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ÁCIDOS TRÓPICOS UMA LIVRE CRIAÇÃO SOBRE A OBRA DE GILBERTO MENDES
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A presente edição é inspirada nos trabalhos desenvolvidos na América Latina através de Sereia Ca(n)tadora (São Vicente, Santos – Brasil), Dulcinéia Catadora (São Paulo – Brasil), Eloisa Cartonera (Argentina), Sarita Cartonera (Peru), YiYiJambo (Paraguai), Yerba Mala (Bolívia), Animita (Chile) e La Cartonera (México). Edições Caiçaras é uma realização do Instituto Ocanoa, Projeto Canoa e Imaginário Coletivo de Arte. Capa feita a mão com material reciclado. Contato: mb-4@ig.com.br 13-91746212 13-34674387
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Márcio Barreto
ÁCIDOS TRÓPICOS Uma livre criação sobre a obra de Gilberto Mendes
Edições Caiçaras São Vicente /SP Outubro de 2011
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© Márcio Barreto
Capa, projeto gráfico, diagramação e editoração: Márcio Barreto
Barreto, Márcio Ácidos Trópicos – uma livre criação sobre a obra de Gilberto Mendes / Márcio Barreto – São Vicente: Edições Caiçaras, 2011. 46p. 1.Dramaturgia brasileira I. Título Impresso no Brasil
2011 Edições Caiçaras Rua Benedito Calixto, 139 / 71 – Centro São Vicente - SP - 11320-070 www.edicoescaicaras.blogspot.com mb-4@ig.com.br 13-34674387 / 13-91746212
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“Apenas uma outra música, para outros tempos, o que talvez já esteja acontecendo”. Gilberto Mendes
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Ao sempre novo Gilberto Mendes
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PERSONAGENS
A Bailarina Atriz de Cinema Dorothy Lamour A Bailarina Clown A Bailarina em Fuga Gilberto Mendes O Halterofilista Clown O Cortejo O MĂşsico Escritor James Joyce O Narrador Louco O Pianista O Radialista Os Jogadores de Futebol
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PRIMEIRO MOVIMENTO
A cortina se abra. Projeção de vídeo ”Mar e Vermelho” – lentamente a câmera se aproxima de uma janela aberta na Fortaleza da Barra, a imagem se funde com um navio deixando o porto, sons de trovão, pássaros marinhos e apito de navio. Acende-se a luz sobre os músicos que executam “Pó de Estrelas”. O término da projeção coincide com o término da música. Um foco de luz se abre sobre Gilberto Mendes sentado em frente a uma máquina de escrever percutindo sons com as teclas. Ao fundo do palco, os músicos misturam os sons do aerofone com os sons da máquina de escrever e distorções de guitarra. A Bailarina em Fuga entra em cena e dança com um guarda-chuva nos limites da luz do refletor.
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BAILARINA EM FUGA (repetidas vezes): “Não tenho temperamento discursivo, as idéias vão-se formando e, à medida que explodem em minha fantasia, minha música vai tomando forma”. No proscênio James Joyce tem a mão um copo com água, com uma colher percute sons no copo enquanto caminha pelo palco. JAMES JOYCE (repetidas vezes): “Não tenho temperamento discursivo, as idéias vão-se formando e, à medida que explodem em minha fantasia, minha música vai tomando forma”. Todos, dentro e fora de cena, repetem a frase e param no momento em que o narrador caminha da rotunda em direção ao proscênio. Um foco de luz se acende sobre os músicos que produzem sons e distorções ao violão. NARRADOR: Música nova: compromisso total com o mundo contemporâneo: Eis que chega à Terra, em 13 de outubro de 1922, Gilberto Mendes. Os anjos cantavam em processos fono-mecânicos e eletro-acústicos, experimentavam com suas máquinas músicas impressionistas e visões seriais. Nas matas atlânticas, os cablocos celebravam a psico-fisiologia do silêncio sem sequer se preocuparem com a importância do cinema ou do desenho industrial, ou ainda do estudo global do sistema musical por seu comportamento cibernéticosocial, atemporal ou pelo desenvolvimento interno da linguagem. Mais tarde Ulysses iria surfar com Dorothy Lamour e James Joyce em Copacabana. Não me lembro como e nem quando descobri sua obra. Conheci-o em um debate sobre cultura e o achei de uma humildade magnífica. Certa vez, enquanto conversávamos, ele disse que o novo nunca deve ser procurado apenas pelo novo.
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O Pianista entra no palco, faz uma reverência ao público e dirige-se ao piano e toca inspirado em “Viva Villa”. Aos primeiros acordes, acende-se a luz sobre a Bailarina em Fuga que volta a movimentar-se com o guarda-chuva em diferentes focos de luz. JAMES JOYCE: Gilberto Mendes é um bancário que compunha nas horas vagas. Imaginem: em uma noite ele está regendo no Teatro Municipal de São Paulo e na manhã seguinte acorda e vai trabalhar em uma agência bancária. Contas, números, pessoas, senhas e cálculos. DOROTHY LAMOUR: Seu nome consta como verbete nos principais compêndios musicais do mundo. Sua obra foi tocada e estudada na Alemanha, Bélgica, Portugal, Estados Unidos e em tantos outros países que celebram sua genialidade. JAMES JOYCE: No universo de suas composições o cinema, a experimentação e a literatura com seus lugares e personagens eclodem numa dança impulsionada pelo vento noroeste que sopra constante em seus pensamentos. TODOS (em diferentes tempos, saindo de cena): “Não tenho temperamento discursivo, as idéias vão-se formando e, à medida que explodem em minha fantasia, minha música vai tomando forma”. Não ouvi folclore nem ciranda, pois em Santos não tinha folclore”. “...na Europa eles dizem que sou pós-moderno. Mas eu mesmo prefiro que me chamem de transmoderno, que é como me defino. Isso quer dizer que eu transitei pelo moderno e suas variações". GILBERTO MENDES (sentado em frente a maquina de escrever): Como conseqüência do novo: a transformação. Maiacóvski: sem forma revolucionária não há arte revolucionária. Politonalismo.
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Gilberto Mendes levanta-se e caminha em direção ao proscênio. Projeção do vídeo “Gilberto Mendes dançando”. Rege o silêncio, agradece e sai de cena. A Bailarina-Clown, acompanhada pelo som do piano (como em um desenho animado) passa em frente à máquina de escrever, olha para os lados e começa a teclar junto com o som do piano. O Pianista erra e a Bailarina o olha com repreensão. O Pianista se desculpa. A Bailarina-Clown olha para os lados e foge carregando a máquina de escrever (a personagem pode ser substituída pelo Halterofilista Clown).
Blecaute.
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SEGUNDO MOVIMENTO
O Narrador entra em cena iluminado apenas por lanternas dentro de um peixe de artesanato.
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NARRADOR: Certa vez Gilberto Mendes acordou com fome, era um dia cinza onde o sol rompia em nuvens. Foi ao cinema e depois sentou-se em frente ao piano, entregou seu guardachuva ao mensageiro do Parque Balneário Hotel e comeu quatro torradas com geléia. Então, um a um, devorou e deglutiu Stravinsky, Boulez, Stockhausen, Cage e James Joyce. Do outro lado da ilha Pepe e Pele regiam a torcida na Vila Belmiro. No mar navios partiam. O Narrador sai de cena. Acende-se um foco de luz sobre o Radialista que narra os preparativos para uma partida de futebol. RADIALISTA: Bem-vindos amigos do esporte. Na Vila Belmiro são 21:20. O tempo agradável convida ao espetáculo. O treinador Formiga tem muito trabalho para montar o Santos que irá enfrentar o Cruzeiro. O alvinegro praiano tem sete desfalques e encara situação crítica para formar o meio-campo. Por conta disso, Pelé, mesmo com lesão no joelho esquerdo, deve ser escalado. O ilustríssimo treinador evitou dar pistas sobre a escalação do time. Por outro lado, afirmou que Santos é uma das cidades mais antigas do país e de grande valor histórico por acompanhar o crescimento e a evolução do Brasil em seus primeiros anos de colônia até os dias atuais, surgindo como um município de valor cosmopolita, portuário, ecológico e cultural. Formiga acrescentou que espera que os jogadores se recuperem para pensar em estratégias específicas. Foi dado o apito inicial. Começa a partida na Vila Belmiro. O Radialista fica imóvel. Uma bola é arremessada da coxia e atravessa o palco, quando chega ao outro lado começa a projeção do vídeo “Santos Football Music”. Todos entram em cena e atravessam o palco gritando. JOGADORES: Passa a bola. Está impedido. Penalidade máxima. Juiz ladrão. Deixa de ser fominha. Quem vai bater a falta? Olha lá, lança essa bola!!!!
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Os jogadores saem de cena e voltam andando de costas sem as falas. Atravessam o palco e voltam pela outra coxia em câmera lenta. JOGADORES (em câmera lenta): Passa a bola. Está impedido. Penalidade máxima. Juiz ladrão. Deixa de ser fominha. Quem vai bater a falta? Olha lá, lança essa bola!!!! Fim da projeção do vídeo “Santos Football Music”. O Pianista começa os primeiros sons de Santos Football Music. O Radialista narra a partida com tanta velocidade que se torna impossível entendê-lo. Três jogadores, cada qual com sua bola, entram em cena. Entram os jogadores restantes. Todos param e apenas um jogador continua jogando como se estivesse driblando, depois joga a bola para fora do palco. Os outros jogadores também chutam as bolas para fora restando apenas uma. Os jogadores se dividem em dois times. O Juiz entra em cena e apita uma falta. A falta é cobrada e todos saem de cena. Três bailarinas entram com bolas na mão. O Goleiro aparece. Dois jogadores passam a bola um para o outro e se aproximam do Goleiro. Um dos jogadores chuta e marca o gol, saem comemorando do palco. O Goleiro permanece estático por alguns instantes até que o Juiz volta ao palco e o carrega para fora.
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TERCEIRO MOVIMENTO
TrĂŞs atrizes atravessam o palco, uma de cada vez, exibindo cartazes com as seguintes palavras:
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BAILARINA-CLOWN: “Formação”. BAILARINA EM FUGA: “Experimentação”. DOROTHY LAMOUR: “Aplausos”. “Obrigado” (uma palavra de cada lado do cartaz).
Projeção do vídeo “O que é a Música” (entrevista com Gilberto Mendes). Ao Fim da projeção 9ainda com a imagem de Gilberto Mendes sentado ao lado do piano) o Narrador entra em cena, perto da coxia central – direcionado para a coxia oposta, com uma rabeca nas mãos e chama Mendes no vídeo. NARRADOR: Gilberto! Eu sei que você não teve formação de ouvido nacionalista, que sempre gostou mesmo de Bach, Stravinsk, Bartók, mas aqui nesses ácidos e alegres trópicos a vida é um baile popular erudito na Mata Atlântica. Projeção do vídeo “Cores”. NARRADOR: Para todo homem branco que passa. Para todo sangue vermelho que escorre. Para todo homem negro que passa. Para todo céu azul que se olha. Para todo homem amarelo, branco, negro, índio, mulato. Para todo homem que passa. Entram os músicos em cortejo tocando “Sob o Céu Azul de Anil”. Entra o duo de bailarinos. TODOS: Sob um céu azul de anil NARRADOR: Índios, brancos, negros
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Que pelas praias desse litoral sem fim se uniram e fizeram nascer o Brasil O mar revolto Mamelucos, caboclos, cafuzos, mulatos, pardos, portugueses, italianos, Franceses, africanos, holandeses, espanhóis, Sob um céu azul de anil Dessa bela gente varonil Índios, brancos, negros O mar revolto Mamelucos, tailandeses, chineses, japoneses, Sob o céu azul de anil Fizeram todos juntos o Brasil Índios, brancos, negros, caboclos, cafuzos, japoneses, Tailandeses, australianos, alemães, ucranianos, E o mundo assim fez o Brasil Passo a passo, beijo a beijo, guerra a guerra, Sob o céu azul de anil
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Nas praias se fez o Brasil Tupiniquins, tupinambás, guaranis, tupis... tamoyos Calungas, caiçaras, bandeirantes Índios, brancos, negros, caboclos, cafuzos, japoneses, Tailandeses, australianos, alemães, Mamelucos, caboclos, cafuzos, mulatos, pardos, portugueses, italianos, Franceses, africanos.
O Cortejo sai de cena ainda tocando, ao término da música, blecaute.
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QUARTO MOVIMENTO
As Bailarinas passam pelo palco, os músicos produzem sons metálicos, ruídos, microfonias. O Pianista compõem inspirado no “Último Tango em Vila Parisi”. As Bailarinas correm pelo palco em diferentes dinâmicas. Gilberto Mendes entra no palco armado com uma batuta e vai em direção ao Narrador que está com o arco da rabeca nas mãos. Os dois duelam no palco. Gilberto Mendes atinge o Narrador que cai ao chão. Cessa a música. As bailarinas correm em sua direção e o olham com surpresa. Gritam histericamente. Após alguns instantes, as duas primeiras param e a terceira continua. Gilberto Mendes joga a batuta para o lado e sai sorrindo. O Escritor entra no palco, olha o corpo no chão, passa por cima e dirige-se ao proscênio.
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JAMES JOYCE: Gilbertianas visões de um mundo imemorial, danças diversas, rondós, variações, invenções, suítes, sonatas, sinfonias, guarda-chuvas entre universos fugados, contrapontísticos, harmônicos, politonais sensações de mar, teoria dos afetos musicais. Não me lembro como e nem quando descobri sua obra. Conheci-o em um debate sobre cultura e o achei de uma humildade magnífica. Certa vez, enquanto conversávamos, Gilberto Mendes disse que o novo nunca deve ser procurado apenas pelo novo. O Pianista compõem inspirado na música “Vento Noroeste”. As bailarinas entram no palco cada uma com um guardachuva e improvisam a partir do tema da música. O Narrador levanta-se como se acordasse e sai de cena. As bailarinas saem. Blecaute. Todos entram cada um com um aerofone. TODOS (no escuro, repetidas vezes em dinâmicas diferentes): “Sou transmoderno”. Um a um deixam o aerofone cair ao chão. Silêncio.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Gilberto Mendes. Uma Odisséia Musical: dos Mares do Sul à Elegância Pop / Art Déco. Apresentação de Haroldo de Campos. São Paulo: Edusp e Giordano, 1994.
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Gilberto Mendes. Viver sua música: com Stravinsky em meus ouvidos, rumo à Avenida Nevskiy. São Paulo e Santos: Edusp e Realejo, 2008. VISÕES GILBERTIANAS Márcio Barreto
“Ácidos Trópicos” foi escrito em um dia. Embebido pelo universo multifacetado da obra gilbertiana misturei citações sobre alguns elementos que constroem o imaginário de suas composições, cinema, literatura, máquinas de escrever, guarda-chuvas, lugares, memórias, épocas e personagens - o escritor James Joyce transformado em músico, o Pianista Bêbado, a atriz Dorothy Lamour, O Narrador Louco, a Bailarina-Clown, o Radialista, a Bailarina em Fuga inspirada no Café Muller de Pina Bausch, os jogadores de futebol, os brincantes do cortejo e o Halterofilista. Não pretendi traçar um panorama geral sobre sua obra, mas apenas recortá-la de acordo com os elementos que me sugeriam certa coerência poética. Procurei desdobrar seu conceito de música-teatro transformando as falas, a dança, a luz, silêncios e imagens em uma composição musical marcada pela harmonia dos timbres e a construção de melodias percussivas. Algumas músicas foram criadas a partir de improvisações de Tarso Ramos e Alessandro Atanes sobre “Viva Villa”, “Vento Noroeste”, “O Último Tango em Vila Parisi”, outras foram retiradas do repertório do Percutindo Mundos, tais como “Pó de Estrelas” e “Sob o Céu Azul de Anil”. A instrumentação é formada por piano, rabeca, violão,
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djeridoo, zabumba, dejembe, pandeiro, triângulo, aerofone e quimbau. O texto é permeado de frases de seus livros, conversas casuais, reflexões que sua obra me inspira e o poema “Sob o Céu Azul de Anil” de minha autoria. O processo de montagem se deu através dos conceitos de leveza, afetividade e simplicidade como elemento de profundidade, considerando a obra com uma obra-em-aberto. A estréia foi em 22 de outubro, no teatro do SESC Santos e foi precedida por um debate sobre a música de Gilberto Mendes - com Flávio Viegas Amoreira, Heloisa Valente (USP), Lorenzo Mami (USP) e o próprio Mendes. No elenco estiveram: Márcio Barreto, Célia Faustino, Jean Ferreira, Tarso Ramos, Alessandro Atanes, Edvan Monteiro, Tatiana Pacheco, Zéllus Machado. Concepção, Dramaturgia e Direção: Márcio Barreto – Assistente de Direção: Célia Faustino – Direção Musical: Percutindo Mundos – Fotografia e Vídeo: Alex Hermes, Edvan Monteiro, Denise Rodrigues, Christina Amorim – Criação de Vídeos e Plano de Luz: Márcio Barreto, Edvan Monteiro – Iluminação: Ariadne Filipi – Projeção de Vídeo: Felipe Faustino.
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O SÉCULO DE GILBERTO MENDES Alessandro Atanes
(postagem realizada ao som de Ulisses em Copacabana Surfando com James Joyce e Dorothy Lamour).
Na introdução ao seu livro A Era dos Extremos: o breve século XX, o historiador britânico Eric Hobsbawn, nascido em 1917, comenta sua dupla condição de historiador e testemunha do século XX, como quando estudava na Alemanha na década de 30 e presenciou a ascensão dos nazistas ao poder. Ainda que um pouco mais moço que Hobsbawn, o compositor Gilberto Mendes, nascido em 1922, também se equilibra nos seus livros entre o testemunho do século e a memória das transformações ocorridas na música durante seu tempo de vida, muitas das quais causadas por ele mesmo. Isso é o que se nota na primeira leitura de Viver sua música: com Stravinsky em meus ouvidos, rumo à Avenida Nevskiy, lançado em 2008 em Santos pela Editora Realejo em parceria com a Edusp.
Assim como Hobsbawn, Mendes testemunhou um evento de dimensões históricas, a ocupação de Praga pelo
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exército da União Soviética em julho de 1968, quando passaria no quarto de hotel alguns dias de guerra até conseguir embarcar em um trem junto com um funcionário do consulado brasileiro. Fiquemos com sua narrativa: Ao meio-dia, um tiroteio infernal! Que felizmente só ouvimos, soubemos depois que canhões de tanques tinham destruído o prédio onde uma rádio clandestina ainda operava, e um caminhão carregado de munições explodira, tudo ali bem perto de nós. O estranho é que todo mundo estava nas ruas, procurando informações, saber o que fazer. O mais certo era entrar al alguma das filas, já enormes, frente às poucas padarias abertas, para comprar o que tivessem, mas sobretudo muito pão. Inacreditável, eu estava vivendo uma guerra! Daí a pouco estaria comendo restos de comida, gatos, cachorros, até ratos, talvez, eu me lembrava dessas cenas em muitos filmes. (...) Cheguei a abrigar [no quarto do hotel] um casal que me pediu para passar a noite em meu quarto. Dormimos todos juntos. Não me ocorreu o perigo que corri de ser preso com eles pelos soviéticos. Eu, que tanto amava o comunismo, estava sem querer ajudando a resistência aos invasores comunistas. Os dois, bem moços ainda, tinham participado de uma operação de destruição de um tanque e estavam fugindo. Mostraram um fragmento do tanque, que eu ingenuamente pedi de lembrança. Claro que não iriam, não poderiam me dar. A lembrança era para eles. Apesar de todo o meu desespero, não me esqueci de apanhar uma cápsula vazia de bala de fuzil, do chão de um largo em frente a uma ponte sobre o rio Moldávia, onde parecia ter havido muito tiroteio. Guardo esse minúsculo e precioso troféu como recordação, até hoje. No dia seguinte, lá pelas cinco horas da tarde, eu olhava desesperançado pela janela do meu quarto quando vi na janela do consulado brasileiro – as duas davam para o mesmo pátio – uma pessoa me fazendo sinais e gritando que passaria de carro imediatamente na porta do hotel, para me pegar. Descobrira um trem que os russos
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tinham permitido partir para Viena e só teve tempo de me avisar, eu estava ali bem ao lado. Inesperado, fantástica sorte! Já na poderosa Mercedez Benz do consulado, meu anjo da guarda – esse funcionário que havia visto poucas vezes – me preveniu que iria tentar chegar a tempo, só tínhamos cinco minutos, e a distância era grande. Correu o mais veloz que pôde, até subiu na calçada em certas ruas, como num filme de ação, de espionagem. Poderíamos ter levado um tiro de canhão se repentinamente topássemos com um tanque pela frente. Mas o trem estava lá... As referências ao cinema, que dão sentido às lembranças do autor, revelam a paixão de Gilberto Mendes pelos filmes, paixão que muitas vezes acaba servindo de guia para as histórias que conta, mas também de guia para o leitor, que acaba aprendendo como o cinema foi responsável por parte da formação musical e afetiva de um compositor erudito de vanguarda como Gilberto Mendes. Ele comenta temas clássicos de filmes, o uso de música erudita e do jazz nos desenhos animados (quem não lembra dos tombos de Tom marcados por um solo de bateria?), a vinheta de abertura dos filmes da 21th Century Fox, a leveza de Fred Astaire, a criação da música havaiana dentro dos estúdios de Hollywood, o choque e a criatividade musical que ocorre com o contato de músicos eruditos fugidos do leste europeu com o jazz norte-americano. Começar a ler seu livro é como embarcar num navio que dará a volta no mundo com alguém que já deu três voltas no planeta e adora dar mais uma: Santos, Havaí, Nova York, São Petersburgo... Isso porque Gilberto Mendes vai nos falando de coisas, pessoas, lugares e músicas que não conhecemos (eu, pelo menos, não conheço muitos deles), mas que aos poucos vão se tornando familiares, como se ele os apresentasse, como se fôssemos seus amigos em comum. Daí
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vem, acredito, o título do livro, “Viver sua vida”, um elegante convite para que cada leitor construa seu repertório particular. Ele nunca usaria a expressão no modo imperativo “Vive tua vida” ou “viva sua vida”, enquanto o uso do verbo no infinitivo parece mais um estímulo, no máximo um conselho. Essa generosidade e confiança de Gilberto Mendes na inteligência do interlocutor é uma das características mais marcantes de sua personalidade. Lembro que entre outubro e novembro de 2007, um grupo de alunos da Escola Técnica de Música e Dança de Cubatão, todos adolescentes, passou semanas e semanas visitando o compositor para aprender com ele algumas técnicas para a interpretação de suas músicas numa Noite Gilberto Mendes organizada pela direção da escola. Em 29 de novembro, na mesma noite em que os alunos se apresentavam, um recital de sua obra ocorria em Paris, e ele ali se divertindo com os alunos e a platéia de pais de alunos em Cubatão. Que seu novo livro, assim como o anterior, desperte estes sentimentos de generosidade e beleza em quem o leia. Como já disse uma vez o escritor Flávio Viegas Amoreira: “Santos é do Mendes! Sim, do Mendes, do Gilberto Mendes!”.
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A MÚSICA DEVE AGRADAR? Tarso Ramos
Durante uma conversa com um apreciador de música, o mesmo citou Jean Luc Ponty, Astor Piazzolla, Arnold Schoenberg entre outros, demonstrando que realmente tem parâmetros para avaliar a qualidade em música. Mas em certo momento, esta mesma pessoa disse algo mais ou menos assim: “um compositor que eu não gosto é Gilberto Mendes, sua música não me agrada”. Aceitei a opinião dele, mas lhe disse que a mim agrada, e fui pra casa pensando naquela frase, especificamente no “não me agrada”. Será que música deve agradar? Será que Mendes tem que agradar alguém? Bem, se olharmos pelo lado de que o músico apresenta sua obra para um ouvinte, diríamos que sim, ele tem que agradar seu ouvinte. Mas se olharmos pelo lado do músico, ou mesmo da própria música, não, ele não tem obrigação de agradar a ninguém, muito menos a música.
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Antes de defender a música, vou defender o músico. Mendes é um compositor nascido em uma época em que a música mundial já havia sido revolucionada por vários compositores e finalmente por Schoenberg com seu sistema dodecafônico, e continuava a passar por mudanças drásticas. Quando Mendes apareceu no cenário artístico brasileiro quem ditavam as regras na vanguarda musical eram John Cage, Stockhausen e Boulez, e o grande centro de estudo dessa nova música era a cidade de Darmstadt, na Alemanha, onde haviam cursos voltados para essa nova forma de conceber a música, e Mendes participou de alguns desses cursos, trazendo para o Brasil toda essa bagagem. O próprio Mendes explica que o que ele e outros músicos queriam quando voltaram ao Brasil, era fazer essa nova música, influenciada pelos europeus, mas algo que ainda teria uma linguagem original. E dali em diante, a música brasileira deveria tomar outro rumo. Em 1963, junto com Damiano Cozzella, Rogério Duprat, Régis Duprat, Sandino Hohagen, Júlio Medaglia, Willy Correia de Oliveira e Alexandre Pascoal, Mendes assina o Manifesto Música Nova, e inicia sua vida pública com uma música que não era (e até hoje não é) compreendida pela maioria dos ouvintes, o que gera frases legítimas como “não me agrada”. Mas Mendes faz uma música que nos mostra outros caminhos de composição, a importância de sua música, mais do que agradar ou não agradar, está no fato de ser um passo adiante no conceito sobre o que é música. Quando ele põe um coro inteiro “falando”, ao invés de “cantando” em seu Moteto em ré menor (Beba Coca-Cola), ele abre caminho para outra visão musical, daí em diante, cabe a cada compositor decidir (ou conseguir) fazer uma música nova, mas que também agrade, ou não. Se o compositor tiver em mente que sua obra deve agradar, ele cairá em um abismo de diferenças de gostos e conceitos entre uma pessoa e outra, e não conseguirá agradar a todos. Do ponto de vista da
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música, a defesa é simples e rápida. Quando ela está à minha disposição como ouvinte, claro que escolho a que mais me agrada. Mas quando ela está a serviço de outra obra, como o teatro, cinema, televisão, ela deve ser utilizada em sua totalidade, com ruídos quando a cena necessitar, barulhos fortes, enfim, o que for preciso para enriquecer a cena, e não meus ouvidos. Do ponto de vista evolutivo, devemos continuar explorando todas as possibilidades sonoras possíveis, para que não caiamos no lugar comum, para que a música esteja sempre ligada à inteligência humana, e para que não paremos no tempo. SOLTANDO AS AMARRAS Zéllus Machado
Quem era aquele senhor de cabelo comprido branco que fazia aquelas músicas estranhas? Vi Gilberto Mendes no 35ê Caveau da Aliança Francesa, algumas vezes. Outra no Clube dos Ingleses, se não me engano. Outras na sede do Madrigal Ars Viva. Enfim...Do que se tratava aquele som no fim de 70 e inicio de 80? Parecia algo a la Arrigo Barnabé, Jonh Cage (que fui conhecer nessa época). Mas era além. Mais ousado e incompreensível para nós mortais acostumados ao Rock’n’roll e MPB em sua total diversidade. E olha que eu sempre ouvi cantos e canções do mundo todo. Mas nada, a princípio, que se comparasse a Gilberto Mendes. Aquele Coral entoando onomatopéias inseridas às canções fragmentadas.
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Mas o que é isso? E assim fui seguindo. Onde tinha Madrigal Ars Viva e Gilberto Mendes eu ia assistir. Aos poucos fui digerindo aquela musicalidade. Já em minha militância ecológica, junto ao Movimento em Defesa da Vida, agrupamos boas “cabeças”. Fizemos manifestação em favor das vítimas da Vila Socó que havia explodido sobre os dutos da Petrobrás. E convidamos o Gilberto para participar de uma caminhada no calçadão da Praia. Nasceu (ele compôs) Vila Socó meu amor. Uma música que contestava a situação negligente da Petrobrás. E dá-lhe Festival de Musica Nova! Aquele monte de 5, 6, 8 pessoas na platéia. Às vezes havia mais. Comecei a entender mais Gilberto Mendes. Embora ele nunca tenha ouvido falar de mim, nem qual ofício era o meu. Mas o admirava e respeitava-o muito, mesmo de longe. Daí pra frente não perdia uma apresentação. Idos de 80 e 90. Uma vez fui à sua casa juntamente com Nilo Diniz – militante e sociólogo do Movimento de Defesa da Vida – para um bate papo. Achei Gilberto um Monge vanguardista. Só fui senti-lo mais próximo nos Saraus da Pinacoteca, agora em 2010,11. Pois é! Não é fácil deglutir Gilberto Mendes. Mas é só soltar as amarras das convenções e deixar fluir todas suas polifonias, dissonâncias e brincadeiras, porque de humor, a musica de Gilberto tem muito. E quem tiver o DVD A odisséia de Gilberto Mendes, guarde-o a sete chaves. É de uma preciosidade tamanha que não se deve nem emprestar. Um tesouro da Vanguarda mundial. Como disse seu editor belga: um dos precursores mundiais do pós-modernismo na música.
Forever Gilberto Mendes! Obrigado!
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SUMĂ RIO
Personagens
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Primeiro Movimento
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Segundo Movimento
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Terceiro Movimento
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Quarto Movimento
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Referências Bibliográficas
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Visões Gilbertianas – Márcio Barreto
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O Século de Gilberto Mendes – Alessandro Atanes
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A Música Deve Agradar? – Tarso Ramos
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Soltando as Amarras – Zéllus Machado
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EDIÇÕES CAIÇARAS São Vicente Brasil
A Edições Caiçaras é uma pequena editora independente artesanal inspirada nas cartoneras da América Latina, principalmente na Sereia Cantadora de Santos e na
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Dulcinéia Catadora de São Paulo. Nasceu pela dificuldade homérica e labiríntica em publicar meus livros em uma editora convencional. É uma forma de reavivar o ideal punk do “faça você mesmo”, incentivando a auto-gestão e o uso da habilidade manual , uma coisa que está se perdendo em nossa sociedade tecnocrata. Assim, de fato, começa a tomar forma a filosofia da Edições Caiçaras, mais do que um caráter social, nos interessa, ousar na forma e no conteúdo. Na forma é um aprimoramento das técnicas das cartoneras - os livros são feitos com capa dura, costurados com sisal e presos com detalhes em bambu, e no conteúdo, priorizamos um diálogo profundo com a Internet e com as literaturas locais do Brasil. Márcio Barreto CATÁLOGO COMENTADO
O Novo em Folha (poesia) Márcio Barreto
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“Pode-se ler O novo em folha, de Márcio Barreto, como parte de um todo maior relacionado à Arte Contemporânea Caiçara, proposta que relaciona imagens, palavras e sonoridades numa ótica que mescla fontes da literatura, música e filosofia, sustentando o diálogo entre o ancestral e o contemporâneo. Também é possível ler cada volume como uma manifestação artística dentro das experiências no Brasil e no exterior de realizar obras únicas com capas feitas a mão e com material reciclado. Ressalta-se assim o valor do artífice na construção de cada livro que chega às nossas mãos. No entanto, talvez o mais fascinante esteja em deixar um pouco de lado esses dois fatores e mergulhar numa poesia que tem como principal característica justamente uma provocação permanente. As palavras se articulam para gerar indagações constantes no sentido de não aceitar saberes instituídos, estabelecendo dúvidas. O poema “Quando o mar” (“Vivamos/Que a vida passa/Célere como a onda// Que faz do recuo seu avanço”) encerra, por exemplo, uma poesia que traz o novo em folhas de papel, mas amparado por uma concepção da realidade que se propõe a sempre oferecer surpresas. (Oscar D’Ambrosio) - doutorando em Educação, Arte e História da Cultura na Universidade Mackenzie, é mestre em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da Unesp. Integra a Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA-Seção Brasil). Atro Coração (dramaturgia) Márcio Barreto
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“Um retrato do amor que mistura os textos Romeu e Julieta e Otelo (Shakespeare), Lua na Sarjeta (David Goodis) e partes dos filmes O Colecionador (baseado na obra de John Fowles) e Cenas de um Casamento (Ingmar Bergman). Assim é Atro Coração, peça escrita por Márcio Barreto que coloca dois personagens míticos em uma situação limite: Lilith após ser expulsa do paraíso invade os sonhos do anjo Gabriel e o seduz. Para puní-los Deus os lança à Terra como homem e mulher. Destituídos de suas memórias vagam separados até que o acaso os une novamente. De um lado o amor não correspondido, do outro o amor que nasce do medo da morte. Uma peça que discute os limites do amor através das relações de medo, desejo, sonho, posse, loucura e realidade. Uma história que nos faz pensar que não importa o que é o amor, mas o que fazemos com ele.” (O Autor) Nietszche ou do que é feito o arco dos violinos (poesia) Márcio Barreto "A loucura, não em seu contexto patológico, mas como um campo propício para novas inspirações e idéias, onde valores e costumes são facilmente rompidos e a genialidade e a sabedoria misturam-se com universos muita vezes desconhecidos. Nietzsche, importante filósofo alemão do sec. XIX, possuía grande paixão pela música, como vemos em O Nascimento da Tragédia no Espírito da Música (1872), O Caso Wagner, um Problema para Músicos (maio-agosto 1888) e Nietzsche contra Wagner (dezembro 1888). De certo modo, a filosofia encontra na música um riquíssimo campo para reflexão. Poderíamos comparar, como faz a física quântica, a gênese do universo às cordas do violino quando vibram tocadas pelo arco. Parece loucura, mas acredita-se que as menores partes do universo agem assim, vibrando e criando a sua volta. Nietzsche enlouqueceu em janeiro de 1889, em Turim, quando seus olhos enevoados pela miopia se chocaram
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com o espancamento de um cavalo. Aos prantos deixou-se ficar abraçado comovido com seu sofrimento. Nunca mais esteve lúcido. O arco do violino é feito da crina do cavalo; antes da loucura Nietzsche era veemente contra a compaixão." (O Autor) Pequena Cartografia da Poesia Brasileira Contemporânea (poesia) - Marcelo Ariel (Org.) "O mais interessante é que este livro é uma obra em processo, saber que ele nasceu na internet e foi incorporado aos processos artesanais de fabricação de livros, através da reciclagem de matérias, é uma coisa importante. O pensamento por trás da própria criação da rede há uma grande teia artesanal de compartilhamento e irradiação de informação e conhecimento. Este é para mim, o paradigma que deu origem, não só a idéia deste livro, isto está no cerne das questões da poética contemporânea. Quem ler o livro, perceberá isso, é uma espécie de viagem até os poemas, o livro está conectado a um site e o site por sua vez, é ele mesmo, uma obra do artesanato mental. Não explico muita coisa, mas ao abrir o livro, as coisas podem ficar mais nítidas e menos enevoadas. Se produz poesia de qualidade nos dias de hoje e isso passa ao largo do chamado mercado editorial, mas não é ignorado pelas revistas eletrônicas de cultura, que cada uma delas se torne um livro, é uma idéia interessante, que espero, ajudar a disseminar com esta edição artesanal de textos e poemas anteriormente publicados no blog-revista.” (Marcelo Ariel) PRÓXIMO LANÇAMENTO
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Obras Cadáveres -Arthur Bispo do Rosário, Estamira, Jardelina, Violeta e o Deus do Reino das Coisas Inúteis (ensaio) Ademir Demarchi “Instigante ensaio sobre os paradigmas entre arte e loucura através da análise da obra de Arthur Bispo do Rosário, Estamira Jardelina e Violeta, figuras que personificam o inconsciente popular e rompem nossas certezas acerca da lucidez. É antes de mais nada uma reflexão sobre a sociedade em que vivemos, seus valores e seu incrível “reino das coisas inúteis”. (Márcio Barreto)
IMAGINÁRIO COLETIVO
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O Imaginário Coletivo de Arte agrega artistas do litoral paulista em suas diferentes linguagens e tem como proposta fortalecer e propagar a “Arte Contemporânea Caiçara”, valorizando nossas raízes e misturando-as à contemporaneidade. Formado em fevereiro de 2011, é resultado de anos de pesquisas desenvolvidas em diferentes áreas que culminaram na busca de uma nova sintaxe através da reflexão sobre os processos criativos na Arte Contemporânea Caiçara. Seus integrantes convergem da dança, eutonia, teatro, circo, música, literatura, história, jornalismo, filosofia e artes visuais. Estão diretamente ligados à experimentação através de núcleos de pesquisas desenvolvidos no grupo Percutindo Mundos – música contemporânea caiçara (2008), no Grupo de Câmara Quatro Quartos (2010), Núcleo de Pesquisa do Movimento - dança contemporânea (2011), no Espaço de Consciência Corporal Célia Faustino - eutonia (2003), na Cia. Etra de Dança Contemporânea (2001), no Projeto Canoa e Instituto Ocanoa – pesquisa da Cultura Caiçara (2007). Em seu repertório constam, além de “Ácidos Trópicos”, os seguintes trabalhos: “Atro Coração – uma livre adaptação sobre o amor” (teatro), “Homo Ludens – fluxos, lugares e imprevisibilidades” (dança contemporânea), “Percutindo Mundos – universo em Gentileza” (música), “Quatro Quartos - Chuva no Mar” (música de câmara), Rota Literária (teatro), “Mantramar” (música) e “Trio Kaanoa – pontes e praias” (música). Ao longo do tempo realizou encontros, oficinas e palestras, tais como o "Sarau Caiçara" - Pinacoteca Benedito
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Calixto - Santos /SP, "Mostra de Arte Contemporânea Caiçara" - Casa da Frontaria Azulejada - Santos/SP, "Itinerâncias Encontros Caiçaras" - Casa da Cultura de Paraty - Paraty /RJ, "Sarau Filosófico" - SESC Santos - Santos /SP e "Virada Caiçara" - São Vicente /SP. Seu trabalho está presente em universidades, escolas públicas e instituições de cultura através de cursos, apresentações e palestras, além de inserir sua proposta artística em espaços públicos.
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Márcio Barreto nasceu em Santos-SP em 1970 e mora em São Vicente, publicou na web os livros “Totem” (romance), “O Ser e o Pensamento” (filosofia). Publicou pela “Edições Caiçaras” “O Novo em Folha” (poesia), “Atro Coração – uma livre adaptação sobre o amor” (dramaturgia) e “Nietzsche – ou do que é feito o arco dos violinos” (poesia). Pesquisador, músico e compositor, é fundador e diretor do grupo de música contemporânea caiçara “Percutindo Mundos”, do Projeto Canoa, do Imaginário Coletivo de Arte, do Teatro Canoa e do Núcleo de Pesquisa do Movimento. É responsável pela realização do Sarau Caiçara – Pinacoteca Benedito Calixto – Santos /SP, Sarau Filosófico – SESC Santos /SP, Mostra De Arte Contemporânea Caiçara – Casa da Frontaria Azulejada – Santos /SP, Itinerâncias – Encontros Caiçaras – Paraty /RJ, Virada Caiçara – São Vicente /SP e Vitrine Literária – SESC Santos /SP. Contato: mb-4@ig.com.br 13-91746212 13-34674387
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www.percutindomundos.blogspot.com www.myspace.com/percutindomundos www.youtube.com/projetocanoa
Ácidos Trópicos – uma livre criação sobre a obra de Gilberto Mendes foi impresso sobre papel reciclado 75g/m² (miolo). A capa foi composta a partir de papelão e sacolas de papel.
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