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www.arquidiocesedesaopaulo.org.br 8 a 14 de outubro de 2013

Geral Edcarlos Bispo de Santana/ O SÃO PAULO

No mês missionário, jovens vão à periferia Missão Jovem aconteceu na Paróquia Natividade do Senhor, no Jardim Fontális, e reuniu mais de 130 jovens EDCARLOS BISPO DE SANTANA ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

“No sábado, comentei com o pessoal que eu estava sentindo falta de alguma coisa na missão, não conseguia explicar o que era exatamente, talvez por, também, morar na periferia não teria sentido tanta diferença, conheci realidades muito próximas da minha, foi uma troca bacana. Mas eu ainda estava sentindo falta de alguma coisa, eu esperava mais da missão.” Assim começa o relato de Juliana Maria, 17, da Região Episcopal Brasilândia, publicado, na madrugada do dia 7, em seu perfil pessoal do Facebook. A jovem, participante da Pastoral da Ju-

ventude (PJ), relatava para seus amigos e seguidores como havia sido a experiência que viverá desde a noite da sexta-feira, 4, até a tarde do domingo, 6. “No domingo pela manhã, nós continuamos a missão. No caminho, encontramos alguns homens, eles foram superatenciosos com a gente, perguntamos sobre o bairro em que vivem, sobre suas famílias. E perguntamos se eles teriam um tempinho para fazermos uma oração. Um dos homens abriu a garagem e nós entramos, começamos a rezar ali mesmo.” Juliana, juntamente com mais 130 jovens, participou da terceira edição da Missão Jovem realizada pela PJ arquidiocesana. Este ano, a atividade aconteceu na Paróquia Natividade do Senhor, Região Episcopal Santana, e teve como tema: “Juventude e a fé que liberta da opressão”. A comunidade Para os dias da missão, os paroquianos colaboraram com tudo, como afirma padre Andrés. O Sacerdote ainda contou que

muitas famílias que receberiam missionários em suas casas estavam bem ansiosas, ligavam na Paróquia, perguntavam pelos jovens e se dispuseram para ajudar no que fosse possível. Os jovens da Paróquia que participaram da missão, um total de 70, chegaram à conclusão de não conheciam sua comunidade. Pouco sabiam de sua realidade e dos desafios que se impõem para a evangelização. “Eu vi a realidade de perto, são muitas pessoas com pouco dinheiro e poucas pessoas com muito dinheiro. É uma desigualdade muito grande, você ia visitar as pessoas e via casas com um cômodo só, gente com um monte de filho e não ter quarto para nenhum deles, é difícil ver isso, mas todos nos recebiam e nos tratavam bem” afirma Gustavo Basílio, 16. A missão Ladeiras, ruas estreitas, outras de barro e algumas sem calçada. Esse foi o cenário que alguns missionários encontraram nestes dias de missão, porém, não desanimaram. Para alguns morado-

Jardim Fontális, um vasto campo de missão DO ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

Na celebração de encerramento da Missão Jovem, o bispo auxiliar da Arquidiocese e vigário na Região Episcopal Santana, dom Sergio de Deus Borges, agradeceu ao padre Andrés o trabalho que desempenha na comunidade e destacou o espírito missionário do padre argentino, que, há mais de dez anos, trabalha na Paróquia.

res, eles foram um exemplo. Um grupo de meninas – os missionários andavam sempre em pequenos grupos de três –, exaustas de levar “não”, começaram a reclamar, logo pararam, viram uma mulher do outro lado da rua, parada no portão. Uma delas disse que não iria lá, pois não queriam tomar mais um não, logo foram convidadas, por outro jovem a se animarem e tentarem mais uma vez. E foi justo dessa vez, que, não somente um portão, mas um sorriso se abriu para aquelas missionárias. No momento de partilha, o que muitos descreviam foi sintetizado por Gustavo, o jovem se deparou com pessoas que não acreditavam que eles eram católicos. No relato que fez, Gustavo contou que uma senhora, católica, lhe confessara já ter visto pessoas de diversos credos baterem em sua porta, porém, católicos, foi a primeira vez, o que a deixou muito feliz. Mudança de opinião Juliana, que tem seu relato descrito no primeiro parágrafo dessa

reportagem, disse que, no sábado, tinha a sensação de que algo faltava na missão, talvez não saberia afirmar o que era, mas algo lhe faltava. Essa sensação, sentida por Juliana, foi sanada ao ouvir o testemunho de um jovem, ex-usuário de drogas: “E, ao colocarmos nossas intenções, um homem começou a dar um depoimento, disse que já foi usuário de drogas e que por conta das drogas acabou perdendo toda a sua família. Ele está conseguindo se recuperar, mas se sente meio sozinho, a quantidade de pessoas que tentam fazer com que ele volte para as drogas é maior do que a quantidade que tenta ajudar de uma forma mais positiva. Ele falou várias outras coisas, coisas que acabaram até nos emocionando. Ao final de sua intenção, rezamos um Pai-nosso, foi um Pai-nosso forte, diferente! Então dei um abraço bem forte naquele homem, eu não sabia o que dizer, mas acho que aquele abraço disse muita coisa e, talvez, esse abraço tenha me ajudado a encontrar o que eu estava procurando na missão”.

Dom Sergio motivou a comunidade, que há cerca de três anos está envolvida no projeto de construção da nova matriz, esse, diga-se de passagem, foi um dos detalhes que chamou à atenção de todos os missionários. Depois da doação do terreno, em 2005, a comunidade tem se articulado e trabalhado na construção do templo, que como ressaltou padre Andrés, “será um local de encontro da comunidade, para a família”. Para o Padre, a motivação vai além da construção, pois,

a cada dia, segundo conta padre Andrés, a comunidade tem se sentido parte da igreja, se transformado em “igreja povo”. Cada um colabora à sua maneira e até “irmãos de outras igrejas têm ajudado, comprado uma rifa, vindo a uma festa”, comenta o Padre. No final da entrevista que concedeu ao O SÃO PAULO, o Padre brincou e disse o número da conta da comunidade para doação. De acordo com ele, quem quiser ajudar pode ficar à vontade e ligar na Paróquia (2995-7422).


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