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www.arquidiocesedesaopaulo.org.br 17 a 23 de setembro de 2013

Geral

100 dúvidas de fé Padre Cido Pereira, diretor do O SÃO PAULO, com a organização de Cidinha Fernandes, lançará o livro: “100 dúvidas de fé: para jovens”, pela Edições Loyola. O lançamento será dia 2 de outubro, das 14h às 16h, na Livraria Loyola (rua Quintino Bocaiuva, 234, Centro – ao lado da Catedral da Sé). Informações (11) 3105-7198.

Audiência debate os problemas da Fundação Casa Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Realizada por comissão da Câmara Municipal, evento contou com a participação de mães de jovens internos na instituição EDCARLOS BISPO DE SANTANA ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

“Eles têm mãe, não são filhos de chocadeira. E que fique claro para todos, mãe nenhuma gera filho bandido, eles não nascem infratores, são resultado do Estado”, de forma emocionada, Sueli Camargo, coordenadora da Pastoral do Menor da Arquidiocese de São Paulo, participou de audiência pública promovida pela Comissão Extraordinária Permanente de Defesa dos Direitos Humanos, Cidadania e Relações Internacionais da Câmara Municipal de São Paulo, na última quinta-feira, 12. Na mesa do evento, a presidente da comissão, vereadora Juliana Cardoso, demais vereadores pertencentes à comissão, o vice-presidente da Fundação

Sueli apresenta pasta com protocolos de denúncias contra a Fundação Casa; mães de internos apontam maus-tratos

Casa, Antonio Cláudio Piteri, duas mães de menores internos na instituição, Júlio Silva Alves, do Sindicato dos Funcionários da Fundação Casa, Valdison Pereira, representando os Conselhos Tutelares, entre outros. Na oportunidade, Sueli levou uma pasta com dezenas de processos de denúncias de maus-tratos contra a Fundação Casa, protocolados em diversos órgãos, como, por exemplo, a Ouvidoria da Fundação Casa e o Ministério Público, porém não houve respostas sobre as

denúncias, nem sequer de investigações. Coube ao vice-presidente da Fundação Casa justificar fatos ainda não esclarecidos. Piteri falou dos afastamentos e das transferências ocorridas após as denúncias exibidas pelo programa “Fantástico” da Rede Globo. Para ele, a instituição reconhece as falhas, mas afirma que muito já foi feito, muitas melhorias e mudanças já foram apresentadas. Amanda Lúcia e Irene Aparecida Oliveira, mães dos ado-

lescentes internos na Fundação Casa, contaram o que tem ouvido de seus filhos. Os relatos chocaram e emocionaram a todos os que participavam da audiência. Amanda, que já apresentou denúncias à Pastoral do Menor e que foram noticiadas na edição 2960 do O SÃO PAULO, reafirmou que as situações de maus-tratos continuam acontecendo na unidade Ypê, do complexo Raposo Tavares. Irene quase não conseguia falar, as lágrimas e o soluço a impediam constantemente. Entre

pedidos de desculpas e goles de água, a mãe contou a situação de seus dois filhos internos na instituição. Para ela, eles não devem ser tratados como se estivessem em uma “colônia de férias”, mas, também, não podem ser submetidos a situações de humilhação e tortura, como acontecem em algumas unidades. O vereador Laércio Benko questionou o vice-presidente da Fundação Casa se ele era a favor ou contra a redução da maioridade penal. Para ele, vive-se o “período das trevas no que tange o cuidado das criança e adolescentes, a capacitação técnica dos funcionários contratados pelo Governo do Estado, talvez, seja para operador de máquina de choque”. Laércio fez um requerimento à presidente da Comissão, para que os áudios e vídeos da audiência fossem entregues ao vicepresidente da Fundação Casa. Ao fim do encontro, as jovens Bianca Amorim, 19, e Natália Souza, 17, pertencentes ao Coletivo Juventude Ativa e à União Juventude Socialista (UJS), fizeram intervenções e apresentaram o olhar de jovens, que trabalham com juventude e acompanham de perto os dramas dos jovens mais carentes da cidade.

Curso aborda os desafios e as lutas por direitos da juventude EDCARLOS BISPO DE SANTANA ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

O Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular (CESEEP) realiza, desde 5 de agosto a 28 de setembro, o “Curso Latino-Americano de Formação Pastoral”, que, neste ano, tem como tema: “Juventudes urbanas e luta por direitos: desafio sóciopolítico e pastoral”. De acordo com Cremildo Volanin, coordenador do curso, o tema deste ano está ligado com o que a Igreja no Brasil abordou, a questão da Campanha da Fraternidade, “Fraternidade e Juventude” e, também, a realização da Jornada Mundial da Juventude. O foco principal do curso são as questões urbanas, a “pastoral urbana” como destaca Cremildo. Pessoas de oito países participam do curso

que, na maioria das vezes, reflete a realidade e as situações do Brasil, porém as temáticas acabam por ser parecidas com a situação de outras nações. No sábado, 14, os participantes do curso estiveram em uma atividade promovida pelo Centro Cultural da Juventude (CCJ), onde aconteceu uma “Roda de conversa sobre o extermínio da juventude”. Cremildo comentou que, atividades como esta, fazem parte da metodologia do curso, que vai além do intensivo de aulas e busca um aprofundamento nas realidades dos temas estudados. Os cursistas Adolfo Mazivila, 41, de Moçambique, Ana Doba, 20, de Angola, e Adalto Bona, 35, do Paraná, de realidades completamente diferentes, conversaram com a reportagem do O SÃO PAULO. Para Adalto, padre que traba-

Rogério Fonseca

Encontro realizado no CCJ debate as questões do extermínio da juventude

lha com jovens em sua diocese, é preciso integrar os jovens na construção dos projetos e das atividades. De acordo com ele, a Igreja, sempre decide como trabalhar com a juventude, sendo que, esse processo deveria ser construído de baixo para cima e não “empurrado goela abaixo”. O Padre contou que mui-

tos jovens, com problemas de depressão, vão procurá-lo e, quando questionados do que padecem, informam não ter nada. De fato, responde o Padre, esses jovens não têm nada, não têm perspectiva de vida, não têm um sentido para viver. A angolana, uma das cursistas mais jovens da turma, afirmou que, no trabalho com

a juventude, é preciso ter cuidado para que não se caia na ideia de que “sua necessidade é a necessidade do outro”. Quando Ana ouviu os dados sobre o extermínio da juventude, negra e periférica, apresentados no encontro no CCJ, ela ficou preocupada, pois percebeu que no Brasil não há políticas públicas para a juventude, o que existem, segundo ela, são programas. A jovem, da Igreja Reformada de Angola, afirmou que “tem que haver políticas públicas, um governo que trabalhe para os jovens”. Já o presbiteriano Adolfo, destacou que este momento de curso é algo nobre, pois se cruzam diversas culturas. Para ele, é preciso enxergar o jovem como agente de mudanças, pois o mundo está “a reboque da juventude”, por isso, os mais velhos, não devem colocar balizas, mas indicar o caminho.


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