. Lembro da minha mãe falando: ‘tens muita opção, se cuida, faz o que quiser, e estuda, porque o seu é mais fácil’. Ela já sabia que eu ia fazer Veterinária”, lembra. “Na verdade, ele é a terceira geração, porque meu pai também era pecuarista”, corrige Joaquim, que se autoproclama de comportamento ditador, até mesmo mais rígido que o avô de Kim - mas sem deixar de mostrar um lado de preocupação com a trajetória do filho. “Orgulho não dá, mas dá incentivo em investir, porque é uma sucessão. Não adianta ter orgulho se não trabalha e não produz. Não sou de conversinha. Sou de metas. Meu orgulho é ver produção”, justifica o pai. “Talvez se ele tivesse escolhido uma outra profissão eu teria mirado em outros investimentos, não concentraria na pecuária. Posso dizer que investi para ele poder viver de forma mais tranquila”, reconhece.

Sócios e com escritório em Belém e fazendas no interior do Pará, Kim e Joaquim passam praticamente o dia todo juntos. O herdeiro confirma o jeito durão do pai, mas valorizando a metodologia. “Eu digo que, enquanto ele mandar, dá!”, brinca o filho. “Mas falando sério, há um ditado popular no campo que diz: ‘se o filho não serve para o pai, não vai servir para ninguém’. E eu acredito que isso seja bastante verdadeiro”, reconhece Kim. Adepto da máxima de que não é pegar pesado, e sim ser profissional, Joaquim já seguiu viagem para uma das fazendas sem o filho porque o primeiro havia combinado de buscar o segundo às 5h e no horário acertado Kim não estava pronto. “É muito ruim trabalhar com filho, porque tenho de ser rígido. Você perde horário de avião? Não, né. Então porque vai perder o horário no trabalho? É a mesma coisa. Fui educado assim, não custa


Nossos

c a t i o r o s são

adestrados Você chama e eles chegam

rapidinho

combinar”, explica. O curioso é que, depois da faculdade, o filho mais novo foi para o mestrado, prestou consultorias, para só então ser chamado pelo pai para trabalhar - e já na condição de sócio, justamente para estimulá-lo a ter sempre bastante responsabilidade. “Quando eu não tinha nada, eu acordava 3h para ter algo. Depois que comecei a ter, passei a acordar às 2h, para poder manter. Se não for bom financista e administrador, não adianta ser bom profissional. Ele é meu sócio, se quebra se não correr. Ele sempre teve opções, mas quis ter o negócio dele”, discorre o pai sobre a relação com o filho no meio dos negócios. “Não tem como ser mais leve e se fosse não daria certo, como o pai falou. Se ele não cumpre horário, como que vai corrigir os outros? Se eu não for bom no que faço, saio do circuito. Vou fazer qualquer coisa, carregar um peixe. Mas eu já

entrei na faculdade sabendo horários, salário, fui avisado, vi meu pai passar por tudo. Era a vida dele, eu já sabia. Quando se trabalha no campo é assim, Deus não escolhe hora pra chover 120mm, alagar uma plantação, cavalo cansar, se machucar e não ter como sair, ficar doente”, afirma o filho, um tanto satisfeito pela experiência que segue acumulando ao lado do pai. Precavido, Joaquim confessa ter montado planos B, C, D e muitas outras para o caso de as coisas não darem certo, mas teve sorte de nunca precisar lançar mão de nenhum deles, e credita isso ao trabalho e empenho dispensado ao longo dos anos, seja ao lado do pai, de Kim ou mesmo das irmãs, que o acompanham na administração financeira. “E se algum me disser, em algum momento, que não quer mais trabalhar comigo, não tem problema. Vou dar graças a Deus por precisar trabalhar menos!”, diverte-se.

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Ângela Sicilia chef de cozinha @angelasicilia

Respeito muito os clássicos. A nouvelle cuisine, como é conhecido o movimento que revolucionou a cozinha, reescreveu os rumos da história da gastronomia mundial e não há dúvidas disso. Ao ler a entrevista do Claude Troisgros na última edição da Liv, senti-me abraçada (e muito emocionada também), afinal, o chef fez dos limões que a vida deu uma deliciosa limonada. Nascido no berço da nouvelle cuisine, Claude, que em 2019 completa 40 anos de Brasil, enfrentou inúmeras dificuldades financeiras para montar seu primeiro restaurante no Rio de Janeiro. Sem muito dinheiro para os insumos, teve de improvisar e buscar alguns ingredientes brasileiros que pudessem compor seus clássicos – assim, meio que no improviso – criou um estilo de cozinha que é todo seu. Mencionei o Claude, porque eu, nascida e criada

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à base de macarrão e molho de tomates, não resisti, há quase 15 anos, em mesclar alguns ingredientes. Ousei, é bem verdade, em chamar meu estilo de ítalo-amazônico. Nunca me arrependi. Claro que usar um bouquet garni é incrível: mas você já experimentou usar os bouquets locais? Chicória, alfavaca, cheiro verde, pimenta de cheiro – tudo combinado para aromatizar caldos e na preparação dos alimentos? E usar maniçoba no recheio do ravióli? Pode? Claro! Até comê-lo com farofa! (tenho eu pra mim, aliás, que italianos só usam queijo no macarrão porque a farinha bem torradinha não era conhecida por lá). Chocolate de fora? Por que? Se a matéria-prima do Pará é tão boa e competitiva quanto o suíco? O que dizer, então, do queijo do Marajó? Eu não o troco pelo melhor dos queijos

made in Italy. O que estou dizendo, por fim, é que é possível, sim, é que a Amazônia é um celeiro de ingredientes. É absolutamente inadiável e necessário que a preservemos para que sempre possamos usufruir de suas cores e sabores. Para que sempre tenhamos Castanha do Pará no pesto, beijus em vez de torradas de pão, pimentas aromáticas em nossos peixes, risotos feitos a partir de arroz vermelho ou advindo de plantações nativas. É uma riqueza impressionante a que temos aqui! Que tal valorizar as produções (e os produtores) locais, fortalecendo essa cadeia produtiva e – de quebra – como resultado final, ainda ter um produto genuíno (e com história) para degustar? O que vem de fora pode ser bom, mas o que nasce aqui dentro... que é seu, que fala às nossas origens, ah, esse é muito melhor!


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Lorena Filgueiras

Chef

do ano

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Manu Buffara está com tudo e não está prosa: foi considerada pela imprensa estrangeira especializada, “a próxima grande estrela da Gastronomia brasileira”, abriu seu primeiro restaurante em Nova York e, de quebra, acaba de ganhar o prêmio de “melhor chef do ano”, concedido pela Prazeres da Mesa. Seu restaurante, Manu, localizado em Curitiba, também abocanhou a premiação de “melhor restaurante”, provando que há vida gastronômica de (alta) qualidade fora do eixo Rio-São Paulo.

A

graduação em Jornalismo demorou. Foram sete anos, segundo os cálculos de Manu Buffara, nossa entrevistada, até que pudesse segurar o (nem tão) esperado canudo. “No meio disso [do curso de Jornalismo] tudo, morei fora, fiz estágio em hotéis e restaurantes, trabalhei em uma estação de ski e acabei ‘caindo’ na cozinha. Foi muito mais por necessidade, no começo, mas depois se tornou uma paixão. De volta ao Brasil, meio que já decidida a mudar de curso, meus pais foram contra, até porque não tinha esse glamour todo que tem hoje e meus avós me ajudaram a ir para a Itália. Lá foi que fiz o curso de Gastronomia”, resume. O período no velho continente foi extremamente prolífico para a jovem chef, que passou por algumas casas, dentre elas, o renomado NOMA [considerado um dos melhores do mundo, na Dinamarca]. Aos 23 anos, Manu comandava uma brigada enorme de uma cozinha de hotel – seu primeiro emprego já na área – e onde ficou por 4 anos. De volta ao Brasil, não teve quem a conseguisse demover da ideia. Abriu o Manu, restaurante localizado no elegante bairro do Batel, em Curitiba, onde atualmente reside. O sotaque paranaense é tão forte quanto a personalidade de Manu Buffara. »»»

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Nascida em Maringá, filha de agricultores, teve no pai sua principal referência na condução de seu negócio, ironicamente a figura que mais se opôs à carreira na cozinha. “Quatorze anos atrás, ele não enxergava futuro na profissão. Ele pensava: ‘poxa, criei minha filha para trabalhar em cozinha?’”. É importante que à esta altura do texto, eu revele a vocês que conversei com Manu enquanto ela corria pelo aeroporto Afonso Pena. “Não desliga. Vou passar pelo raio-x agora, mas fica firme na ligação, tá?”, ela pediu. “Curiosamente, você perguntou do meu pai e estou indo para Maringá agora, para um evento lá da cidade e vamos trabalhar juntos”, revelou. Nem preciso dizer que o pai morre de orgulho da carreira da persistente Manuela. Por ser agricultor, foi com ele que ela aprendeu a valorizar todos os elos (dos menores aos maiores, mais expressivos) da cadeia dos pequenos produtores rurais – figuras muito presentes no cotidiano de quem vive no Sul do país. “Sempre tive uma conexão muito forte com a terra – e nem falo só pelo restaurante, mas pelo estilo de vida: como o alimento pode mudar, construir, operar revoluções na vida de alguém”, afirma. E ela não fala da boca pra fora, não: Manu Buffara é madrinha de um projeto que disseminou hortas urbanas em Curitiba e, por meio dessa intensificação da relação, ela tem um contato mais pessoal com os moradores do entorno... para não mencionar a ‘descoberta’ (disseminação) de sabores que, por inúmeras razões, foram ficando ausentes do paladar cotidiano das pessoas. “Ao contrário de vocês [do Norte], o Sul do Brasil não tem muito mais coisas a serem descobertas, ainda assim, ‘descobri’ o tucum, que é da Mata Atlântica; a banana-fruto... acabo trabalhando com biólogos, botânicos e, juntos, eles me possibilitam levar esses ingredientes para dentro do meu restaurante. Para além dos ingredientes, descobri histórias e isso me encanta muito! As pessoas precisam conhecer sua terra, sua história e cultura”. Ao falar do Manu, sou surpreendida, de cara, por uma informação. Quase 100% da produção interna do restaurante são feitas do zero... inclusive o tucupi. Para quem é paraense, a informação deve surpreender, porque sabemos [melhor que ninguém] a trabalheira que é extrair o sumo da mandioca, que é colhida, lavada, ralada, espremida em um tipiti e, posteriormente, fermentada, cozida. Ufa! Boa parte de nós recorreria a uma das bancas no mercado do Ver-O-Peso, afinal, esta-

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mos geograficamente mais próximos. Mas no Manu... bem, ele é feito no frio de Curitiba. “Não sou daí [do Pará] e não tenho tucupi aqui. Meu conceito, no Manu, é de que o alimento não viaje muito, para que possamos fazê-lo aqui. Temos um fermentado aqui, que se chama ‘manipueira’ [por aqui, é a primeira água – tóxica pela alta concentração de ácido cianídrico, obtida a partir da mandioca ralada], um suco da mandioca, que é fermentada. É a partir dessa ‘manipueira’, que é mais clara que o tucupi de vocês, que eu faço o meu próprio tucupi. Tempero com alho, coentro, um pouco de jambu, que é daí da região. É mais ou menos isso. Aqui eu chamo de tucupi, porque a técnica é parecida, mas sei que o resultado final é bem diferente”, explica. Manu esteve em Belém algumas vezes, à convite, inclusive do Ver-O-Peso da Cozinha Paraense. “O sabor do pato no tucupi não me sai da cabeça”, confidenciou. “Da Amazônia, o que me impressionou mais foram as formigas. No Pará, impressionante é o tucupi, sem sombra de dúvidas!” Tamanho rigor e primor não são pre-

ciosismos da chef: é filosofia de vida, missão, mesmo. Afinal, comer é um ato político. “Claro que é importante falar para o Brasil inteiro, mas, antes, você tem de ser exemplo na sua cidade. Aqui em Curitiba, iniciamos um projeto, junto à prefeitura, da fazenda urbana, a primeira do gênero, que será lançada agora, em julho [esta entrevista ocorreu no comecinho de junho de 2019] – um centro de tecnologia de alimentação, em que as pessoas poderão vir ver e reproduzir na própria casa, no próprio quintal, transformando a agricultura urbana numa realidade! As hortas urbanas, os jardins... conseguimos incluir esses ingredientes, advindos de hortas e jardins urbanos, nas merendas escolares; inserimos as mulheres de pescadores do litoral neste processo. Temos também o Armazém da Família, uma grande feira para famílias de baixa renda, para que eles possam ter acesso ao alimento de qualidade. Então, eu acho que isso é um passo enorme. Eis meu projeto, além dos meus restaurantes. Precisamos transformar os paladares das pessoas, provendo-lhes de informação e educação”, afirma.

Manu & Ella – Um pouco antes do fechamento da revista LiV, saiu o resultado da eleição da Prazeres da Mesa, considerada uma das mais respeitadas do mundo e referência gastronômica no Brasil, que laureou todo o talento de Manu e a elegeu a melhor chef do país. De quebra, seu restaurante de Curitiba, Manu, também conquistou o prêmio de melhor restaurante nacional – uma surpresa, tanto quanto anunciada, já que a casa foi eleita como uma das melhores da América Latina, em 2018. Uma comemoração que somou-se à inauguração do Ella, primeiro restaurante da chef no exterior, mais precisamente, em NY. “Tenho a felicidade de ter sócios com a mesma visão que eu e se fosse pra ter um restaurante fora de Curitiba, que fosse em Nova York, que é uma cidade que eu gosto muito. Apesar de ter sido um grande passo, foi um movimento muito calculado e pensado. Queria mostrar um pouco do que se produz no Brasil e acredito mesmo que essa abertura de portas não foi só pra mim: trata-se de uma abertura aos brasileiros”. Alguém duvida? »»»

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Receita

Lagostin e Bucho

A chef compartilha conosco uma receita exclusiva, servida no Manu e no Ella

Caldo de camarão – 1ª parte • 1,2kg de cabeça e casca de lagostin • 200grs de gengibre • 4,2lts de água MODO DE PREPARO: Cabeças de lagostin sem olhos, deixe secar em uma panela com fogo médio, adicione o gengibre picado e a água. Fogo baixo, reduzir um litro de caldo sem levantar fervura, reservar 3.2lts do caldo.

Caldo de camarão – 2ª parte • 1,4kg de camarão com casca e sem cabeça • 50grs de tomilho • 3,2lts de caldo de lagostin que foi reservado MODO DE PREPARO: Bata no liquidificador só o camarão, depois em um recipiente amasse o camarão batido com o tomilho e o auxílio de um pilão ao amassador de legumes. Aos poucos adicione o líquido. Deixe cozinhar em fogo baixo até o camarão ficar todo cozido (mais rosado), sem levantar fervura. Passe numa peneira bem fina e, depois, com o auxílio de um pano fino (tipo uma fralda) use como um coador também para retirar ainda mais as impurezas. O caldo está pronto.

Cebola assada • 1unid. cebola média MODO DE PREPARO: Coloque numa assadeira e leve ao forno com casca para que asse por inteiro, à temperatura de 180 graus, por aproximadamente 1h20. Descasque a cebola, precisamos do miolo mais firme. Cortar ao meio na vertical: deve aparecer como se fossem pétalas, para que possam ser separadas uma a uma.

Bucho • 1kg de bucho limpo e lavado cortados em tiras (molho de 15minutos: mistura de 15 ml vinagre de arroz com 2 lts água). Após esse período, enxaguar e reservar. • 4 unidades de cebolas picadas • 15grs de alho picado • 15grs de salsinha • 15grs coentro • 4 folhas de louro • 20ml de óleo de soja • 3lts de água • Sal a gosto MODO DE PREPARO: Numa panela coloque o óleo, doure a cebola, o alho. Entrar com o bucho até que doure também, acrescentar as ervas, sal e, por fim, a água. Cozinhar em fogo baixo por aproximadamente 2h30. Deve ficar macio.

Lagostin • 1 unid. de lagostin limpo – recheia 2 cebolas • Raspas de ½ limão siciliano • Raspas de gengibre – aprox.. 2,5grs MODO DE PREPARO: Cortar brunoise* o lagostin, temperar com as raspas de limão e gengibre. Reservar o lagostin: vai servir de recheio para a cebola em pétala.

Azeite de coco com café • 200ml de óleo de coco • 40grs de café em grãos • 1 pilão para triturar levemente MODO DE PREPARO: Colocar num saco vácuo o óleo e os grãos de cafés pilados. Levar ao sous vide** por 1hora a 70 graus. Depois colocar num filtro de café para coar.

(*) Corte em brunoise: em tirinhas fininhas, palitinhos bem fininhos. 92 | www.revistaliv.com.br

(**) Cozinhar em sous-vide: cozinhar a vácuo. Colocar o alimento em vácuo apropriado e cozê-lo.



horas vagas | Fox CAPITÃ MARVEL Carol Danvers é uma ex-agente

DVD | Blu-Ray

Direção: Anna Boden, Ryan Fleck

da Força Aérea norte-americana, que, sem se lembrar de sua vida na Terra, é recrutada pelos Kree para fazer parte de seu exército de elite. Inimiga declarada dos Skrull, ela acaba voltando ao seu planeta de origem para impedir uma invasão alienígena, e assim, vai acabar descobrindo a verdade sobre si, com a ajuda do agente Nick Fury e da gata Goose.

NÓS Adelaide Wilson viaja com marido e

Destaque

Direção: Jordan Peele

os filhos para uma praia onde passou boa parte de sua infância. A viagem, planejada para ser um descanso, subitamente se transforma em um pesadelo quando um trauma inexplicável volta a assombrar Adelaide. Ao cair da escuridão, os Wilson terão que enfrentar o mais terrível e improvável adversário: eles mesmos. Do diretor e roteirista Jordan Peele, vencedor do Oscar de Roteiro Original por “Corra!”.

GLORIA BELL Uma mulher de 50 anos e espírito

Dica

Direção: Sebastián Lelio

livre ocupa suas noites buscando amor em boates para adultos solteiros em Los Angeles. Sua frágil felicidade muda no dia em que conhece Arnold. Sua intensa paixão deixa ela alternando entre esperança e desespero, até ela descobrir uma nova força e que agora, surpreendentemente, ela consegue brilhar mais do que nunca.

O GÊNIO A história real de dois homens E O LOUCO que tentam concluir um dos

Cult

Direção: Farhad Safinia

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maiores projetos do mundo: a criação do Dicionário Oxford. Um deles é o Professor James Murray, que tomou a decisão de iniciar o compilado, em 1857, e o outro é Doutor W.C. Minor, que contribuiu com mais de 10.000 verbetes para o dicionário estando internado em um hospício para criminosos. Os dois têm suas vidas ligadas pela loucura, genialidade e obsessão.

Destaque

SOBRE O AUTORITARISMO BRASILEIRO • Lilia Moritz Schwarcz

Os brasileiros gostam de se crer diversos do que são. Tolerantes, pacíficos e acolhedores são alguns dos adjetivos que habitam a mitologia nacional. A autora reconstitui a construção dessa narrativa, que disfarça uma realidade bem menos suave, marcada pela herança perversa da escravidão e pelas lógicas de dominação do sistema colonial. Ao investigar esses subterrâneos da história do país - e suas permanências no presente - a autora deixa expostas as raízes do autoritarismo no Brasil, e ajuda a entender por que fomos e continuamos a ser uma nação muito mais excludente que inclusiva.

Dica

O MUNDO DA ESCRITA Martin Puchner

Uma viagem maravilhosa pelo tempo e pelo globo, por meio de dezesseis textos fundamentais, selecionados dentre 4 mil anos de literatura mundial. Para contar toda essa trajetória, Martin Puchner trata, tanto da narrativa quanto da evolução das tecnologias criativas - o alfabeto, o papel, o códice, a impressão -, que formaram pessoas, comércios e hábitos. A literatura, em suma, moldou nosso mundo, em diálogo direto com o passado e futuro.

Lançamento

BRANCO LETAL

Robert Galbraith

Billy procura a ajuda do detetive particular Cormoran Strike para investigar um crime que acha ter testemunhado quando criança. Embora o rapaz tenha problemas mentais evidentes e não consiga se lembrar de muitos detalhes concretos, há algo de sincero nele e na história que conta. Mas, antes mesmo que Strike consiga interrogá-lo melhor, Billy foge de seu escritório em pânico. Quarto livro da série escrita por J.K. Rowling sob o pseudônimo de Robert Galbraith.

Confira

EU SEI POR QUE O PÁSSARO CANTA NA GAIOLA • Maya Angelou

Racismo. Abuso. Libertação. A vida de Marguerite Johnson foi marcada por essas três palavras. A garota negra, criada por sua avó paterna, carregou consigo um enorme fardo que foi aliviado apenas pela literatura e por tudo aquilo que ela pôde lhe trazer: conforto através das palavras. Dessa forma, ela escreve para exibir sua voz e libertar-se das grades que foram colocadas em sua vida.

Clássicos

O INSTANTE CERTO Dorrit Harazim

Há fotos que alteraram o rumo da história e os costumes da sociedade. Assim, registros da Guerra Civil Americana servem de base para analisar os avanços tecnológicos da fotografia; uma foto na cidade de Selma conta a história do movimento pelos direitos civis; e uma mudança na lei trabalhista brasileira tem como fruto um dos mais profícuos retratistas do país.



TROCA DE SINAIS Ontem fui emparedado pela minha filha adolescente: Pai, você é de direita? O questionamento veio acompanhado de um tom de voz ameaçador, dedo em riste, olhar reprovador, além de outros sinais corporais que poderiam ser traduzidos em: misógino, corrupto, preconceituoso, chauvinista, neoliberal, insensível, coxinha, egoísta, homofóbico e tantos outros adjetivos associados à direita. O ataque surpresa deixoume semiconsciente e tive que me recompor aos poucos até articular as primeiras palavras em minha defesa: Hein? Como assim? Passado o impacto inicial do golpe, usei a retórica como instrumento de defesa e para testar as defesas do oponente: O que você entende por direita? Com a empáfia digna da adolescência e juventude emendou de imediato. Ora, é liberal na economia e conservador nos costumes. Então argumentei, a esquerda teria os sinais trocados, liberal nos costumes e conservador na economia? Sim, não, não, conservador na economia não, nunca somos conservadores, só vocês velhos. Ok, mas então o que seria um liberal na economia e também nos costumes? Peraí pai, isso não existe, ou o cara é de esquerda ou de direita. Filha, o que não existe é direita e esquerda, essa divisão é mera retórica política para dividir o nós e eles, mas nem nós, nem eles sabemos exatamente o que somos diante de limites tão estreitos. O espectro é vasto e complexo, não pode se resumir a questões tão elementares, tipo preto e branco. Há muito liberal na economia que adora uma ajudazinha do Estado, assim como muito esquerdista que não vive sem o apoio de empresas. Da mesma forma, muita gente liberal no discurso social de apoio às minorias agride mulher e filhos e no oposto, pessoas extremamente conservadoras nos costumes demonstram enorme tolerância com os semelhantes. Não existe o 8 ou 80, estamos todos entre 96 | www.revistaliv.com.br

Celso Eluan Lima empresário celsolima2210@gmail.com

esses limites e acreditar que nos unir num extremo para destruir o outro extremo é não entender essas nuanças e ceder aos instintos mais bestiais de confronto e radicalismo que só leva à luta e destruição. Do ponto de vista econômico, o Estado não pode superar o mercado e nem este pode ou deseja eliminar o Estado, ambos devem buscar uma convivência harmônica em busca do bem comum. Isso parece fácil no discurso, mas extremamente delicado em estabelecer e reconhecer limites, por isso é que estamos há 150 anos testando estes limites e talvez precisemos de outros 150. É um exercício em que alguns países já alinharam melhor as atribuições de cada um, em outros é um pesadelo a ser superado, nós estamos no meio desse processo, um pouco perdidos, mas bem melhor posicionados do que há 100 ou 50 anos. E estaremos bem melhor daqui 30, 40 anos, quando você já estiver com minha idade. Não existe fórmula pronta, mas é um processo de avanços e recuos. Na área social e de costumes o embate não deve ser do Estado e mercado, mas somente da própria sociedade, na sua enorme diversidade étnica, religiosa e econômica, há grupos de toda ordem que pregam valorizações de costumes que podem ser ofensivos a outros. E o que hoje é vanguarda, amanhã será establishment e será combatido por uma nova vanguarda, num eterno processo de depuração e acomodação. O que hoje é agressivo para alguns, com o passar do tempo pode se tornar banal, como a minissaia foi no tempo da sua avó, ou o sexo livre que tanto afrontou gerações passadas, ou mesmo a diversidade de gênero, que hoje discutimos e amanhã será assunto superado. Para isso, a participação do governo é minimizar o confronto e estimular a tolerância, afinal ele é representativo da própria sociedade e não uma entidade superior vinda de outro plano. Enfim filha, não me encaixo em nenhum estereótipo de direita ou esquerda, acredito firmemente na força do mercado e da sociedade e no governo apenas como representante do conjunto de atores que ele deveria representar, que é muito maior que o grupo que o elegeu.


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AGI Torre Unitá No dia 30 de abril, a Leal Moreira realizou a AGI do Torre Unitá – uma grande reunião oficial para instituição do condomínio e momento para elucidar dúvidas, bem como dar explicações mais detalhadas aos novos moradores. Na ocasião, os 108 proprietários dos apartamentos participaram da AGI, sob o comando da especialista em administração condominial Mônica Coraini. Antes de sua abertura oficial, os novos condôminos foram recebidos com uma deliciosa recepção e brindes da construtora. A Assembleia Geral de Instalação do Condomínio do Torre Unitá ocorreu no Hotel Grand Mercure e foi um sucesso, com eleição do síndico, por aclamação, da comissão e subsíndico. A eleição, totalmente eletrônica, feita por meios de tokens e dispositivos de segurança, foi conduzida pela SIP. Sobre o Torre Unitá - Com 27 andares e um total de 108 apartamentos, o condomínio contempla 24 itens de lazer e bem-estar, entre eles: academia, sala de artes marciais, brinquedoteca, playground e play baby zoo, churrasqueira, salão de festas adulto e salão de festas infantil. “Tudo no Torre Unitá foi muito bem pensado para dar prazer a quem vai morar aqui. Nós estamos trabalhando com famílias. E famílias precisam de segurança, lazer e têm que gostar de onde elas vivem” destaca André Moreira, diretor de Marketing, Planejamento e Clientes.

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A primeira impressão tem de ficar e ela tem de unir boa imagem a um bom atendimento – e foi pensando nisso que a Leal Moreira convidou a estilista Vivi Hühn para elaborar e confeccionar os novos uniformes da equipe de atendimento da Leal Moreira. Vivi Hühn é uma das estilistas mais talentosas e promissoras do Estado e parceira, de longa data, da Leal Moreira. Em 2013, participou de um projeto da construtora de customização da logomarca para a agenda daquele ano – sendo uma das intervenções artísticas mais elogiadas. Convidada a desenhar e fazer os novos uniformes da equipe de atendimento da Leal Moreira, Vivi não pensou duas vezes. Buscou inspiração em coleções vintage para compor o look. Botões encapados, pesponto (nome da técnica que deixa a costura em cor distinta e evidente, porque o objetivo é esse mesmo: aparecer) e cinto largo em cor laranja – da logomarca da construtora. O tecido, Chanel, em azul da nossa cor, foi o diferencial para dar o ar de alta costura. Sobre Vivi Hühn - Graduada em Letras, com mestrado em Literatura, Vivi, como é chamada carinhosamente pelos clientes e amigos, mal consegue disfarçar o amor pelos li-

vros, mesmo quando o assunto é a costura, paixão que ela assumiu há 15 anos e pela qual ela trocou a promissora carreira como professora. Para compreender um pouco do que se passa na mente incansável desta virginiana, é preciso voltar um pouco no tempo – viagem que só possível por meio das lembranças – quando ela observava, completamente encantada, a avó, Hermelinda (a Doquinha, grande amor de sua vida), fazer vestidos e roupas dos sonhos para suas bonecas. A avó, sua maior referência na costura e na ética, é o único assunto sobre o qual a virginiana falante e risonha fica com a voz embargada. “Sou filha de avó, assumida”, ela se define. Nascida e criada, educada na periferia de Belém, Vivi sempre teve motivos para sonhar. A avó estimulava isso por meio dos vestidos volumosos e mangas bufantes que fazia para as bonecas da neta. “Quando a avó partiu, partiu algo de mim também. Costurar foi uma maneira de cultivar sua memória e de mantê-la sempre por perto”. Assim, sem titubear, Vivi trocou... ou melhor, agregou sua formação acadêmica à grande paixão de sua vida: dona Doquinha. E nascia a Viví, que ao contrário do que muitos possam pensar, não é uma referência ao apelido da estilista. “Trata-se da conjugação do verbo ‘viver’, por toda a história que me precedeu e que faço questão de continuar a levar”, ela explica.

Foto: Estúdio Tereza e Aryanne

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Vivi Hühn estudou costura na seleta Esmode, em Paris. A paraense, aliás, é uma das poucas brasileiras a terem sido convidadas para estudar na respeitada Instituição.

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Novas histórias começam no Torre Unitá Leal Moreira entrega seu 38º empreendimento em um coquetel de celebração com os proprietários No local, havia apenas um tapume delimitando o espaço. Mas foi o suficiente para despertar os sonhos da bancária Izabel Souza. Ela, que morava em um edifício que fica atrás do terreno onde seria construído o Torre Unitá, acompanhou, da sua janela, acompanhou todas as etapas da obra, desde a fundação até o momento em que os 27 andares foram erguidos. E, quando entrou para conhecer a unidade decorada, teve a certeza de que queria viver ali para sempre. “Eu estava grávida e buscávamos um apartamento maior. Acompanhamos a obra toda. Gostamos muito da localização e da área de lazer. Mas quando, vimos o apartamento decorado, nos apaixonamos e confirmamos que queríamos criar nosso filho aqui”, conta. Izabel e o marido, Augusto Marinho, chegaram cedo ao coquetel de entrega do empreendimento e aproveitaram toda a programação. “Esse champanhe é merecido! Essa é uma noite de grande comemoração”, celebrou a proprietária. Após o brinde, Augusto completou que “escolheu o Unitá para ser o lugar onde vamos criar as nossas crianças: o Augusto Filho, que já está com seis anos, e a segunda, que teremos no futuro. Queremos envelhecer, juntos, aqui”. Assim como eles, várias outras famílias se reuniram no dia 06 de maio, no próprio edifício, para celebrar a entrega oficial do empreendimento aos 108 proprietários. Nem a chuva foi capaz de ofuscar o brilho da noite e dos sorrisos de plena satisfação dos futuros moradores. Arthur e Andreza Rocha não escondiam a satisfação. Atraídos pelo espaço dos apartamentos, eles encontraram muitos outros diferenciais no Unitá. “Nós gostamos de receber muita gente em casa. Costumamos reunir amigos e familiares com frequência. Por isso, estávamos procurando um apartamento maior. E esse foi perfeito”, conta o médico, Arthur. Mas a família também se apegou a outros detalhes do empreendimento. “O Arthur é apaixonado por churrasco. Foi crucial para a nossa escolha a opção de ter a churrasqueira integrada à sacada gourmet. Assim, ele vai poder usar sempre que quiser, a hora que quiser. Nós apostamos na história da construtora Leal Moreia e na qualidade que vimos em seus outros empreendimentos. O resultado não poderia ser melhor. Ficamos muito satisfeitos”, declarou Andreza, que é contadora.

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Salão de festas adulto

Izabel Souza, Augusto Filho e Augusto Marinho

Arthur José, Andreza Cristina, Andreza Maria e Arthur Rocha


Estrutura completa – Localizado em endereço privilegiado do bairro do Umarizal, o novo Leal Moreira possui apartamentos com 143m² (cada um com três suítes), em uma das áreas mais valorizadas de Belém. O edifício fica na Rua Antônio Barreto, entre 9 de janeiro e Alcindo Cacela. Com 27 andares e um total de 108 apartamentos, o condomínio contempla 24 itens de lazer e bem-estar, entre eles: academia, sala de artes marciais, brinquedoteca, playground e play baby zoo, churrasqueira, salão de festas adulto e salão de festas infantil. “Tudo no Torre Unitá foi muito bem pensado para dar prazer a quem vai morar aqui. Nós estamos trabalhando com famílias. E famílias precisam de segurança, lazer e têm que gostar de onde elas vivem. Assim como os outros, este foi um empreendimento que fizemos com muito carinho e estamos com muito orgulho de entregar dentro do tempo estabelecido lá no início da obra”, destaca André Moreira, diretor de Marketing, Planejamento e Clientes.

Piscina adulto com raia

O Torre Unitá é o 38º empreendimento entregue pela Leal Moreira, ao longo de 33 anos de atuação no mercado paraense. Se levarmos em consideração o número de edifícios construídos nessas mais de três décadas, a construtora levantou e concluiu 48 torres. “Entre 2018 e 2019, a empresa entregou, contando com o Unitá, 4 empreendimentos (8 torres), que somam quase mil unidades habitacionais, demonstrando todo o fôlego da construtora e potencial de trabalhar incansavelmente, mesmo com o cenário de crise mundial. São números que falam por si e que mostram e comprovam: a Leal Moreira cumpre o que promete”, afirmou André Moreira.

Living do apartamento decorado

Cozinha do apartamento decorado

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intitucional - LM Toda a qualidade e responsabilidade que são a marca da Leal Moreira foram os fatores determinantes para que a médica Nádia Pantoja e seu filho, o advogado Mário Mansour, adquirissem unidades no Torre Unitá. Ela comprou uma e ele, outra. “A localização é maravilhosa. Mas o nome da construtora, em si, pesou bastante para a nossa decisão de comprar aqui”, afirmou Nádia. Com a possibilidade de morar bem perto da mãe, o filho revela que não pretende se mudar do Unitá. “O empreendimento oferece uma combinação perfeita de preço e localização. Não quero sair daqui, gostei muito do apartamento, do acabamento, de tudo. Superou as minhas expectativas”, declarou Mário Mansour.

Construtora com nome e sobrenome

Na opinião do diretor André Moreira, entregar um empreendimento no prazo e superar as expectativas dos clientes é um desafio para qualquer empresa. “É isso que a gente busca todos os dias, honrar os nossos compromissos e lançar novos diferenciais no mercado. Estamos muito felizes com o resultado que alcançamos com o Torre Unitá. A satisfação dos proprietários é a maior retribuição que a gente poderia ter. Os moradores estão muito felizes, isso não tem preço. Ver o sorriso nos rostos deles é o nosso combustível para seguir buscando fazer o melhor nesse negócio, continuar construindo e realizando sonhos”, concluiu. Ruth e Ricardo Souza

Marlúcia Carneiro, Ayrton Carneiro e Ayrton Carneiro Jr.

Thalita e Wanildo Torres

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Check-list

obras Leal Moreira TO R R E

P ROJETO

L A NÇA MENTO

FUNDAÇÃO

ESTRUTURA

FECHAM ENTOS

ACABAM EN TOS

FASE D E ENTR EGA

SE U L E AL MO R E I RA ESTÁ P R O NTO

Torre Lumiar 2 ou 3 dormitórios (1 suíte) • 78m2 e 106m2 • Av. Roberto Camelier, 261 (entre Rua dos Tamoios e Rua dos Mundurucus)

Torre Unitá 3 suítes • 143m2 • Rua Antônio Barreto, 1240 (entre Travessa 9 de Janeiro e Av. Alcindo Cacela)

Torres Floratta 3 e 4 dormitórios (1 ou 2 suítes)• 112m² e 141m² • Av. Rômulo Maiorana, 1670 (entre Travessa Barão do Triunfo e Travessa Angustura)

Veja fotos do andamento das obras no site: www.lealmoreira.com.br

mês de referência: maio de 2019

em andamento concluído

• PROJETO = elaboração e aprovação de projetos executivos. • LANÇAMENTO = apresentação e início da comercialização do empreendimento. • FUNDAÇÃO = execução de fundações. • ESTRUTURA = execução de estrutura de concreto armado. • FECHAMENTOS = execução de alvenarias/painéis externos e internos. • ACABAMENTOS = execução de revestimentos de argamassa, revestimentos cerâmicos (piso e parede), esquadrias e pintura. • FASE DE ENTREGA = paisagismo, decoração e início do processo de entrega com as vistorias. • SEU LEAL MOREIRA ESTÁ PRONTO

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Acompanhe o andamento do seu Leal Moreira em nosso site ou acesse o link por meio do QR Code abaixo:



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Check-list obra Elo

TO R R E

P ROJ ETO

L A NÇA MENTO

FUNDAÇÃO

ESTRUTURA

FECHAM EN TOS

ACABAM ENTOS

FASE D E ENTR EGA

SE U L E AL MO R E I RA ESTÁ P R O NTO

Terra Fiori 2 quartos • 44,05 a 49,90 m2 • Tv. São Pedro, 01. Ananindeua. mês de referência: maio de 2019

em andamento concluído

TORRE JASMIM - SELADOR E JANELAS

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TORRE GARDÊNIA - SELADOR E JANELAS

TORRE BROMÉLIA - SELADOR E JANELAS

TORRE VIOLETA - SELADOR E JANELAS


CONFIRA UM DEPOIMENTO COMPLETO:

MACHIDA

RESPEITO

EDUCAÇÃO

DISCIPLINA

GERAÇÕES HERANÇA

DISCIPLINA

CAMPEÕES BRASILEIROS JKA • 2019

TV. QUINTINO BOCAIÚVA, 1657 - NAZARÉ, BELÉM - PA, 66035-190 LIGUE AGORA: 91 32246859



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