Abrafrigo até que enfim!
O dragão do PIS-COFINS foi finalmente vencido. No último dia 13 de outubro o presidente da república assinou a lei que isenta os frigoríficos do pagamento desses tributos
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Revista da
O responsável pelo departamento de Comércio Exterior, Thomas C.S. Kim, fala sobre tendências do mercado
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eD. Nº 3 | ANO 1 | Nov. DE 2009
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› ABRAFRIGO muda estatuto para se modernizar e cria Conselho de Administração
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› ABRAFRIGO cria Departamento de Comércio Exterior para seus associados
Uma decisão histórica
Expediente redação e Projeto gráfico
Editora Ecocidade www.ecocidade.com.br ecocidade@ecocidade.com.br 41 3082-8877
jornalista responsável
Bernardo Staviski
impressão
Gráfica Capital
tiragem 5.000
Esta edição da Revista da Abrafrigo tem muito o que comemorar. Afinal, foram quase cinco anos de uma luta diária em quase todos os escalões da área econômica do governo federal para convencer o governo a restabelecer o equilíbrio e um retorno a uma mais leal competição no setor de carnes. Conseguimos juntar um belo time de deputados e senadores para levar adiante a desoneração do PIS/ Cofins, livrando os pequenos e médios frigoríficos brasileiros de impostos que não podiam pagar porque não possuíam capacidade contributiva para isso. E o resultado saiu no dia 14 de outubro passado, quando o Diário Oficial da União publicou a Lei 12.058 assinada pelo Presidente Luis Inácio Lula da Silva, que finalmente tornou uma realidade definitiva esta isenção tão importante para o setor. Sem os 4,5% sobre o faturamento bruto que eram obrigados a pagar, as empresas terão, a partir de agora, melhores condições de investir em qualidade e atualizar sua tecnologia reduzindo os riscos de simplesmente fecharem as portas. No fundo porém, quem ganhou foi o povo brasileiro que terá mais produtos inspecionados pelos serviços governamentais e uma melhor garantia sobre o que consome, já que com a Lei não existe mais motivo para existir o abate clandestino que deverá diminuir e muito em todo o país. Além dos integrantes e associados da Abrafrigo, que colaboraram em todas as situações com a estratégia de ir convencendo o governo aos poucos para a realidade e as dificuldades do setor, o sucesso da empreitada muito se deve ao apoio obtido junto ao Vice-Presidente da República, José Alencar, ao Ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, ao exsenador pelo PMDB do Tocantins, Leomar Quintanilha, e aos deputados federais Colbert Martins da Silva Filho (PPS BA), Marcos Montes (DEM-MG), Silas Brasileiro (PMDB-MG) e o paranaense Luiz Carlos Setim (DEM). E a muitos outros que direta ou indiretamente contribuíram para que um setor da economia brasileira ficasse mais eficiente e produtivo e, sobretudo, mais justo. Péricles Pessoa Salazar Presidente
Associação Brasileira de Frigoríficos Av. Cândido de Abreu, 427 - 16º andar - sala 1601/1602 - Centro Cívico - CEP 80530-000 Fone (41) 3021-3221 Fax (41) 3254-7977 e-mail: abrafrigo@abrafrigo.com.br
Revista da ABRAFRIGO novembro de 2009 .3
Índice Capa
ATÉ QUE ENFIM!
O dragão do PIS-COFINS foi finalmente vencido. No último dia 13 de outubro o presidente da república assinou a Lei que isenta os frigoríficos do pagamento desses tributos
Pág
08
Indicadores do Trimestre
pg 05
Defesa Sanitária
pg 15
Pesquisa e Desenvolvimento
pg 19
Investimentos
pg 24
Boi em pé
pg 27
Setor de Carnes
pg 31
Mercado
pg 36
Diretriz
pg 40
Biocombustível
pg 42
Comércio Exterior
pg 44
ABRAFRIGO
pg 46
Notas
pg 48
Novo Status: A Secretaria de Defesa Sanitária do Mapa apresentou em João Pessoa, seu programa para 2010. A nanotecnologia chega a pecuária para auxiliar no controle de doenças como a febre aftosa.
No seu melhor momento na história do país, a farinha de carne e ossos volta a ser rentável para os frigoríficos. O aumento da exportação de boi vivo continua afetando a cadeia produtiva segundo o estudo “Desvantagens Econômicas da Exportação de gado em pé”. Operações da FBS/Friboi e Mafrig vão colocar os produtores diante de poucas opções para comercializar seus animais.
Entrevista
Ampliar a liderança é questão de tempo O responsável pelo departamento de Comércio Exterior, Thomas C.S. Kim, fala sobre tendências do mercado e os novos rumos para exportação brasileira de carne bovina
Pág
16
Meio-Ambiente
Pressão contra o desmatamento
Ação de ambientalistas faz com que frigoríficos da Região Amazônica se adaptem Pág aos novos tempos.
20
4. Revista da ABRAFRIGO maio novembro de 2009 de 2009
Setor de carne bovina já vive relativa estabilidade e tem claro que 2010 pode ser o ano de retomada. Ministério da Agricultura quer mudar regulamento da exportação de despojos bovinos.
Para os frigoríficos, a importância econômica do sebo e do couro já é a mesma. A queda dos preços do couro é uma das maiores da história. Recém-criado departamento da ABRAFRIGO terá como ação prioritária a inclusão de novas plantas pequenas e médias no rol de empresas exportadoras. Abrafrigo cria cargo de Presidente Executivo e seu Conselho de Administração. O crescimento da entidade e de sua representatividade, além de sua maior presença junto aos órgãos públicos, levaram a necessidade de se instituir uma mais moderna estrutura de gestão.
Indicadores do Trimestre Ainda em baixa
Em setembro foram exportadas
104,7 mil toneladas, volume que representou queda de 22% em compa-
ração ao resultado de setembro de 2008
Exportações: preços sobem e a tendência é de melhorar em volume até o final do ano
Mês
2008
2009
Ton.
US$*
Ton.
US$
Jan.
124.711
465,3
81.840
255,7 271,2
Fev.
105.733
341,5
90.339
Mar.
112.891
364,3
112.061
336
Abr.
120.109
412
112.538
343,3
Mai.
127.312
478,2
101.741
325
Jun
112.065
442,3
118.732
384,3
Jul.
124.220
513,7
107.333
365,4
Ago.
125.678
533,2
97.834
344,3
* milhões
Fonte: Secex/Decex/MDIC
Retomada
A retomada das compras pelo Chile, que chegou a estar entre os
Embora os números de janeiro a setembro de 2009 ainda demonstrem queda em comparação com o mesmo período de 2008, o mercado já vislumbra que existe uma tendência de normalização das exportações brasileira de carne bovina. A retomada das compras pelo Chile, que chegou a estar entre os cinco maiores importadores da carne brasileira até o final de 2006, com cerca de 100 mil toneladas anuais, e a ampliação das aquisições pela Rússia, nosso maior cliente, e a União Européia, é que apontam nessa direção. Enquanto os números não
se tornam positivos, o levantamento feito pela Abrafrigo, com base nas informações da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) informa que em setembro foram exportadas 104,7 mil toneladas, volume que representou queda de 22% em comparação ao resultado frente a setembro do ano passado. Em receita, as vendas externas somaram US$ 367,7 milhões em setembro, desempenho que demonstra uma queda de 36% sobre a receita do mesmo período do ano passado. No acumulado de janeiro a setembro deste ano, as exportações brasileiras de carne bovina
cinco maiores importadores da carne brasileira até o final de 2006
Aumento
Para a Rússia, houve um aumento de 1,31% no volume exportado e para a União Europeia, o volume exportado cresceu 10,16%.
Revista da ABRAFRIGO novembro de 2009 .5
Por outro lado
A carne bovina exportada pelo Brasil subiu 18,8% em dólar entre janeiro e agosto. A tonelada vendida a US$ 2.976,4 em janeiro passou para US$ 3.535,8, em agosto.
somaram 927,1 mil toneladas, volume 15% inferior ao registrado no mesmo período do ano passado, quando foram exportadas 1,086 mil toneladas. Já a receita com estas exportações foi de US$ 2,9 bilhões, ou seja: retração de 27% em comparação ao mesmo período de 2008, quando se registrou US$ 4,1 bi. Os resultados poderiam ser bem piores, não fosse o fato de que os preços da carne bovina exportada pelo Brasil subiram 18,8% em dólar entre janeiro e agosto. A tonelada vendida a US$ 2.976,4 em janeiro passou para US$ 3.535,8, em agosto.
No entanto, essa valorização foi praticamente engolida pela desvalorização do dólar frente ao Real desde o início do ano, também, de 18%, embora o dólar tenha parado de cair nos últimos tempos. Na média, os preços da carne brasileira no mercado internacional apresentaram uma valorização mensal de 2,25% neste ano. Segundo a Scot Consultoria, mantendo-se esta tendência, é possível que os frigoríficos registrem um ganho real ainda em 2009 com o mercado exportador, já que no mercado interno eles já conseguiram essa melhora nos resultados.
Maiores Compradores A Rússia continua sendo o principal destino da carne bovina brasileira embora este mercado não tenha recuperado os mesmos níveis de anos anteriores à crise econômica. De janeiro a agosto o Brasil vendeu para os russos 228,2 mil toneladas ou 22% a menos que as 291 mil toneladas comercializadas nos mesmos meses do ano passado. Em preço, houve uma queda de 42%. O nosso segundo maior
mercado, Hong Kong, que por vias transversas introduz nossa carne bovina na China, incrementou suas compras em 29%, passando de 103 mil toneladas em 2008 para 133 mil toneladas em 2009, com crescimento de 31% na receita. O Egito, que era nosso quinto maior comprador, passou para a terceira posição, aumentando suas compras em 12%, de 56 mil toneladas para 63 mil toneladas. O quarto maior
6. Revista da ABRAFRIGO novembro de 2009
Porta de entrada
Hong Kong,
que por vias transversas introduz nossa carne bovina na China,
incrementou
suas compras em 29%.
cliente continua sendo os Estados Unidos apesar de uma queda nas importações de 34 mil toneladas para 32 mil toneladas. Na quinta colocação está o Irã que era o sexto em 2008, com compras de 40 mil toneladas até agosto. Por região, a maior consumidora da carne bovina brasileira é a do Leste Europeu, com 10 países e 233 mil toneladas importadas, vindo em seguida o Extremo Oriente, com 5 países e 144 mil toneladas; a África, com 35 países e 135 mil toneladas; o Oriente Médio com 13 países e 128 mil toneladas adquiridas no Brasil. A Europa Ocidental, com 27 países, comprou apenas 90 mil toneladas, sofrendo ainda os efeitos dos embargos promovidos pela União Européia, que começam a desaparecer na medida em que mais fazendas brasileiras são habilitadas a exportar para aquele grupamento econômico. Atualmente, estão habilitadas para vender carne bovina a União Européia perto de 1.400 propriedades em todo o Brasil. O necessário, no entanto, para retomar os níveis de vendas de 2006, por exemplo, quando foram comercializadas 314 mil toneladas para o bloco econômico, seriam pelo menos 5 mil propriedades habilitadas.
Região consumidora O maior
consumidor
da carne bovina brasileira é o Leste Europeu, com 10 países e 233
mil toneladas importadas.
Os principais estados exportadores São Paulo, onde está instalada a maior parte do parque industrial de processamento da carne bovina brasileira, continua sendo o estado com maior produção destinada a exportação: entre janeiro e agosto de 2009, o estado comercializou com o exterior 325 mil toneladas, contra 422 mil toneladas no mesmo período de 2008, ou seja: uma queda de 23%. Na segunda posição está o Mato Grosso com 107,5 mil toneladas vendidas, perseguido por Goiás que exportou 107,1 mil toneladas e ficou no terceiro lugar. Na quarta posição vem o Mato Grosso do Sul, com 88 mil toneladas exportadas e em quinto lugar está Minas Gerais, com 58 mil toneladas. Minas Gerais e o Mato Grosso do Sul, ressalte-se, são estados que estão recuperando suas exportações porque possuem o maior número de fazendas habilitadas a vender para a União Européia. Entre 2008 e 2009 as vendas para o exterior cresceram 25% em Minas Gerais e 42% no Mato Grosso do Sul.
1o Lugar São Paulo › 325 mil ton.
2 º Mato Grosso › 107,5 mil toneladas 3º Goiás › 107,1 mil toneladas 4º Mato Grosso do Sul › 88 mil toneladas 5º Minas Gerais › 58 mil toneladas *entre janeiro e agosto de 2009
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Foto: SEFOT - Secom
A sess達o do Congresso que aprovou a MP 462 entrou noite adentro
8. Revista da ABRAFRIGO novembro de 2009
Capa
aTÉ QUE ENFIM!
O dragão do PIS-COFINS foi finalmente vencido. No último dia 13 de outubro o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, assinou a Lei que isenta os frigoríficos que operam no mercado interno do pagamento desses tributos. A economia para o setor será de R$ 140 milhões anuais que poderão ser usados na modernização das empresas.
D
emorou anos, mas finalsão importantes reguladores do mente o Diário Oficial mercado. São alternativas para os da União trouxe em suas pecuaristas e têm sua importânpáginas as novas regras cia que, afinal, acabou sendo repara a tributação de PIS/Cofins conhecida depois de uma árdua e e do pagamento e compensação demorada batalha que envolveu o do crédito presumido dos frigotrabalho da Abrafrigo e da Abiec ríficos brasileiros. O see de dezenas de políticos tor esperava esta notícia "A partir de todo o país, a comehá quase cinco anos e a de agora a çar pelo próprio Vicepartir de 1º de novemPresidente da Repúblibro, quando entrou em tendência é que ca, José Alencar, um vigor, nova Lei passou a mais frigoríficos dos maiores defensores se formalizem do estabelecimento do corrigir uma das maiores distorções tributáporque equilíbrio no setor. rias de um importante Na prática, o govermuitas micro segmento da economia no suspendeu desde 1º e pequenas brasileira que fazia pede novembro passado, empresas o pagamento da contriquenos e médios frigonão tinham buição para o PIS/Pasep ríficos pagarem 4,5% condições de e Cofins incidente sobre de impostos sobre o seu faturamento, enquanarcar com os a receita bruta de venda to as grandes empresas impostos" no mercado interno de eram beneficiadas com toda a cadeia produtiva isenções e incentivos. da carne bovina. A Era uma concorrência medida constou desleal onde os pequenos não poda Lei 12.058 publicadiam concorrer com os grandes da no Diário Oficial e e acabavam engolidos, mais cedo foi sancionada numa ou tarde. Com isenção dos imposquarta-feira, dia 14 de tos haverá um maior equilíbrio no outubro, pelo presimercado. Afinal, é importante que dente Luiz Inácio Lula o Brasil tenha grandes indústrias da Silva. A Lei teve como frigoríficas, atuando com força base a Medida Provisória 462, no mercado internacional, mas aprovada pelo Congresso no final não é possível deixar de lado a de setembro, cujo objeto principal relevância dos pequenos e médios é o repasse de R$ 1 bilhão aos mufrigoríficos para o setor como vinicípios para cobrir as perdas de nha ocorrendo. Essas indústrias receitas do Fundo de Participação Revista da ABRAFRIGO novembro de 2009 .9
Fotos: SEFOT - Secom
Os políticos que mais ajudaram o setor A adesão do quadro político brasileiro e do governo à proposta da Abrafrigo desoneração do PIS/Cofins foi se realizando aos poucos, num trabalho de convencimento que era feito diuturnamente. Pela adesão de primeira hora ou pelo esforço com que se engajaram no processo que levou a aprovação das Medidas Provisórias que redundaram na Lei definitiva que livrou os frigoríficos dos impostos, alguns nomes merecem uma homenagem e um agradecimento especial do setor. São eles:
José Alencar Gomes da Silva
Como empresário, em 1967 ajudou a fundar em Montes Claros (MG) a Companhia de Tecidos Norte de Minas – Coteminas, hoje um dos maiores grupos industriais têxteis do país e foi presidente da Associação Comercial de Ubá, Diretor da Associação Comercial de Minas, Presidente do Sistema Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais e Vice-Presidente da Confederação Nacional da Indústria. Em 1998 elegeu-se Senador por Minas Gerais com consagradora votação: quase três milhões de votos e em 2002, compôs a chapa do candidato Luiz Inácio Lula da Silva, elegendo-se Vice-Presidente da República para o período 2003/2006.
Reinhold Stephanes
Em 22 de março de 2007, foi nomeado Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e é deputado federal licenciado (PMDB). Formado em Economia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e especializado em Administração Pública, na Alemanha, e em Desenvolvimento Econômico, pela CEPAL/ONU. Trabalhou no Ministério da Agricultura durante oito anos, no início dos anos 70, e foi Secretário da Agricultura do Paraná de 1979 a 1981. Foi presidente do Instituto Nacional da Previdência Social (INPS) – 1974 a 1979; Ministro de Estado do Trabalho e Previdência Social - de 20 de janeiro a 5 de outubro de 1992; Ministro de Estado da Previdência e Assistência Social – de 1 de janeiro a 31 de janeiro de 1995 e Ministro de Estado da Previdência e Assistência Social - de 2 de fevereiro de 1995 a 3 de abril de 1998.
Marcos Montes
O deputado federal Marcos Montes Cordeiro pelo DEM de Minas Gerais é Professor de Medicina e Médico do Trabalho. Foi prefeito de Uberaba e Secretário de Estado de Desenvolvimento Social e Esportes, Governo de Minas Gerais, 2004-2006; Membro do Corpo Clínico do Hospital-Escola da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, UFTM, Uberaba, MG, 1979- ; Secretário Municipal de Turismo, Esporte e Lazer em Uberaba, MG, 1992-1996; Presidente da Companhia Habitacional do Vale do Rio Grande (COHAGRA), Uberaba, MG, 1993-1996. Já foi presidente da Comissão Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural de 14/2/2007-6/2/2008
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Luiz Carlos Setim
O deputado federal pelo DEM do Paraná, Luiz Carlos Setim é agropecuarista, advogado e administrador de Empresas. Primeiro vicepresidente da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural foi prefeito de São José dos Pinhais e também presidente da Empresa Frigorífico Argus na mesma cidade, além de Presidente do Comitê de Bacias do Alto Iguaçu e Alto Ribeira. Ocupou a presidência do Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados do Paraná e é Vice-Presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná
Dep. Colbert Martins
O médico e Deputado federal Colbert Martins, do PPS da Bahia, está na sua segunda legislatura na Câmara. Entre outras atividades, foi diretor do sindicato da categoria em seu estado onde também exerceu o cargo de professor na Universidade de Feira de Santana, cidade onde também foi chefe de medicina social do extinto Inamps. Foi eleito o melhor Deputado Estadual da Legislatura 1991-1995 pela imprensa da Bahia.
silas brasileiro
O deputado federal Silas Brasileiro (PMDB-MG) é empresário e produtor rural. Foi secretárioexecutivo do Ministério da Agricultura até abril de 2009, o segundo cargo em importância do órgão, na gestão de Reinhold Stephanes. Foi também diretor-executivo do Conselho Nacional do Café (CNC), além de Secretário de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais.
Leomar Quintanilha
O Senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO) licenciouse do mandato dia 17 de outubro para assumir o cargo de secretário de Educação do Tocantins. Fez carreira no Banco do Brasil, tendo atuado em Arraias, Araguaína, Paraíso e Gurupi, quando estes pertenciam à região Norte de Goiás. Formou-se em Direito e estreou na vida política disputando a prefeitura de Araguaína, em 1976 e em 1982. Essas experiências foram importantes para se eleger deputado federal, em 1988 – a primeira eleição realizada no recémcriado Estado do Tocantins. Foi secretário da Educação e Cultura no período de 1989/1990.
Revista da ABRAFRIGO novembro de 2009 .11
dos Municípios (FPM). No entanA opinião dos políticos to, na tramitação pela Câmara e Senado, a MP ganhou 22 emen“Foi uma luta dura e difícil e das, chamadas de "contrabando", que durou muito tempo”, recoque trataram de outros temas, nheceu o ex-senador pelo PMDB incluindo o PIS/Cofins incidente do Tocantins, Leomar Quintasobre os frigoríficos. nilha, atualmente Secretário de O presidente da Abrafrigo, Educação daquele estado. "É uma Péricles Salazar, vê a lei como um medida que acaba com a desimarco histórico. "Vamos nos regualdade no setor e dá competiferir ao setor como antes e depois tividade aos 800 frigoríficos que do PIS e Cofins", disse. Segundo só operam no mercado interno", ele, a partir de agora a tendência disse o deputado federal Marcos é que mais frigoríficos se formaMontes (DEM-MG), ex-presilizem porque muitas micro e pedente e membro da Comissão de quenas empresas não tinham conAgricultura da Câmara. Para ele, dições de arcar com os impostos a redução na alíquota para até e agora não terão mais zero deve diminuir a razão para continuar "A recuperação informalidade no setor com o abate clandesti- da rentabilidade de abate bovinos. Esno. Por sinal, a medida indicam que vai trazer novas timativas acaba beneficiando toda 37,5% do abate nacional a cadeia, de pecuaristas e grandes é irregular, ou seja, dos a consumidores, pas- empresas como 40 milhões de cabeças sando pelos frigoríficos, a BRFoods e as de gado abatidos anualaumentando o potencial cooperativas mente, 15 milhões saem do mercado de carne para setor. Isso de frigoríficos sem nebovina e derivados. “A nhum tipo de fiscalizadeve diminuir recuperação da rentabição. "Houve consenso, lidade vai trazer novas e a concentração inclusive na área ecograndes empresas como que está nômica do governo, e a BRFoods e as coope- ocorrendo no muito boa vontade do rativas para setor. Isso setor" presidente Lula, por isso deve diminuir a concena medida saiu", afirmou tração que está ocorrenMontes que junto com o do”, afirmou o dirigente. deputado Colbert MarO movimento do setor não tins da Silva Filho ( PPS BA) teve é nada desprezível: a cadeia progrande atuação na defesa da desodutiva da carne bovina, com toneração. dos os segmentos, inclusive o do Outro deputado atuante na couro, é responsável por 8% do defesa da desoneração, o paranaProduto Interno Bruto (PIB), braense Luiz Carlos Setim (DEM), sileiro e somente os frigoríficos primeiro vice-presidente da Coempregam, diretamente, 400 mil missão de Agricultura da Câmara pessoas no país. Em 2008, as exafirma que a isenção significa o portações do setor foram de US$ fim da concorrência desleal e que 5,3 bilhões. Dentro da nova Lei, com ela muitas empresas em dios frigoríficos que atuam apenas ficuldades vão voltar ao normal. no abastecimento do mercado in“A Lei atende o frigorífico que terno pretendem economizar R$ exporta e o que não exporta e, 140 milhões por ano com a procom certeza, vai diminuir o ritmo posta de isenção na cobrança de de concentração do setor porque PIS/Cofins. muitas empresas vão recuperar 12. Revista da ABRAFRIGO novembro de 2009
Foto: SEFOT - Secom
Votação no Congresso Orientação de Liderança para votação da MPV nº 462/2009 que deu origem a Lei 12.058. Na foto, Dep. Luis Carlos Heinze (PP-RS), Dep. Ronaldo Caiado (líder do DEM), Dep. Cândido Vaccarezza (líder do PT) e Henrique Fontana (líder do governo)
sua rentabilidade e não serão mais vendidas”, disse ele. O deputado Duarte Nogueira (PSDB-SP) vice-líder da bancada tucana na Câmara, lembrou que o setor de frigoríficos cortou 22 mil empregos desde o início da crise econômica mundial, no último trimestre de 2008 e que a desoneração tributária pode incentivar a produção e a recontratação de muitos destes trabalhadores. Já os criadores pediram a extensão da medida de desoneração a toda a cadeia produtiva: "Para o produtor, que paga PIS e Cofins sobre uma série de produtos, a medida
não traz qualquer benefício", afirma Antenor Nogueira, presidente da comissão de pecuária da CNA (Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil). Já Luciano Vacari, superintendente da Associação dos Criadores do Mato Grosso (Acrimat), disse que “é uma questão de lobby. Vamos nos articular para que isso se estenda para os demais elos," garantiu. Os efeitos da nova Lei, todavia, não vão demorar a aparecer: no Rio Grande do Sul, por exemplo, o esperado é que mais frigoríficos sejam legalizados. O presidente do Sicadergs, Ronei
Revista da ABRAFRIGO novembro de 2009 .13
Lauxen, prevê queda nos percenequilíbrio e cria condições para o tuais de gado abatido sem inspeempresário trabalhar, diante de sição oficial. As indústrias gaúchas tuações de dificuldade e insolvêndevem fechar 2009 com o abate cia pelas quais vinham passando”. de 1,3 milhão a 1,4 milhão de boSegundo ele, a isenção dos imposvinos e a estimativa do Sicadergs tos vai trazer mais investimento, é que, historicamente, a clandestimodernização e aporte de tecnonidade representa de 20% a 25% logia para os pequenos e médios do volume inspecionado. Para frigoríficos. “Em última instância Ronei Lauxen, a carga tributária é quem ganhou foi o Brasil porque o maior motivo para as empresas com tudo isso quem vai passar a se mantenham na ilegalidade mas ter produtos de melhor qualidade a medida é um incentivo muito é o consumidor”, afirma. “Além grande para que as empresas se disso vai acabar o que conheceorganizem, cresçam e se mos como “frigorífico "Em última qualifiquem”, explicou. floresta”, ou seja, o abaAlém de propiciar a instância quem te clandestino”, conta. formalidade do setor, a ganhou foi o Ele cita como exemplo lei ainda coloca em si- Brasil porque dos efeitos da Lei no tuação de igualdade os futuro a possibilidade com tudo frigoríficos exportadode quase 4 mil matares - que já contavam isso quem douros municipais que com a suspensão - e os vai passar a existem no país, e que que vendem para o mer- ter produtos na verdade são empresas cado interno. "É uma de melhor privadas, se legalizarem situação nova para a in- qualidade é o e passarem a ter inspedústria brasileira", disse ção federal, melhorando consumidor" Ronei Lauxen. Os diseus produtos. “E esta rigentes não acreditam é uma conquista defique a medida possa renitiva. Agora é Lei. É sultar em aumento de preços ao uma questão de saúde pública e o consumidor. Com a suspensão da assunto foi exaurido em todos os cobrança dos frigoríficos, o crédiseus aspectos”, diz José João Bato presumido do varejo, que era tista Stival. Ele reconhece o grande de 100% sobre o valor de compra trabalho realizado pela Abrafrigo, da matéria-prima, cai para 40%. da qual é um dos vice-presidentes, Além da suspensão da cobrane dos políticos que participaram da ça de PIS e Cofins, o segmento do aprovação dos Decretos transforvarejo terá 40% de crédito premados em Lei. Destaca também o sumido na entrada dos produtos papel da FIESP – Federação das (antes o percentual era de 60%), Indústrias de São Paulo que “junmas fica mantida sua carga normal tou num intenso debate a Abrafrina saída. O crédito presumido dos go e a Abiec para que se chegasse exportadores passou de 60% para no entendimento entre as associa50%, mas o setor ganhou liquidez ções do setor, num ponto comum porque poderá realizar compende reivindicações que atendesse sações de PIS e Cofins com qualtanto os frigoríficos que atuam soquer outro tributo federal. mente no mercado interno como No centro do país, o empretambém os que exportam: “Isso sário e suplente de senador pelo feito, foi mais fácil encaminhar as Tocantins, José João Batista Stival questões às autoridades econômitambém comemora a medida, diz cas para que decidissem pela isenque ela é “histórica”e que “traz ção”, conclui ›‹ 14. Revista da ABRAFRIGO novembro de 2009
Setor de carne bovina Participação do PIB 8% do Produto Interno Bruto Empregos diretos 400 mil Exportações em 2008 US$ 5,3 bilhões Abate anual 40 milhões de cabeças Abate clandestino 6 milhões de cabeças Abate sem fiscalização 15 milhões de cabeças Fonte: Abrafrigo
Defesa Sanitária
Novo status A Secretaria de Defesa Sanitária do Mapa apresentou em João Pessoa, seu programa para 2010
A
estruturação dos serviços de defesa sanitária nos estados, fortalecimento dos serviços veterinários nas áreas livres de doenças, consolidação do serviço de rastreabilidade de bovinos, ampliação do ações de defesa sanitária animal acesso aos mercados internacionais no País”, afirmou ele no encontro. e conquista do status de Brasil liEle também destacou que alvre de febre aftosa com vacinação. guns estados brasileiro mudaram Estas são as prioridades de um cenário ruim para 2010 apresentadas "Busca-se para se tornar exempela Secretaria de Defesa também plo aos demais estados Agropecuária, do Minisda federação em pouco tério da Agricultura, Pe- harmonizar os tempo em questões de cuária e Abastecimento procedimentos sanidade. “O Gover(SDA/Mapa), na 1ª edi- técnicos no Federal uniu esforção do Encontro Nacio- relativos ços e tem investido em nal de Defesa Sanitária aos diversos equipamentos de ponta, Animal (Endesa), reali- Programas de meios de comunicação, zado em João Pessoa/ como rádios e telefones PB, dia 19 de outubro. Saúde Animal via satélite, transportes, Segundo Inácio Kro- desenvolvidos como motos e camioneetz, responsável pela no Brasil, bem tes com tração nas quasecretaria, as ações do como, aumentar tro rodas, além da insministério vão procurar o conhecimento talação de postos fixos também dar maior visibi- técnico/ e móveis para controlar lidade ao trabalho desentodo o tipo de doenvolvido pelo Serviço Ve- científico dos ça”, explicou. Ele citou terinário Oficial em prol profissionais Rondônia como um da sociedade brasileira. envolvidos" exemplo dessa mudança. “Busca-se também harNo encontro, o semonizar os procedimencretário de Defesa tos técnicos relativos aos diversos Agropecuária, Inácio Kroetz, Programas de Saúde Animal dedisse ainda que a regulamensenvolvidos no Brasil, bem como, tação do Serviço de Defesa aumentar o conhecimento técnico/ Sanitária Animal, hoje decientífico dos profissionais envolnominado Departamento vidos, direta ou indiretamente, nas de Saúde Animal, comple-
ta 75 anos. “Quero parabenizar o trabalho dos médicos veterinários brasileiros, que atuaram, nesse período, na erradicação, controle e prevenção de doenças como febre aftosa, doença de Newcastle, tuberculose, brucelose, peste suína e bovina”, enfatizou. Para ele, o investimento em defesa agropecuária é necessário e dá retorno. “Para isso, é necessário trabalhar com o tripé: governo federal, estadual e setor privado”, disse. Ele destacou o trabalho desenvolvido pelo setor privado e, principalmente, pelos produtores, que têm participado das campanhas de vacinação contra a febre aftosa. “Essa ação confere alto índice de imunização aos rebanhos”, finalizou ›‹
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Entrevista
Ampliar a liderança é questão de tempo (3) a consolidação do setor de indústria de carnes no Brasil iniciada pelas operações dos grupos JBS/Bertin e Marfrig. Sobre o primeiro item, nos últimos anos, o Brasil vem abatendo grande número de fêmeas além de animais mais novos, criando-se um vácuo na produção. No entanto, tudo indica que essa situação poderá melhorar a partir do ano que vem quando teremos maior oferta de animais para o abate. E a segunda situação? › Revista da Abrafrigo Thomas C.S. Kim › Ela é mais complexa, pois a crise mundial tiThomas C.S. Kim, rou boa parte do crédito que essas responsável pelo empresas vinham utilizando para Departamento de suas operações e o corte desse fluxo Comércio Exterior de capital provocou um tremendo da ABRAFRIGO buraco nas suas finanças. Um dos problemas envolve dívidas com peThomas C. S. Kim, 54 anos, nascido na Coréia do Sul, e no cuaristas, o que e deixou muitas seBrasil desde 1971, ingressou na área da carne em 2004 como diretor quelas. Uma das consequências desde desenvolvimento de negócios e de exportação da Cooperfrigu, sa situação é a condição de venda de Gurupi, Tocantins. Formado em administração de empresas, foi picada e à vista praticada pelos peda Shell Petróleo de 1982 a 1995 e, depois disso, ajudou a montar o cuaristas hoje. Não é bom que essa Consórcio ATL de Telecomunicações (Algar Telecom Leste), que situação continue, pois isso prejudiganhou a licença de exploração de Banda B do Rio de Janeiro em ca a montagem de escala dos frigo1997/1998. Foi consultor de empresas coreanas como LG, Samsung, ríficos além de exigir maior capital Kia, SK e Lotte. Há algum tempo colabora com a Abrafrigo como de giro para o pagamento à vista. diretor executivo e, a partir, de novembro, tornou-se responsável pelo Não está sendo bom também para departamento de comércio exterior da entidade. Aqui ele faz uma pecuaristas que sentem muita inseampla avaliação do mercado externo, suas dificuldades, oportunidades gurança para fazer negócios, além e necessidades. A seguir, a entrevista: de perder dinheiro por não conseguir vender animais no seu melhor momento. Portanto, o setor torce para que essas emComo o Sr está vendo o mercado para a carne bovina brasileira presas recuperem sua situação financeira mais breve atualmente? › Revista da Abrafrigo possível. Thomas C.S. Kim › O mercado de carne bovina braE o terceiro ponto? › Revista da Abrafrigo sileira passa hoje por um processo de ajuste bastante complexo. Há basicamente três questões: (1) Queda de Thomas C.S. Kim › A terceira situação é muito renúmero de animais prontos para o abate, (2) a recucente e não sabemos como isso vai afetar o mercado peração dos frigoríficos com dificuldade financeira, e 16. Revista da ABRAFRIGO novembro de 2009
de carne. É importante mencionar também que essas empresas como JBS/Bertin já não são empresas somente brasileiras, hoje são multinacionais atuando em vários países do mundo além de operar em diferentes tipos de carne como frango e suíno. Há pecuaristas preocupados pensando que perderão o poder de negociação com esses grandes grupos. É possível, se a oferta de animais for maior que a demanda. Por isso, continuo defendendo a expansão da nossa exportação para os mercados em que ainda não estamos atuando. O mercado interno já está bem consolidado sendo o consumo per capita brasileiro em torno de 36 kgs/ ano, mas no mercado mundial, temos muito espaço para crescer e relativamente rápido.
ocorrido no ano passado em que o presidente coreano assinou um acordo com os americanos para “trocar” carne americana, com vaca louca, com carros coreanos, tem provocado uma ira da população coreana que saiu na rua quebrando tudo, com vários ministros renunciando o cargo, é um exemplo do que se espera nessa disputa pelo mercado desses países. Só para se ter uma idéia, a Coréia do Sul mais o Japão representam mais de 50% da exportação de carne americana. Acha que eles largarão esse osso facilmente? Temos que mobilizar o governo federal para viabilizar esses mercados. E a China? › Revista da Abrafrigo
Thomas C.S. Kim › O mercado de China, como todos sabem, é enorme e o potencial de consumo é praticamente infinito. Apesar de ser o terceiro maior possuidor de rebanho e da produção de carne, isso não Thomas C.S. Kim › Nós estamos bem posicionados é nada em comparação ao número de habitantes nanos Países Árabes, Rússia, África e na Euquele país continental. A última viagem mi"O Brasil nha na China, tive reuniões com membros ropa. Este último, o mercado europeu, apesar de estarmos enfrentando ainda alguns está firme na da associação dos importadores da carne e problemas com relação a rastreabilidade, negociação de também dos economistas chineses. Eles disavançamos bastante no último ano. Hoje há aumento de seram que a China tem sistema de produção um número significativo das fazendas aproboi baseado numa estrutura de produção Cota Hilton ou de vadas para esse mercado. O que está aconfamiliar que dificulta o crescimento sendo um programa que o mercado chinês de carne bovina vem tecendo no momento é uma questão cosimilar com a crescendo numa taxa anual de 4%. Como na mercial em que o preço e o consumo desse mercado sofreram um ajuste e ele está bem comunidade China existem cerca de 300 milhões de pesmenor que antes da crise econômica do ano européia cujo soas pertencente a classe média, algo maior passado. O Brasil está firme na negociação resultado que a população brasileira, e que vem incorde aumento de Cota Hilton ou um prograproteína de animal na mesa, imagisaberemos em porando ma similar com a comunidade européia cujo ne o potencial desse mercado. Entretanto, os breve" chineses parecem ter descoberto uma porta resultado saberemos em breve. O próximo passo é conquistar o mercado asiático, que não convencional para abastecer carne no se divide em três, na minha concepção: (1) seu mercado. É sabido hoje que a carne entra Coréia do Sul, Japão e Taiwan; (2) China; (3) Sudes- na China através de Hong Kong e também através de te Asiático – Indonésia, Malásia, Filipinas, Vietnam, Vietnam. Apesar de alguns frigoríficos terem sido haSingapura, etc. bilitados para exportar para a China recentemente, os importadores não conseguem licença de importação. Quais as características destes mercados? › Revista da Aliás, talvez nem tenham interesse em consegui-la. O Abrafrigo motivo é que o imposto de importação na China é de 40%, sendo que a carne que entra na China via Hong Thomas C.S. Kim › Sobre o primeiro grupo, estes Kong ou Vietnam “paga” um “adicional” de cerca de países alegam que o Brasil não atingiu ainda a condi- 25%. Como já se criou um “mercado” que funciona ção sanitária de Livre de Febre Aftosa Sem Vacina- dessa maneira, a posição oficial do governo de Chição, porém vejo que o problema não é técnico; é ne- na pode continuar “tapeando” os países membros da cessário vencermos o lobby americano e australiano. OMC. Portanto, o papel do governo federal é extremaDe tanta pressão, inclusive com ameaças de ir a OMC, mente importante para a abertura do mercado chinês. os coreanos marcaram uma visita ao Brasil para veri- Eles precisam flexibilizar as condições, principalmenficar a condição sanitária do estado de Santa Catarina te tributárias, para que o Brasil possa exportar para lá. nos próximos meses, o único estado brasileiro livre Na minha opinião, isso só acontecerá no momento em de febre aftosa sem vacinação, porém sem represen- que China sentir necessidade de negociar com Brasil tatividade no setor de carne bovina. Um episódio algo realmente importante para eles. Onde podemos fazer as exportações crescerem? › Revista da Abrafrigo
Revista da ABRAFRIGO novembro de 2009 .17
E o terceiro grupo, o Sudeste Asiático? › Revista da Abrafrigo
em crescimento. Assim, continuo acreditando que Brasil reúne condições mais favoráveis a médio e longo prazo. Quanto a novos concorrentes, a Índia continua vendendo seus búfalos a um preço bem inferior. Apesar do sabor e a dureza de sua carne, os asiáticos e árabes ampliaram a importação dessa carne por questão de preço. No futuro, talvez, tenhamos que enfrentar o continente africano, que tem condições de ocupar um lugar expressivo na pecuária mundial, porém isso é uma questão ainda para longo prazo, basicamente devido à condição sanitária dos países africanos.
Thomas C.S. Kim › A abertura do terceiro grupo está mais próxima de ser realizada por vários motivos: em primeiro lugar, esses países estão melhorando de vida, o que permite o consumo maior de proteína de animal. O segundo motivo é que esses países tem a demanda reprimida basicamente por conta de alto preço de carne fornecida pelos países como Austrália, Nova Zelândia e EUA. Para se ter uma idéia, Indonésia tem 240 milhões de habitantes, sendo que o con- "O Brasil está sumo per capita de carne bovina é um pouco cumprindo mais que 1 kg/ano. Já pensou se eles comeseu programa rem apenas 1 kg a mais por ano? Seria 240 mil toneladas ! A situação não é muito dife- de defesa de rente no Vietnam: é um país com 90 milhões saúde animal de habitantes e consumo per capita é de 1 kg/ e investindo ano. Eles consomem muita carne de búfalo e pesadamente os cortes de músculo e peito tem a preferên- nisso. Tanto cia do povo vietnamita. Portanto, esse grupo MAPA como tem um potencial enorme e nós estamos praticamente iniciando a nossa operação comer- estados brasileiros cial por lá. Como estão os nosso principais concorrentes mundiais, como Austrália e Argentina? › Revista da Abrafrigo
estão cientes da importância desse tema"
Thomas C.S. Kim › A Austrália tem presença já bem consolidada principalmente no mercado asiático onde duas situações favorecem a sua exportação: a condição sanitária de livre de febre aftosa sem vacinação e a distância que permite comercializar produtos resfriados. Também o tipo de carne que vendem, com marmorização maior que nossa carne, tem melhor aceitação nos steak houses dessas regiões. A Argentina está sendo favorecida pelo câmbio, onde o preço é bem mais competitivo que o nosso, afetado pela valorização do Real. Entretanto, esses países não tem produção suficiente para atender a demanda do mercado
Feira de Moscou em Setembro 2009
18. Revista da ABRAFRIGO novembro de 2009
Há muitos países impondo barreira sanitárias ao Brasil hoje em dia? › Revista da Abrafrigo Thomas C.S. Kim › Vários países fecharam a porta depois do surgimento de febre aftosa no Mato Grosso do Sul em 2005 e alguns continuam fechados.A África do Sul é um exemplo. Recentemente, Brasil mandou uma missão conjunta, comercial e sanitária, para aquele país e eles prometeram avaliar a situação brasileira brevemente, porém até agora não temos algo concreto sobre abertura desse mercado. Vejo novamente aqui componentes não-técnicos, mas algo político/comercial. Sou defensor da ideia de que o governo federal tem que se envolver nessas negociações de forma ativa, oferecendo e exigindo “trocas”.
Como o Sr. vê o futuro das nossas exportações? O Brasil é um país com mercado consolidado? › Revista da Abrafrigo Thomas C.S. Kim › A estatística projeta um aumento de quase 50% da população mundial nos próximos 50 anos, sendo que a área agricultável no mundo vai diminuir significativamente inclusive por razões do meio-ambiente. Há cada vez menor espaço para pecuária e o Brasil terá que também buscar melhoria de produtividade com aprimoramento tecnológico na alimentação dos animais, seja nos pastos ou nos confinamentos. Também é necessário avançarmos alguns degraus na indústria de transformação da matéria-prima. Além de ganharmos um valor agregado significativo, poderemos evitar desperdícios e aumentar a segurança alimentar.O Brasil possui cerca de 20% do rebanho mundial com 17% de abate total. A nossa produção de carne bovina já representa mais de 15% da produção mundial sendo o volume médio exportado nos últimos anos foi mais de 2 milhões de toneladas/ano, representando mais ou menos 30% da exportação mundial. Isso coloca o Brasil na liderança mundial de exportação de carne bovina. Isso tudo mesmo fora dos mercados como EUA, Coréia do Sul, Japão, Indonésia, etc. Portanto, a tendência é esses números melhorarem nos próximos anos ›‹
Pesquisa Meio Ambiente & Desenvolvimento
Nanotecnologia no campo A nanotecnologia, um dos mais impressionantes desenvolvimentos científicos das últimas décadas, chega a pecuária para auxiliar no controle de doenças como a febre aftosa
N
a Universidade de São cos especiais que vão detectar a Carlos, no interior paupresença de anticorpos", explica lista, um grupo de cienValtencir Zucolotto, professor do tistas da área de Biofísica Instituto de Física da UFSCar. " Molecular do Instituto de Caso o animal já tenha Física e do Instituto de "O que estamos apresentado sinais de Estudos Avançados está fazendo é a aftosa, ele desenvolveu estudando a aplicação da imobilização de anticorpos e os sennanotecnologia para desores detectarão isso", nanopartículas acrescenta. Segundo tectar a febre aftosa na metálicas ele, aproximadamenpopulação brasileira de sobre circuitos te dentro de um ano e bovinos. Hoje isso ainda é feito via métodos imueletrônicos meio o primeiro protónológicos desenvolvidos especiais que tipo para comercializapara quantificar a convão detectar ção deverá ser producentração de antígenos zido e em dois anos, o a presença de kit estará pronto para e anticorpos, sendo o anticorpos" comercialização. principal deles o Leitor Elisa (do inglês EnzymeHá vários outros linked immuno sorbent projetos de nanotecassay). No entanto, é um processo nologia para o campo que estão de alto custo e demorado, no qual sendo desenvolvidos em vários uma amostra de sangue do animal pontos do país, com pesquisas deve ser encaminhada para anáconcentradas no desenvollise em laboratório credenciado vimento de sensores pelo Ministério da Agricultura, tidos como "línnormalmente distante das áreas gua" e "nariz" de produção e que tem provocaelet rôn icos, dos muitos resultados duvidosos. capazes de Esta é a primeira tentativa feirealizar tata no Brasil de se levar ao campo refas como um desenvolvimento científico medição da notável : a nanotecnologia, ciência umidade do da reorganização de moléculas e solo e da átomos numa escala quase inimiginável - 1 bilhão de vezes menor que o metro. “O que estamos pesquisando é a imobilização de nanopartículas metálicas sobre circuitos eletrôni-
maturação de frutos, detecção de bactérias para embalagens de alimentos, nanofibras de celulose a partir do derivados do leite ou a descoberta da febre aftosa no rebanho bovino. No caso do rebanho brasileiro, a nanotecnologia trará um processo mais barato e rápido porque os testes de aftosa poderão ser feitos in loco e com resposta imediata. Para um país que é o maior produtor e exportador de carne bovina do mundo, certamente será um instrumento valioso e que deverá evitar a criação de novas barreiras sanitárias semelhantes às que forma impostas ao país depois da descoberta de febre aftosa no Mato Grosso em 2005 ›‹
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Meio-Ambiente
Pressão D contra o desmatamento Ação de ambientalistas do Greenpeace faz com que frigoríficos que atuam na região amazônica se adaptem aos novos tempos. 20. Revista da ABRAFRIGO maio novembro de 2009 de 2009
epois da divulgação, em junho passado, de um relatório do Greenpeace, intitulado "A Farra do Boi na Amazônia", que detalhava a ligação entre a destruição da floresta e a expansão da criação de gado na Amazônia, e que provocou enorme repercussão mundial, algumas empresas multinacionais, incluindo fabricantes de calçados como Adidas, Nike e Timberland prometeram cancelar contratos a menos que recebessem garantias de que seus produtos não estavam associados ao gado
Pressão contra a criação de gado em áreas de preservação ambiental na região amazônica. Na foto, gado sendo retirado pela Operação Boi Pirata 2 na Flona da Jamanxim no Pará.
ou trabalho escravo na Amazônia. Mais do que isso: empresas que compram carne bovina como McDonald's e Wal-Mart pressionaram os produtores a mudarem suas práticas na Amazônia. Com receio de que esta situação se alastrasse e provocasse perdas inimagináveis na economia do setor, as maiores empresas do país se movimentaram parta deter o avanço da onda ambientalista. O resultado foi que, no dia 5 de outubro, a organização não governamental Greenpeace assinou com os frigoríficos Marfrig, Revista da ABRAFRIGO novembro Revista da ABRAFRIGO maio de 2009 .21
Foto: Jefferson Rudy/MMA
Boi Pirata
Na foto, o Ministro Carlos Minc acompanha a retirada de Boi Pirata de dentro da Flona da Jamanxim.
anos", segundo a ONG. Estudos Bertin, JBS-Friboi e Minerva um do Greenpeace apontam que um compromisso para que estas emhectare da floresta é transformapresas não comprem mais carne do em pasto para gado a cada 18 de produtores que contribuem segundos, mas para a entidade, com o desmatamento da floresem breve o consumidor brasileita. Segundo a entidade, 80% das ro poderá comprar carne tendo áreas desmatadas na Amazônia certeza que não está contribuinsão ocupadas pela pecuária e para do para o desmatamento. Estimao diretor da campanha do Grese que a destruição das florestas enpeace, Paulo Adário, este é um tropicais ao redor do mundo seja passo fundamental no combate responsável por cerca de 20% ao desmatamento. das emissões globais de Outro fator de peso gases do efeito estufa. que impulsionou os su- "O prazo perfrigoríficos à mo- depende do tipo Conforme o Instituto do Homem e Meio ratória foi a crescente de fornecedor. Ambiente da Amazônia pressão derivada do Para o boi (Imazon), a pecuária fato de o BNDES conna Amazônia responde tar com fatias relevan- de corte, os por cerca de 44% das tes nos controles dos frigoríficos têm grandes frigoríficos, o seis meses para emissões de gases-esque inclusive ajudou a identificar todas tufa do Brasil. A conta é simples: segundo o influenciar e a acelerar as fazendas. Imazon, o desmatamena consolidação da as- Já para os to representa 55% das sinatura do acordo. O emissões brasileiras, e banco também estava criadores de a fatia pecuária corresrepresentado na sede da bezerros, por ponde a 80% do total. FGV, bem como o IFC, exemplo, são Além de monitorar braço de financiamen- dois anos" suas cadeias de fornecetos privados do Banco dores e estabelecer meMundial. tas claras para o regisO compromisso intro das fazendas que fornecem o cluiu uma agenda com seis pongado, tanto direta quanto indiretos, com o monitoramento do tamente, os frigoríficos informadesmatamento na cadeia produtiram que conceberão medidas para va e cadastro de todas as fazendas colocar um fim à compra de gado produtoras. "O prazo depende do de áreas indígenas ou protegidas, tipo de fornecedor. Para o boi e de fazendas que usam o trabade corte, os frigoríficos têm seis lho escravo. Até mesmo Blaimeses para identificar todas as ro Maggi, governador do Mato fazendas. Já para os criadores de Grosso, o Estado brasileiro com bezerros, por exemplo, são dois 22. Revista da ABRAFRIGO novembro de 2009
taxa mais alta de desmatamento da Amazônia e o maior rebanho bovino do país, e considerado o inimigo número 1 das florestas do Norte de seu Estado, disse na ocasião que apoiaria os esforços para proteger a Amazônia e forneceria imagens de alta resolução por satélite para ajudar a monitorar a região. A própria Associação Brasileira dos Supermercados também
Foto: Valter Campanato/ABr
Rebanho para o Fome Zero
assinou o acordo, assegurando ainda mais o cumprimento por parte dos frigoríficos, mas nem todos ficaram felizes com o acordo: pecuaristas mostraram-se preocupados e, para a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), os critérios do convênio são turvos e imprecisos com a tendência de que as cotações do boi sofram maior pressão e a carne fique mais cara no varejo ›‹
Em outubro deste ano, o Ibama doou ao Programa Fome Zero 625 cabeças de bois e 101 ovelhas apreendidas dentro da Floresta Nacional do Jamaxim, uma unidade de conservação localizada no município de Novo Progresso, no oeste do Pará, durante a Operação Boi Pirata II. Na foto, o resultado da primeira operação Boi Pirata, em junho de 2008, em que foram apreendidas 3,5 mil cabeças de gado na Estação Ecológica Terra do Meio (uma Unidade de Conservação de Proteção Integral), estado do Pará.
Revista da ABRAFRIGO novembro de 2009 .23
Na foto o Gerente Comercial do Frigorífico Argus, Ricardo José Di Pretoro. "Não chegamos a formar estoque porque a demanda está alta"
24. Revista da ABRAFRIGO novembro de 2009
Investimentos
Farinha de carne No seu melhor momento de mercado na história do país, a farinha de carne e ossos volta a ser um produto rentável para os frigoríficos
D
epois que a Encefalopanha de carne e ossos o crescimentia Espongiforme Bovina to foi de 225%. Já o couro, antigo EEB (doença da vaca loucampeão de rentabilidade, perdeu ca) se espalhou por vários valor. países e mercados mundiais imporA OIE recomenda aos países tantes, a farinha de carne esterilizar a farinha de "Até pouco carne e osso a 133ºC due ossos foi considerada tempo a rante 20 minutos e o Mium grande vilão e um produção da nistério da Agricultura, dos agentes disseminadores da doença. Resultafarinha de Pecuária e Abastecimendo: quem estava nesse necarne nem era to (Mapa) determina, por gócio quebrou ou passou interessante, meio da Instrução Normuito perto disso. No mativa nº 15 de 2003, a mas hoje ela já esterilização da farinha. Brasil, embora não tenham ocorrido casos da está na terceira Para isso, os frigoríficos posição entre e graxarias independendoença, o receio da contaminação também exis- os produtos que tes devem dispor dos tiu e o produto passou a mais trazem equipamentos necessáser quase que ignorado rentabilidade a rios para a esterilização. pelos grandes consumiHoje, poucas empresas um frigorífico" não executam o processo dores, os fabricantes de rações para suínos, aves e graças a rigorosa fiscalianimais de estimação. zação do Mapa. Graças a uma política severa Como o país se tornou propriede qualidade e higiene implantatário do maior rebanho do mundo da a partir de novas regras de fae no maior exportador de carne, bricação criadas pela Organização a produção de farinha de carne e Mundial de Saúde Animal (OIE), ossos tem aumentado na mesma a farinha de carne e ossos vem recuperando seu antigo posicionamento no mercado. Medidas como a obrigatoriedade da esterilização efetivamente permitiram a reclassificação do Brasil junto à OIE como país de risco desprezível para Encefalopatia Espongiforme Bovina. Assim, o produto voltou a ser um componente importante de receita para os frigoríficos e graxarias. Basta ver o que aconteceu com os preços: de março de 2007 a agosto de 2009, o preço boi gordo em São Paulo subiu 41%. Para a carne no atacado (boi casado), a alta foi de 47%; para o sebo, 38%. Para a fari-
Nova Estrutura
A mais moderna instalação para a produção de farinha de carne e ossos do país foi inaugurada dia 23 de outubro pelo frigorífico Argus, em São José dos Pinhais-PR.
Revista da ABRAFRIGO novembro de 2009 .25
Trituração da matéria-prima no processo de produção de farinha de carne e ossos proporção. Só que ela é utilizada somente para o abastecimento do mercado interno. “Até pouco tempo a produção da farinha de carne nem era interessante, mas hoje ela já está na terceira posição entre os produtos que mais trazem rentabilidade a um frigorífico. Em primeiro lugar estão os miúdos, em segundo o sebo e ela é a terceira colocada”, explica Ricardo José Di Pretoro, gerente comercial do Frigorífico Argus, de São José dos Pinhais, no Paraná. O couro, quarto colocado, já foi o primeiro. O Argus está apostando neste mercado. Investiu R$ 8 milhões em novas instalações que foram inauguradas no último dia 23 de outubro com capacidade de produção da ordem de 1 mil toneladas mensais e se tornou referência sobre como tratar o produto. “Vem gente de outros estados para ver como fazemos e nosso estoque estão sempre próximos do zero. Nossa graxaria é modelo”,
acrescenta o gerente comercial. Na verdade, a farinha de carne está no melhor momento de sua história. Apesar da produção ter aumentado bastante em função do crescimento do abate no país, o consumo interno cresceu tanto que absorve tudo que é fabricado. “A linha Pet de rações contribuiu
muito para isso”, conta Di Pretoro. “Na época da vaca louca o preço chegou a cair para 10 centavos o quilo, mas nem assim tínhamos compradores. Hoje está em 75 centavos o quilo, o que não é exagerado, mas há demanda crescente e acredito ainda em um pouco mais de alta neste ano”, acrescenta ele ›‹
O que um Bovino adulto gera
202 kg de carne 12 kg
de sebo
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40 kg
de peles
27 kg
de peles
48 kg
de miúdos
Boi em pé
Mais Prejuízos A cada ano, o crescente aumento da exportação de boi vivo vem afetando negativamente a economia da cadeia produtiva do setor e reduzindo o potencial de geração de renda interna e emprego no país. É isso que aponta um estudo intitulado de “Desvantagens Econômicas da Exportação de gado em pé”.
A
exportação de produtos 2009, houve crescimento de quase primários como alimen20% no total de bovinos vendidos tos, bebidas, matérias-priao exterior, atingindo uma receita mas agrícolas, de US$ 308,117 milhões. etc, tem características "Os inúmeros Segundo a conclupróprias que a distin- problemas são de um estudo intiguem da atividade de tulado Desvantagens associados à exportação de produEconômicas da Exportos manufaturados e exportação de tação de gado em pé, “O de serviços. Para países gado em pé gado deve ser abatido o em desenvolvimento, são evidências mais próximo possível o modelo de economia categóricas da fazenda de origem e primário-exportadora da ineficiência a exportação de bovinos oferece uma série de dideve ser substituída pela deste tipo ficuldades, como a deteexportação de carne, rioração dos termos de de comércio, couro e subprodutos. troca: a tendência de, a especialmente Os inúmeros problemas longo prazo, ocorrer a para um país associados à exportação queda dos preços dos em forte e de gado em pé são eviprodutos primários em desenvolvimento dências categóricas da relação aos preços dos ineficiência deste tipo como o Brasil" produtos manufaturade comércio, especialdos. Assim, atingir pamente para um país em tamares mais elevados forte desenvolvimento de desenvolvimento requer que como o Brasil”. O autor, o professe evite esse modelo de economia sor Dr. Reinaldo Gonçalves, Tituprimário-exportadora, inclusive quando se trata da movimentação de carga viva. O crescente aumento da exportação do “boi em pé”, ou seja, a exportação de gado vivo para o abate, vem afetando negativamente a oferta doméstica deste produto no mercado interno e reduz o potencial de geração de valor agregado (renda interna) e emprego no país. E para aflição da cadeia produtiva, a cada ano, nota-se um ritmo firme de aumento dos embarques. Em relação ao período de janeiro a outubro de 2008, comparado ao mesmo período de
Menos empregos A exportação do "boi em pé" afeta negativamente a oferta doméstica deste produto no mercado interno e reduz o potencial de geração de valor agregado, ou seja, de renda interna e emprego no país
Revista da ABRAFRIGO novembro de 2009 .27
lar de Economia Internacional do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, justifica mostrando que o bovino é o insumo básico não somente de toda a cadeia produtiva da carne bovina (frigoríficos, indústria de processamento de alimentos, supermercados e açougues) como também da cadeia produtiva do couro (veja quadro). “Os efeitos de encadeamento da pecuária são expressivos visto que atingem as indústrias de alimentos, artefatos de couro, vestuário, mobiliário, calçados e material de transporte (setor automotivo). Neste sentido, a lógica econômica mais evidente é que o deslocamento da produção de gado para o exterior afeta negativamente a oferta doméstica deste produto no mercado interno e reduz o potencial de geração de valor
agregado, ou seja, de renda interna e emprego no país”, afirma o professor. Principal exportador mundial de carne bovina em volume, o Brasil aparece como o quarto maior vendedor de gado vivo a outros países, de acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA. É superado pelos países que fornecem bovinos para engorda para os Estados Unidos - Canadá e México (primeiro e terceiro do ranking) e pela Austrália (a segunda), que atende o Sudeste Asiático. Péricles Salazar, presidente da Abrafrigo, qualifica a exportação de gado vivo como retrocesso, por "não agregar valor" à cadeia produtiva. Salazar diz temer que a prática se espalhe, "num momento em que o rebanho nacional diminui, pela preferência do produ-
Receitas com exportação de bois vivos Mesmo diminuindo o número de embarques, os bons preços do mercado
internacional aumentaram a receita do produtor.
Produtos Químicos
Pecuária de Corte
Indústria de Componentes
Artefatos de Outros Materiais Calçados de Couro
Curtumes
Frigorífico
Calçados de Outros Materiais
Artigos de Couro
Coureiro
Importações de Couro
Indústria Têxtil
Indústria Moveleira em Couro Indústria de Confecções em Couro
Máquinas e Equipamentos
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Componentes em Couro para Estofamentos
Exportação de bois para o Líbano: retrocesso para a cadeia produtiva
onde os animais foram criados, não só terminaria com a crueldade do transporte por longas distâncias como criaria empregos e geraria arrecadação de tributos no Brasil.”, ressalta Gonçalves no estudo ›‹
tor por outras atividades". Segundo Salazar, para se contrapor ao crescimento do embarque de "boi em pé", a indústria precisa de "novos nichos", levando ao consumidor produtos cada vez mais elaborados, e não peças inteiras, com pouco processamento.
lação. Além disso, experimentam estresse e exaustão pelo manejo inadequado. A taxa de mortalidade pode chegar a 10% durante a jornada de até 21 dias. “O abate humanitário, realizado em um frigorífico próximo à fazenda
Maus tratos
mercado Participação no mercado internacional de boi vivo e carne fresca, refrigerada e congelada 2003 - 2007 (% na receita de exportações)
Além do ponto de vista econômico, existem também um agravante desse tipo de prática: as condições de maus-tratos a que os animais são submetidos durante longas jornadas. Já foi cientificamente comprovado que o transporte por longas distâncias causa extremo sofrimento aos animais, com restrições de espaço, água e alimentação, sendo que muitas vezes a adaptação à nova dieta não é adequada. Confinados em ambientes impróprios e em condições de superlotação, eles também têm que suportar mudanças extremas de temperatura e venti-
13,2
12,9 11,2
10,5 6,9
4,6
0,0
0,1
0,7
1,3
Boi vivo Carne fresca, refrigerada e congelada Fonte: Nações Unidas (COMTRADE)
Revista da ABRAFRIGO novembro de 2009 .29
Exportação de bois para o Líbano: retrocesso para a cadeia produtiva
30. Revista da ABRAFRIGO novembro de 2009
Setor de Carnes
Mais Concentração As operações da FBS/Friboi, comprando o frigorífico Bertin, e da Mafrig, alugando as instalações do Margen e do Mercosul, vão colocar os produtores diante de poucas opções para comercializar seus animais e surge o receio de que estas empresas ditem os preços no mercado
A
recente aquisição do frimenos e consumidores pagarem gorífico Bertin pelo JBSmais. Friboi e o protocolo de E o pior é que isso está senintenções firmado pelo do bancado pelo próprio governo Mafrig com os Frigorífibrasileiro porque foi o cos Margen e Mercosul "o poder BNDES (Banco Naciopara o arrendamento de em mãos nal do Desenvolvimen11 unidades frigoríficas de poucas to Econômico e Social) que, juntas, possuem capatrocinou a conempresas faz quem pacidade de abate de 8,8 glomerização do setor de fornecedores carne no país, fornecenmil cabeças de gado por receberem do os recursos para as dia e de uma indústria de charquearia com produmenos e grandes empresas absorção de 1.700 toneladas de consumidores verem seus concorrentes, produtos industrializa- pagarem mais" numa iniciativa temerádos por mês, trazem inria e contraproducente dicadores preocupantes. que pode vir a desorganiComo ocorreu no setor zar uma cadeia produtiva de cítricos, a excessiva concentracomplexa e competitiva. ção pode trazer problemas enorA compra do Bertin somada a mes aos fornecedores e ao mercada norte-americana Pilgrim's Pride do, como o simples fato de que o deve fazer com que o faturamento poder em mãos de poucas empredo JBS-Friboi chegue próximo ao sas faz fornecedores receberem das maiores empresas brasileiras,
Ranking Mundial das empresas de Proteína
1o
Receita líquida em 2008.
1a Petrobras 2a Vale 3a JBS + Bertin + Pilgrim´s
215,1 70,5 60,7*
*Estimativa
Tyson Foods (EUA)
US$ 28,1 BI
JBS + Bertin + Pilgrim´s (Brasil)
US$ 28,7 BI*
3o Vio (Holanda) US$ 12,7 bi 4o Smithfield (EUA) US$ 12,5 bi
Algumas marcas do grupo Friboi • Swift • Maturatta • Bertin Danúbio • Vigor Leco • Faixa Azul
Empresa será a 3a maior do Brasil em receita
5o Brasil Foods (Brasil) US$ 12,1 bi
*Estimativa Fonte: JBS
Revista da ABRAFRIGO novembro de 2009 .31
Sede da JBS Friboi
Na foto vista da matriz da JBS Friboi, em São Paulo. Com as aquisições, a JBS S.A., que já era a primeira no ranking do comércio mundial de carne bovina, passou a liderança em proteína animal - incluindo 32. Revista da ABRAFRIGO novembrofrangos de 2009e suínos.
Revista da ABRAFRIGO novembro de 2009 .33
como a Vale do Rio Doce, transformar a Brasil Foods. Para Joesformando o frigorífico no maior ley Batista, presidente-executivo do mundo em carne bovina. O JBS da JBS, que junto com cinco irteve um faturamento de R$ 35,9 bimãos dirige o grupo, “sem o apoio lhões entre julho de 2008 e junho do BNDES não teria sido possível de 2009. Se for somado o faturaa transformação da empresa numa mento do Bertin, - R$ 7,5 bilhões multinacional e na líder do merno ano passado - e do Pilgrim's R$ cado mundial de carnes”, segundo 15,3 bilhões em 2008, a receita todeclarou aos jornais. tal do JBS sobe R$ 58,7 bilhões. A O Banco Nacional de DesenVale, por exemplo, obteve faturavolvimento Econômico e Social mento de R$ 61,6 bilhões nos últi(BNDES) informou em nota ofimos 12 meses, menor apenas que o cial que vê como positiva a união da Petrobras. entre os frigoríficos JBS Friboi e a Na avaliação do presidente da Bertin, que criou a maior empreAbrafrigo, Péricles Salazar, as consa de proteína animal do mundo. dições de competição entre pequeO banco, que é acionista das duas nos, médios e grandes empresas, informou que "A aquisição a sua participação aciofrigoríficos se tornarão amplia nária resultante da asainda mais discrepantes ainda mais a sociação será de 22,4% com a união entre JBS e Bertin. "Essa notícia é concentração dos negócios integrados. muito preocupante para no segmento, Atualmente, a BNDES os médios e pequenos (BNDESo que dificulta Participações frigoríficos, uma vez que Par) detém 26,9% do caacesso à pital do Bertin e 19,4% a aquisição amplia ainda matéria-prima mais a concentração no do capital do JBS/Frisegmento, o que dificulta e reduz o poder boi. Em nota, o banco acesso à matéria-prima e de negociação destacou que também reduz o poder de negojunto a considera positivo o ciação junto a atacadisde internacioatacadistas e processo tas e varejistas", diz ele. nalização do JBS/ Frivarejistas" boi, que tem planos de Além destas operações, a Marfrig, que chegou a abrir capital nos Estados negociar uma fusão com Unidos. "A estratégia de a Bertin, anunciou a compra da crescimento destas empresas visa Seara, unidade de carnes da ameriao aproveitamento de sinergias no cana Cargill e, em maio deste ano, processo de agregação de valor Perdigão e Sadia se juntaram para na cadeia produtiva por meio do aumento da industrialização, da verticalização, dos investimentos em logística, em canais de distribuição nacionais e internacionais, além dos ganhos de escala inerentes ao processo de consolidação em curso", afirma o banco no seu comunicado. Só para a aquisição a norte-americana Pilgrim’s Pride a JBS contará com algumas linhas de crédito suficientes para financiar dívida de aproximadamente US$ 1,5 bilhão, segundo revelou a empresa. 34. Revista da ABRAFRIGO novembro de 2009
Capacidade de abate
A JBS-Bertin, em todo o mundo, conta com capacidade de processamento diário de 90,4 mil bovinos, 48,5 mil suínos, 7,2 milhões de aves, 19,5 animais de pequeno porte (ovinos e caprinos), 148,5 mil metros quadrados de couro e 1.266 toneladas de lácteos.
Maior do mundo A Bertin, fundada há cerca de 30 anos é também uma das maiores exportadoras de produtos de origem animal da América Latina, como carne bovina in natura e processada, lácteos e couros. A empresa tem 38 unidades produtivas no Brasil e no exterior e emprega mais de 35 mil funcionários. A JBS possui uma capacidade global de abate de 73,9 mil cabeças/dia, com operações em 25 plantas industriais em 9 Estados brasileiros, 6 plantas em 4 províncias argentinas, além de 16 plantas nos EUA, 10 na Austrália e 8 na Itália. A empresa, maior exportadora mundial de carne bovina, tem capacidade total de abates no Brasil de aproximadamente 26 mil animais por dia. A nova empresa que deverá resultar da operação, será responsável, sozinha, por 15% das exportações brasileiras e 10% do mercado interno. Em alguns locais esta concentração alcançará níveis nunca imaginados: a Associação dos Criadores do Mato Grosso revelou que, no estado, a JBS passará a controlar quase 50% dos abates. Dos 29 frigoríficos em operação naquele
estado, a JBS e a Bertin controlam 11. A Sociedade Rural do Paraná, por sua vez, disse que “vê surgir um oligopólio com características de monopólio, o que desequilibra ainda mais a relação entre produto-
res e a indústria, segundo disse seu presidente, Alexandre Kireeff. Para Antenor Nogueira, presidente do Fórum Permanente da Pecuária de Corte, “o momento já é ruim para o produtor e quanto mais concentrado o mercado mais o produtor perde poder na formação dos preços”, declarou num encontro da Associação Nacional dos Confinadores realizada em Goiânia em setembro passado. Após a fusão com a Bertin e a compra da Pilgrim's, a JBS será líder em processamento de carne bovina no Brasil, na Austrália, na Argentina, na Itália e uma das maiores dos EUA, com capacidade de abate de 90,4 mil bovinos por dia. Será a terceira em suínos nos EUA, com capacidade de abate de 48,5 mil cabeças por dia, e uma das maiores em aves naquele país e globalmente, com capacidade de abate de 7,2 milhões frangos por dia ›‹
Posicionamento Nota oficial da ABRAFRIGO sobre as fusões Friboi-Bertin, Marfrig-Margen-Mercosul, aborda os seguintes pontos: • A ABRAFRIGO tem sistematicamente se posicionado contrária a concentração industrial no ramo de frigoríficos; • Não concordamos com a injeção de recursos públicos nas empresas, na condição de sócio, pelo BNDES, os quais têm sido a fonte maior da concentração industrial no nosso segmento; • Todavia, não nos restam outras alternativas que possam evitar estas fusões e incorporações, senão a de continuarmos esclarecendo a opinião pública, os poderes constituídos da nação e também as entidades de representação dos pecuaristas, sobre as prováveis conseqüências deste processo; • Reconhecemos, porém, que o país eventualmente poderá se beneficiar, uma vez que estas empresas terão maior poder de competitividade nos mercados externos, colaborando para a nossa balança comercial; • Entretanto, a ABRAFRIGO espera que no dia-a-dia dos mercados do boi e da carne possa haver concorrência leal e salutar entre todas as empresas, e que, sob nenhuma hipótese, vamos tolerar quaisquer indícios de manipulação de preços e distorção do padrão de comportamento comercial que deve haver nestes mercados; • A entidade deposita um crédito de confiança nestas fusões, mas esclarece que não hesitará em tomar as medidas administrativas, legais e judiciais caso algum mínimo sinal de irregularidade no campo comercial seja detectado por quaisquer das nossas entidades e empresas filiadas. • Continuaremos monitorando permanentemente estes mercados, em todas as regiões do país, na esperança de que continuem sendo objeto das relações normais de oferta e procura agregadas, com os preços sendo definidos como resultantes destas duas variáveis, sem artifícios e sem manipulações.
Revista da ABRAFRIGO novembro de 2009 .35
36. Revista da ABRAFRIGO novembro de 2009
Mercado
Luz no fim do túnel Numa época de definições e ajustes, depois dos meses de crise e das incorporações de empresas ocorridas, o setor de carne bovina já vive relativa estabilidade e tem claro que 2010 pode ser o ano de retomada plena da atividade. Prova disso é a tentativa da Brasil Foods entrar no setor.
D
Retorno Depois de terem saído do mercado anos atrás, Sadia e Perdigão querem voltar ao setor de carne bovina pela via da nova empresa, a recém-criada BRFoods (foto), uma associação entre as duas
Foto: divulgação
os mais presentes no 2010 devei começar a ver uma luz noticiário econômico no fim do túnel. Por exemplo: a brasileiro nos paralisação e a recupeúltimos tem- "Os preços, no ração judicial de alguns final de 2009, empreendimentos acapos, graças a grandes negociações e também a estão estáveis baram gerando mercado grandes dificuldades, o na faixa de para outras empresas. A setor de frigoríficos foi Foods (BRFooR$ 77,00. Não Brasil um dos que mais sofreu ds), resultado da fusão teremos em entre as empresas de retração com a crise. médio prazo, a alimentos Sadia e PerdiQuatro grandes frigorepetição dos gão, já mostrou que tem ríficos, desde setembro de 2008, pediram recuR$ 88,00 que interesse em comprar peração judicial e aprose registraram o frigorífico Indepenximadamente 30 mil um dos maiores em 2008" dência, pessoas que estavam exportadores de carne empregadas direta ou bovina do país, depois indiretamente nessas que este reestruturar sua empresas, perderam sua dívida, segundo noticiáocupação. rio de agências internaAs dificuldades que cionais. Claro que isso é nos foram impostas um primeiro reflexo da depois de setembro de desoneração do PIS/Co2008, com a crise fifins que restabeleceu o nanceira mundial, ainda e qu i l í br io não foram totalmente recuperano setor. Agora, a das. As exportações continuam BRFoods quer exabaixo da média histórica dos úlpandir a sua atuação timos meses anteriores a setemna comercialização bro, embora tenham aumentado de carne bovina, já mês a mês. que em relação ao O que se observa é que, apecomércio de frango, sar da forte retração, o setor tem a empresa já detém reagido, aos "trancos e barranuma posição de lidecos”, o que pressupõe que até rança, mas mesmo o final de 2009 ele vai ficar se que a operação enajustando o tempo todo. E em tre Independência e
Revista da ABRAFRIGO novembro de 2009 .37
preços Variação do preço da arroba do boi gordo em 2009 – Barretos – SP Janeiro
R$ 85,00
Junho
R$ 82,00
Fevereiro
R$ 82,00
Julho
R$ 81,00
Março
R$ 78,00
Agosto
R$ 78,00
Abril
R$ 80,00
Setembro
R$ 79,00
Maio
R$ 81,50
Outubro
R$ 77,00 Fonte : Scot Consultoria
Brasil Foods não se concretize, a animais disponíveis está visivelindústria de alimentos vai contimente maior e a tendência é que nuar se consolidando. os preços cedam no curto/médio Atualmente, os frigoríficos prazo. “Os preços, no final de brasileiros estão operando com 2009, estão estáveis na faixa de apenas 60% de sua capacidade R$ 77,00. Não teremos em médio de produção. A queda da produprazo, a repetição dos R$ 88,00 ção dos frigoríficos, no entanto, que se registraram em 2008”, exestá relacionada também à miplica o suplente de senador pelo gração de alguns criadores para Tocantins, José João Batista Stia produção de cana-deval, vice-presidente açúcar. Alguns pecua- "Precisamos da Abrafrigo. “Mas o ristas têm sido bastante também mudar grande acontecimento tentados pelo eucalipto deste ano foi a consa estrutura de porque empresas do setatação de que o mertor de papel e celulose pagamento cado interno é muito preocupadas com uma do boi para o forte e absorveu quase possibilidade falta de pecuarista para tudo o que deixou de matéria-prima futura o quilograma do ser exportado no períestão oferecendo, em boi vivo e não odo de crise, o que dá arrendamento, algo segurança ao mais arroba dele maior próximo de R$800,00/ produtor com vistas ao alqueire, algo com que já abatido, o que futuro da atividade”, fica realmente difícil da dá uma sensação acrescenta. pecuária competir. Lá fora os preços ao produtor A oferta de bovinos de que é só o começaram a melhorar ainda não está absolu- frigorífico que e os exportadores contamente regular para seguiram em média vaestá ganhando, os frigoríficos e em lores 15% maiores em algumas regiões há di- o que não dólar que os que estaficuldade de aquisição corresponde a vam sendo praticados de bois como no Nor- realidade" no início do ano. No te de Minas Gerais. No entanto, esta conquista entanto, no Paraná, foi inteiramente anulaSul de Minas Gerais, da pela desvalorização Triângulo Mineiro, Goiás e Mato do Real frente ao dólar no períoGrosso do Sul há tendência de do. Outro fator de desequilíbrio queda de preço em virtude do aue mantém de certa forma a situmento de oferta. Em relação aos ação delicada é o preço baixo do últimos dois anos, o número de couro, um dos itens de maior ren38. Revista da ABRAFRIGO novembro de 2009
tabilidade dos frigoríficos brasileiros e que responde por 18% do seu faturamento, entre os 78 itens de produção. “Neste quadro, o novo desafio é o aumento da produtividade”, diz José João Batista Stival. “Precisamos também mudar a estrutura de pagamento do boi para o pecuarista para o quilograma do boi vivo e não mais arroba dele já abatido, o que dá uma sensação ao produtor de que é só o frigorífico que está ganhando , o que não corresponde a realidade. Acho que é hora de lançarmos isso em debate”, conclui ele ›‹
Margens do varejo continuam altas Mesmo com os preços da carne oscilando bastante desde o início do ano, as margens do varejo continuam elevadas e nada é repassado ao consumidor final. Atacado
Varejo
02/11 a 06/11
02/11 a 06/11
Diferença
Margem Bruta supermercados
Alcatra - Miolo
R$ 10,65
R$ 19,06
R$ 8,41
78,97 %
Contra File
R$ 9,87
R$ 16,35
R$ 6,48
65,65 %
Coxão Mole
R$ 8,28
R$ 14,38
R$ 6,58
79,47 %
File Mignon s/ cordão
R$ 17,51
R$ 30,12
R$ 12,61
72,02 %
Lagarto
R$ 7,70
R$ 13,15
R$ 5,45
70,78 %
Patinho
R$ 7,69
R$ 15,32
R$ 7,63
99,22 %
Fonte: Scot Consultoria - Preços Médios SP
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Diretriz CERTIFICADO VETERINÁRIO DE SANIDADE ANIMAL E DE SAÚDE PÚBLICA
Novas Regras Ministério da Agricultura quer mudar regulamento da exportação de despojos bovinos. Os estudos estão em andamento no Dipoa e, pelo que se sabe, só frigoríficos habilitados a exportar poderão realizar operações de venda de despojos exportáveis, mesmo nas vendas entre empresas feitas no mercado doméstico.
O
adquirem produtos que no Brasil Ministério da Agricultura normalmente são remetidos para ainda não fez a divulgação a graxaria e que em algumas regide nenhuma informação ões do mundo são tratados como sobre como seriam estas iguarias. Esta exportação é feita mudanças, mas a assessoria de cosomente por frigoríficos habilimunicação do Mapa confirmou tados pelo Mapa para realizarem que o Dipoa – Departamento de vendas externas, mas muitas emInspeção de Produtos de Origem presas locais vendem seus dejetos Animal, está estudando alterapara estes frigoríficos exportadoções na atual regulamentação que res. Atualmente, o setor é balizadá as diretrizes para a produção do pela Circular 279, de e exportação de produ2004, que regulamenta tos que são classificados Neste setor, há e permite estas exportacomo despojos do abate um mercado ções e as operações entre de bovinos e bubalinos. os frigoríficos do mercaNeste setor, há um mer- interessante do interno, uma vez que cado interessante para para vários entre os compradores invários frigoríficos brasi- frigoríficos ternacionais de despojos leiros de pequeno e mé- brasileiros de não há grandes exigêndio porte porque muitos pequeno e cias de ordem sanitária. países, com costumes e médio porte Pelo que se comenta no hábitos alimentares dimercado, a partir de agoferentes do brasileiro, 40. Revista da ABRAFRIGO novembro de 2009
ra o Mapa quer que as vendas feitas no mercado interno de frigorífico para frigorífico tendo como objetivo a exportação de despojos seja realizada somente entre empresas que possuem habilitação para atuar no mercado externo, com o que, na prática, muitos frigoríficos teriam que correr para se adaptar às regras do Ministério da Agricultura. A Abrafrigo é contrária a este tipo de iniciativa que pode prejudicar muitas empresas de pequeno médio porte que não teriam como resolver o destino de parte de seus despojos, o que pode até mesmo criar problemas ambientais. Para a entidade, a situação atual, como prevalece pela Circular 279 é muito mais justa e satisfatória. Como muita gente não conhece o teor desta Circular, estamos publicando o documento na sua íntegra ›‹
Novas Regras Ainda em vigor, a Circular que disciplina a manipulação de despojos bovinos poderá ser alterada em breve pelo Ministério da Agricultura. Segue abaixo a instrução:
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Biocombustível
A vez do sebo
Para os frigoríficos, a importância econômica do sebo e do couro já é a mesma. A queda dos preços do couro é uma das maiores da história
Mercado do sebo bovino: expansão por causa do biodiesel
N
40 quilos de couro e somente 12 a história econômica do quilos de sebo, mas mesmo com setor de carnes do Brasil o valor de mercado mais alto, é a primeira vez que isso o sebo representa de ocorre. Em 15 março de 2008, o quilo Para um material 1,5% a, no máximo, 2% da receita das indo sebo valia R$ 0,95 que até bem dústrias frigoríficas. e o de couro verde, R$ pouco tempo No entanto, segundo a 2,20. Em novembro, o era tratado Scot Consultoria, a imquilo já valia R$ 1,70, o como resíduo, portância econômica mesmo valor do couro, queimado ou dos dois produtos, para que tinha iniciado uma o frigorífico, se iguatrajetória de queda em enterrado, meio a crise econômi- gerando passivos lou. Em setembro de 2007 o quilo do couro ca. Em maio deste ano, ambientais, valia 126% mais que o o sebo já valia R$ 2,30, trata-se de uma enquanto o quilo do grande mudança do sebo. Hoje ele vale 65% menos. Enquanto couro, R$ 1,80. Um que o mercado do sebo animal adulto produz
42. Revista da ABRAFRIGO novembro de 2009
Receita
Um animal adulto produz 40 quilos de couro e somente 12 quilos de sebo. No entanto, a importância econômica dos dois produtos se igualou para os frigoríficos
se expandiu no decorrer dos últimos anos, com o advento do biodiesel, o do couro encolheu, em função do uso de produtos sintéticos. Resultado: não há mais sobras de sebo no mercado. A maior explicação para este comportamento está no fato de que a gordura animal, atualmente, é a segunda matéria-prima mais utilizada para a produção de biodiesel no Brasil, atrás apenas do óleo de soja. Segundo o último Boletim Mensal de Biodiesel da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) -, a gordura animal - sebo bovino, quase em sua totalidade - responde por 14,62% da produção nacional, enquanto que o óleo de soja representa 78%. Conforme a ANP, o uso do sebo bovino superou em mais que três vezes o óleo de algodão (4,11%). Outras oleaginosas como a mamona, dendê, pinhão-manso, girassol e a canola aparecem como “outros materiais graxos” e equivalem a apenas 2,57% do que se consome para produzir o biodiesel. Para um material que até bem pouco tempo era tratado como resíduo, queimado ou enterrado, gerando passivos ambientais, trata-se de uma grande mudança, ocorrida em função do crescimento da participação do Brasil no mercado mundial da carne e porque o sebo é uma matéria-prima mais barata que o óleo de soja. A Bertin, por exemplo, apostou nessa tendência e inaugurou em agosto de 2007, a Brasbiodiesel em Lins, no interior paulista, para produzir 125 milhões de litros de biodiesel por ano, 70% com sebo de boi e 30% com óleo de soja. A Biocapital, arrendada pelo JBS Friboi, com sua usina localizada em Charqueada (SP) é a maior do país em aproveitamento exclusivo do sebo, mas outras 65 usinas
detêm autorização da ANP para processar gordura animal. Destas, pelo menos sete - BrasBiodiesel, Frigol, BioCar Biodiesel, CLV Agrodiesel, BioPar Parecis, Ouro Verde e Amazon Bio, localizadas em São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia, usam o sebo como matériaprima. Já o couro é muito dependente do mercado externo, que vem se retraindo neste ano por conta da menor demanda da Itália, maior compradora do produto brasileiro, e dos Estados Unidos - o Brasil exporta 80% do couro que produz. Até julho, as exportações brasileiras de couros registraram receita de US$ 588,62 milhões, com queda de 52%, em relação ao mesmo período de 2008. segundo dados elaborados pelo Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), com base no balanço da Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior ›‹
Couro X Sebo
Em março de 2008, o quilo do sebo valia R$ 0,95 e o de couro verde, R$ 2,20. Já em maio deste ano, o sebo valia R$ 2,30, enquanto o quilo do couro, R$ 1,80.
Composição. Matéria-prima para Produção de Biodiesel
Outros* Óleo de Algodão
4,11%
2,57% Sebo Bovino
14,62% soja
78%
*mamona, dendê, pinhão-manso, girassol e a canola
Revista da ABRAFRIGO novembro de 2009 .43
Comércio Exterior
Novo passo Recém-criado departamento da ABRAFRIGO terá como ação prioritária a inclusão de novas plantas pequenas e médias no rol de empresas exportadoras, além de prestar um valioso auxílio de consultoria
P
or demanda dos seus associados, a Abrafrigo criou no início de outubro, o seu Departamento de Comércio Exterior. Daqui para frente, ele deverá exercer um papel efetivo na inserção de mais empresas no setor de comércio exterior, cumprindo um importante papel na manutenção da liderança brasileira no mercado mundial de carnes no futuro. O Brasil possui cerca de 20% do rebanho mundial com 17% do abate total. A produção de carne bovina representa mais de 15% da produção mundial, sendo que o volume médio exportado nos últimos anos foi mais de 2 milhões de toneladas/ano, representando mais ou menos 30% da exportação mundial o que colocou o Brasil na liderança mundial de exportação de carne bovina, mesmo fora dos mercados como EUA, Coréia do Sul, Japão, Indonésia, etc. Portanto, a tendência é esses números melhorarem nos próximos anos e, nesse aspecto, os associados da Abrafrigo podem desempenhar um papel relevante. Para criar, organizar e tornar operacional este departamento a entidade convidou um dos maiores especialistas no setor, Thomas C. S. Kim que já começou seu trabalho e está à disposição dos interessados. Segundo ele, o Departamento de Comércio Exterior da Abrafrigo terá basicamente quatro grandes áreas de atuação: (1) Informação do Mercado Internacional; (2) Informação da Política Brasilei-
ra na Área de Comércio Exterior; (3) Atuação nas Habilitações de Plantas dos Associados; (4) Consultoria na Área de Comércio Exterior a Associados. Para buscar e atualizar informações do mercado internacional, o departamento terá uma participação ativa nas missões comerciais e sanitárias do MAPA e do MDIC. Com isso, deverá informar aos associados tudo que está acontecendo no mercado mundial de carne em tempo dessas informações serem muito bem aproveitadas para novos negócios. Também pretende manter conversas com as associações dos países importadores para firmar colaboração mútua de troca de informações. O departamento manterá um colaborador que
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Da esquerda para a direita, Thomas C. S. Kim, Francisco Turra (ABEF), Pedro Camargo Neto (ABIPECS), Celio Porto (Secretário de Relações Internacionais – MAPA) – Na embaixada em Moscou onde foi tratada a questão de cota de exportação de carne com o governo russo.
O Brasil no mercado mundial
Rebanho de 200 milhões de cabeças 20% do rebanho mundial 17% do abate total 15% da produção mundial 30% das exportações 2 milhões de ton/ ano de carne
das pelos importadores cuja regra terá total transparência. Para isso, talvez seja necessária uma préavaliação técnica por profissionais competentes. O departamento poderá assessorar as plantas a se qualificarem técnica e comercialmente para conquistar habilitações”, completou. Ele também informou que sobre consultoria na área de comércio exterior, entre os associados da entidade, alguns ainda não têm experiência nessa área, ou talvez venham a ter situações em que poderão ter dúvidas ou necessitar de alguma dica de soluções. “O departamento pretende dar assistência permanente desses assuntos aos associados”, garantiu. Segunvai estar próximo ao MAPA e ao do ele, neste setor o papel do goMDIC para uma representação insverno federal é muito importante titucional e auxiliar os associados. na abertura de novos mercados, Neste momento, o grande intealguns muito cobiçados pelos paresse dos associados, sem dúvida, íses concorrentes tais como EUA é o de saber como funcionará o e Austrália. “Falo isso, no nível de departamento para atuar nas habinegociações bilaterais, não técnica litações de plantas. É bom lembrar e sanitária. Isso envolve o Itamaque houve uma época raty, especificamente o "A nossa setor de negociações coem que isso parecia uma política merciais do Itamaraty. caixa preta, onde poucos tinham privilégio de conserá total Na minha gestão, preseguir habilitações para transparência tendo estabelecer um repaíses que melhor remuonde todos lacionamento próximo neravam. “Na Abrafrigo, saberão com esse setor para que isso não acontecerá. A a gente possa encontrar exatamente “moeda de troca” que o nossa política será total qual é a regra Brasil possa utilizar nas transparência onde todos de jogo para negociações de abertura saberão exatamente qual participar nas do mercado de carne”, é a regra de jogo para participar nas habilitações. habilitações" informou. Thomas S. Nós iremos colocar na Kim acabou de retornar mesa as condições exigide uma missão comerdas pelos países imporcial na Arábia Saudita tadores e os próprios associados - retornou em 06/11. Segundo ele, participarão na avaliação técnica “ no início do ano, em fevereiro de de suas próprias plantas, e as que 2010, teremos uma feira em Dubai tiverem condições, Abrafrigo irá onde todos os importadores dos recomendar para fazer parte da países árabes estarão presentes. É lista do MAPA”, explica Thomas uma feira importante para a qual C. S. Kim. Ele ressalta que serão convido todos os associados da “respeitadas as condições exigiAbrafrigo a participar”, finalizou ›‹ Revista da ABRAFRIGO novembro de 2009 .45
Abrafrigo
Reestruturação
Abrafrigo cria cargo de Presidente Executivo e seu Conselho de Administração. O crescimento da entidade e de sua representatividade, além de sua maior presença junto aos órgãos públicos, levaram a necessidade de se instituir uma mais moderna estrutura de gestão.
C
riada em 2004, como enIndústrias de São Paulo (FIESP), tidade representativa do foram criados os cargos de Presisegmento industrial da dente Executivo da entidade e o carne bovina que "A nossa seu Conselho de Admiatua no mercado interno nistração (C.A.), além política e no comércio exterior, de se dar posse ao novo com atuação nacional, será total diretor do recém-criado congregando empresas, transparência Departamento de Exsindicatos e associações onde todos portação, um setor que, estaduais da indústria saberão com a ampliação da de carnes, a Abrafrigo exatamente atuação da Associação fez sua primeira mudanpassou a ser necessário, qual é a regra ça importante no seu a partir da solicitação formato institucional. de jogo para dos seus integrantes. No último dia 6 de no- participar nas Da reunião partivembro, numa reunião habilitações" ciparam aproximadarealizada nas instalamente 35 integrantes ções da Federação das da diretoria da entidade
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Nova Diretoria
Da esquerda para a direita, o presidente do Conselho de Administração, o empresário e suplente de senador pelo Tocantins, José João Batista Stival, o presidente executivo, Péricles Salazar e o Diretor de Comércio Exterior Thomas C. S. Kim.
que aprovaram a reforma dos estatutos e indicaram para exercer o cargo de primeiro presidente do C.A. o empresário e suplente de senador pelo Tocantins, José João Batista Stival. Para a Presidência Executiva, o indicado foi o atual presidente da Abrafrigo, Péricles Salazar e na Diretoria de Comércio Exterior assumiu Thomas C.S. Kim. Fazem parte do Conselho, a partir de agora, todos os presidentes de sindicatos filiados a entidade. Com o Conselho de Administração e a Presidência Executiva, a Abrafrigo adota um moderno instrumento de gestão. Trata-se de uma estrutura que substitui, em certos casos, a instalação da assembléia-geral, órgão societário de quem a complexa burocracia rouba a agilidade. Nele pode-se reunir com certa regularidade as pessoas que se interessam pelo setor para discutir o desempenho da entidade, os desafios que ela vem enfrentando, além das estratégias que devem ser utilizadas para alcançar as metas oferecendo um feedback ao Presidente Executivo sobre a percepção do Conselho. Durante o encontro com os presidentes de Sindicatos, o Presidente Executivo da Abrafrigo, Péricles Salazar aproveitou para comunicar os resultados de sua reunião com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES), realizada em outubro com a participação da Abiec, sobre os problemas de desmatamento na Região Norte do País. “O Banco nos comunicou que a partir de agora não irá mais financiar empresas que ainda compram animais que sejam originários de regiões de Áreas de Preservação da Amazônia. Daqui para frente o rastreamento bovino será obrigatório nestas regiões para comprovar a origem do gado”, informou ele ›‹
Para a Abrafrigo, grandes frigoríficos precisam priorizar pagamentos de pecuaristas A Abrafrigo está
incluindo os matadouros preocupada com as municipais. O que ocorreu conseqüências da onda de nos últimos anos é que os pedidos de recuperação grandes grupos cresceram judicial entre os frigoríficos e e os pequenos e médios está solicitando as empresas foram acompanhando que priorizem o pagamentos marginalmente essa de pecuaristas. Segundo o evolução”, revelou. presidente da entidade, Péricles No último dia 5 de Salazar “apesar de representar novembro, por exemplo, apenas os pequenos a situação do Frigorífico frigoríficos, a Independência "Esse nó vai Abrafrigo é afetada começou a ser indiretamente por ter que ser resolvida. São 1.524 esta tendência dos desatado. Se o pecuaristas de MS, grandes grupos”, MT, MG, RO e GO BNDES quiser explicou. Ele disse uma conta a injetar recursos, com que acredita ainda receber da ordem de os grupos terão R$ 194 milhões. Os que essas empresas fatalmente terão que que priorizar o pecuaristas que estientrar em acordo pagamento do veram na assembleia com seus credores: geral dos credores produtor" “Esse nó vai ter do Independência e que ser desatado. Nova Carne IndúsSe o BNDES tria de Alimentos, quiser injetar recursos, os realizada no Centro de grupos terão que priorizar Convenções do Hotel Trano pagamento do produtor”, samérica, em São Paulo, afirmou. Ele informou que os decidiram aceitar a proposta pequenos e médios frigoríficos do Plano de Recuperação respondem atualmente por Judicial apresentada pela 70% do abastecimento nacional empresa. Pelo plano, haverá e que muitos produtores pagamento à vista de quem preferem vender para esses tem a receber até R$ 100 pequenos grupos. “Nós temos mil; os com crédito supeum número razoável de plantas rior receberão R$ 100 mil frigoríficas atuando no país de entrada e saldo dividido hoje. Se nós computarmos em 36 parcelas, sendo que todas as pequenas, médias na 24ª parcela a dívida será e micro empresas, temos quitada, corrigida pela taxa algo ao redor de 2,5 mil, Selic.
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Notas
Eventos
Debatendo o futuro
Contratos
BNDES pula fora do Independência O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) anunciou que quer deixar a sociedade que possui na Independência Participações, holding controladora da Independência S.A. e Nova Carne, as duas empresas do mesmo grupo que controla o frigorífico. O banco pretende também utilizar uma cláusula contratual que obriga os proprietários do Independência a recomprarem a participação de mais de 20% que o BNDES possui na holding, alegando que a empresa descumpriu termos contratuais, como o próprio pedido de recuperação judicial a revelia do banco. Na última assembléia de credores o Independência sugeriu aos pecuaristas pagamento integral das dívidas com limite até R$ 100 mil e o saldo restante em 36 parcelas mensais.
Meio-ambiente
Sul e Leste do Pará terão georreferenciamento A partir de 1º de janeiro, as propriedades rurais do Sul e Leste do Pará vão ser monitoradas pelo sistema de georreferenciamento por satélite para ajudar a acabar com o desmatamento na Amazônia. A ideia do projeto é acompanhar a evolução da pecuária em todo o estado para que o setor não seja mais responsabilizado pela derrubada da vegetação amazônica. Dessa forma, os produtores que forem flagrados pelo sistema desmatando perderão a Guia de Trânsito Animal (GTA) de todo o rebanho. Sem o documento, que passa a ser eletrônico, o proprietário fica impedido de comercializar seus animais para outras unidades da federação. O projeto nasceu há oito meses e das 14 mil propriedades previstas para serem georreferenciadas, 12,5 mil já estão prontas. 48. Revista da ABRAFRIGO novembro de 2009
A concentração da indústria frigorífica foi um dos pontos altos em debate junto com a nova realidade de mercado e os desafios regulatórios do setor por um grupo de 100 entre os mais destacados pecuaristas brasileiros que se reuniu de 21 a 25 de outubro, no EcoResort do Cabo, em Pernambuco, para a realização do "Meeting Agronegócios - Pecuária". O evento foi organizado pelo grupo ProBiz e contou com o apoio da CNA, SRB e ACNB, além do Canal Terraviva. "Não está fácil ser agropecuarista neste país", explicou o diretor da ProBiz, Silmar Muller. Para Silmar, além das pressões econômicas, com custos de produção elevados e preços baixos para o boi, o pecuarista brasileiro precisa atender requisitos de rastreabilidade sanitária, bem-estar animal, habilitação especial para exportar para a União Europeia, reservas ambientais legais, áreas de proteção ambiental, o desafio do novo Código Florestal, etc, além da insegurança fundiária, de ter de permanentemente defender sua propriedade de invasões de sem-terras, de índios ou de ladrões de gado.
Recuperação
Arantes faz proposta A Arantes Alimentos, frigorífico em recuperação judicial com dívidas da ordem de R$ 1 bilhão, e um dos maiores players nacionais do setor de proteínas animais, com capacidade instalada de abate de 5.500 cabeças de gado e 253.000 aves por dia, e produção de milhares de quilos de embutidos diariamente, está propondo pagar tudo o que deve em 12 vezes. A empresa gera mais de
5.000 mil empregos diretos e outros 8.000 indiretos. O Grupo faturou R$ 1,6 bi em 2008. A empresa informou que, para concluir o processo no menor prazo possível, são realizadas reuniões com grupos de credores para apresentação do seu plano e propostas. O plano estabelece condições para que a Nova Arantes tornese um dos principais players deste mercado em um breve futuro.
Cajuru Alimentos
Mais uma incorporação Com produtos de alto valor agregado, a Cajuru Alimentos, empresa familiar proprietária da marca Gold Meat de carnes temperadas, está despertando o interesse do setor. Com sede em Cajuru (SP) e proprietária de outras quatro marcas de carnes, a empresa está em negociações com três grandes companhias do setor para ser comprada. Alguns frigoríficos estão com a intenção de entrar num nicho do mercado que é mais prestador de serviço para agregar valor e não mais fazer grandes aquisições para mostrar aos acionistas. Sabe-se que representantes da empresa mantiveram conversas recentes com o JBS, maior empresa de proteínas no planeta, mas Mafrig, Minerva e até mesmo Independência e Arantes, que enfrentam processos de recuperação judicial, se interessaram pelo negócio de carne com grife.
Conduta
TAC’s agora no Mato Grosso Três procuradores da República apresentaram em1º de outubro a proposta de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para o setor frigorífico em Mato Grosso para evitar o desmatamento provocado pela pecuária. Representantes de frigoríficos, do setor pecuário e dos órgãos ambientais estadual e federal iniciaram a discussão do TAC, que propõe aos frigoríficos que se comprometam a não comprar animais para o abate oriundos de áreas que praticam desmatamento ilegal, que não
possuam licenciamento ambiental, que exploram mão-de-obra em condições de escravidão, que estão localizadas em áreas indígenas ou quilombolas, que tenham registro de violência agrária ou que sejam áreas de desmatamento recente. Segundo o procurador da República, Mário Lúcio de Avelar, o objetivo é trazer os produtores do setor pecuário de Mato Grosso para a legalidade e garantir o controle da sociedade sobre a atividade produtiva.
Auditoria
Nova missão chilena vai começar visita ao Brasil pelo Tocantins O Tocantins não foi auditado pelo Serviço Agrícola Ganadero do Chile entre os dias 5 e 16 de outubro como estava previsto. A visita da missão técnica ao Brasil foi adiada e a informação repassada por meio de ofício do Ministério da Agricultura à Adapec (Agência de Defesa Agropecuária). Segundo o diretor de Sanidade Animal do Mapa, Jamil Gomes de
Souza, foi sugerido ao governo chileno uma nova data, mas até o momento o SAG não enviou resposta. Além do Tocantins, a missão irá auditar os sistemas de defesa agropecuária dos estados do Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Espírito Santo. Atualmente, o Chile importa carne de oito empresas do Rio Grande do Sul, sendo 16
unidades certificadas. Dentre as exigências que deverão ser cobradas estão a implementação do Programa de APPCC - Análise de Perigo e Pontos Críticos de Controle, os PPOHs - Procedimentos Padrão de Higiene Operacional, e as BPF - Boas Práticas de Fabricação e de testes microbiológicos para avaliação dos processos de produção.
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Notas Internacionais Alimentação
Privando as crianças de carne
De volta ao mercado
Rússia volta ao mercado brasileiro da carne “in natura” O Ministério da Agricultura, através do Secretário de Defesa Agropecuária, Inácio Kroetz, solicitou a Abrafrigo, no início de maio, uma reunião com todos
os associados habilitados a exportação de carne bovina “in natura” para o mercado da Rússia. O encontro foi para tratar dos requisitos sanitários e de procedimentos nos portos para exportação àquele país. Participaram da reunião, além dos frigoríficos, os representantes da DIPOA e da Coordenação Geral de Vigilância Agropecuária – Vigiagro.
Habilitação
que a cota seja para novilhos e novilhas menores de 30 meses, com um regime especial de Os produtores do Uruguai alimentação em confinamento, o estão otimistas quanto a ter aces- Uruguai buscou ter acesso a essa so à parte da cota adicional para cota e a UE aceitou, enviando carne de animais confinados da um documento pedindo uma União Europeia. Recentemente ampliação de informações. A a UE habilitou a importação de partir daí, a cadeia de carnes do uma cota paralela à cota HilUruguai, através do Institon, de 20.000 toneladas, tuto Nacional de Carpara carne proveniente nes (INAC), preparou de confinamentos um documento de que deve cumprir quase 40 páginas para com condições muiesclarecer as dúvidas to específicas. Ainda dos europeus.
Europa quer carne uruguaia
O Instituto Americano de Carnes dos Estados Unidos (American Meat Institute - AMI) está pedindo que as Escolas Públicas de Baltimore reconsiderem sua decisão de manter as "Segundas sem carne", dizendo que os produtos de carnes vermelhas e brancas são partes essenciais de uma dieta balanceada. Isso porque o sistema de Escolas Públicas de Baltimore se tornou em outubro o primeiro dos EUA a se comprometer a não servir carnes nas segundas-feiras. Isso significa que 80.000 estudantes não terão carne como opção no cardápio nas segundas-feiras. "Vocês estão removendo os pratos de carne vermelha ou branca nas segundas-feiras, privando as crianças e seus pais da capacidade de determinar o que é apropriado para suas dietas e suas próprias circunstâncias pessoais", disse o presidente da AMI, Patrick Boyle.
Austrália
Na Austrália como aqui As exportações de carne bovina e de vitelo da Austrália durante setembro caíram em 9% com relação ao ano anterior. Os exportadores continuam enfrentando uma fraca demanda e um dólar australiano valorizado, enquanto as ofertas se reduziram com os processadores diminuindo os abates. As exportações atingiram 75.778 toneladas, levando o total para os primeiros nove meses de 2009 para 701.000 toneladas - um pouco a mais que os volumes no período correspondente de 2008. 50. Revista da ABRAFRIGO novembro de 2009
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52. Revista da ABRAFRIGO novembro de 2009