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DISSONNETTO PARA A TEMPTAÇÃO DA OBSTENTAÇÃO [2255]
Eu tenho um compromisso com o Alem que alguns não entenderam. De covarde chamaram-me. Queriam ver si eu bem cumpria aquillo de que faço allarde: Um cego que se humilha e que não tem pudor nem nojo, lambe o pó que encarde os tennis dos rapazes, chupa quem quer tel-o sob os pés toda uma tarde. Não faço, no tesão, nenhum segredo. De facto, eu puz, porei, na bocca um penis tão sujo quanto a sola que, dum tennis, lambesse, e o que me impede não é medo, tampouco dos sanctinhos arremedo. É mystico dever: comprometti-me, em troca dum secreto mas sublime futuro, a não ceder. Mas quasi cedo.
DISSONNETTO PARA UMA QUEBRA QUE SE CELEBRA [2280]
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A todos communico: agora accabo de ultrapassar a marca que commove qualquer pesquisador, e ja me gabo de não haver quem tanto assim desove! Refiro-me aos sonnettos: que comprove quem queira contestar! Leva no rabo! Dois mil, duzentos e septenta e nove deixara Belli, em nome do Diabo! Porem, amor eu tenho à minha pelle. Assim, sem fazer pacto com o Demo, nem ser temente a Deus, que um Pae não temo, supero aquelle numero do Belli! Taes numeros não haja quem cancelle! Agora nem me importo si ‘inda chego aos trez, aos quattro mil, pois meu sossego não vem, nem que um milhão de paus eu felle!
DISSONNETTO PARA UM VERBETE VIRTUAL [2379]
Ao menos neste poncto está concorde commigo toda a midia: a quantidade, por mais que aos invejosos desaggrade que um cego batta o bellico recorde. Em vez de celebrarem que eu engorde o saldo belliano e nem metade da marca alcance algum outro confrade, só cedem ao desdem, que o beiço morde. “Pascenza!”, é o que diria o proprio Belli. Emquanto a malta ladra, a caravana dos bardos fescenninos salva a pelle e quem nos censurou é quem se damna. Que contra mim algum censor appelle! Que eu faça cem sonnettos por semana o Demo quer. Que um cego se rebelle deseja Deus. Desdenha quem se enganna.
DISSONNETTO PARA QUEM É DO RAMO [2544]
Ficou fora de moda a boa fada, aquella que fazia sempre o bem e só nas nossas vidas intervem nas horas em que a foda está empattada. Si, agora, por soccorro a gente brada, seremos soccorridos... Mas por quem?
Ja sabem: pela bruxa! Ella é que tem poder de nos tirar duma enrascada!
Aquella que em soccorro ca nos vem, ou pode tudo, ou nunca pode nada!
Si a bruxa é boa ou má, ninguem tá nem ahi: nos interessa é que ella é dada com Lucifer, mais forte la no Alem!
Do Mal é que queremos ver livrada a vida! Com poder não ha ninguem melhor, pois, que o Demonio, em sua alçada!
DISSONNETTO SOBRE OUTRO EXTRANHO NO NINHO [2764]
Morei no Rio e nunca me occorreu cruzar com um famoso: a cruzar vim com outro maldictão egual a mim, Sampaio, o que calou o Zebedeu. Com Raulzito Seixas bem se deu, mas era mais sambista, por assim dizer, que quem no rock achasse um fim, um meio, ou um inicio, esse plebeu. Botou bloco na rua, mas não quiz ficar indo ao programma do Chacrinha o resto da vidinha, é o que elle diz. Seu samba é differente, pois não tinha, assim como o Roberto, ou como o Assis, origem carioca, ou como a minha. Meu pappo com Sampaio deu feliz noção de não seguir nenhuma linha.
DISSONNETTO SOBRE UM PEREGRINO RECOMFORTADO [2917]
Cansei! Sinceramente, ja cansado estou de padescer! Alem do Alem dispuz-me a percorrer, a ver si alguem podia me adjudar! Tudo baldado! Então, de Deus recebo este recado: “Emquanto me endereças teu amen, terás alguma adjuda! Porem nem cogites que Satan veja teu lado!”
Assim quiz o Destino: de esperar cansei por um auxilio do Senhor e ao Demo lamentei-me deste azar, de tudo que me faz tão soffredor. Queixei-me deste fardo cavallar.
Batata! Nem accabo de lhe expor meu drama, Satanaz vem me adjudar e, em troca, quer, dos pés, só meu fedor!