EMPREGADA DOMÉSTICA
Acima, alguns dos painéis em que Kobra retrata profissionais do cotidiano para uma de suas exposições
sobre o tema, a mensagem, a história envolvida, o país. Há milhares de assuntos que desconheço e preciso buscar informação. Tenho que aprender antes de criar algo. A pintura final é o resultado de um longo processo de pensamento”, assinala. A sua arte, de traços tão característicos, também é resultado de muita labuta sob a intempérie, e não está isenta da exposição a diversos riscos. Ele conta que sobreviveu a dois acidentes de trabalho. Em Roma, tombou de uma escada alta, bateu as costas em uma quina e ficou algum tempo imobilizado. Sentia muita dor. Em outra ocasião, caiu e a escada ficou presa num vidro. Se não fosse por isso, teria despencado de © FOTO: DIVULGAÇÃO, CYRILLO / @DRONE.CYRILLO
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FERROVIÁRIO
peito sobre outro vidro, “o que seria fatal”, relata, embora não acredite que essas ocorrências tenham sido o pior em sua trajetória. A falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), ou o uso de apetrechos incorretos, o fizeram ter uma intoxicação por metais pesados que o segue pela vida e se desdobra em intolerância à lactose e ao glúten, o que também é um problema para um artista que viaja tanto para trabalhar. “Os desafios estão em vários níveis. A dificuldade está em pintar algo que estudei por anos e anos e me deparar com pessoas que não entendem de arte, mas querem dar palpite. Querem bloquear o trabalho, interferir na criação”, desabafa. “Mas o desafio pertence à conquista. Se não há desafio, não há mérito, linha de chegada, prêmio, troféu, honra”, conclui, já com vistas às próximas façanhas. 47
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