Pelos Bares do Paraná

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Pelos Bares do paraná

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2a ED IÇÃO E di t o r a E c o c id a de



Pelos Bares do paraná

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2a ED IÇÃO E di t o r a E c o c id a de


Copyrighte C 2011 Editora Ecocidade Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo mecânico, eletrônico, reprográfico, etc, sem a autorização dos autores, salvo para citações em críticas e artigos de reviostas e jornais.

Concepção do Projeto Editora Ecocidade Pesquisa Norberto Staviski Bernardo Staviski Texto Norberto Staviski

Impressão Gráfica XXXXXX

Edição de Arte Bernardo Staviski

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Logo patrocinadora

Fotografia Bernardo Staviski Saulo Haruo Ohara Arquivo Revista Paraná&Cia Fotos Históricas: arquivos familiares e pessoais dos entrevistados

Apoio


Homenagem Este livro é uma homenagem da Editora Ecocidade, e da (patrocinadora) a estas pessoas que, com sucesso ou não, abriram as portas de seus corações para abrigar fugitivos da solidão, desabrigados da vida, posseiros das ruas e avenidas, órfãos da liberdade de conversar, discutir ou contestar e também o simples transeunte, o que passa anônimo e fugidio como uma sombra. É nossa homenagem aos donos de bares que exerceram sua escolha profissional com paixão, que criaram ou mantiveram acesos os faróis das madrugadas e, sobretudo o espaço democrático e sadio do debate não oficial de onde brotam as faíscas que se transformam em calor ou energia forte. Um bar pode tanto ser o ponto de partida como o final de uma boa ou de uma má idéia. Não importa. No velho jogo da vida, é apenas um dos campos onde se desenvolvem muitas das batalhas que fazem a existência valer a pena ou doer um pouco menos. É um espaço fundamental em todas as culturas que merecem atenção da história por não permitirem que o ser humano seja distorcido ou escravizado. No fundo, é um lugar tanto para os que não têm aonde ir como para os que estão recheados de escolhas. Enquanto lá fora há brigas, num bar há encontros.



Agradecimento (patrocinador) Obis reperuptaspe nos idit, in nonserspero ipsande simolore labo. Porem dolestin non nobitat ecerspiendis eatus alis ne parumquibus idunt, sit quam eatibus del imodis que es veliquunt volore occat officiunt ex experum que illorepedi auta dolor asse omnis ium fugit, tem sum este con num que ea aut verunt quidelest, sunt a quost ani dolorum ea volorest laborem nem aliti sitat. Cia dolorpo restiorem auta esciaeperum aut odit dolor magnihil id et qui rem arcia volupic iisitaque sitae cumquae mi, solore liqui dolorep ereperf eribus aut ut dolorit, cum endanitem aut ex et mi, officiendunt iur aut volo iuntiur? Fuga. Nequam, offictempor solupta tatquae dit as minciis velignis dolessitas nonsequid moluptatur? Quis aborrum experem eost, quat estotat empedigenime venda quam sintur sam seque dolectibusam exceprovidus atur se non eost etur alibus, cuptaspit rerum rendist rumquiae nam net, quid maio. Fugit postrumquat accumet earcianis nonsend endero ipsunt poreiure aut explis estiorate nis desto dolest, que prata num quod es exces et pa volest, ut doloriatem et quiant int voluptat aut eatentem eaquos nustrum qui consequam con por ad que pratesti te voloremquia sum quibusaero quo tem coribeatus re non coriorem atque repratia ium re re ex ex eaqui aut vel et peligen imporpore seris expellante velest volupta tenimpe rnatias peribusandi tet occus alitasp eriandi officiet pore idenis et et ut omniti blaut elenimin eturiassit, quo velescime cuptur a nonsequi id utemolorum aboreici aut abore voloreroviti idi adit, te pla sitis molessi nullaccumquo qui nis reperis perum ra sa seque mos volorerspis quis reicia enti qui optate vendis quidips



Pelos Bares do paraná

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sumário Introdução

10

Norte

70

Botequím, refúgio e domicílio

12

Bar Brasil

75

Bar do Rafa

80

Capital

14

Bar do Vermelho

85

Armazém santa Ana

17

Bar Mercearia Mercado Guanabara

100

Bar Botafogo

22

Car Wash chopperia

105

Bar Brahma

25

Kawa

110

Bar do Alemão

30

Valentino

115

Bar do Dante

33

Vilão

120

Bar do Edmundo

10

Bar do Pudim

19

Oeste / Sudoeste

125

Bar dos Passarinhos

10

Bar Cantu

130

Bar e Restaurante Palácio

12

Bar Estrela Vermelha

135

Bar Lusitano

14

Bar Mignon

17

Bar Havelino Zanoni (Bar do último Gole)

140

Bek´s Bar

19

Brasinha

145

Bife Sujo

20

Casa do Pescado

150

Casa Velha

22

Giraldi

25

Litoral

155

Hermes

30

Bar do Ari

160

Kapelle

35

Caçarola do Joca

164

PickNick Bar

40

Deck

175

Roxinho Esporte Bar

45

Silzeu´s

50

Centro / Sul

180

Stuart

55

Bar do gerson

195

Tartaruga

60

Zezito’s Bar

65

Choperia do Tito (Bar Deliciosa)

200

Pigalle

210

Sete gatos

235

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Introdução Um bar tem de estar ali, no lugar onde a gente conhece, ou que nos indicam, sempre que a gente precisa dele. Talvez essa seja a melhor definição para as utilidades cultural, psicológica, terapêutica, além de dezenas de outras a escolha do freguês, que um bar tem de possuir. Não existe maior decepção na vida do que receber a indicação de um lugar maravilhoso, com essas e àquelas atrações e... Quando se chega lá... está fechado. No lugar dele há um templo evangélico, estacionamento, casa de massas ou uma boutique de uma nouveau riche. Isso é pior do que encontrar bilhete da namorada ou da mulher indo embora. Alguns bares nunca poderão ser substituídos. Um bom bar nunca fecha, nem envelhece. Muda tão imperceptivelmente que a gente não nota. E nele as gerações se renovam. Um bom bar é a cara da cidade onde eles estão localizados e abrigam a fauna noturna, a fauna diurna, gente de todas as horas que somente precisa de espaço para ler um jornal tranqüilo, fumar um cigarro onde ainda se pode ou tomar todas em nome tanto das comemorações como das decepções do dia-a-dia. Coitada da cidade que não possui um bar com essas qualidades, seus plenos poderes e seu ambiente democrático. Provavelmente pode ser riscada do mapa e ninguém se lembrará dela. Acho até que deveria ter um bar ao lado do Congresso Nacional em Brasília para melhorar a qualidade das discussões sobre os rumos do país. Sim, porque como diz Milton Nascimento numa de suas maravilhosas canções: “nada de novo existe neste planeta que não se fale aqui na mesa de bar...” Pois é. Vou um pouco além. Não existe nada que não seja possível

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resolver na mesa de um bar. Assim os políticos poderiam brigar no Congresso e fazer acordos no bar... Bem, mas um bar pode ter apenas a música maravilhosa de dezenas de conversas bailando no ar sem nunca atravessar, se tocar ou se confundir ou pode ter um cara num banquinho dedilhando no violão alguns acordes a lá João Gilberto. Acima de tudo, é bom porque é um lugar em que se pode conversar. Um bom bar, portanto, não precisa de muitos motivos para ir-se lá. Ele está lá, sempre e simplesmente nos aguardando. Suas mesas podem estar vazias ou cheias. Dizem que um lugar assim tem de ser uma extensão da sala de visitas da nossa casa. Acho que mais do que isso. Tem de ser a extensão da sala de visitas da casa da nossa mãe. Talvez um útero primordial para onde sempre pretendamos voltar um dia e aonde sempre encontraremos companhia, calor e abrigo, amigos e mesmo a própria solidão, quando a gente precisa somente dela e de mais um copo. Bares assim eu os encontrei em várias cidades do Paraná. Alguns ficaram de fora até porque são bons bares mas ainda muito recentes pelos meus critérios de tradição e antigüidade. Peço desculpas a esses. Talvez numa próxima edição eles figurem se continuarem lá, no mesmo lugar. Os que constam desse livro são bares com pelo menos 20 anos e um bom acervo de histórias sobre sua própria existência. A minha sugestão é a de que eles sejam “tombados” por suas respectivas cidades para que não corram nenhum risco. Norberto Staviski

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Botequim, Refúgio e domicílio Essa é uma breve história da locanda onde os templários faziam as conjuras e curtiam os segredos; hoje uma simples e desmemoriada bodega ou botequím, mas lugar em que persiste a clandestinidade e ainda é possível a sabedoria. Desde o desajeitado encosto ao balcão para reconforto de um gole e uma virtualha, só o insuperável fiel de bar ainda está conformado na adesão ao local, à condescendência do bodegueiro; até a expiação do desconforto. Então, existem mesmo assim espaços para tais comunidades desamparadas de residência própria. Entretanto, acomulados costumes e capital, no botequim foi diligentemente separada uma edícula de tabernário, onde a fabulação constrói espaço para o mundo de mínimas utopias e extemporâneos fervores; convividos em promíscuas discreções. Dali os cânticos e os chamamentos à melancolia puxam os menos felizes para o limbo do consumo. Tudo começou como necessária estalagem: de comer, beber, negociar e hospedar tardegos; transformou-se em taberna, onde varejo de bebida e comida saciavam as fomes, sob o preço de todavia potencializar vícios; com eventual mas não consagrado direito de recostar a cabeça à mesa para breve reposição de ânimo. Um espaço que se ocupa de consumação: alí é imperioso

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beber para ficar, ainda que o taberneiro faça ares de amigo displiciente; mas o que na verdade importa é essa arquitetura de um novo domicílio, a residência sem obrigações nem fingimentos; na possível relutância aos impostos do dia. Não é necessário confessar: todos estão à procura mais do seu igual ou de sombra gêmea do que de um circunstante. Aquilo é, sim, uma despensa de expectativa e ofertórios, onde a evolução dos vaporios etílicos acompanha os lerdos movimentos, mas em que então o sonho se materializa num velamento do olhar. E é um estranho lugar público não contaminado pelo público, pois que se constituiu em uma comunidade de sofrimentos e esperanças tácitas. Entrementes, pode ser tão-só um domicílio onde o estatuto seja o respeito ao rumor de silêncio coletivizado , sem obrigações a cumprir, em tom convencionalmnete baixo, que só eleva o volume porque muitos falam ao mesmo tempo e é preciso sobrepujar as vozes. Ou seria a uma dispersa confraria um lugar de recolhimento do espírito aguilhoado, daqueles que têm ainda assim discreta esperança de chegar ao convencimento, venha de onde for. Viva o Botequim! José Luiz Gaspar

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Bares da Capital Para um povo que possui um dialeto próprio com o “e” final das palavras bem pronunciado, e palavras estranhas como “scaps”, “vina”, “dolé” ,”setra”,e o hábito de telefonar antes de visitar qualquer pessoa, além de convidar os outros para “passar lá em casa” e nunca dar o endereço, até que os bares curitibanos não são tão diferentes assim. As diferenças são sutis: o nativo prefere bares fechados e com boa comida, talvez porque a cidade tem um clima de arrepiar qualquer viajante, ao ponto de se ter as quatro estações do ano num mesmo dia. Há de se ter o cuidado de verificar o horário de funcionamento porque alguns “clássicos” como o Stuart fecham cedo. Outra mania herdada dos anos de 1950 é o fato de alguns bares ainda não aceitarem mulheres desacompanhadas, como o Bar Palácio, ou tratarem muito mal quem se arrisca. Folclore à parte, Curitiba ganhou nos últimos anos dezenas de novos bares com caras de antigos, confortáveis, tão bem decorados que chegam ser bonitos mesmo envelhecidos artificialmente. E a capital merece. Se há um povo que ama de paixão um bar, pela falta de um mar, é o curitibano. Capital 15


Stuart

O B a r m a i s a n t i g o de C u r i t i b a é c e n t e n á r io O Bar Stuart completou 107 anos em 2011. Contam-se nos dedos as empresas paranaenses que conseguiram chegar tão longe. De 1904, quando foi aberto na Rua Comendador Araújo, no Centro da capital paranaense, aos dias de hoje, ocupou três endereços. Ainda na década de 1920, mudou-se para um sobrado que existia na esquina da Avenida Luis Xavier e a Rua Voluntários da Pátria, onde atualmente está o Edifício Hauer. Em 1954 veio ocupar o local onde está até hoje: o imóvel construído em 1930 pela família Boscardin, na esquina da Praça Osório com a Alameda Cabral. Nem sempre foi bar. Nasceu como confeitaria, anexo a um colégio na Rua Comendador Araújo, mas logo ascendeu a divisão principal, ao que realmente interessa. Ponto de encontro de políticos, entre eles muitos ex-governadores, jornalistas e profissionais liberais, o Stuart é parte da história boêmia de uma Curitiba que andava de bonde puxado por mulas

quando o bar abriu, e que viu Getúlio Vargas, na década de 1950, em campanha presidencial, discursando para milhares de pessoas no terraço do Braz Hotel, a poucos metros do bar que ficava na esquina próxima. Dá para imaginar o que suas paredes ouviram nestes anos todos. Além dos conchavos políticos, a maioria dos grandes negócios envolvendo empresas da era pré-televisão e pré-internet começava nas suas mesas. Sim, nada de novo saia para as ruas sem antes passar pelas mesas do Stuart com seus prosaicos jogos de porrinha. O tradicional jogo de palito acabou, mas o bar ainda mantém muitas de suas tradições. O Stuart é dirigido por Dino Chiumento, um italiano de Veneza que desembarcou no Brasil com a família ainda nos anos 1930. Ele manteve o sorteio de porções de petiscos, a partir da venda de rifas, e também o carro-chefe da casa: testículos de touro, com a fama de supostamente serem afrodisíacos, acompanhados Bar Stuart 16

Na lista telefônica que circulou em 1935, quando ainda se grafava “Curityba”, já há referência para o Stuart, ainda uma confeitaria localizada no número 140 da avenida João Pessoa.


Segundo da esquerda para a direita, Dino Chiumento, o atual proprietário, posa para foto na entrada do Bar Stuart ainda como funcionário, na década de 60.

Bar Stuart 17


Animado encontro de jornalistas e polĂ­ticos no Stuart em uma ĂŠpoca em que o bar concentrava toda a vida intelectual e empresarial da capital paranaense.




À esquerda, a fachada atual do Stuart, numa das esquinas da praça Ozório, onde ainda é ponto de referência, perto da Boca Maldita. À direita, o proprietário já manejava com maestria a choppeira nos anos 70

Cardápio peculiar: O famoso Testículo de Touro, servido desde os primórdios do bar é uma das atrações até hoje no local.

de chopp bem gelado, tirado com maestria da chopeira de porcelana. “O Stuart fica numa esquina que, no passado, já foi do pecado”, diz Dino num tom jocoso, numa alusão às desaparecidas boates que existiam na região e fizeram história, o que levou inclusive seus antigos proprietários, os irmãos Mehl, a impedir o ingresso de mulheres desacompanhadas no local. A solução foi fechar a casa mais cedo, sempre por volta das 23 horas, tradição que perdura até hoje no endereço lembrado pelas generosas porções de dobradinha ao molho, ou das fritadas de lambaris e cascudos; e ainda de frango a passarinho e coelho, além dos onipresentes quibes, bolinhos de bacalhau e a clássica carne de onça – broa preta úmida coberta com carne moída crua bem temperada e muito cheiro verde. Os tempos mudaram Os tempos mudaram. Hoje famílias inteiras ocupam ruidosamente as mesas do Bar Stuart 21

Stuart aos sábados, numa espécie de happy hour que antecede à hora do almoço. São freqüentadores que batem ponto no Stuart há mais de 30 ou 40 anos e que trazem consigo netas e netos para manter a tradição. É nessa hora do rusch que se realiza a maioria dos sorteios das porções aos brados do “vai correr” proferidos pelos três garçons que já são patrimônio da casa. Dino, que chegou ao Brasil aos 14 anos de idade e jamais se naturalizou, é quem dirige um quadro de dez solícitos funcionários. É na própria casa que eles produzem as batidas de coco, limão e maracujá, muito procuradas, a partir de receitas guardadas a sete chaves pelo veneziano de fala mansa. Nas paredes, as fotos de cavalheiros vestindo ternos e usando chapéus, ainda nos anos de 1950, se misturam às placas de guias turísticos e de publicações especializadas que recomendam o bar guindado à condição de justas muitas estrelas. As imagens em preto-e-branco mostram um


Stuart de diversas épocas, ainda cercado por imóveis que desapareceram, dando lugar a novas construções, ou ganharam novos usos. Mas, sempre, tendo como pano de fundo a Praça Osório. Made in Curitiba

mesas cobertas com toalhas plásticas vermelhas, tendo em volta as típicas cadeiras de madeira escura fabricadas em imbuia pela desaparecida Móveis Cimo, comuns apenas nos mais tradicionais e antigos endereços de boêmios.

Além de atualmente o chopp de o Stuart ser saudado pelos connoisseurs como um dos mais bem tirados da cidade, o local foi um dos primeiros bares a vender as cervejas tipo Pilsen da pioneira Cervejaria Atlântica. Poucos se lembram disso: a capital já teve uma fábrica de cerveja genuinamente curitibana. Isso lá pelos anos de 1920, quando a cervejaria, mais tarde adquirida pela Cia. Cervejaria Brahma, estava instalada no bairro do Alto da Glória. O jeito e a tradição de se tirar o chopp, no entanto, se mantiveram: “o chopp deve ser consumido em até três dias, do contrário perde o sabor e envelhece”, ensina Dino Chiumento, enquanto cuida de manter milimetricamente os dois dedos de espuma no alto do copo, responsáveis pelo sabor da bebida. Todo esse cuidado tem sua razão de ser: o chopp, ao contrário da cerveja, não é pasteurizado. Por isso deve ser servido e consumido rapidamente. Não pode ser armazenado por muito tempo. O resultado é que todos os meses cerca de três mil litros de chopp deixam os barris e acabam sendo consumido nas mesmas

Bar Stuart 22

Abaixo, comemoração dos 100 anos de emancipação da Província do Paraná. Até 1853, o Paraná pertencia a São Paulo como uma de suas Comarcas.


Bar Stuart 23


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Hermes

Como o Deus Hermes dos gregos, Curitiba ganhou seu templo, só que musical Não se trata de nenhuma homenagem à figura mitológica do deus Hermes, filho do poderoso Zeus, um dos preferidos dos gregos – e dos romanos, que o chamavam de Mercúrio, com suas famosas asinhas nos pés e a fama de mensageiro veloz e que tem, a seu crédito, a invenção da lira. Mas o Hermes Bar de Curitiba bem que merece a denominação de templo: é lá que se reverencia de forma absolutamente profissional o bom jazz; o blues

e a nossa MPB da melhor qualidade. Sem dúvida, é o melhor ambiente musical da capital paranaense. Não há perigo de erro, seja qual for a atração, ela foi bem escolhida pelo caráter inovador, conhecimento musical e pelo rigor com que seu proprietário Luiz Alceu Beltrão Molento, decide sobre quem se apresenta por lá. Ex-produtor musical e fã incondicional do blues ele salvou o Hermes Bar de um destino cruel. Por forças da aposentadoria do Hermes Bar 24

Caricatura do antigo dono, Hermes Rodrigues, que fundou o Bar em 1961 e se aposentou no anos 80.



fundador do local, Hermes Rodrigues, em 1991, já havia negociação para transformar o ponto numa pizzaria como tantas outras. Com outros dois sócios, Luiz Alceu evitou o desastre e passou a incorporar mais charme, atrações e qualidade musical ao espaço desde então. Também providenciou uma estratégica reforma em 1998, com o que ampliou as instalações para uma capacidade próxima de 300 pessoas em noites de show. Além disso, deu uma cara aconchegante e melhorou muito a acústica do local. O Porão Sagrado O Hermes Bar tem até um “Porão Sagrado” para aprofundar um certo Hermes Bar 26

Noites bem frequentadas. Artistas como hermeto Pascoal e Alceu Valença. quo tem duciam, incto totatio debis earchitiat poratiis eture idellat emperum reri


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destino mítico de mensageiro dos deuses da música. São dois ambientes distintos: enquanto na parte superior pode estar rolando uma música bem calma, boa para se conversar e, voz baixa, namorar ou simplesmente para assistir um belo show, logo abaixo, no “Porão Sagrado”, pode estar em ação uma banda mais barulhenta ou pouco convencional, ou uma singela festa de aniversário. Além disso, por ser um dos locais preferidos pelos intelectuais, jornalistas, boêmios, músicos e publicitários, tem sido palco freqüente de lançamento de livros, palestras

hermes Bar 27

sobre música e até mesmo de encenações de peças de teatro. 50 anos Nos seus 50 anos, o Hermes Bar já teve de tudo até consolidar essa imagem e fama de lugar vinculado à cultura e boa música. No seu início, em 19 de outubro de 1961, quando foi fundado por Hermes Rodrigues, um rodado ex-garçom que andou pelos lugares mais conhecidos da Curitiba da época, numa local distante poucas quadras da mesma Avenida Iguaçu onde está


instalado atualmente, era apenas um bote como qualquer outro. Quando mudou para o número 2.504 da avenida, seu porão chegou a abrigar algumas mesas de sinuca e até mesmo uma inusitada barbearia. Mas foi a inclusão de atrações musicas que começou realmente a fazer a diferença. A ligação de Luiz Alceu com Hermes Rodrigues e o bar se estabeleceu em 1986, quando começou a produzir eventos musicais para ele. Em 1987, o Bar do Hermes era pleno

underground abrigando um festival de música punk que se tornou famoso por dar chance a algumas nascentes bandas locais. Bem, a barulheira passou, mas a filosofia de dar chance aos novos se mantém até hoje, só que a música é mais amena e de qualidade infinitamente superior. Em 1994, já como único proprietário, Luiz Alceu colocou o Hermes na rota das grandes promoções de blues do Brasil com o seu “Banho de Blues” que trazia grandes atrações nacionais e

Hermes Bar 28

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internacionais. Mas a programação é eclética: no mês de janeiro, por exemplo, quando os curitibanos saem de férias, há eventos de música instrumental e o Hermes participa de um roteiro que envolve outros seis bares com uma promoção denominada Semana do Samba. Há outros motivos para ir lá além da programação musical e do ambiente convidativo. O kibe e a carne de onça estão sempre no ponto certo e os coquetéis desenvolvidos pela própria casa como o Língua Solta, Curaçao Head e o Carmem Miranda fazem uma atração à parte, junto com os drinks Ordinário e Ar Refrigerado. O chopp, no entanto, é o forte desde 1998. Como a música da casa.

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hermes Bar 29


Bar do alemão O bar campeão na venda de chope em curitiba A Curitiba multirracial tem um endereço específico para os alemães e seus descendentes desde 1979: o Schwarzwald, em português Floresta Negra, é o mais antigo e tradicional restaurante germânico da cidade, capaz de abrigar até 360 pessoas no mais conhecido e animado endereço do Setor Histórico da cidade, como é conhecida a região do Largo da Ordem, que abriga as edificações mais antigas da capital. Do tradicionalíssimo Eisbein (joelho de porco), ao marreco recheado feito no forno e com complementos, passando pela Bratwurst (lingüiça frita) e pela Weisswurst (lingüiça branca, cozida), a casa gerenciada por Jorge Klettke Tonatto, que em 2011 completou 32 anos, têm motivos de sobra

para atrair não só a fiel clientela curitibana – boa parte dela de ascendência germânica -, como também turistas do Brasil e exterior que hoje transitam pela cidade. Mais conhecido como Bar do Alemão, o ponto de encontro inaugurado em 1979 pela já falecida alemã Ingeborg Rust foi ganhando fama pelos animados encontros que ela promovia no local com convidados integrantes do universo intelectual da cidade, entre artistas, boêmios, jornalistas e professores. Daí por diante, o bar ganhou justificada fama como ponto de encontro capaz de formar grandes filas nos almoços domingueiros e durante a semana, das 19 horas às 22 horas, quando o movimento da casa atinge o auge. “O chopp, servido em calderetas e em canecos é o bar DO alEmÃO 30

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carro-chefe da casa, mas o Submarino, que é uma dose de Steinhaeger (aperitivo à base de zimbro, uma semente usada para preparar um tipo de gim alemão), servido num mini-caneco dentro do chopp, tem a preferência do público”, diz Tonatto. Além do endereço clássico com acesso pela Rua Claudino dos santos, o Bar do Alemão também recebe a clientela pelas portas do Largo da Ordem, no casarão da família Strobel, onde também podem ser consumidos pratos como a Gefûlte Ente (pato recheado e acompanhado de purê de maçã, salada e repolho roxo), o arenque com nata, típica iguaria escandinava que faz o cliente sentir-se um viking, ou mesmo tira gostos bem brasileiros, como os infalí-

veis bolinhos de mandioca e o frango a passarinho. A Floresta Negra dos pratos alemães fica no setor histórico de Curitiba O ambiente é todo ele genuinamente germânico e faz sentir-se em casa quem costuma freqüentar as festas de Munique ou Blumenau como a Oktoberfest: mesas rústicas com bancos de madeira talhada, que convidam o cliente a experimentar os pratos ao som de músicas executadas pelas bandas tipicamente alemãs dos grandes festivais folclóricos europeus. Ao fundo, paredes revestidas de madeira maciça dão à casa um clima único. Tanto na parte externa, onde as mesas estão instaladas sobre paralelepípedos, lugar extremamente agradável nos dias quentes, como nos três

O famoso Testículo de boi... Cum rehenis eicab inulpar umquossum rerumquianis min con non nectin plis dest eveliqu issus. Happy Hour agitado Ao Lado, Tis adi doluptatem non pliasimi, as ape nim

Bar do alemão 35


salões do grande imóvel, que reflete uma Curitiba bucólica dos anos 50. A casa tem orgulho de revelar que é a campeã de venda de chopp na capital paranaense: são consumidos mais de 12 mil litros em média todos os meses do chopp claro, utilizando equipamentos capazes de tirar e servir simultaneamente até 10 chopps de chopeiras instaladas estrategicamente em três locais distintos, além da máquina responsável pela colocação de uma antológica espuma de até dois dedos, obrigatória para que a bebida seja oxigenada e mantenha seu sabor mais autêntico. Ao pedir um Submarino, o cliente se habilita

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a ganhar um brinde a sua escolha entre até 17 minicanecos que reproduzem as bandeiras e escudos dos Estados da Alemanha, ou ainda os 17 principais temas turísticos de Curitiba. Isso inclui a Ópera do Arame, o Passeio Público, parques como o Barigui e o Tanguá, ou mesmo o calçadão da Rua XV de Novembro, o primeiro implantado no país exclusivamente para pedestres. O Spatzle, massa a moda germânica que lembra o gnocchi italiano, as lingüiças acompanhadas de saladas são capazes de satisfazer integralmente até duas pessoas mas há, ainda, um filet mignon com champignon que se tornou uma das atrações do Floresta Negra. O espaço é democrático

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e aberto a todas as tribos e gerações, mas o Schwarzwald tornou-se um endereço obrigatório para quem freqüenta a tradicional Feira de Artesanato, que funciona aos domingos pela manhã no Setor Histórico. Após uma caminhada entre as centenas de barracas que se estendem por diversas ruas e travessas da região onde se preservam os sinais e pequenas lembranças da fundação da cidade em 29 de março de 1693, nada melhor que ocupar uma das mesas da casa – desde que se encontre uma vaga – para degustar as iguarias e bebidas à moda germânica, preparadas em forno à lenha e com sabor único. Para quem vem a Curitiba, seja como visitante ou a negócios, o Bar do Alemão é obrigatório. Ein Prosit!


Bar Brahma Um bar dentro da cervejaria: o sonho de todos Qual o sonho recorrente de todo freqüentador de bar que gosta de um, bom chopp, bem tirado, com o colarinho na medida certa, fresco e na temperatura exata. Bom, um bar assim teria que estar, em primeiro lugar, dentro da própria fábrica para que o chopp não seja balançado nos transporte por caminhões e nem seus barris seja ocasionalmente expostos ao sol. Esse aí seria, portanto, o mais autêntico chopp fresco. Pois bem. Esse bar existe e é o único do Brasil no gênero, instalado há mais de doze anos nas dependências da fábrica da Brahma, num privilégio curitibano, numa feliz iniciativa do empresário curitibano João Guilherme Leprevost e da própria empresa. É uma das atrações da cidade, e seu modelo se disseminou pela capital paranaense de tal maneira que hoje há dezenas de simpáticos, mas jovens empreendimentos semelhantes, espalhados pela área central da cidade e sempre lotados. Cerca de 30% dos visitantes que ocupam

seus mais de 420 lugares são turistas. Mas o Bar Brahma é único e mais do que isso. É um lugar onde João Guilherme colocou em prática muitas de suas idéias de gestão de negócios e muitos dos seus sonhos de administrador. Tanto que é, provavelmente, o único bar do mundo com certificação internacional de qualidade de serviços, a norma ISO 9002. Isso, por si só, já é fazer história num ramo onde é difícil estabelecer um rigoroso profissionalismo empresarial e onde muitos

Bar Brahma 38

Direto da fonte: Com a fábrica da AmBev instalada ao lado, o Bar Brahma dá direito ao chopp mais fresco possível, já que não foi agitado no transporte.





bares fecham depois de décadas pela falta da inevitável sucessão, organização e talento dos proprietários subseqüentes. O Bar Brahma, na verdade, criou uma escola e ajudou a contribuir para que a venda de chopp em Curitiba saltasse das 100 mil toneladas anuais há 10 anos para mais de 300 mil toneladas; ano hoje em dia.

Localizado na esquina da João Negrão com a Presidente Vargas, o funcionamento do bar ajudou a recuperar uma região há muito tempo esquecido.

O bar do futuro com a cara do passado Com tanta inovação, mas com ambiente acolhedor meio pub meio lugar dos anos de 1940, o Bar Brahma é, talvez, uma idéia de como se pode imaginar o futuro da atividade, evitando que muitas histórias sejam simplesmente perdidas para sempre quando se baixam definitivamente as portas de aço numa esquina qualquer. Com seus 28 funcionários muito bem treinados, é uma maneira nova de encarar a atividade, Bar brahma 42


O proprietário João Guilherme introduziu um sistema de gestão moderno na administração do bar, que obteve desde 2002 uma certificação internacional de qualidade de serviços, a ISO 9002.

agregando uma visão empresarial inovadora e não apenas a romântica. Isso talvez impeça que muita tradição seja demolida pela especulação imobiliária e muitos segredos gastronômicos se percam. No fundo, é uma prova de que se podem conciliar ambas as coisas. Por trás deste conceito de se criar um bar profundamente democrático, onde o funcionário e o patrão acabam se encontrando rotineiramente, está João Guilherme Leprevost, que gosta do ramo desde os 14 anos,

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quando começou a promover suas primeiras festas. Pouco depois dos 18 abriu seu primeiro negócio, o bar Banana Brasil, cuja inauguração foi caótica devido à inexperiência do dono. Dalí tirou sua primeira grande lição: a de que era necessário trabalhar em equipe. Em maio de 1998, quando já era relativamente conhecido na noite curitibana e sócio de alguns lugares da moda, começou o seu relacionamento com a Brahma, ao fazer a promoção do lançamento da cerveja Mueller. Até aquele ano ninguém nunca



imaginara utilizar o espaço existente na fábrica da empresa, uma construção antiga, na esquina da Rua Getúlio Vargas com a João Negrão e os planos para o local, inclusive, eram outros. Naquele mesmo ano a fábrica convidou alguns empresários da noite curitibana para visitar o lugar transformado numa boutique de varejo. A visita foi fatal para o projeto. Os convidados foram unânimes em apontar que ali era o lugar ideal para se instalar um bar e não uma boutique. Em outubro de 1998 a Brahma, atual AmBev, convenceu-se disso e convidou João Guilherme para uma de certa forma audaciosa parceria. A região não tinha qualquer tradição de vida noturna e estava em decadência. “A gente chegou à conclusão, com auxílio de algumas pesquisas, de que

Turismo boêmio: atualmente 30% dos frequentadores do bar são turistas que visitam Curitiba já que a cidade um importante centro de eventose sede de grandes empresas multinacionais Bar brahma 45

teria de ser um bar tradicional, tipo botequim mesmo, completamente aberto ao público, sem cobrança de entrada ou e qualquer consumação”, lembra ele. O nome surgiu num zás, já que estava instalado na própria fábrica. Para a decoração foi utilizada muita coisa antiga que existia na própria indústria, até porque ela está funcionando no mesmo lugar onde resistiu por algum tempo a cervejaria Atlântica, comprada pela Brahma nos anos de 1940, e que desde 1920 produzia uma legítima cerveja tipo Pilsen curitibana. A empresa gostou tanto do projeto que acabou financiando 20% do total necessário para sua implantação. E a fórmula deu tão certo que, até hoje, o que o bar mais vende é a onipresente carne de onça e as tirinhas de picanha. O mais puro DNA


de botequim, portanto. Inaugurado em 5 de abril de 1999, o retorno do investimento foi rápido e até hoje o local se mantém como um dos dez que mais comercializa chopp em Curitiba. Nos primeiros oito meses de funcionamento, João Guilherme deu expediente integral, das 12 horas até as 2 da madrugada, trabalhando como maitre. Começou a treinar e formar sua equipe e chegou mesmo a instituir a figura do “cliente espião” aonde, a cada três meses, um grupo de 60 pessoas freqüenta o bar para avaliar os requisitos básicos de operação como banheiros limpos, porteiro, cozinha, bebidas, atendimento, etc. E também, um sistema de auto-avaliação, onde cada empregado avalia seus demais colegas. Atualmente, caso seja necessária, a demissão de algum deles é realizada pelos próprios funcionários. “É o primeiro bar de que se notícia onde há gestão participativa”, diz João Guilherme. Há cinco anos, depois de quase o mesmo tempo de negociação com a fábrica, ele conseguiu com a AmBev a ampliação do bar que aumentou sua capacidade de 300 para 420 lugares. Um velho depósito ao lado foi transformado num salão com 120 lugares onde podem ser realizados eventos e lançamentos, simultaneamente

ao funcionamento normal da parte mais antiga e que é aberto somente a partir das terças-feiras. A ampliação permitiu a criação de novos projetos como uma “Feijoada de Inverno” que é servida de maio a outubro e muitas outras atrações. Em 2009, o bar foi “repaginado” com algumas mudanças importantes como o reposicionamento dos banheiros e a do piso que foi inteiramente trocado sem que o bar fechasse um único dia. “Quando o último cliente saia à gente recomeçava a obra”, conta o proprietário. Mais do que uma fórmula de sucesso e um modelo para outros empreendimentos do gênero numa cidade acostumada a modismos e a um abre e fecha permanente, do Bar Brahma pode se ter uma certeza: é dos que vieram para ficar. Bar brahma 46

Com a ampliação realizada há 5 anos, o Bar Brahma ganhou um espaço para a promoção de eventos com 120 lugares que pode funcionar de maneira independente e ampliou a capacidade do local para 420 pessoas .




Norte Ga. Itat. Ucia volupta spiciducit as voluptatur? Otatquibus eaquiae etus quunt, cus, conecea quodit ut quam fugia qui veni blantiasped et eum quaturis dendit audaestore prorernam, to quam ilicid quo qui nonsed quundig enimil ilique velitio que ommoluptae sim dolore sequid quiam et lit, si rereped quaspel iligenimus aliqui invendant qui int est omnis mil ma nes nos ad min consequid maioreribus reped minctur? Fugiaeruptam qui blam quiatium sitios delenduciis mos alistores velesti buscilique il invene remporatur, consed unt, accum fuga. Evenissit alitaturiam, ut aut hilique nonsequi quibus min ex es mo to quia quunt dolorae parum eos sitisim agnatio nserumq uoditem ut amust, imus as as et officil es at eostorepel illic tem etur, quam aut pratur susam quaspero id ea sitiam, quam si officia consequunt ut facienissit eum in nonserit re

Norte do Paranรก 49


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Valentino

Difícil achar um bar que seja tão símbolo de uma cidade como o Valentino o é de Londrina Há bares que são o símbolo da cidade que os abriga por retratarem com fidelidade os microcosmos intelectual, empresarial e o comportamento. Enfim, a cultura local. Poucos conseguem ir além disso, ou seja: transformando-se na vanguarda, no próprio coração onde pulsa a vida citadina, onde se produz e por onde passa muito do que acontece de realmente importante, ditando o que vai ou não ser moda, o que é ultrapassado, tendências, influenciando tudo ao seu redor. O Valentino, de Londrina, é um desses bares raros. Quase nada do que acontece na cidade deixa de passar por alí, seja para ser avaliado, criado ou sancionado. É uma caixa de ressonância, o coração pulsante de Londrina e o retrato mais vivo da agitada vida cultural local. E é uma histórica lírica de amor da cidade pelo local desde sua

inauguração, em 1972, numa casa de cômodos de madeira simples, cujo interior lembra mais um pub do que um bar propriamente dito. Mas não se encantem e nem se decepcionem com a aparência: é alí dentro que Londrina ferve quase todos os dias e especialmente nos finais de semana, onde todas as tribos, num regime de profunda liberdade democrática, costumam passar, passear. E acontecer. São puras sessões de magia. Ser visto no Valentino confere um grau de quase cavalheiro da vanguarda. É um bar obrigatório, não tem desculpa nem doença ou compromisso. Não ir significa deixar de existir na vida cultural da cidade. Ou perto disso. É um fenômeno que está atravessando gerações. É um bar onde os filhos não renegam os valores dos pais. Os que estão ficando adolescente ou pasvalentino 50




Fachada do antigo Valentino, em que algumas alegres clientes subiram no telhado, dando um show a parte para o pĂşblico do bar.


sando disso não deixam de ir porque o pai ou mãe também vão. Descobrem que há um acervo de música excepcional por lá. É um primeiro assunto comum. A Vanguarda O Valentino foi fundado em 1979 por um professor de literatura do Colégio Delta, já falecido, chamado José Antônio Theodoro e um outro professor de matemática chamado Morais, que trouxeram pessoas de seu meio para frequentar o bar. Seus alunos, inclusive, trabalhavam como garçons. Dessa iniciativa dele também se originou o grupo de teatro Delta. O clima era para lá de improvisado e de confiança. Havia uma boneca de pano e cabeça de manequim chamada Mary Lee, que equilibrava as finanças. Nos dias de movimento, quando eles estavam sóbrios, Theodoro pedia aos

alunos uma contribuição extra para o caixa e enfiava tudo na cebeça da Mary Lee. Nos dias em que todo mundo saía sem pagar, retirava da cabeça da boneca o valor exato do prejuízo e recompunha as contas. Foi assim até 1981. Nos fundos do Valentino havia também uma moradora que praticava mis-

O Valentino também foi uma vitrine para autores ainda desconhecidos exporem seus trabalhos. Na platéia, passaram figuras emblemáticas como o ator Paulo Autran (esquerda abaixo) prestigiavam o espetáculo.

A fissura de um dos antigos donos do bar pelos filmes e atores do cinema mudo, como Rodolfo Valentino, influenciou na escolha do nome do bar e do conteúdo do cardápio.

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ticismo, principalmente com jogos de cartas como Tarô, que foi incorporando suas sessões ao dia-a-dia e ao ambiente. A fissura de Theodoro pelos filmes e atores do cinema mudo, como Rodolfo Valentino, levou ao nome do bar e ao conteúdo do cardápio. Dessa época também é uma vitrine para autores ainda desconhecidos exporem seus trabalhos, que funciona até hoje para manifestações artísticas. Tudo isso ajudou a criar uma certa aura de novidade em torno do bar e a imagem de que o Valentino é um lugar diferente. O Grupo de Teatro Delta começou a fazer um sucesso surpreendente em todo o Brasil com a peça de Nelson Rodrigues, Toda Nudez será Castigada, que o levou inclusive à Europa e Nova Iorque. Theodoro, então, não quis mais tocar o bar. Chegou a fechá-lo por um curto período. Mas, nessa época, desembarcou em Londrina o italiano Giuseppe, ou Pino, que casou com uma brasileira de Londrina e veio viver no Brasil. Pino comprou

o bar , em 1981, como bom italiano, tirou a mesa 17, que é o número de azar para os italianos, e incorporou alguns pratos como a macarronada da madrugada, que até hoje faz sucesso. Da sua época se originaram as primeiras modificações da casa feitas por um engenheiro, seu sócio, que criou um balcão inclinado na parte externa e derrubou paredes, criando o aspecto de pub que apresenta hoje. Ficou até 1986 quando decidiu voltar para a Europa. Pino ofereceu o Valentino a Marcos e Luis Marangoni, donos de uma casa de massas, seus fornecedores. Foram eles que começaram os eventos musicais mais amiúde. Mas qualquer artista que passasse por Londrina vinha dar sua canja, como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Barão Vermelho, Cássia Eller, Paralamas, etc. O atual proprietário, Valdomiro Chamé comprou o Valentino em 1991,

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junto com a esposa Rosãngela, que foi quem cuidou do lugar nos primeiros meses, porque ele estava trabalhando num projeto no exterior. Cansado de São Paulo, o Valentino fou uma opção para voltar a se estabelecer na cudade natal da esposa. O bar logo se mostrou bastante rentável e ele pôde pagar as parcelas do negócio. Mas exigiu algumas mudanças. “No dia que tinha show de rock, a casa rangia toda porque o chão ainda era de madeira”, conta ele. Em 1998 foi feita uma boa reforma, embora sutil, para que o lugar não perdesse a identidade. Foi colocado um piso de cimento e, além disso, o balcão do bar foi aumentado e reposicionado para que as pessoas não tivessem que atravessar um tumulto para fazer seu pedido.

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Os dinossauros aprovaram as mudanças e os jovens universitários protestaram, achando que a tradição estava sendo corrompida. Londrina é assim mesmo: agitada, efervescente. EsTAdO dE EsPÍrITO O Valentino se caracterizou sempre por produzir e improvisar surpresas com seus happenings, shows musicais e apresentações de peças de teatro. Revelou novos autores e artistas de todo o Norte do Paraná. Virou um estado de espírito. Seus frequentadores são os formadores de opinião. O ponto alto é a madrugada, quando quase tudo fecha na cidade, inclusive os outros bares, e todos se dirigem a ele. Todos sabem disso. É lá que as coisa acontecem.


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choperia do tito *bar deliciosa

O Zé da Brahma ia ao bar Deliciosa orgulhoso como quem entra no Palácio do Governo e concentrado como quem vai a um templo de orações

Na foto, a chopeira cinquentona no Bar do Tito, funcionando ainda com gelo, garante um colarinho milimetricamente exato para os clientes em Ponta Grossa.

Numa pequena brochura amarelada, com o título “Relíquias do Passado – O Bar Deliciosa”, datilografada em 1983, José de Oliveira, que gostava de assinar seus escritos com o nome ao contrário e era conhecido como Zé da Brahma em Ponta Grossa, assim definia o seu bar predileto: “A persistência, a honrabilidade e a dignidade de alguns donos de botequins são deveras impressionantes e comoventes. Hoje, refiro-me a um que, como as velhas árvores, persiste à interpéries, aos cataclismas, através dos tempos, sem mudar no fundamental; isto é no caráter, nos costumes, no modo de agir e tratar seus fregueses, a que eles se habituaram e nele se apegaram tal e qual uma sanguessuga, somente o deichoperia do tito 59

xando quando completamente saciados ou mortos. Refiro-me ao tradicional e simpático “Bar Deliciosa”, uma tradição pontagrossense que há mais de 50 anos enfrenta os embates do progresso, conservando sempre, aquela tradição dos seus primeiros dias”. E, depois de quase seis páginas onde descreve os frequentadores, amigos de 40 anos, o Zé da Brahma conclui: “hoje, sesagenário, ao adentrar a este mesmo ambiente alegre e acolhedor, em companhia de meus filhos e meus netos, o faço não cabisbaixo ou encabulado como alguém que entra num mero boteco, mas sim... orgulhoso como quem entra no palácio do governo e concentrado como quem vai a um templo de orações... Eu amo esse BAR....!


Bem, o Bar Deliciosa continua lá onde José de Oliveira o descreveu, na Rua Cel. Dulcídio, 745, no centro de Ponta Grossa. Hoje é mais conhecido como choperia do Tito, por causa do apelido Tito e da direção criteriosa de Tufi Cry, um paulista que apareceu em Ponta Grossa em 1942 e

que comprou o bar do seu segundo dono 49 anos atrás, depois de nele ter trabalhado como garçon durante alguns anos. Pequeno acanhado, com 40 pessoas está congestionado de tão lotado. Quatro mesas no fundo para quer mais sossego, o tradicional balcão e as velhas garrafas enfileiradas


Reunião do alto comando político e intelectuais de Ponta Grossa no fundo do Bar do Tito, nos anos 50.

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nas prateleiras. Seu Titopode ser encontrado lá das 9 às 16 horas com um antigo guarda-pó onde ainda se lê a inscrição Bar Deliciosa num dos bolsos. Mas hoje o bar é tocado também por seus netos Hudson e Anderson Wiecheteck que, em 2001, voltaram correndo de Manaus, onde trabalhavam com extração de madeira, ao saber que o avô pretendia fechar o bar. O Bar do Tito é respeitado como uma instituição em Ponta Grossa por esses fatores e por um outro deveras importante: seus chop é considerado o melhor da redondeza e, realmente, não há outro igual. O balcão frigorífico do bar foi adquirido em 1956 e junto com ele veio a chopeira com serpentina de cobre de 30 metros de comprimento. Isso quer dizer que o chopp, depois de sair do barril e antes de chegar ao copo passa por um verdadeiro ritual. E nada de eletricidade para resfriá-lo. O gelo ainda é o melhor produto para manter a bebida na temperatura exata, em torno de 4 graus. Quase 200 chops são servidos diariamente no bar que fecha às 20 horas, exatamente quando o centro da cidade também vai adormecendo, na medida em que as portas do comércio vão se fechando. O acompanhamento de peiscos é do mais puro sangue para um bar com o DNA da Choperia do Tito:

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Rollmops (o tradicional filé de sardinha enrolado em cebola na conserva), azeitonas escuras, queijo provolone, lombo suíno, ovo cozido e as empadas do Otto, bem conhecidas na cidade. E nem precisa mais. Como Bar Deliciosa, o local foi criado por um imigrante alemão chamado Germano, em 1925. Quando estourou a II Guerra Mundial, ele estava na Europa e não pôde voltarao Brasil. O bar foi vendido a um dos seus clientes, que se chamava Theobaldo Samuel Justus e que ficou com ele até 1942, quando foi comprado por Tufi Cury, o Tito, hoje com 79 anos e ainda dirigindo o negócio com os netos. O Deliciosa foi o primeiro local da cidade a vender chopp escuro e, de certa maneira, refletia uma tradição que Ponta Grossa perdeu de fabricar uma das mais interessantes cervejas produzidas no Brasil, a original, que era feita numa

fábrica construída em 1929, posteriormente adquirida pela Antárctica. Hoje a empresa ainda comercializa a marca, mas a qualidade não é nem uma sombra da Original que era disputada pelos conhecedores da bebida do Brasil inteiro como uma preciosidade, embora ainda guarde a característica de ser uma bebida altamente lupulada. O bar só trocou de lugar uma vez, quando o imóvel que ocupava foi demolido para que fosse construído o primeiro edifício de Ponta Grossa, na Avenida Vicente Machado, sua primeira localização até os anos 1950. Mas as mesas, a prateleira, os bancos e até os instrumentos de cortar frios são os mesmos de sua fundação, em 1925. E muitas das garrafas de bebidas da prateleira também. O silêncio respeitoso em algumas mesas e o alarido em outras, como se não houvesse vasos comunicantes, é outro. É um regulamento quase centenário, como escreveu José de Oliveira: “as pessoas podem e devem beber livre e alegremente; se quiserem cantar que cantem e até dancem. Mas respeitem a solidão quase religiosa daqueles que bebem sua cerveja numa mesa do fundo do bar ou aquele grupo que joga dominó ou lê o jornal”. O que compõe uma atmosfera que requer um certo cuidado ao visitante, para que não corra o risco de sair afirmando desbragadamente como o Zé da Brahma “Eu amo esse BAR”. Realmente, para quem é conhecedor, a Choperia do Tito é um caso de amor à primeira vista.

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Pelos Bares do Paraná 2a Edição Copyright 2011 Editora Ecocidade



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