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RHAPSODIA PESSOANA [8372]

Foi Alvaro de Campos quem fez essa maritima, terrivel ode, embora tambem calma, nostalgica, na qual o bardo vae, no porto, divagando.

Tambem vou divagar. Elle começa navios descrevendo, dos de agora. Aos poucos, retrocede ao infernal dominio dos piratas, nem sei quando.

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Importa-me tocar no que não cessa, cruel, de incommodar-me: o que vigora no codigo dos mares e fatal se torna a quem refem foi do desmando.

Commum, a quem os mares attravessa, é o berro de quem perde a vista. Chora, ou, como diz o Campos, uiva, tal e qual cachorro uivando, quando em bando.

Gostavam os piratas, rindo à bessa, duns olhos arrancar, arrancar fora das orbitas, appenas pelo mal que, em gozo, practicavam... É nefando!

Calculo, ca commigo, si interessa tal coisa pesquisar. Barasch ignora, tal como outros auctores, o gruppal prazer de quem estava no commando.

Appós tomar, pilhar, não ha quem meça a sanha desses sadicos. Affora demais crueis supplicios, ritual virou enuclear, ver nego urrando.

Cegados, os coitados ja sem pressa vagueiam a gemer. Nada melhora o quadro. Ja correram, carnaval fizeram. O scenario ficou brando.

Depois, implorarão. Numa promessa qualquer ‘inda crerão. Alguem explora aquella vil cegueira. Sexo oral alguem exigirá, delles gozando.

Assim os interpreto, pois processa meu verso o que o leitor, sem culpa, adora da culta lyra: a abjecta bacchanal que Campos suscitou e que eu expando.

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