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EM NOME DA PAZ

O arquiteto Roberto

Migotto acredita que tem o compromisso de traduzir as necessidades dos clientes sem deixar de se posicionar

“Eu acredito que o arquiteto deve ser, antes de tudo, um bom ouvinte”, afirma Roberto Migotto, um dos nomes mais importantes da arquitetura e do design de interiores atuais. Ele entende que, quando uma família procura os serviços de um arquiteto, quer realizar o sonho de morar bem. “E a gente tem o compromisso de traduzir as necessidades que cada uma apresenta sem deixar de se posicionar: quando a pessoa tem uma noção errada de proporção e de tamanho, a gente precisa ajudá-la a entender que fazer da maneira que imaginava não vai ficar bom. Mas, para isso, é preciso saber trocar ideias”, explica.

É assim, segundo Migotto, que nascem os projetos bem-sucedidos. “Quando há uma parceria afinada entre cliente e arquiteto, o trabalho se torna uma grande satisfação”, diz ele, que é conhecido por criar projetos em que harmoniza o clássico e o contemporâneo, com ambientes amplos e integrados. “Eu gosto de definir espaços e sou muito bom nisso. Penso onde as pessoas dormem, como é a ligação com o restante da casa. Afinal, a circulação é algo muito importante e, para isso, o layout precisa estar bem definido. Assim, pode-se aproveitar todos os espaços”, conta Migotto, que sonhava seguir a carreira de arquiteto desde a infância.

Criado em Taubaté, interior de São Paulo, o arquiteto morou e fez os primeiros estudos na escola da fazenda do avô. E só conheceu a capital quando estava com 17 anos. Mas desde criança tinha fixação por cidade e construções. “Lembro-me de pegar os tijolos que sobravam dos terreiros de café e criar edifícios, fazer avenidas com rodos de areia que pegava do campo de bocha que havia na fazenda”, diverte-se. “Passava horas dos dias fazendo isso. Tinha essa fixação”.

Só no ginásio é que ele passou a estudar em um colégio de Taubaté. Nessa época, o pai queria que estudasse engenharia na cidade, que tinha faculdade conceituada, mas Migotto havia escolhido arquitetura. Chegaram a um acordo, e ele foi fazer curso técnico na Braz Cubas, em Mogi das Cruzes. Ainda estudante, começou o estágio em edificações. “Na época, meu curso permitia projetar casas de até 12 metros quadrados, e foi assim que passei a construir na região”, lembra.

Em seguida, entrou na faculdade e a vida se tornou uma correria. “Eu estudava em Mogi e encarava estágio em São Paulo. Era tudo muito cansativo, mas eu amava”. As coisas começaram a melhorar quando ganhou um carro – “mas a gasolina era por minha conta” – e passou a estagiar em grandes escritórios de arquitetura de São Paulo. Foi em um deles que conheceu João Armentano que, um belo dia, ligou para Migotto com uma proposta que parecia ousada. “Ele me convidou para montar um escritório, assim, do nada, com uma mão na frente e outra atrás”, conta.

Apesar disso, a dupla encarou o desafio. Trabalharam cerca de dez anos juntos e depois, a partir de 1990, cada um seguiu carreira solo. Migotto começou a ganhar evidência ao participar de eventos importantes como CasaCor, Mostra Artefacto e muitos outros. E se firmou como um dos mais conceituados profissionais do segmento por saber evoluir com os novos modos de pensar o significado de morar bem ao longo dos anos.

“Com a pandemia, a casa se tornou o refúgio, e um dos trunfos dela é ter espaços interligados e flexíveis. Muitas pessoas trabalham em casa e vão precisar de home office. Outras só precisam acompanhar o trabalho e pode ser que não tenham necessidade de um ambiente tão demarcado. Há diferentes necessidades, mas vejo que, mais do nunca, todo mundo deseja se sentir em paz dentro de casa. E é o que sempre tentei fazer por meio dos meus projetos: transmitir paz”.

Migotto é conhecido por fazer projetos em que harmoniza o clássico e o contemporâneo, e também pela criação ambientes amplos e integrados

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