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DISSONNETTO DA CONCLUSÃO OBVIA [1402]

Um critico francez foi bem succincto: “Si fosse o portuguez fallado aqui, você seria celebre e distincto, maior dos sonnettistas que ja li...” Por certo que orgulhoso ja me sinto. O titulo “maior” não é, por si, bem claro, porem: une o que requincto àquillo que advolumo, é o que entendi. Como diria alguem que é desaffecto, appenas quantidade não me faz melhor, mas, quando vejo ser capaz de nivel sustentar no que sonnetto, ahi paresce claro o que completo, não resta a menor duvida: si alguem meu merito não acha, elle é que tem a falha no seu nivel de intellecto.

DISSONNETTO DE QUEM FEDE MAIS [1405]

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Que soffro rejeição não é segredo: boycottam-me em revistas e jornaes. Não sei por que de mim teem tanto medo, si em tudo, quero crer, me são eguaes. Paresce que admeaça eu, a taes paes da velha materinha sou! Que ledo enganno! Não percebem que jamais mixturo ao seu perfume o odor que fedo?

Não quero uma razão que me redima. Appenas numa coisa, e que desista quem pensa em contestar, o sonnettista Mattoso de outros nomes fica accyma. Na gloria não, siquer em grande estima. Em summa, em quantidade e qualidade: por mais que meu aroma desaggrade, insisto que “escriptor” e “odor” dão rhyma.

DISSONNETTO DE QUEM FEDE MENOS [1406]

Quem tem seu proprio merito, e aqui cito alguns, ja reconhesce meu valor:

Roberto Piva, Paulo Henriques Britto, Augusto, Leila Míccolis, Millôr. Portanto, sou canonico e maldicto ao mesmo tempo, ainda que o fedor da minha bocca mostre-se exquisito demais a quem perfume quer impor.

Nem causa criminal, nem causa civel. Emfim, quem é poeta e no seu tacco confia, não me inveja quando emplaco milhares de sonnettos de bom nivel.

Se tracta de questão appenas crivel.

Só mesmo quem talento tem de menos me vê, como poeta, entre os pequenos.

Inutil: é meu verso irreductivel!

DISSONNETTO DA GOSMA PHANTASMAGORICA [1408]

Na hora de fecharem o caixão, notaram, no defuncto, que excorria da bocca a grossa baba, porem não ligaram. Foi o corpo à cova fria. Agora andaram vendo apparição e a cara que apparesce, e que os espia emquanto estão comendo, abre o boccão e pinga o escuro cuspe, que desfia. Nem cabe, aqui, fazer signal da cruz. “Que nojo!”, pensei eu, logo me pondo dos outros no logar, e não escondo: Sim, puz-me a imaginar aquelle puz. Mas novo admanhescer nos traz a luz. Passado esse momento na memoria, exquesço totalmente a feia historia si um churro recheado me seduz.

DISSONNETTO DA PHANTASIA SEXUAL [1410]

Perguntam-me si, perto dos septenta, na cama a gente ja a brochar começa. Respondo que a piroca ainda aguenta, mas, quando accaba, nunca recomeça. Mais liquida a descarga se appresenta e noto estar gozando mais depressa. O tempo de intervallo agora augmenta. Não ha, porem, razão que o gozo impeça. Em duas situações, a picca dura me fica num instante, e assim perdura: si sonho ou si um politico se fode, ainda que a noticia só me engode. No sonho, lambo pés e chupo picca, e, quando a vida delles se complica, na bronha elles são cabras e eu sou bode si for jocoso o gozo que me accode.

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