Nietzsche ou do que é feito o arco dos violinos - Márcio Barreto

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NIETZSCHE OU DO QUE É FEITO O ARCO DOS VIOLINOS

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A presente edição é inspirada nos trabalhos desenvolvidos na América Latina através de Sereia Ca(n)tadora (São Vicente, Santos – Brasil), Dulcinéia Catadora (São Paulo – Brasil), Eloisa Cartonera (Argentina), Sarita Cartonera (Peru), YiYiJambo (Paraguai), Yerba Mala (Bolívia), Animita (Chile) e La Cartonera (México). Edições Caiçaras é uma realização do Instituto Ocanoa, Projeto Canoa e Imaginário Coletivo de Arte Capa feita a mão com material reciclado.

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Contato: mb-4@ig.com.br 13-91746212 13-34674387

Márcio Barreto

NIETZSCHE OU DO QUE É FEITO O ARCO DOS VIOLINOS

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Edições Caiçaras São Vicente /SP 2° Edição - Dezembro de 2011 © Márcio Barreto 1° Edição – Agosto de 2011 2° Edição – Dezembro de 2011 Capa, projeto gráfico, diagramação e editoração: Márcio Barreto

Barreto, Márcio Nietzsche – ou do que é feito o arco dos violinos / Márcio Barreto – São Vicente: Edições Caiçaras, 2011. 56p. 1.Poesia brasileira I. Título Impresso no Brasil

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2° Edição – Dezembro de2011 Edições Caiçaras Rua Benedito Calixto, 139 / 71 – Centro São Vicente - SP - 11320-070 www.edicoescaicaras.blogspot.com mb-4@ig.com.br 13-34674387 / 13-91746212

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À Célia Faustino, luz em minha loucura, amor e lucidez.

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Quantas idéias conflitantes suportaria a mente humana antes de rasgar a cortina da sanidade? O que separa a suposição da realidade? Seria algo mais que o fato? Ou estaríamos precisamente envoltos numa idéia articulada através dos séculos, construída por um subconsciente coletivo? Totem – Márcio Barreto NIETZSCHE OU DO QUE É FEITO O ARCO DOS VIOLINOS

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Quando Nietzsche de súbito enlouqueceu a morte próxima o encarava em sua cara desprevenida milhões de xingamentos e compaixões eclodiam enquanto suas mãos deslizavam suavemente pelas crinas dos cavalos Louise brincava na janela com as begônias de sua mãe e a noite morria despreocupadamente PARA TER OLHOS ABERTOS

Os loucos sabem Somente eles que nos olham de soslaio Que nos olham no fundo dos olhos Observando e esperando Desenhando no céu de seus sonhos nosso mundo real

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alicerçando-nos Os loucos brincam nas ruas Abrem portas e carregam pesadas cartolas sobre suas leves cabeças desmemoriadas Os loucos nos brindam Espumam Gritam e serpenteiam Plantam e Germinam idéias no arco-íris do nosso olhar ELOGIO À LOUCURA Solidão. Você está ao meu lado, só que há muitos mundos de distância, mundos e mundos de distância cinzas de sonhos alvoradas Você está ao meu lado Sempre ao meu lado Mas agora O sonho deixa-lhe vazia como sempre se sempre você estivesse ao meu lado mas você acorda, mexe-se na cama e os seus pensamentos são rememorações perdidas do dia que lhe sucedeu Agora a noite invade o mar de seus pensamentos Com quantos mundos se faz uma canoa?

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Sua cabeça volta-se ora de um lado ora de outro onde nasce e se põe o sol de sua cabeça cheia de pensamentos e dúvidas e questões insolúveis sua cabeça repleta Mas agora você não pode me escutar. Seus sonhos não deixam porque lhe tornam surdas para as canções do meu mundo e cega para o véu que encobre a noite você está ao meu lado em um mundo de sombras e imagens que brotam nos campos do sonho Sua boca está aberta e muda você dorme o sonho dos justos Mas eu estou acordado, meus olhos estão despertos e meu corpo caminha no céu porque meu sonho mostra seu mundo e seu mundo é seu sonho diferente do meu Você não está aqui. Você está dormindo e eu não sei o que fazer para dormir acordado!

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ELVIRA, A LOUCA Ultraje!! Os baldes!! (gritava Elvira) caem sem qualquer demora!!! E brincava Elvira no meio dos lilases e não se aborrecia. Azul qualquer que fosse o dia Então revia a água que caía nas mãos dadas sem se por a par Gritava Elvira: Goma de mascar! Barra de chocolate!! Leite veneno e ácido!!! Chovendo como chove as luas logo cairão para ficarem todas nos lagos pântanos e, Deus, para ficarem nos meus lábios! Elvira, a louca se perdendo em nuvens Elvira nuvens constelando-se em chuva gota a gota nos seus baldes gotejando

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E pensava Elvira: A cura para as curvas chuvas as várias verdades inda verdes caindo no chão de cara lavada a cara branca e tonta Ora, bolas!!! nas cartolas e carteiras tristes!!! OS ABAPORUS

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Atônitos, um milhão de abaporus correram soltos pelos guetos e pontes sujas de São Paulo. Queimaram tudo, arrasaram a cidade e semearam o caos; mendigos, banqueiros, velhos e crianças. Nada escapou a sua fome. Destruíram museus, teatros, fábricas, hospitais, igrejas. Implodiram prédios. Sua glória foi vã e seu motivo inexistente. Persistiram e se multiplicaram DO QUE SOMOS FEITOS

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Sabia que era para sempre. Nada mais seria capaz de assegurar o que ele acabara de perder mesmo que tentasse procurar de todas as formas o que antes era seu. Ou porque simplesmente não lhe cabia. Ou. ESQUECIMENTO

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Algum demônio ou anjo certamente esqueceu-se de olhar o mundo quando esse nascia, Pois se tivesse sido mais atento dançaria com folhas de maconha na cabeça ao invés de trazer para cá o inferno e o céu OS ANJOS E O NADA

anjos caem do céu o céu sem queda os fita a terra encontra as nuvens o mar traga montanhas

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os campos consomem cavernas enfim os anjos nem caem do céu e nem o céu se queda na terra e nem a terra fita montanhas e nem as nuvens brincam no ar Sem dúvida! ECCE HINC

se continuar parado provavelmente saberá que os rios se afastam e é impossível que ainda se pense mas como poderiam fazer constatações sem levantar uma única pedra veja! ergueram uma bandeira enquanto os

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os navios partiam, você não se surpreende? não lhe perguntarei! esqueçamos de nossos propósitos, mas onde estão seus olhos? você os fechou por quê? não percebe o quão importante são os sonhos? poderiam ser se você os tivesse ainda, se os desertos são o que são e não nos agrada saber o que são por mais rápidos que sejam os aviões e as canetas esferográficas, meu Deus, teimam em ser livres URBANUS

Fumo um cigarro A fumaça baila à minha frente enquanto escuto os carros na avenida O mundo é o impacto de todas as coisas juntas, unidas nas distâncias infinitas que se entrecruzam sem saber Fumo um cigarro e os carros continuam passando pela avenida Pela avenida da minha vida com seus cruzamentos e semáforos Com seus encontros e desencontros, seus acidentes, seus desfiles e comícios, com seus carnavais, suas putas e marginais

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Com todos os que passam pela avenida, os que ficam e os que vão Pela vã avenida de minha visão Míope pela fumaça do cigarro, surda pelo barulho dos carros Meu coração pulsa, acelera e buzina para outros amores, segue adiante sem olhar para traz, cruza a avenida, vem e vai enquanto a avenida fuma um cigarro e os carros escutam meus pensamentos MULTIPLICAÇÃO

o que há entre portas

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e costas entre mínimas diferenças e híbridos algarismos Ora! o três vezes o treze MENSAGEM AO SALVADOR

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um mandarim mandou buscar trezentas mil gazelas que comeria uma a uma pelos pastos de sua surrealidade ultrapassada e cotidiana. Enfim, a violência. SINOPSE

A seriedade dos fatos é absurda os cálculos as probabilidades as lógicas e os pensamentos analíticos não passam de colapsos síncopes cardíacas

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Piadas engraçadas como números Vontades gravatas relógios roubos balanças indexadores e ícones televisivos SHIT

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City. Lugar. City. Bancos econômicos e olhares financeiros. A juros, dividendos. Música registradora. Computação gráfica. Sofismas de software. Garotas de programa. Gravatas. Câmbio. Não cobramos taxa de serviço. Shit! INC

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Incorporação e incomparabilidade A B Inconfundibilidade QUARENTA E UM

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modos disfarces, enigmas formas, situações, senhas jeitos, constantes, coincidências coeficientes, sonhos, surpresas esperas, fatos e contentamentos SINAIS

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Situação ribonucléica. Trânsito livre. Sinalização à distância. Inobservável instante de beijo, tântrico. ALEATORIAMENTE

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e aleatório a qualquer sentido humano. o tempo que passa. CABEÇA DE DRAGÃO CHINÊS

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A rua inundada pela água suja, a lua Você matando a sede Nas minhas roupas rasgadas Atiro em cem milhões de estrelas dispersas e fujo Construo tetos de vidro, pontes e carnavais nas voltas da porta-bandeira Samba minha cabeça no ronco da cuíca Minha cabeça de dragão chinês ESTUDOS PESSOANOS

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e a bestial beleza seria uma crina de cavalo dança EM DISPARADA Escrevo e Cravo! ainda há uma pedra no chão um clique um fio de começo fagulha cuidado: as realidades são muitas e os sonhos são poucos QUE

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Somos Sonhos E cicatrizes Cartazes em néon Happenings Rápidos demais Ou somos o que não temos? O PONTO

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Então imagine que você pode concentrar toda a enseada no único ponto que fosse de encontro a uma onda. Um outro lugar, não habitado. CELULOSE E MEMÓRIA

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Palavras Na Gaveta Soluços no banheiro Meu doce Corpo tonto Eu fui na noite apagando e na minha cabeça nascia o sol Pronto! Hoje jantaremos nossos corações (guardo o amor na gaveta) TÚNICAS BENFLAQUER

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As túnicas Continuam a descer... Em breve elas chegarão no lugar que chamamos de alma IMPULSOS DADAÍSTAS

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Construções De enigmas e pirâmides Cimento e televisores No que Cega

O tempo a tempestade

Argamassa Pedras e preces Nosso Senhor do Bonfim Descendo em naves e igrejas Nos oratórios de meus ossos Meus brancos ossos! Rogai por nós Agora E Na Hora De nossa Sorte Sartre caminhando por sobre meus pulsos e O AMOR E O MURO

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O amor projeta a face contra o muro do absurdo ROTAÇÃO

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Não adianta querer a noite (a noite do outro lado é dia) CARÍSSIMOS LEITORES

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jogar pedras, pétalas e palavras na cara de quem passa pára e lê O METRÔ

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Eu vi um beija-flor No escuro do metrô Menino então eu era ENQUANTO O CORPO DANÇA

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Uma montanha É um homem Dançando sem o sol DUNAS

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A arte será escrita nas ondas de um mar inacabado O FOGO ROUBADO

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Para Prometeu o mundo inteiro é pouco Para os olhos de quem é cego A BAILARINA E AS VOLTAS DO PAPEL

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Agora que estamos molhados até a alma Pousa a mão sobre meu ombro e cala Logo O universo se transformará num brinquedo de dobrar PROVÉRBIO CHINÊS

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Você cavou um poço e nele caiu; quando beberam sua água beberam você também (você é o que faz) LABIRINTOS E LEMBRANÇAS

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Os abutres tomam banhos de sol Enquanto os elefantes Brincam de esquecer o óbvio NAS ONDAS DO RÁDIO

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A você Que agora Não escuta o rádio E nele sente-se chiado Quero que saiba Para se escrever nuvens é preciso ter a alma voltada para os paralelepípedos POSFÁCIO: ENTRE CRINAS E COMPAIXÕES

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Além da filosofia Nietzsche possuía grande paixão pela música, como vemos em O Nascimento da Tragédia no Espírito da Música (1872), O Caso Wagner, um Problema para Músicos (maio-agosto 1888) e Nietzsche contra Wagner (dezembro 1888). De certo modo, a filosofia encontra na música um riquíssimo campo para reflexão. Poderíamos comparar, como faz a física quântica, a gênese do universo às cordas do violino quando vibram tocadas pelo arco. Parece loucura, mas acredita-se que as menores partes do universo agem assim, vibrando e criando a sua volta. Nietzsche enlouqueceu em janeiro de 1889, em Turim, quando seus olhos enevoados pela miopia se chocaram com o espancamento de um cavalo. Aos prantos deixou-se ficar abraçado comovido com seu sofrimento. Nunca mais esteve lúcido. Considerava que a loucura é o campo propício para as novas idéias surgirem, onde valores e costumes são facilmente rompidos; em cada louco há um tanto de genialidade e sabedoria. O arco do violino é feito da crina do cavalo; antes da loucura Nietzsche era veemente contra a compaixão. SUMÁRIO

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Nietzsche ou do que é feito o arco dos violinos Para ter olhos abertos Elogio à loucura Elvira, a louca Os abaporus Do que somos feitos Esquecimento Os anjos e o nada Ecce hinc Urbanus Multiplicação Mensagem ao salvador Sinopse Shit Inc Quarenta e um Sinais Aleatoriamente Cabeça de dragão chinês Estudos pessoanos Que O ponto Celulose e memória Túnicas Benflaquer Impulsos dadaístas O amor e o muro Rotação Caríssimos leitores O metrô Enquanto o corpo dança Dunas O fogo roubado A bailarina e as voltas do papel Provérbio chinês Labirintos e lembranças Nas ondas do rádio AGRADECIMENTOS

07 08 09 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43

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Aos alunos do Espaço de Consciência Corporal Célia Faustino pela inestimável ajuda para a confecção das capas

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Márcio Barreto nasceu em Santos-SP em 1970, publicou na Internet os livros “Totem” (romance), “O Ser e o Pensamento” (filosofia). Publicou pela “Edições Caiçaras” “O Novo em Folha” (poesia) E “Atro Coração” (dramaturgia). Pesquisador, músico e compositor é o fundador do grupo de música contemporânea caiçara “Percutindo Mundos”, do “Núcleo de Pesquisa do Movimento” e do “Imaginário Coletivo de Arte”. É responsável pela realização do Sarau Caiçara – Pinacoteca Benedito Calixto – Santos /SP, Sarau Filosófico – SESC Santos /SP, Mostra de Arte Contemporânea Caiçara – Casa da Frontaria Azulejada – Santos /SP, Itinerâncias – Encontros Caiçaras – Paraty /RJ e Virada Caiçara – São Vicente /SP. Contato: mb-4@ig.com.br 13-91746212 13-34674387 www.percutindomundos.blogspot.com EDIÇÕES CAIÇARAS São Vicente Brasil

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A Edições Caiçaras é uma pequena editora independente artesanal inspirada nas cartoneras da América Latina, principalmente na Sereia Cantadora de Santos e na Dulcinéia Catadora de São Paulo. Nasceu pela dificuldade homérica e labiríntica em publicar meus livros em uma editora convencional. É uma forma de reavivar o ideal punk do “faça você mesmo”, incentivando a auto-gestão e o uso da habilidade manual , algo que está se perdendo em nossa sociedade tecnocrata. Assim, de fato, começa a tomar forma a filosofia da Edições Caiçaras, mais do que um caráter social, nos interessa, ousar na forma e no conteúdo. Na forma é um aprimoramento das técnicas das cartoneras - os livros são feitos com capa dura, costurados com sisal e presos com detalhes em bambu, e no conteúdo, priorizamos um diálogo profundo com a Internet e com as literaturas locais do Brasil. Márcio Barreto CATÁLOGO COMENTADO

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O Novo em Folha (poesia) Márcio Barreto

“Pode-se ler O novo em folha, de Márcio Barreto, como parte de um todo maior relacionado à Arte Contemporânea Caiçara, proposta que relaciona imagens, palavras e sonoridades numa ótica que mescla fontes da literatura, música e filosofia, sustentando o diálogo entre o ancestral e o contemporâneo. Também é possível ler cada volume como uma manifestação artística dentro das experiências no Brasil e no exterior de realizar obras únicas com capas feitas à mão e com material reciclado. Ressalta-se assim o valor do artífice na construção de cada livro que chega às nossas mãos. No entanto, talvez o mais fascinante esteja em deixar um pouco de lado esses dois fatores e mergulhar numa poesia que tem como principal característica justamente uma provocação permanente. As palavras se articulam para gerar indagações constantes no sentido de não aceitar saberes instituídos, estabelecendo dúvidas. O poema”Quando o mar” (“Vivamos/Que a vida passa/Célere como a onda// Que faz do recuo seu avanço”) encerra, por exemplo, uma poesia que traz o novo em folhas de papel, mas amparado por uma concepção da realidade que se propõe a sempre oferecer surpresas.

(Oscar D’Ambrosio) - doutorando em Educação, Arte e História da Cultura na Universidade Mackenzie, é mestre em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da Unesp. Integra a Associação Internacional de Críticos de Arte (AICASeção Brasil). Atro Coração (dramaturgia) Márcio Barreto

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“Um retrato do amor que mistura os textos Romeu e Julieta e Otelo (Shakespeare), Lua na Sarjeta (David Goodis) e partes dos filmes O Colecionador (baseado na obra de John Fowles) e Cenas de um Casamento (Ingmar Bergman). Assim é Atro Coração, peça escrita por Márcio Barreto que coloca dois personagens míticos em uma situação limite: Lilith após ser expulsa do paraíso invade os sonhos do anjo Gabriel e o seduz. Para puni-los Deus os lança a Terra como homem e mulher. Destituídos de suas memórias vagam separados até que o acaso os une novamente. De um lado o amor não correspondido, do outro o amor que nasce do medo da morte. Uma peça que discute os limites do amor através das relações de medo, desejo, sonho, posse, loucura e realidade. Uma história que nos faz pensar que não importa o que é o amor, mas o que fazemos com ele.” (O Autor) Pequena Cartografia da Poesia Brasileira Contemporânea (poesia) - Marcelo Ariel (Org.)

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"O mais interessante é que este livro é uma obra em processo, saber que ele nasceu na Internet e foi incorporado aos processos artesanais de fabricação de livros, através da reciclagem de matérias, é uma coisa importante. O pensamento por trás da própria criação da rede há uma grande teia artesanal de compartilhamento e irradiação de informação e conhecimento. Este é para mim, o paradigma que deu origem, não só a idéia deste livro, isto está no cerne das questões da poética contemporânea. Quem ler o livro, perceberá isso, é uma espécie de viagem até os poemas, o livro está conectado a um site e o site por sua vez, é ele mesmo, uma obra do artesanato mental. Não explico muita coisa, mas ao abrir o livro, as coisas podem ficar mais nítidas e menos enevoadas. Se produz poesia de qualidade nos dias de hoje e isso passa ao largo do chamado mercado editorial, mas não é ignorado pelas revistas eletrônicas de cultura, que cada uma delas se torne um livro, é uma idéia interessante, que espero, ajudar a disseminar com esta edição artesanal de textos e poemas anteriormente publicados no blog-revista.” (Marcelo Ariel) Obras Cadáveres -Arthur Bispo do Rosário, Estamira, Jardelina, Violeta e o Deus do Reino das Coisas Inúteis (ensaio) - Ademir Demarchi

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“Instigante ensaio sobre os paradigmas entre arte e loucura através da análise da obra de Arthur Bispo do Rosário, Estamira, Jardelina e Violeta, figuras que personificam o inconsciente popular e rompem nossas certezas acerca da lucidez. É antes de mais nada uma reflexão sobre a sociedade em que vivemos, seus valores e seu incrível “reino das coisas inúteis”. (Márcio Barreto) IMAGINÁRIO COLETIVO

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O Imaginário Coletivo de Arte agrega artistas do litoral paulista em suas diferentes linguagens e tem como proposta fortalecer e propagar a “Arte Contemporânea Caiçara”, valorizando nossas raízes e misturando-as à contemporaneidade. Formado em fevereiro de 2011, é resultado de anos de pesquisas desenvolvidas em diferentes áreas que culminaram na busca de uma nova sintaxe através da reflexão sobre os processos criativos na Arte Contemporânea Caiçara. Seus integrantes convergem da dança, eutonia, teatro, circo, música, literatura, história, jornalismo, filosofia e artes visuais. Estão diretamente ligados à experimentação através de núcleos de pesquisas desenvolvidos no grupo Percutindo Mundos – música contemporânea caiçara (2008), no Grupo de Câmara Quatro Quartos (2010), Núcleo de Pesquisa do Movimento - dança contemporânea (2011), no Espaço de Consciência Corporal Célia Faustino - eutonia (2003), na Cia. Etra de Dança Contemporânea (2001), no Projeto Canoa e Instituto Ocanoa – pesquisa da Cultura Caiçara (2007). Em seu repertório constam, além de “Ácidos Trópicos”, os seguintes trabalhos: “Atro Coração – uma livre adaptação sobre o amor” (teatro), “Homo Ludens – fluxos, lugares e imprevisibilidades” (dança contemporânea), “Percutindo Mundos – universo em Gentileza” (música), “Quatro Quartos - Chuva no Mar” (música de câmara), Rota Literária (teatro), “Mantramar” (música) e “Trio Kaanoa – pontes e praias” (música). Ao longo do tempo realizou encontros, oficinas e palestras, tais como o "Sarau Caiçara" - Pinacoteca Benedito

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Calixto - Santos /SP, "Mostra de Arte Contemporânea Caiçara" - Casa da Frontaria Azulejada - Santos/SP, "Itinerâncias - Encontros Caiçaras" - Casa da Cultura de Paraty - Paraty /RJ, "Sarau Filosófico" - SESC Santos - Santos /SP e "Virada Caiçara" - São Vicente /SP. Seu trabalho está presente em universidades, escolas públicas e instituições de cultura através de cursos, apresentações e palestras, além de inserir sua proposta artística em espaços públicos

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www.edicoescaicaras.blogspot.com www.youtube.com/projetocanoa www.percutindomundos.blogspot.com www.myspace.com/percutindomundos

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Nietzsche ou do que é feito o arco dos violinos foi impresso sobre papel reciclado 75g/m² (miolo). A capa foi composta a partir de papelão e sacolas de papel.

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