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DISSONNETTO NATAL [0951]

Nasci glaucomatoso, não poeta. Poeta me tornei pela revolta que contra o mundo a lingua suja solta e a vida como barathro interpreta.

Bastardo como bardo, minha meta jamais foi ao guru servir de excolta nem crer que do Messias venha a volta, mas sim invectivar tudo o que veta. Compenso o que no abuso se me impoz (pedal humilhação) com meu fetiche podolatra, cumprindo o que propoz a lyra, a desdenhar de quem me piche. Attraz vou dos Artauds e dos Rimbauds, mas não compenso, nem que o gozo exguiche, masoca, esta cegueira, e meus pornôs poemas de Bocage são pastiche.

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MAIS UMAS LINHAS [5556]

Dois mil e doze, maio. Eis que decido pôr fim ao sonnetismo. Zeus não quiz, de modo que, feliz ou infeliz, terei que proseguir, está assumido. Mas, para não dizer que foi torcido meu braço, usar irei de taes ardis que poucos notarão o que é que eu fiz naquillo que sonnetto tinha sido. Vejamos. Bastaria acceitar mais dois versos no total, e bem que posso chamar de dissonnetto o bello troço que mede em dezeseis os actuaes.

Fugir ao sonnettismo? Não, jamais! Porem, quattro quartettos dão ao nosso projecto um molde estrophico que endosso à guisa de futuros carnavaes.

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