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NEM ARTISTA, NEM DESIGNER

© FOTO JOCA LUTZ

Rapha Preto diz não se enquadrar em nenhum desses títulos. E que tudo o que cria vem da alma. “E ela é muito livre”

“O design aconteceu na minha vida por acaso, em uma brincadeira”, conta Rapha Preto, um dos designers da nova geração que vem despontando. Vivendo praticamente em meio à metalúrgica da família, que tem cerca de 80 anos, ele projetava máquinas e fazia algumas peças na fábrica. “Sempre fui um cara criativo, envolvido com arte, música e gastronomia, e isso me levava a gostar de criar”. Aconteceu, então, a tal obra do acaso. “Estava ajudando um amigo na decoração de sua casa, fazendo umas peças para ele. A arquiteta curtiu e me convidou para participar da mostra M. Morar”, lembra. O designer fez uma escultura de parede, participou da exposição e, a partir daí, foi convidado por uma revista para fazer uma mesa, a Iron One, que logo virou sucesso e ganhou as páginas de diversas publicações. Na sequência, veio a poltrona Rock, feita com o designer Estevão Toledo, amigo de Preto. “Minha carreira começou a andar e eu mal sabia se estava fazendo arte ou design. Mas acabei me entendendo e separando as duas coisas."

"Desenho para marcas de luxo e tenho meu estúdio [Rapha Preto Studio] mais ligado à arte, onde trabalho com uma equipe multidisciplinar e que inclui pessoas com síndrome de down, espectro autista e TDH. É esse meu projeto de vida”, conta Preto.

Para ele, a marca registrada do seu trabalho é o propósito, a empatia e o carinho. “Queremos ajudar pessoas e trazer humanidade para o design e a arte”, diz. Preto garante que essa diversidade da equipe é essencial. Não apenas porque, ao projetar alguma peça, ele ganha com diferentes olhares para cada projeto, mas porque o designer acredita que cada peça precisa ter um porquê de ser criada. “É isso que vai torná-la tão especial. Tem de ter história para ter valor. Repare que todo mundo possui algum objeto que passa de geração em geração, porque tem algo que é importante de algum modo”, explica.

Para ele, a graça do possuir é essa. “Quando vejo uma obra na casa de alguém, quero saber a história. É como abrir um vinho caro: a gente fala sobre a uva e outros detalhes. Faz parte da apreciação. Com peça de design e de arte, deve acontecer a mesma coisa”.

nagem que terá sua história contada a partir das experiências de autismo, down e TDH ligadas às pessoas de seu time.

E Preto está aberto para continuar criando tanto para marcas de móveis quanto para moda ou o que mais vier. “Eu não tenho limite. Desde que comecei, falei que iria me divertir. Eu trabalho para o design e para a arte. Mas não me considero designer nem artista. Também não faço nada sozinho. Sempre crio com minha equipe. Brinco que somos criativos com superpoderes”. Ele também diz não se enquadrar em nenhum estilo. “Crio com o coração. Tudo vem da minha alma – e minha alma é muito livre”.

Acima, Balanço Fla, para Doimo Brasil. Ao lado, escultura da coleção Padrone. Página anterior, tapete EVO 2 criado para a Tapetah

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