Produtor de Acerola

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produtor de

acerola

José Inácio Lima de Almeida | José Gilber Vasconcelos Lopes | Fátima Maria Martins Oliveira


Copyright © 2003 by José Inácio Lima de Almeida, José Gilber Vasconcelos Lopes e Fátima Maria Martins Oliveira

Fundação Demócrito Rocha (FDR)

Instituto Centro de Ensino Tecnológico (CENTEC)

Presidente João Dummar Neto

Diretor Presidente Francisco Férrer Bezerra

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Edições Demócrito Rocha (EDR)

Diretoria de Ensino, Pesquisa e Pós-Graduação Afonso Odério Nogueira Lima

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Editora Executiva Regina Ribeiro Editor Adjunto Raymundo Netto

Diretoria Administrativo-Financeira Antônio Elder Sampaio Nunes Convênio institucional entre Fundação Demócrito Rocha e Instituto CENTEC Secretaria da Ciência e Tecnologia e Educação Superior do Ceará - Secitece

Gerente de Produção Sérgio Falcão Editor de Design Amaurício Cortez Coordenação Editorial Eloísa Maia Vidal Revisão Textual Miguel Leocádio Araújo Capa Welton Travassos Editoração Eletrônica Cristiane Frota Ilustrações Welton Travassos, Elinaudo Barbosa, Leonardo Filho e Erivando Costa Fotos Banco de Dados O POVO Catalogação na Fonte Kelly Pereira

Almeida, José Inácio Lima de Al64p Produtor de Acerola / José Inácio Lima de Almeida; José Gilber Vasconcelos Lopes; Fátima Maria Martins Oliveira. - Fortaleza: Fundação Demócrito Rocha; Instituto Centro de Ensino Tecnológico - CENTEC, 2014. 32 p.: il. color. - (Coleção Formação para o Trabalho 2)

ISBN 978-85-7529-638-7

1. Acerola. I. Lopes, José Gilber de Vasconcelos. II. Oliveira, Fátima Maria Martins. III. Título. CDU 582.751.9

Todos os direitos desta edição reservados a:

Fundação Demócrito Rocha Av. Aguanambi, 282/A - Joaquim Távora, Fortaleza-Ceará - CEP 60.055-402 Tel.: (85) 3255.6037 - 3255.6148 Fax: (85) 3255.6271 www.fdr.com.br


Sumário Apresentação..........................................4

Lição 5

Lição 1

Adubação e calagem............................25

Botânica..................................................5

Lição 6

Lição 2

Controle fitossanitário...........................29

Clima e solo............................................7

Lição 7

Lição 3

Colheita e comercialização...................31

Composição da acerola e propagação da aceroleira.......................9

Referências...........................................32

Lição 4 Instalação e condução do pomar.........16


Este projeto conta com a parceria do Instituto Centro de Ensino Tecnológico - CENTEC, que por meio de convênio interinstitucional com a Fundação Demócrito Rocha, assegura a elaboração dos textos visando trabalhar com a formação profissional básica para a população cearense. Este manual tem como objetivo disponibilizar material de baixo custo e alta qualidade técnica, editorial e pedagógica criando condições para que cidadãos tenham acesso a educação para o trabalho, com vistas à inclusão social, criando um ambiente propício para geração de emprego e renda.

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Apresentação P

lantar fruteiras é uma atividade lucrativa que valoriza a terra, mas apresenta alguns fatores limitantes como: o custo do empreendimento, a disponibilidade de água, a qualidade do solo e os problemas relacionados com a comercialização. A fruticultura exige investimentos iniciais cujo retorno ocorre a médio e a longo prazos. O pequeno produtor pode formar pomares domésticos com a finalidade de abastecer a família e colocar o excedente da produção nas feiras-livres, centros consumidores e indústrias processadoras. O nível estrutural da organização agrícola é importante. Às cooperativas e associações comunitárias podem ajudar o produtor na obtenção de financiamentos, aquisição de equipamentos, mudas enxertadas, ajuda técnica e, principalmente, na comercialização, para evitar os transtornos com intermediários que controlam a distribuição nos mercados consumidores.

Formação para o trabalho 2 produtor de acerola

A presença do fruto na alimentação significa qualidade, sabor, sais minerais e vitaminas. É também fonte de saúde para as populações e fortalece o organismo contra as doenças infecciosas. O fruto da aceroleira é pequeno e semicarnoso, de cor vermelha. Contém três pequenas sementes, protegidas por um pergaminho reticulado. Quando maduro chega a pesar 12 g. A acerola, também conhecida como cereja das Antilhas, é um pequeno arbusto de até três metros de altura, bem copado, é muito cultivado em vários países tropicais, inclusive no Brasil, especialmente nos estados do Norte e Nordeste. É uma fruteira que deve ser difundida em todo o Brasil por sua importância como fonte de vitamina, sendo rico em vitamina C, pois possui 14 vezes mais vitamina C que a goiaba. Quando adulta pode dar de três a quatro safras por ano, chegando a produzir até 2 kg de frutas num dia, num total de 20 a 30 kg em cada safra.


Lição 1 Botânica

A

aceroleira pertence à família Malpighiaceae. É originária da América Tropical, possivelmente das Antilhas, e foi espalhada pelos índios, que a difundiram pelo Caribe, América Central e Venezuela. Do gênero Malphighia, existem 30 espécies. Na moderna nomenclatura adotada pelo Conselho Internacional de Recursos Genéticos Vegetais (IBPGR), a forma cultivada comercialmente pertence à M. emarginata D.C. No entanto, alguns autores designam a aceroleira por M. glabra L. ou M. punicifolia L.

uma semente, com 3 a 5 mm de comprimento, de forma ovóide, com dois cotilédones (duas bandas).

Morfologia vegetal: estuda as formas e estruturas dos organismos vegetais.

Morfologia A aceroleira é um arbusto permanente, de copa compacta, com ramos curvados para baixo e raiz pivotante (com um eixo central). As folhas são opostas, inteiras, com pecíolos curtos, de coloração verde-escura, brilhante na parte superior e verde-pálido na inferior. As flores são pequenas, hermafroditas (macho e fêmea), com 1 a 1,3 cm de diâmetro, coloração rósea-pálida a violeta-esbranquiçada, aparecendo nas inflorescências 2 a 6 flores. O fruto é uma drupa, carnosa, vermelha, ovoide, variando bastante na forma, tamanho e peso. O epicarpo (casca externa) é uma película fina. O mesocarpo ou polpa, representa 70 a 80% do peso total do fruto. O endocarpo é constituído por três caroços unidos, com textura pergaminácea, que dão ao fruto o aspecto trilobado. Cada caroço pode conter no seu interior

Botânica: é a parte da Biologia que estuda os vegetais e teve um grande desenvolvimento com os trabalhos do médico e botânico sueco Karl von Linne (1707-1778), conhecido no Brasil como Lineu.

Raiz pivotante

Clones A propagação desta fruteira tem sido feita por semente. Os pomares são formados por plantas não identificadas, sem variedades definidas. Algumas aceroleiras são mais produtivas que outras. Por isso recomenda-se que o produtor moderno utilize mudas clonadas.

Acerola é saúde! A importância do cultivo da aceroleira é devida à sua riqueza em vitamina C. Os frutos totalmente maduros (vermelhos) têm um teor de vitamina C um pouco menor que o fruto em estado de prematuração (amarelo). Na tabela a seguir são apresentados os teores médios de vitamina C, por 100 g de polpa, dos frutos mais conhecidos.

Drupa: fruto semicarnoso provido de um núcleo muito pequeno, como o pêssego e a acerola.

Qual a origem da aceroleira?

Clone: cópia obtida originalmente de outro vegetal por algum tipo de multiplicação assexuada (divisão, enxertia).

As variações existentes entre aceroleiras propagadas por sementes têm permitido aos melhoristas a obtenção de clones produtivos.

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O organismo humano apenas consegue absorver 50% da vitamina C existente nos remédios farmacêuticos. O produto natural contido no suco da acerola é 100% assimilável.

Que tipo de planta é a aceroleira?

Teores médios de vitamina C de algumas frutas Fruto

mg/100g de polpa

Acerola

3.500

Caju

450

Goiaba

250

Manga

70

Limão

50

Abacate

15

Banana

10

Acerola

Resumo da lição • A aceroleira pertence à família Malpighiaceae; • A aceroleira é um arbusto perene, de copa compacta, com ramos curvados para baixo e raiz pivotante; • O fruto é uma drupa, carnosa, vermelha, ovoide, variando bastante na forma, tamanho e peso; • O mesocarpo ou polpa, representa 70 a 80% do peso total do fruto; • A vitamina C contida no suco da acerola é 100% assimilável pelo organismo.

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Formação para o trabalho 2 produtor de acerola


Lição 2 Clima e solo

V

egeta de preferência a baixa altitude, desde o nível do mar até 200 m de altitude. Nas regiões serranas, a cultura é prejudicada pelas temperaturas baixas e pelos ventos dominantes. Prefere precipitações bem distribuídas entre 1.000 a 1.200 mm, com complementação de irrigação nos períodos de veranicos e seca. No estabelecimento de um pomar comercial, é fundamental o estudo dos fatores mesológicos (clima e solo), para seleção de áreas dentro de um zoneamento ecológico que leve em consideração a temperatura, a umidade do ar e a ação dos ventos dominantes.

Clima Prefere temperaturas compreendidas entre 22 e 32 ºC, com média anual em torno de 26 ºC. Sendo um arbusto tropical de clima quente, as baixas temperaturas têm efeito limitante, não vegetando bem em regiões de altitude, pois as amplitudes térmicas retardam o crescimento e prejudicam a produção.

Umidade Prefere lugares que apresentem umidade relativa entre 65 a 80%. Este elemento de clima pode interferir no aspecto funcional e na sanidade das acerolas, sobretudo quan-

do associado a altas temperaturas. Um ambiente quente e muito úmido favorece o aparecimento de podridões nos frutos.

Ventos Ventos fortes e dominantes prejudicam a cultura com queda de flores, abortamento de frutos e inclinação de ramos em determinada direção. Nas regiões litorâneas, a velocidade dos ventos oscila entre 1,5 m/s a 7,0 m/s e a ação das brisas interfere especialmente em áreas próximas ao mar.

Solo A aceroleira é um arbusto rústico que vegeta tanto em solos arenosos como em solos argilosos desde que haja umidade disponível e adequada adubação. Os terrenos de várzea, com topografia plana, formados por solos de aluvião, são excelentes para esta cultura, pois apresentam regular fertilidade, sem saturação de alumínio trocável, com pH compreendido entre 5 a 6, apesar de apresentarem deficiente drenagem. Os solos arenosos podem apresentar infestações de nematoides (Meloidogyne spp.) verme que ataca as raízes da aceroleira, formando galhas.

A aceroleira responde com produções elevadas, quando cultivada com tratos culturais e irrigação, em áreas edafoclimáticas favoráveis.

Edáficas: características relativas ao solo.

Mesológico: relativo à mesologia que é o estudo das relações entre os seres vivos e o meio ambiente em que vivem, bem como as suas recíprocas influências.

Qual o melhor clima para o plantio da acerola?

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pH: é uma escala de medida que varia de 0 a 14 e serve para determinar se uma substância é ácida, básica ou neutra. pH de 0 a 6,99 ⇒ ácido, pH = 7 ⇒ neutro, pH de 7,01 a 14 ⇒ básico. Portanto, é considerado próximo à neutralidade quando o pH está em torno de 7,0.

Como o vento influencia na cultura da acerola?

Resumo da lição • A aceroleira vegeta de preferência a baixa altitude, desde o nível do mar até 200 m; • A aceroleira responde com produções elevadas, quando cultivada com tratos culturais e irrigação, em áreas edafo-climáticas favoráveis; • Prefere temperaturas compreendidas entre 22 ºC a 32 ºC, com média anual em torno de 26 ºC; • Um ambiente quente e muito úmido favorece o aparecimento de podridões nos frutos; • Ventos fortes e dominantes prejudicam a cultura com queda de flores, abortamento de frutos e inclinação de ramos em determinada direção; • A aceroleira é um arbusto rústico que vegeta tanto em solos arenosos como em solos argilosos desde que haja umidade disponível e adequada adubação.

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Lição 3

Composição da acerola e propagação da aceroleira

A

acerola é um fruto pequeno, com 3 a 15 gramas, de coloração vermelha quando madura, sendo muito rico em vitaminas, cálcio, ferro, fósforo e minerais (Tabelas

abaixo), importantes para crianças desnutridas, anciões e gestantes. Possui aproximadamente 40 vezes mais vitamina C do que o limão e 10 vezes mais do que o caju.

Composição da acerola por 100 g de polpa Fruto

mg/100g de polpa

Água

91,10

Proteínas

0,68

Gorduras

0,19

Fibras

0,60

Cinzas

0,45

Carboidratos

6,98

Acerola

Vitaminas e minerais em 100 g de polpa de acerola Vitaminas

Quais são as características da acerola?

Minerais

Caroteno

0,408 mg

Cálcio

8,70 mg

Tiamina

0,028 mg

Fósforo

16,20 mg

Riboflavina

0,078 mg

Ferro

0,17 mg

Niacina

0,340 mg

Ácido Ascórbico

2,329 mg

Acido ascórbico: é conhecido popularmente como vitamina C.

Propagação

Sementes

A aceroleira é propagada por sementes ou multiplicada por estaquia, alporquia e enxertia. Muitos produtores estabelecem os seus plantios com mudas de pés-francos pela dificuldade de aquisição de mudas clonadas. Em princípio as sementes só devem ser utilizadas para a obtenção de porta-enxertos.

Cada acerola contém três pequenas sementes, protegidas por um pergaminho reticulado. O conjunto forma o caroço que ocupa a parte central do fruto. Os caroços devem ser lavados e secos à sombra por 24 horas. Para se obter 100 gramas de caroços secos, são necessárias, aproximadamente, 875 acerolas.

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Os caroços são extraídos dos frutos por maceração manual em um vasilhame com água, e quando a polpa se desagrega os caroços flutuam.

Como é feita a propagação da aceroleira?

Brometo de metila (CH3Br): usa-se como inseticida não persistente, para fumigação das plantações em geral. Além de seu uso como fumigante de solos, é também indicado no armazenamento de grãos e até de frutas.

Fumigação: desinfetar com a dispersão de substâncias desinfetantes.

Quantas sementes possui uma acerola e quantas são férteis?

O viveiro deve ser mantido à meia sombra para facilitar a germinação.

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Morfologia do fruto da acerola

Poder germinativo

Semeadura em viveiro

Das três sementes contidas em cada acerola apenas uma delas é fértil, tendo, portanto, baixo índice germinativo, na faixa de 20 a 30%. Período de germinação: Germinação desuniforme entre o 19 e 24º dia.

A semeadura é feita em canteiros com um metro de largura, em sulcos espaçados de 10 cm, com 1 cm de profundidade, sendo as sementes colocadas nos sulcos, encostadas umas nas outras e cobertas com terra.

Substrato ferroso

Repicagem para sacos plásticos

O solo do germinador e o substrato terroso para enchimento dos sacos plásticos devem ser constituídos por terra superficial e esterco curtido na proporção 4 : 1. A esterilização do solo deve ser feita com brometo de metila, utilizando-se 197 mL/m3 de terra. Cuidado! O produto é extremamente venenoso e todas as precauções devem ser tomadas. Consulte um agrônomo da Epace ou Embrapa.

Semeadura em caixa As sementes podem ser semeadas em caixas de madeira, com 15 cm de altura e largura variável. Os caroços são colocados a lanço e cobertos com uma ligeira camada de terra.

Formação para o trabalho 2 produtor de acerola

As mudinhas com 6 a 10 cm de altura devem ser transplantadas para sacos de polietileno preto, 27 x 16 cm, perfurados no terço inferior e no fundo para drenagem da água. As mudas transplantadas devem ser mantidas em ripado, que filtre 50% da radiação solar, até a data de irem para o campo. Neste momento devem apresentar 20-30 cm de altura e 60 a 70 dias de viveiro. Estão em condições de enxertia quando apresentarem a espessura de um lápis (38 - 40 mm) e a idade de 3 a 4 meses. O ripado deve estar orientado na direção leste-oeste, com os sacos na mesma direção, em grupos de cinco fileiras separadas por ruas de 60 cm, para facilitar os tratos culturais.


Ripado

Irrigação

Estaquia

No viveiro as mudas devem ser irrigadas diariamente sempre que necessário. A quantidade de água deve ser calculada de modo a manter a terra úmida, sem encharcamento. No período seco, cada saquinho recebe, em média, 120 mL de água por dia.

A estaquia consiste em destacar um ramo da planta-mãe, que é posta a enraizar, para formar uma nova planta. Muitos fatores interferem no enraizamento: tamanho e tipo de estaca, época de retirada, tipo de substrato e meio ambiente. Os melhores percentuais de enraizamento (50-60%) são obtidos com estacas herbáceas, com dois entrenós e dois pares de folhas, em substrato de vermiculita em casa de vegetação, com nebulização intermitente. A estaquia produz mudas sem raiz pivotante, impróprias para cultivo de sequeiro. Podem ser utilizadas em pomares irrigados.

Controle de ervas daninhas Devem ser eliminadas à mão as ervas daninhas que possam surgir nos sacos.

Adubação A adubação nitrogenada, feita através da água de irrigação, a partir da segunda semana após a repicagem, com intervalos de 20 dias, acelera o crescimento das mudas. Em cada 10 L de água dilui-se 25 g de sulfato de amônio. Cada saquinho deve levar 100 mL da solução.

Quando as mudas de acerolas estarão em condições de enxertia?

Irrigação: é usada para corrigir a carência de água e pode ser através de sulcos ou aspersão.

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Vermiculita: grupo de minerais micáceos, silicatos hidratados de composição variada, originados da alteração de micas. Aquecidos, perdem água e adquirem o aspecto vermiforme.

O que é estaquia? Estaquia

Descorticagem: local da retirada da casca.

Alporque (mergulhia): tipo de reprodução vegetal que consiste em enterrar um ramo de planta ainda preso a ela para constituir, depois de enraizado, novo exemplar, uma vez separado da planta-mãe.

Alporquia Na alporquia o substrato terroso é levado à parte aérea que se pretende enraizar. É um tipo de propagação que exige pouca técnica. Consiste em retirar um anel da casca (1 - 1,5 cm) de um ramo em crescimento. No local da descorticagem, coloca-se um pouco de talco com ácido indolbutírico na proporção

Alporquia

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Formação para o trabalho 2 produtor de acerola

de 200 ppm. A parte anelada é envolvida por um plástico transparente fixado por meio de dois amarrilhos. O substrato, constituído por vermiculita e terra vegetal na proporção 2 : 1, deve estar sempre umedecido. O enraizamento dá-se aos 60 a 90 dias, sendo então o alporque separado da planta-mãe.


Enxertia A enxertia é o processo de multiplicação que consiste na obtenção de uma aceroleira pela união do enxerto ao porta-enxerto. Após o pegamento, o enxerto fornece a copa e o porta-enxerto a raiz. A muda enxertada apresenta sistema radicular pivotante (com eixo central).

Garfagem Garfagem é o processo de multiplicação vegetativa que consiste na colocação de um garfo no porta-en-

xerto. Na multiplicação da aceroleira são utilizadas a garfagem em fenda cheia e a garfagem em bisel.

O que é enxertia?

Preparação dos garfos Os garfos são retirados de matrizes sadias, de alta produtividade, que produzem frutos vermelhos, ideais para o consumo e para a indústria. São segmentos de ramos de consistência semilenhosa, com 17 a 19 cm de comprimento, diâmetro médio de 0,40 - 0,48 cm, contendo 3 a 4 entrenós.

Garfos

Garfagem em fenda cheia O porta-enxerto é cortado a uma altura de 5 a 7 cm acima do colo. Com o canivete de enxertia abre-se uma fenda onde é colocado o garfo em forma de cunha. A união é feita

com uma fita plástica de 1 cm de largura e 25 cm de comprimento. O garfo e a região de enxertia são protegidos com um saquinho de “dindin”, transparente, com 3,5 x 1,5 cm.

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Garfagem em fenda cheia

O que é garfagem e de onde são retirados os garfos?

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Garfagem em bisel

Retirada da câmara úmida

O porta-enxerto é cortado obliquamente de 7 a 8 cm do colo, de modo a apresentar uma superfície lisa de 2,5 a 3,5 cm de comprimento. O garfo é seccionado em bisel. As superfícies de contato são unidas por meio de uma fita plástica transparente. O enxerto deve ser protegido com um saquinho de “din-din”.

As primeiras brotações aparecem ao fim de 16 dias, época em que deve ser retirado o saco protetor que funciona como câmara úmida. Ao fim dos 60 dias, a muda está pronta para ser plantada.

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Garfagem em bisel

Resumo da lição • A aceroleira é propagada por sementes ou multiplicada por estaquia, alporquia e enxertia; • A semeadura pode ser feita em caixas ou viveiros; • A adubação nitrogenada acelera o crescimento das mudas; • As acerolas são ricas em vitaminas, possuindo: caroteno, tiamina, riboflavina, niacina e ácido ascórbico; • As acerolas possuem os minerais cálcio, fósforo e ferro.

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Lição 4

Instalação e condução do pomar A acerola é facilmente perecível e de difícil conservação.

Como é feito o cultivo da acerola?

Gradagem: aplanar o terreno com grade ou disco. Aração: trabalhar o terreno com arado.

O

cultivo da aceroleira é uma exploração agrícola permanente e muito cuidado deve ser dispensado na implantação do pomar. A localização, o dimensionamento da área, a escolha das mudas, os tratos culturais, o sistema de organização e o processo de comercialização devem ser bem planejados. A formação de grandes plantios só deverá ser estabelecido se a comercialização for garantida, por preços mínimos, volume de produção e modo de entrega da fruta.

Instalação do pomar O cultivo da aceroleira é uma exploração agrícola permanente já que ela pode produzir economicamente por muitos anos.

Gradagem com disco

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O terreno deve ter topografia plana ou suavemente inclinada, próprio para a mecanização e a instalação de um sistema de rega. Deve ficar situado a uma distância conveniente das indústrias processadoras ou próximo a centros populacionais.

Preparo da área Para reduzir os custos de implantação, o pomar deve ser instalado em terras anteriormente cultivadas, onde não seja necessário a derrubada da cobertura vegetal e o destocamento. O terreno deve ser aplanado e gradeado de 10 a 15 cm de profundidade. Pode ser usada a grade de discos, de tração mecânica ou a grade de arrasto de tração animal.

Aração


Controle da erosão

Coleta da amostra do solo

A erosão desgasta e desagrega o solo, destruindo a matéria orgânica. O solo deve reter as águas das chuvas, evitando que escorram na direção de maior declive e medidas conservacionistas de controle à erosão devem ser tomadas, como a criação de faixas de vegetação natural entre talhões, emprego de quebra-ventos, cobertura morta, capinas alternadas e roçagens durante o período chuvoso.

A fertilidade de um solo pode ser determinada pela análise química, que fornece a quantidade de nutrientes existentes, servindo de orientação para o estabelecimento de programas de adubação e calagem. A amostragem pode ser feita pelo próprio proprietário da terra, desde que respeite as normas estabelecidas nos Manuais de Coleta de Amostras de Solos. Após a escolha da área, para cada 10 hectares, deve ser retirada uma amostra representativa, formada por 15 a 20 subamostras colhidas ao acaso. Para este efeito, o campo deve ser percorrido em ziguezague.

O que causa a erosão do solo?

Diagrama para coleta do solo para análise

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Regiões absorventes das raízes: zona das raízes que absorvem a maior parte da água e dos sais minerais de que o vegetal precisa.

Na amostragem é importante escolher a camada ou o horizonte que poderão ser alterados pela adição de fertilizantes e corretivos. Na cultura da aceroleira, é conveniente avaliar a camada onde se desenvolvem as regiões absorventes das raízes, ou

seja, o espaço entre 0 a 30 cm de profundidade. Diversas ferramentas podem ser usadas para retirada de amostras de solo. A mais prática é o trado, mas na falta desse material pode ser utilizado o enxadão, a pá e o facão.

Ferramentas para coleta de amostra do solo

As subamostras não devem ser retiradas de locais onde foram efetuadas adubações, aplicação de corretivos ou queimadas. Devem ser evitados os locais próximos a formigueiros, estradas, cercas, casas, galpões, chiqueiros e currais.

Como é retirada a amostra do solo para análise?

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A mistura das subamostras é feita em um balde de plástico de onde é retirada uma amostra com cerca de 500 a 600 g, que deve ser bem homogênea e seca. A embalagem para ser enviada ao laboratório deverá ser um saco de plástico, dentro de outro saco, para proteger a etiqueta de identificação ou, então, o emprego de uma caixinha de papelão padronizada, com as indicações: data (dia, mês, ano), nome do produtor, da propriedade, do município e do Estado, uso atual da terra e cultura anterior. O local de retirada das subamostras deve ter a superfície limpa de folhas, detritos vegetais e outros materiais orgânicos.

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Espaçamento entre as aceroleiras O espaçamento depende do nível de manejo e do material vegetal utilizado. A aceroleira é um arbusto de porte médio, com a copa arredondada, que pode alcançar 3,5 m de altura por 3,0 m de envergadura. Em pequenos plantios, com tratos culturais manuais, é aconselhável o espaçamento 4 m x 4 m. Para a cultura mecanizada 5 m x 4 m (Quadro a seguir).

Alinhamento do plantio Normalmente os plantios são efetuados nos sistemas quadrangular e retangular e, para melhor aproveitamento da área, pode ser utilizado o sistema triangular. Neste caso, o terreno pode comportar mais 15% de mudas por hectare.


Plantas por hectare em função do espaçamento Trato Cultural

Espaçamento

Nº de Plantas Normal

Triangular

Manual

4mx4m

625

718

Mecanizado

5mx4m

500

575

No quadro abaixo são mostrados os esquemas de plantio normal e triangular.

Normal

Marcação do terreno A marcação da área deve ser feita com piquetes alinhados por meio de corda de nylon, com ajuda de fita métrica, operação que deve ser feita com bastante cuidado, para manter o alinhamento perfeito.

Abertura das covas As covas devem ser abertas com as dimensões 40 x 40 x 40 cm, separando-se a terra superficial retirada da metade superior da cova, da terra retirada do fundo.

Triangular

Para esta operação manual é comum a utilização do enxadão, da pá reta ou da “boca de lobo”.

Adubação de fundação A adubação de fundação deve ser baseada na análise química do solo, que indica as necessidades de calagem e fertilizantes, pois uma cova bem adubada favorece o desenvolvimento da muda. Em cada cova devem ser colocados 20 litros de esterco de gado curtido, 300 gramas de superfosfato simples e 100 gramas de cloreto de potássio.

Qual deve ser o espaçamento para o plantio da aceroleira? Quais as dimensões das covas para o plantio da aceroleira?

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Covas

Instrumentos

Enchimento das covas

Plantio

O enchimento da cova deve ser feito com a terra retirada da parte superior misturada com o esterco e os adubos químicos. A terra da camada inferior é utilizada na formação da bacia de irrigação.

O plantio deverá ser feito no início da estação chuvosa, em dias encobertos, ou com chuvas leves. O plantio deve ser efetuado com o máximo cuidado, sem traumatizar o sistema radicular, para não prejudicar a adaptação e sobrevivência no novo ambiente, o campo. O saco de plástico é retirado e o torrão colocado no centro da cova, coveta, de modo que o colo da planta fique ao nível do solo. A terra deve ser pressionada à volta do torrão e calcada para que fique bem firme.

Seleção de mudas

Adubação de covas

Nematoides: vermes de corpo cilíndrico ou filiforme, afilado nas extremidades podendo ser de vida livre ou parasitária.

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As mudas para plantio devem ser de boa procedência e isentas de nematoides. As suas qualidades e defeitos estarão presentes por toda a vida do pomar, por isso devem ser adquiridas em viveiristas idôneos e terem, no mínimo, 25 a 30 cm de altura, que corresponde a 3 - 4 meses de viveiro. Para pomares comerciais é aconselhável a utilização de mudas propagadas assexuadamente.

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Condução do pomar Por condução do pomar entenda-se a realização dos tratos culturais necessários ao bom desenvolvimento e ao perfeito estado fitossanitário das aceroleiras.


Tutoramento

Bacias para irrigação

Em regiões sujeitas a ventos dominantes, o tutoramento é indispensável. Esta prática favorece o crescimento vertical, evitando a inclinação do caule numa só direção.

Quando o plantio é efetuado na época seca, deverão ser feitas bacias de irrigação com a terra proveniente do fundo da cova.

Quando deve ser feito o plantio da aceroleira?

Tutoramento: proteção, amparo feito com estaca de madeira onde amarra-se a aceroleira para evitar a ação do vento.

Tutoramento

Cobertura morta

Controle de ervas

Para a conservação da umidade na superfície do solo, é conveniente o empalhamento da bacia de irrigação com 20 litros de bagana de carnaúba, palha de arroz ou palha de feijão. Esta prática evita a incidência dos raios solares e a perda de umidade no solo.

O pomar deve ser mantido livre da concorrência de ervas infestantes por meio de roçagens e coroamentos. Quando existe cultura intercalar, os tratos culturais incidem no consórcio, caso contrário, sempre que necessário, as entrelinhas são roçadas e a área das fileiras deve ser mantida limpa com a enxada. O uso de grades destrói as pequenas raízes que se concentram nos primeiros 40 cm do solo.

Cultura intercalar Os altos custos de implantação podem ser amenizados com o cultivo de leguminosas de ciclo curto ou de olerícolas durante os primeiros dois anos.

Olerícolas: cultivo de legumes, vegetais empregados como alimentos. Não é aconselhável deixar o solo desnudado e exposto à intensa radiação solar. Esta prática desarranja a estrutura e estereliza o solo, aumentando a desagregação na época seca e a erosão na época chuvosa.

Quebra vento As áreas que são plantadas com aceroleiras devem ser protegidas dos ventos dominantes.

Como é feita a cultura intercalar?

Fundação Demócrito Rocha 21


Para evitar a ação prejudicial do vento é aconselhável proteger o pomar com renques de bananeiras da cultivar Pacovan, linhas de canade-açúcar ou de capim Cameron.

Em pequenos talhões, a proteção pode ser feita com anteparos em forma de espaldeira, com folhas de coqueiro, colocadas de 50 em 50 cm.

Anteparo de proteção contra o vento

Irrigação O uso controlado de água na irrigação é de importância para obtenção de elevada produtividade que pode chegar a 5 ou 6 floradas anuais.

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Formação para o trabalho 2 produtor de acerola

O sistema de irrigação localizada por microaspersão permite economia de água e o emprego da fertirrigação, aplicação de fertilizantes, especialmente o nitrogênio, via água de rega.


Em Barreira Vermelha são utilizados microaspersores “Irriplast”, com diâmetro de saída de 2mm que proporciona uma vazão de 40-45 litros/hora sobre pressão de serviço de uma atmosfera. Para a cultura da aceroleira é conveniente que a percentagem de solo umedecido esteja compreendida entre 40 a 60%. O manejo de água, em plantios comerciais deve ser monitorado por meio de tensiômetros (aparelhos para medir a pressão da água). Devem ser colocada três estações de tensiômetros por hectare, a uma profundidade de 25 cm, que corresponde aproximadamente a 50% da profundidade efetiva das raízes.

A presão da água em solos arenosos pode variar entre 15 a 25 centibares e o volume de água aplicado por planta (L/planta x dia) deve ser calculado em função da lâmina de irrigação (mm). Estes cálculos exigem conhecimento e deverão ser efetuados por especialistas. O produtor deve recorrer aos Serviços de Extensão Rural ou, então, a Embrapa.

Poda A poda consiste na eliminação de partes da aceroleira com o propósito de melhorar as condições de manejo e colheita.

A irrigação de manutenção efetuada no período seco, de junho a dezembro, é de 60 litros semanais por planta adulta, trabalhando o sistema de irrigação de 3 em 3 dias. Qual a importância do uso controlado da água? O tutor facilita o crescimento vertical e indica o momento exato em que deve ser realizado o rebaixamento do caule a 30 cm. Este corte estimula a emissão de ramos primários

Poda de formação

Poda de formação

Poda de rejuvenescimento

Após o plantio, as mudas são conduzidas, em haste única, até 50 cm de altura. Em cada planta devem ficar quatro ramos dando à copa a configuração de um vaso.

Em plantas com mais de dois metros de altura, é conveniente o rebaixamento da copa e o corte de ramos laterais de modo a deixar a aceroleira com uma estrutura aérea que permita a formação de uma nova copa, bem conformada, que possibilite as colheitas manuais.

Poda de limpeza Anualmente, eliminar os ramos que cruzam no interior da copa, os ramos secos, partidos e praguejados, com a finalidade de melhorar o aspecto da planta.

Anualmente deve-se efetuar podas de limpeza do plantio de acerola; em plantas com mais de 2 m de altura, fazer rebaixamento da copa e corte dos ramos laterais.

Fundação Demócrito Rocha 23


Poda de rejuvenescimento

Em que consiste a poda? Qual a finalidade da poda de limpeza?

Resumo da lição • Na cultura da aceroleira é conveniente avaliar a camada do solo onde se desenvolvem as zonas absorventes das raízes; • Para melhor aproveitamento de área de plantio pode ser utilizado o sistema triangular de alinhamento; • Uma cova bem adubada favorece o desenvolvimento da muda e o plantio deve ser feito no início da estação chuvosa; • O cultivo da aceroleira é uma exploração agrícola permanente e muito cuidado deve ser dispensado na implantação do pomar; • O tutoramento é uma prática que favorece o crescimento vertical, evitando a inclinação do caule numa só direção e o tutor indica o momento exato em que deve ser realizado o rebaixamento do caule a 30 cm; • As áreas que são plantadas com aceroleiras devem ser protegidas dos ventos dominantes; • O uso controlado de água na irrigação é de importância para obtenção de elevada produtividade que pode chegar a 5 ou 6 floradas anuais.

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Formação para o trabalho 2 produtor de acerola


Lição 5

Adubação e calagem

P

ara maximizar os lucros, a cultura da acerola exige o emprego de fertilizantes e corretivos em quantidades adequadas de modo a suprir as necessidades da planta e repor as perdas do solo. Todas as fruteiras necessitam de luz, água e minerais para a formação de tecidos vegetais e produção. Os minerais são absorvidos na forma de íons (ânions e cátions) e podem ser fornecidos pelos adubos químicos. Na nutrição da aceroleira, como nas demais plantas, treze elementos químicos são fornecidos pelo solo: ■ Nutrientes primários: Nitrogênio (N), Fósforo (P) e Potássio (K); ■ Nutrientes secundários: Cálcio (Ca), Magnésio (Mg) e Enxofre (S) ■ Micronutrientes: Manganês (Mn), Zinco (Zn), Cobre (Cu), Cloro (Cl), Boro (B), Ferro (Fe) e Molibdênio (Mo).

Adubação de cobertura A adubação de cobertura tem a finalidade de suprir o nitrogênio que não foi aplicado na cova.

Em cultura irrigada aos 30, 60 e 90 dias após o plantio, aplicar na periferia da copa, em sulcos de 10 cm de profundidade, 60 gramas de sulfato de amônio, cuja dosagem poderá ser dobrada, no segundo ano de plantio, durante o período chuvoso, ou então utilizar as recomendações de análise de solo.

Adubação de manutenção A adubação de manutenção tem o objetivo de atender às fases de crescimento vegetativo e produção da aceroleira. Deve ser feita dentro das recomendações de análise de solo e de um programa ajustado às necessidades da cultura e aos custos de produção. É fundamental o conhecimento das quantidades de nutrientes exportados pelas colheitas. A composição química dos frutos dá uma ideia dos elementos mais essenciais à planta. Ver tabela abaixo.

Composição da cinza da acerola Sílica (SiO2)

1,33%

Cálcio (CaO)

4,06%

Magnésio (MgO)

3,22%

Potássio (K2O)

44,84%

Sódio (Na2O)

3,45%

Fósforo (P2O5)

6,24%

Ferro (Fe2O3)

0,50%

Alumínio (Al2O3)

0,33%

Cloretos (Cl)

3,08%

Sulfatos (SO3)

4,43%

Qual a finalidade da adubação de cobertura?

Acerola

Nomenclatura química SiO2 - Óxido de silício (sílica) CaO - Óxido de cálcio. MgO - Óxido de magnésio. K2O - Óxido de potássio. Na2O - Óxido de sódio. P2O5 - Pentóxido de difósforo. Fe2O3 - Óxido férrico. Al2O2 - Óxido de alumínio. Cl - Cloro SO3 - Trióxido de enxofre.

Adaptação-Fonte: ALMEIDA & VALSECHI (1966) Campinas (médias de seis amostras)

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O nitrogênio e o potássio são os macronutrientes mais importantes para a nutrição da aceroleira e devem ser fornecidos parceladamente, ao longo do ano, de preferência em quaNPK = nitrogênio, fósforo e potássio.

Sugestão de adubação com NPK Gramas/planta/ano

N

P2O5

K2O

2º Ano

-

70

140

3º Ano

80

80

200

4º Ano

100

90

250

5º Ano

120

100

300

6º ao 8º Ano

140

120

350

Na cultura da aceroleira a adubação de manutenção é um insumo oneroso. Torna-se compensador quando o manejo da cultura reflete no aumento da produtividade e consequentemente nos lucros. Os adubos químicos que devem ser usados, preferêncialmente são:

se em sua solução, sendo absorvido pelas partículas coloidais da argila e do húmus. Tem ação básica, aumentando o pH do solo. A transformação de N, P2O5 e K2O em abubo químico é dado pela fórmula:

Sulfato de amônia (NH4)2SO4

A é a quantidade de N ou de P2O5 ou de K2O. ■ B é a percentagem de N ou de P2O5 ou de K2O no adubo químico. ■ Por exemplo, 60 g de N por planta equivale a 300 gramas de sulfato de amônio. Alguns produtores preferem fertilizantes comerciais com formulações específicas, constituindo-se de misturas mecânicas de dois ou mais adubos simples ou mistos. Estas fórmulas são expressas através de números que indicam os valores percentuais de NPK que contém. Por exemplo, o adubo com formulação 8-10-6 indica que contém 8% de (N), 10% de (P2O5) e 6% de (K2O). Quando a adubação é dada pela quantidade de kg/ha de N, P2O5 e K2O, a conversão de equivalência em adubos pode ser feita usando os quadros ao lado.

Fertilizante amoniacal, muito solúvel em água, que fornece 20% de nitrogênio (N) e 24% de enxofre (S) elementar. Em solos de intensa atividade microbiana o amônio se transforma rapidamente em nitrato, sendo assimilável pelas plantas, que tem ação acidificante sobre o solo.

Superfosfato triplo

Composição do adubo

Fertilizante fosfórico que contém 46% de P2O5 solúvel em água, 14% de cálcio e 1,5% de enxofre. Quando dissolvido na solução do solo, parte do fósforo permanece em forma assimilável pelas plantas e outra parte fica absorvido no complexo coloidal. Não é perdido por lixiviação e tem pouca mobilidade no solo.

Cloreto de potássio (KCl) Fertilizante potássico que contém 69% de K2O, muito solúvel na água. Quando aplicado no solo dissolve-

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tro aplicações a lanço, na área de projeção da copa. O fósforo, por ser um elemento pouco móvel no solo, deve ser anualmente aplicado, de uma só vez, em volta da planta.

Formação para o trabalho 2 produtor de acerola

Onde: ■


Tabela 1

kg/ha de N, P2O5 e K2O e seus equivalentes em adubos Quantidade de N recomendada (kg/ha)

Quantidade de adubo nitrogenado (kg/ha) 46% Ureia

20% Sulfato de amônio

20

45

100

30

65

150

40

90

200

50

110

250

60

130

300

80

160

400

100

220

500

200

435

1.000

Quant. de P2O5 recomendada (kg/ha)

20% Nitrato de cálcio 100 150 200 250 300 400 500 1.000

16% Salitre do Chile 125 190 250 310 375 300 625 1.250

Quantidade de adubo fosfatado (kg/ha) 46% Super fosfato triplo

20% Super fosfato simples

20

45

100

30

65

150

45

100

225

55

120

275

70

150

350

100

220

500

130

265

650

200

440

1.000

25% Farinha de osso 80 120 160 220 160 400 520 600

Quantidade de adubo potássico (kg/ha)

Quant. de K2O recomendada (kg/ha)

60% Cloreto de potássio

80% de Sulfato de potássio

20

35

40

30

50

60

50

85

100

55

90

110

70

115

140

100

165

200

105

175

210

130

215

260

Fonte: Epace/DTC

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No mercado, os corretivos se encontram à venda sob a forma sólida ou em pó e podem ser vendidos a granel ou ensacados. Existem diversos tipos de corretivos: calcáreos, cal hidratada agrícola, calcáreo calcinado e escórias. 1 mL = 1 cm3 Granulometria: método de análise que visa classificar as partículas de uma amostra pelos respectivos tamanhos e a medir frações correspondentes a cada tamanho. PRNT = Poder Residual de Neutralização Total. Como deve ser distribuído o calcário?

Resumo da lição • Todas as fruteiras necessitam de luz, água e minerais para a formação de tecidos vegetais e produção;

Calagem A calagem com calcário dolomítico, que contém 30% de CaO e 18% de MgO, é uma prática que eleva o pH dos solos e aumenta o nível de cálcio e magnésio. Estes nutrientes são necessários para a formação de acerolas mais ricas em ácido ascórbico e também contribuem para o aumento da produtividade. O produtor deve seguir as sugestões indicadas na análise de solo. Na prática a quantidade de calcário a ser aplicado pode ser calculada a partir do teor de alumínio trocável, dado pela análise de solo, pelas fórmulas:

Calcário (t/ha) = 3 - (meq Ca2+ + Mg2+/100 cm3) x 100/PRNT Calcário (t/ha) = 2 x (meq Al3+/100 cm3) x 100/PRNT Recomenda-se utilizar a maior das quantidades de calcário determinadas pelas fórmulas acima. O calcário deve ser distribuído sobre a superfície do terreno, manualmente a lanço ou então mecanicamente por meio de uma espalhadeira de adubo. A incorporação deve ser feita a uma profundidade de 20 cm. As principais condições de qualidade de um corretivo são: conter o poder de neutralização (PN) e os teores de cálcio e magnésio garantidos, além de granulometria.

• A finalidade da adubação de cobertura é suprir a cova do nitrogênio que nela não foi aplicada; • O nitrogênio e o potássio são os macronutrientes mais importantes para a nutrição da aceroleira; • O poder de neutralização e granulometria determinam o PRNT do corretivo;

Calagem

• Para combater a infestação de nematoides que ocorre em solos arenosos, é conveniente a adubação orgânica na área da projeção da copa.

28

Solos arenosos Al3 + x 1,5 = tonelada de calcário/ hectare. ■ Solos argilosos Al3 + x 2,0 = tonelada de calcário/ hectare. Exemplo: se um solo arenoso apresentar 0,80 meq. Al/100 mL, a quantidade de calcário a aplicar deve ser de 1,2 t/ha. 0,80 (Al3+) x 1,5 = 1,2 t/ha. De uma maneira mais técnica, a quantidade de calcário em t/ha (toneladas por hectare), deve ser calculada pelas fórmulas: ■

Formação para o trabalho 2 produtor de acerola

O poder de neutralização e granulometria determinam o PRNT do corretivo. Em geral, quanto maior o valor do PRNT de um corretivo, mais rápida é sua ação do solo. Corretivos com valores menores que 80 de PRNT são de ação mais lenta, porém mais duradoura, com maior efeito residual. Estas duas características são importantes no manejo da calagem.

Adubação orgânica Para combater a infestação de nematoides que ocorre em solos arenosos, é conveniente a adubação orgânica na área da projeção da copa. Conforme a disponibilidade, pode ser aplicado 15 a 25 litros de esterco de curral/planta/ano.


Lição 6

Controle fitossanitário

A

aceroleira é uma cultura que, como qualquer fruteira, está sujeita a pragas e a doenças cuja incidência pode comprometer a produção. Inspeções periódicas devem ser feitas no sentido de avaliar as ocorrências, considerando que saúvas, cochonilhas e pulgões causam danos a essa cultura e moléstias, como a antracnose e a podridão dos frutos, são também possíveis de aparecer. A aplicação de defensivos de forma inadequada compromete a comercialização, já que produtos residuais podem ficar nas acerolas. O intervalo entre a aplicação do defensivo e a colheita é muito reduzido devido ao curto período

de formação do fruto e a planta apresenta simultaneamente flores e frutos em diversos estágios de desenvolvimento. O produtor deve procurar os escritórios regionais da Embrapa para obtenção dos métodos de controle a serem utilizados.

Fitossanitário: que trata das doenças dos vegetais.

Controle de pragas A aceroleira está sujeita a várias pragas que interferem diretamente no desenvolvimento da cultura. E entre elas podemos destacar:

O emprego de agrotóxicos deve ser realizado com bastante cautela.

Pulgões (Aphis citricidus Kirk) O inseto adulto apresenta coloração verde-escuro-marrom existindo formas aladas e ápteras.

Pulgão

A incidência do ataque ocorre na época seca, em brotações novas. Os insetos sugam a seiva e excretam substâncias adocicadas que atraem formigas, sendo um meio de cultura para a fumagina.

Cochonilhas (Coccus sp.) Diversas cochonilhas parasitam os ramos, as brotações e as folhas, ao longo na nervura principal, sugando a seiva.

A incidência do ataque ocorre na época chuvosa e as cochonilhas segregam substâncias açucaradas que atraem formigas e servem de meio de cultura à fumagina.

Fumagina: camada espessa, formada por fungos na superfície dos órgãos aéreos das plantas.

Formigas (Atta - sp) As formigas cortadeiras desfolham a aceroleira, especialmente em pomares novos, causando sérios problemas na implantação de pomares.

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Quais as pragas que atacam a aceroleira? Quando ocorre a podridão dos frutos? Qual a característica da antragnose?

Nematoides (Meloidogyne - sp)

Antracnose (Colletotrichum sp.)

Os nematoides atacam principalmente as aceroleiras plantadas em solos arenosos, depauperados, com baixo nível de matéria orgânica. As plantas infestadas apresentam galhas nas raízes, crescimento reduzido, folhas cloróticas e queda de folhagem e as mudas têm sido, frequentemente, o principal agente de disseminação da praga.

Esta doença é caracterizada pelo aparecimento de pequenas lesões arredondadas, acizentadas, que causam perfurações nas folhas. As lesões podem atingir os frutos que se tornam impróprios para a indústria e consumo ao natural, causando prejuízos aos produtores.

Doenças

Esta doença, de pouca importância econômica, pode reduzir a respiração e fotossíntese nas aceroleiras. O fungo, de cor preta, cobre a parte superior das folhas, com uma película fuliginosa e normalmente surge em associação com as cochonilhas e formigas.

A podridão dos frutos, a antracnose e a fumagina são doenças causadas por fungos que incidem nas aceroleiras cultivadas na região litorânea.

Podridão dos frutos (Rhizopus sp) Ocorre na época chuvosa, com maior incidência nos anos de alta pluviosidade. Os frutos maduros, prontos para a colheita, apresentam partes apodrecidas que se desagregam facilmente.

Fumagina (Capnodium sp.)

Resumo da lição • A aceroleira é uma cultura que, como qualquer fruteira, está sujeita a pragas e a doenças cuja incidência pode comprometer a produção; • Saúvas, cochonilhas e pulgões causam danos à cultura de acerola; • São moléstias causadas por fungos: a antracnose, a fumagina e a podridão dos frutos que incidem nas aceroleiras cultivadas na região litorânea; • A aplicação de defensivos de forma inadequada compromete a comercialização da acerola.

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Lição 7

Colheita e comercialização

A

s aceroleiras de pés-francos floram aos 15 - 18 meses após o plantio e as propagadas por enxertia aos 7 - 9 meses. A formação do fruto se processa rapidamente entre 22 e 25 dias e a colheita manual é realizada quando a película dos frutos apresentar coloração avermelhada. Nesta fase, há alto teor de açúcar e baixa acidez. A colheita deve ser feita, de preferência, ao cair da tarde, evitando-se as horas de maior insolação. Os frutos são colocados em caixas plásticas com altura máxima de 15 cm. Após a seleção e lavagem, são colocados em uma câmara de congelamento com circulação forçada

de ar que mantém a temperatura a 10 ºC abaixo de zero. No Brasil, a acerola é comercializada principalmente como fruta fresca (70% da produção) ou em polpa (30% da produção), nos grandes centros urbanos. No varejo aparece em feiras-livres, supermercados, lanchonetes e sorveterias. Para as empresas que possuem câmaras de congelamento, o fruto congelado é comercializado em embalagens plásticas de 0,5 a 2,0 kg, contidas em caixas de papelão de 16 kg. Os pequenos produtores devem vender a fruta diretamente em feiras -livres, restaurantes e lanchonetes.

Em cultura irrigada, sob condições ideais de cultivo, a acerola pode apresentar seis a oito floradas, produzindo praticamente o ano inteiro.

As acerolas muito maduras deterioram-se facilmente.

Qual o momento do dia ideal para a colheita da acerola?

Resumo da lição • A formação do fruto se processa entre 22 e 25 dias; • A colheita manual se faz quando a película dos frutos apresentar coloração avermelhada; • As acerolas bem maduras deterioram-se facilmente; • No Brasil, a acerola é comercializada principalmente como fruta fresca (70% da produção) ou em polpa (30% da produção), nos grandes centros urbanos; • Os pequenos produtores devem vender a fruta diretamente em feiras -livres, restaurantes e lanchonetes.

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Referências Acerola ou cereja das Antilhas na alimentação humana. Recife: UFRPE; Pró-Reitoria de Extensão, 1984. ALMEIDA, J. I. L. de; ARAÚJO, F. E. de. Propagação da Aceroleira. Fortaleza: Epace, 1994. 30p. (Epace. Documentos, 8). ARAÚJO, P. S. R. de; MINAMI, K. Acerola. Campinas: Fundação Cargill, 1994. 81p. GONZAGA NETO, L; NASCIMENTO, C. E. de S. Cultivo da acerola (Malpighia flabra L.) no submédio São Francisco. Petrolina: Embrapa-CPATSA, 1993. 6p. (EMBRAPA- CPATSA. Comunicado Técnico, 53). MARIANO NETO, L. Acerola a cereja tropical. São Paulo: Nobel; Dierberger, 1986. 94p. MATOS, F. J. Abreu. Farmácia Viva. 2. ed. Fortaleza: Edições UFC, 1994. SÃO JOSÉ, A. R.; ALVES, R. E. Acerola no Brasil: produção e mercado. Vitória da Conquista, BA: DFZ;UESB, 1995. 160p.

Os estudiosos da economia estão de acordo que a educação é o motor do desenvolvimento e qualificar a população que possui baixa escolaridade é o grande desafio dos gestores do século XXI. REALIZAÇÃO

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