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ODE NAUSEABUNDA [8155]

Sentado, pensativo fico, à toa, tal como Otis ou Milton Nascimento, tambem philosophando, qual Pessoa, à beira do caes onde estou, ao vento maritimo, ou à beira donde echoa ruido de navio: o pensamento.

O mais bello horizonte que uma boa visão possa alcançar! O olhar attento poder dos transatlanticos a proa ou poppa distinguir! O movimento notar até das nuvens, me magoa não possa, a mim, caber neste momento!

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Mas posso viajar, ja me appregoa Pessoa, mentalmente e, si lamento a physica cegueira, livre voa o olhar da phantasia, quando tento uns versos decorar, antes que doa o ventre constipado, o cu no assento.

Ai! Quando ja concluo quasi a loa que quero dedicar a algum evento feliz, a um thema ameno, me resoa o rhoncho intestinal, um flatulento fedor pollue a brisa que a canoa da lyra me arejava, e me appoquento!

Emquanto cago, finjo que caçoa de mim meu inimigo mais cruento, que é elle quem me caga, quem me zoa da cara enlameada, que me aguento debaixo do seu rego, até que roa, como osso duro, o troço fedorento!

Deliro nesse quadro que se excoa aos poucos da visão, voltando ao lento compasso peristaltico. Destoa o surto do que agora, somnolento, figuro. Ja o tuphão uma garoa virou. Estou tranquillo, cem por cento.

A atroz constipação sempre me enjoa durante este descharte tão nojento das fezes. Todavia, quem remoa seus odios e exorcize um violento impulso se refaz, como um Pessoa, um Redding, ou um Milton Nascimento.

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