produtor de
milho
Ant么nio Augusto Monteiro | Jo茫o Ferreira Antero Neto | Ant么nio Barbosa dos Santos
Copyright © 2003 by Antônio Augusto Monteiro, João Ferreira Antero Neto e Antônio Barbosa dos Santos
Fundação Demócrito Rocha (FDR)
Instituto Centro de Ensino Tecnológico (CENTEC)
Presidente João Dummar Neto
Diretor Presidente Francisco Férrer Bezerra
Diretor Geral Marcos Tardin
Diretoria de Extensão Tecnológica e Inovação Afonso Odério Nogueira Lima
Edições Demócrito Rocha (EDR)
Diretoria de Ensino, Pesquisa e Pós-Graduação Afonso Odério Nogueira Lima
(Marca registrada da Fundação Demócrito Rocha)
Editora Executiva Regina Ribeiro Editor Adjunto Raymundo Netto
Diretoria Administrativo-Financeira Antônio Elder Sampaio Nunes Convênio institucional entre Fundação Demócrito Rocha e Instituto CENTEC Secretaria da Ciência e Tecnologia e Educação Superior do Ceará - Secitece
Gerente de Produção Sérgio Falcão Editor de Design Amaurício Cortez Coordenação Editorial Eloísa Maia Vidal Revisão Textual Miguel Leocádio Araújo Capa Welton Travassos Editoração Eletrônica Cristiane Frota Ilustrações Welton Travassos, Elinaudo Barbosa, Leonardo Filho e Erivando Costa Fotos Banco de Dados O POVO Catalogação na Fonte Kelly Pereira
Monteiro, Antônio Augusto M764p Produtor de milho /Antônio Augusto Monteiro; João Ferreira Antero Neto; Antônio Barbosa dos Santos Fortaleza: Fundação Demócrito Rocha; Instituto Centro de Ensino Tecnológico - CENTEC, 2014. 40 p.: il. color. - (Coleção Formação para o Trabalho 2)
ISBN 978-85-7529-642-4
1. Milho - Produção. I. Antero Neto, João Ferreira. II. Santos, Antônio Barbosa dos III. Título. CDU 633.15
Todos os direitos desta edição reservados a:
Fundação Demócrito Rocha Av. Aguanambi, 282/A - Joaquim Távora, Fortaleza-Ceará - CEP 60.055-402 Tel.: (85) 3255.6037 - 3255.6148 Fax: (85) 3255.6271 www.fdr.com.br
Sumário Apresentação..........................................4
Lição 5
Lição 1
Tratos culturais e irrigação................. 20
Clima, solo, botânica e variedades...... 5
Lição 6
Lição 2
Pragas e seu controle...........................24
Preparação da área para plantio.......... 7
Lição 7
Lição 3
Doenças e seu controle...................... 36
Adubação e correção......................... 10
Referências......................................... 40
Lição 4 Plantio e espaçamento....................... 18
Este projeto conta com a parceria do Instituto Centro de Ensino Tecnológico - CENTEC, que por meio de convênio interinstitucional com a Fundação Demócrito Rocha, assegura a elaboração dos textos visando trabalhar com a formação profissional básica para a população cearense. Este manual tem como objetivo disponibilizar material de baixo custo e alta qualidade técnica, editorial e pedagógica criando condições para que cidadãos tenham acesso a educação para o trabalho, com vistas à inclusão social, criando um ambiente propício para geração de emprego e renda.
4
Apresentação A
cultura do milho tem sido de grande importância socioeconômica para o Brasil e é praticada em muitos Estados da federação, cuja produção vem crescendo ano a ano. Por ser uma espécie na maioria das vezes cultivada sob regime de sequeiro nos estados da região Nordeste, isto é, dependente da ocorrência e instabilidade do inverno, esta cultura apresenta um rendimento médio de 600 kg/ha, muito baixa em relação à média brasileira. Sob esta condição é considerada uma atividade agrícola de alto risco. A utilização de novas tecnologias como o uso de cultivares melhoradas, espaçamento e densidade de plantio adequados, o controle efetivo das plantas daninhas, pragas e doenças, o manejo correto dos solos através de práticas conservacionistas, entre outras, constituem-se num dos
Formação para o trabalho 2 produtor de milho
principais instrumentos para garantir lucros ao produtor e, consequentemente, a sua permanência no processo produtivo. O cultivo do milho tem como objetivo um melhor aproveitamento do terreno e, geralmente, é realizado consorciado com outras culturas como feijão, mandioca e arroz. O Instituto Centro de Ensino Tecnológico, como empresa atuante na área de Ciência e Tecnologia no Estado do Ceará, elaborou este manual, como contribuição ao processo de transferência de tecnologia ao meio rural, visando ao aumento dos níveis de produtividade do milho. Ele reúne informações técnicas geradas e/ou adaptadas pelo Centec através de seus técnicos, acrescidas de recomendações originais de outras fontes do conhecimento técnico-científico.
Lição 1
Clima, solo, botânica e variedades
A
temperatura ideal para esta cultura varia de 24 a 30 ºC, sendo que em temperaturas abaixo de 10 ºC as sementes não germinam. As temperaturas noturnas são muito importantes para a produção do milho, que pode diminuir seu rendimento quando as noites forem muito quentes.
Uma variedade de milho cultivada no sul do País, por exemplo, que leve 55 dias para pendoar, no Nordeste pode vir a antecipar o seu ciclo para 47 dias. As melhores colheitas são obtidas em solos profundos, permeáveis, sem problemas de drenagem, boa disponibilidade de nutrientes e topografia suave. Marcos Studart
Colheita de milho
No Nordeste brasileiro, é comum ocorrerem limitações em um ou mais desses fatores. Se o solo for pobre, o problema poderá ser solucionado mediante a aplicação de adubos químicos ou orgânicos, conforme veremos mais à frente. Solos com pH em torno de 5,8 a 7,0 são os ideais para o cultivo do milho.
Botânica O milho é um vegetal que pertence ao gênero Zea e à espécie Zea mays L.
O sistema radicular apresenta dois tipos de raízes: primárias e adventícias. O caule é cilíndrico, tipo colmo com nós e entrenós mais curtos na base. As folhas são do tipo lanceolado, possuem limbo e bainha e são alternadas. As inflorescências são duas: masculina e feminina, sendo que, na masculina, o pendão é constituído de eixo central com ramificações e espiguetas, onde estão as flores. Cada panícula (pendão) pode produzir de dois a cinco
Qual a melhor temperatura para plantar milho?
Botânica: é a parte da Biologia que estuda os vegetais e teve um grande desenvolvimento com os trabalhos do médico e botânico sueco Karl von Linne (1707-1778), conhecido no Brasil como Lineu.
Fundação Demócrito Rocha 5
Morfologia vegetal: estuda as formas e estruturas dos organismos vegetais. Cariopse: fruto indescente, de semente única, fundida ao pericarpo, e que é peculiar às gramineas.
milhões de grãos de pólen. A feminina (boneca), quando bem desenvolvida pode reunir de setecentas a mil flores. A semente é do tipo cariopse, que é um fruto seco indeiscente de semente única, fundido ao pericarpo e que é peculiar às gramíneas.
Variedade As cultivares recomendadas para plantio devem apresentar características agronômicas superiores, tais como: ■■ alta produtividade (reflete boa adaptabilidade ao meio); ■■ alta tolerância à pragas e doenças; ■■ resistência ao acamamento e quebramento; ■■ tipo e cor dos grãos adequados ao mercado. Atualmente são recomendadas, entre outras, as seguintes cultivares: BR-106, EPACE M-21, BR-473, São Francisco e Asa Branca. Para aqueles produtores que fazem uso de tecnologias importando em grandes quantidades de insumos modernos, é viável a utilização de híbridos, substituindo variedades. A Embrapa já dispõe de informações consistentes sobre qual híbrido plantar.
Estrutura do milho
Indeiscente: que não se abre ao atingir a maturidade.
Que tipo de semente é a do milho?
6
Formação para o trabalho 2 produtor de milho
Resumo da lição • Para se obter uma boa colheita é necessário: solos profundos, permeáveis, sem problema de drenagem, boa qualidade de nutrientes e topografia adequada; • Plantar milho no Nordeste oferece vantagens: enquanto no sul do País o milho leva 55 dias para pendoar, no Nordeste leva apenas 47 dias; • Se o solo for pobre, o problema poderá ser corrigido com a aplicação de adubos químicos ou orgânicos; • O milho pertence ao gênero Zea e à espécie Zea mays L; • A semente é um fruto do tipo cariopse; • É recomendável para plantio, cultivares que apresentem características agronômicas superiores, como: alta produtividade, alta tolerância a pragas e doenças, resistência ao acamamento e quebramento, além do tipo e cor dos grãos adequados ao mercado.
Lição 2
Preparação da área para o plantio
O
preparo da área para plantio do milho tem como finalidades:
■■ Remover
a vegetação existente, quando houver, ou incorporar os restos de cultura anterior. ■■ Eliminar plantas indesejáveis. Essas etapas precisam ser realizadas com cuidado, mantendo a matéria orgânica, mobilizando o mínimo possível o solo e executando práticas conservacionistas de solo e água.
Aração
A profundidade de aração, deve ser de 15 cm para solos arenosos e de 15 a 25 cm para solos de textura média. Para gradagem, sugere-se uma profundidade de 5 a 10 cm em solos arenosos e de 10 a 20 cm para solos de textura média.
Desmatamento O desmatamento poderá ser feito manual ou mecanicamente, sugerindo-se o aproveitamento total da vegetação existente, que geralmente se utiliza para mourões, estacas, varas, estacotes, deixando-se os galhos e gravetos para serem incorporados ao solo ou incinerados (queimados). Para se criar condições favoráveis à germinação, desenvolvimento e boa produtividade da cultura, a aração e gradagem são práticas por demais importantes.
O fogo pode ser usado como instrumento de trabalho, mas nunca como agente de destruição.
Gradagem
Para uma agricultura racional e autossustentável, algumas práticas de conservação de solos e água são indispensáveis, sendo ditadas pela inclinação (topografia) do terreno.
Para que serve o preparo da área no plantio do milho?
Fundação Demócrito Rocha 7
PRÁTICAS DE CONSERVAÇÃO DO SOLO DECLIVIDADE
8
PRÁTICAS CONSERVACIONISTAS SUGERIDAS
0 a 3%
Aração-gradagem sulcamento e plantio, em curvas de nível.
3 a 6%
Aração-gradação, sulcamento, plantio em faixas de retenção conforme o tipo de solo.
6 a 12%
Terraços em nível ou gradiente, conforme tipo do solo.
12 a 18%
Terraços em nível ou gradiente, faixas de retenção para maior proteção ao solo.
acima de 18%
Aconselha-se destinar a área para fins de pastagem, refúgio da fauna e reflorestamento.
Formação para o trabalho 2 produtor de milho
Características do solo Todas as culturas necessitam para um bom desenvolvimento de solos com boas características:
Físicas ■■ textura
média (franco-argilo arenosa); ■■ boa permeabilidade; ■■boa aeração e capacidade de armazenamento de água.
Químicas ■■ grande
quantidade de nutrientes minerais bem balanceados; ■■ reação de solo (pH) próximo à neutralidade; ■■ ausência de elementos tóxicos (Al3+ e Na+).
Biológicas ■■ elevada
população microbiana, isenta de patógenos; ■■ ausência de substâncias orgânicas nocivas. As plantas possuem diferentes níveis de tolerância para sobreviverem às adversidades causadas pela ausência de um ou mais dos fatores citados. Cabe ao técnico, usando bom senso e criatividade, identificar o(s) fator(es) que limita(m) a produção, optar pela melhor alternativa e adotar a solução mais viável para o problema. Para todas as culturas, o preparo do solo fica condicionado à topografia e ao tipo de solo, caracterizado pela análise, que nos diz sobre: a textura, pH, salinidade, necessidade de correção ou adubação e outras práticas de manejo.
Al3+: íon trivalente de alumínio. Na+: íon monovalente de sódio.
O que significa dizer que a reação do solo está próxima à neutralidade?
A topografia é a característica mais marcante do solo, no que concerne à necessidade de práticas conservacionistas sendo uma característica estática de grande efeito dinâmico.
Resumo da lição • Devemos preparar a terra para remover a vegetação existente, eliminar plantas indesejáveis e criar condições para o desenvolvimento da cultura; • O desmatamento pode ser feito manual ou mecanicamente e o fogo deve ser usado com cautela; • Algumas práticas de conservação de solo e água são indispensáveis; • Todas as culturas necessitam, para um bom desenvolvimento, de solos com boas características físicas, químicas e biológicas; • A topografia é a característica mais marcante do solo, no que se refere à necessidade de práticas de preservação.
Fundação Demócrito Rocha 9
Lição 3
Adubação e correção A adubação é o processo de melhoramento dos solos.
A
quantidade de nutrientes absorvida pela cultura do milho varia com o nível de produtividade da colheita, que depende da fertilidade do solo, condições de clima, tratos culturais, etc.
Por exemplo, numa lavoura com produção de 6 t/ha são extraídas (kg/ha) do solo e exportadas através dos grãos as seguintes quantidades dos macronutrientes essenciais:
MACRONUTRIENTES ESSENCIAIS NUTRIENTES
PLANTA INTEIRA (kg/ha)
GRÃOS (kg/ha)
Nitrogênio (N)
163
133
Fósforo (P)
28
27
Potássio (K)
96
38
Cálcio (Ca)
20
0,6
Magnésio (Mg)
38
10
Enxofre (S)
16
12
Fonte: ANDRADE et al. (1975)
Pendoamento: diz-se do milho florado, que deitou pendão.
O nitrogênio é o elemento absorvido em maiores quantidades, seguido do potássio, magnésio, fósforo, cálcio e enxofre. É absorvido durante todo o ciclo vegetativo da cultura, atingindo o maior acúmulo por volta dos 70 a 80 dias. No início do estabelecimento da cultura, a demanda por esse nutrien-
Qual é o macronutriente existente no solo mais absorvido pelo milho?
Época da cobertura nitrogenada
10
Formação para o trabalho 2 produtor de milho
te é pouca, aumentando à medida que a planta se desenvolve, atingindo o máximo um pouco antes do pendoamento. Daí a importância da cobertura nitrogenada, que pode ser realizada quando as plantas apresentam de seis a sete folhas bem desenvolvidas.
O fósforo é absorvido pelas plantas em quantidades menores, quando comparado ao potássio e ao nitrogênio. A máxima concentração de fósforo ocorre nas espigas, que podem apresentar-se retorcidas, na falta desse elemento. Nas folhas e colmos das plantas jovens, o aparecimento de uma nova coloração arroxeada pode ser um indicativo da carência desse nutriente.
O potássio confere resistência ao colmo e ao ataque de pragas e doenças, bem como maior tolerância à seca. A fonte comumente utilizada é o cloreto de potássio, aplicado por ocasião da semeadura ou parcelado juntamente com a adubação nitrogenada. Nas figuras a seguir são mostradas as alterações causadas pela deficiência de nutrientes.
Folha normal: a aplicação de nutrientes nas quantidades recomendadas
deixa as folhas com uma coloração verde, intensa e brilhante.
Falta de nitrogênio: pode ser observada pelo amarelecimento das folhas inferiores e mais velhas da planta.
Esse amarelecimento se dá em forma de ‘‘V’’, da ponta para a base da folha.
Falta de fósforo: causa o aparecimento de uma cor verde-escura nas folhas mais velhas, seguindo-se de
tons roxos nas pontas e margens. Em casos adiantados da deficiência, o colmo (caule) também pode ficar roxo.
Deficiência de potássio: é responsável por um amarelecimento nas pontas e margens das folhas mais
velhas. Também faz com que o colmo fique enfraquecido.
Qual nutriente aumenta a tolerância do milho à seca?
Fundação Demócrito Rocha 11
O que a deficiência de enxofre causa à folha do milho? Falta de enxofre: as folhas superiores e mais novas apresentam uma colora-
ção verde-clara, que com o avanço da deficiência se torna amarelada.
A falta de magnésio: faz com que as folhas mais velhas amareleçam
nas margens e depois entre as nervuras.
A deficiência de zinco: causa o surgimento de faixas brancas ou amareladas entre a nervura principal e as bordas das folhas. Além disso, a
escassez deste elemento prejudica o desenvolvimento das plantas, fazendo com que elas tornem-se anãs.
Espiga normal
Na espiga normal os grãos se apresentam bem formados em toda sua extensão.
Espigas com carência de nutrientes
A carência de nitrogênio provoca o surgimento de espigas pequenas com grãos mal formados em suas pontas.
12
Formação para o trabalho 2 produtor de milho
Espigas tortas, pequenas e com grãos mal formados, são resultantes da falta de fósforo.
Descreva as características das espigas que apresentam deficiência de nitrogênio, fósforo, potássio e boro.
A deficiência de potássio é responsável pelo surgimento de espigas mal granadas nas pontas, com grãos pequenos e mal formados.
Após o desenvolvimento, as espigas se tornam atrofiadas e com grãos mal formados. Estes sinais indicam a deficiência de boro.
Recomendação de adubação Para evitarmos gastos desnecessários, as sugestões de adubação devem ser feitas mediante os resultados da análise de solo, podendo ser modificadas pelo técnico de acordo
com a situação local. A seguir, apresenta-se uma proposta de adubação NPK para a cultura do milho, com base nos resultados da análise química do solo.
P = Fósforo; K = Potássio; O = Oxigênio.
QUANTIDADE DE ADUBOS QUÍMICOS P205 P no solo
0-10
K20
(ug/cm3)
11-20
NPK: nitrogênio, fósforo e potássio
K no solo (ug/cm3)
>20
0-45
49-90
>90
Plantio kg/ha 80
50
kg/ha 20
30
30-20
10
Para o atendimento dessas necessidades, o produtor poderá seguir dois caminhos.
Fundação Demócrito Rocha 13
Matéria orgânica: diz-se de produtos originados de processo natural e constituídos de compostos de carbono.
Como fazer a adubação 1º passo: adquirir separadamente os fertilizantes nitrogenados, fosfatados e potássicos, misturando-os posteriormente na fazenda visando ao atendimento das necessidades, de acordo com as concentrações do elemento do produto. 2º passo: adquirir diretamente do fabricante a fórmula recomendada para o milho, empregando-a na quantidade recomendada pelo boletim de análise do solo.
Em qualquer dos casos, no entanto, a adubação mineral torna-se mais eficiente se acompanhada de uma adubação orgânica. Nas tabelas a seguir, temos um exemplo das quantidades (kg/ha) de diversos adubos nitrogenados, fosfatados e potássicos a serem aplicados no solo, em função das necessidades (recomendações) de nitrogênio (N), fósforo (P205) e potássio (K20).
NITROGENADOS kg/ha Quantidade de N recomendada (kg/ha) 20 30 40 50 60 80 100 200
Quantidade de adubo nitrogenado (kg/ha) 16% 20% 20% 46% salitre nitrato de sulfato de ureia do Chile cálcio amônia 45 100 100 125 65 150 150 190 90 200 200 250 100 250 250 310 130 300 300 375 160 400 400 300 220 500 500 625 435 1.000 1.000 1.250
FOSFATOS kg/ha Quantidade de P2O5 recomendada (kg/ha) 20 30 45 55 70 100 130 200
14
Formação para o trabalho 2 produtor de milho
Quantidade de adubo fosfatado (kg/ha) 46% super-fosfato triplo 45 65 100 120 150 220 265 440
20% super-fosfato simples 100 150 225 275 350 500 650 1.000
25% farinha de osso 80 120 160 220 160 400 520 600
POTÁSSICOS kg/ha Quantidade de K2O recomendada (kg/ha)
Quantidade de adubo potássico (kg/ha) 60% cloreto de potássio
80% de sulfato de potássio
35 50 85 90 115 165 175 215
40 60 100 110 140 200 210 260
20 30 50 55 70 100 105 130 Para melhor interpretação das tabelas utilizemos, como exemplo, o boletim de análise de solo do município de Barreira, no Estado do Ceará, fornecido pelo Laboratório de Análises de Solos da Universidade Federal do Ceará (UFC). De acordo com a recomendação, esse produtor deve aplicar em seu solo as seguintes quantidades de adubos: 1. Como fonte de nitrogênio: 145 kg/ha de ureia ou 350 kg/ha de sulfato de amônia.
2. Como fonte de fósforo: 110 kg/ha de superfosfato triplo ou 250 kg/ha de superfosfato simples. 3. Como fonte de potássio: 35 kg/ha de cloreto de potássio O nitrogênio e o potássio não devem ser aplicados de uma vez só. No nosso exemplo, a adubação de fundação (plantio) para 1 ha será constituída da mistura de 45 kg de ureia + 45 kg de superfosfato simples + 17,5 kg de cloreto de potássio. Uma outra opção seria a mistura de sulfato de amônia + 100 kg de superfosfato triplo + 17,5 Kg de cloreto de potássio. O mesmo recurso deve ser utilizado quando se deseja saber as quantidades dos adubos nitrogenados e potássicos a serem aplicados em cobertura.
Calagem Calagem é a aplicação de calcário ao solo, para corrigir sua acidez. A aplicação do calcário dolomítico (CaCO3 – MgCO3) no solo apresenta as seguintes vantagens: ■■ melhora sua estrutura; ■■aumenta o teor de Cálcio e Magnésio; ■■ neutraliza o Alumínio, que é tóxico às plantas e imobilizador de fósforo do solo; ■■ estimula a flora microbiana. Evite usar calcário em excesso (supercalagem), pois prejudica o solo, a planta e o produtor rural. A quantidade de corretivo (calcário) e adubo deve ser prescrita pela análise do solo. O calcário deve ser aplicado a lanço, manual ou mecanicamente.
Como deve ser aplicado o calcário?
Aplicação do calcário
Fundação Demócrito Rocha 15
O calcário não é móvel no solo. Por isso, para uma melhor incorporação, a aplicação do corretivo deve ser fracionada, usando-se metade da dose antes da aração e o restante após esta prática, antes da gradagem.
Instruções para a coleta de amostras de solos
Material necessário para retirar a amostra de solo
O presente roteiro tem como objetivo orientar o produtor quanto à maneira mais prática e eficiente de coletar amostras de solos para análise de fertilidade. Atualmente, as despesas com corretivos e fertilizantes são significativas, chegando a representar até 20% dos custos de produção. A análise de solos é o principal meio de que dispomos, para a recomendação adequada de correção e adubação. Estas práticas são as que mais contribuem para o aumento da produtividade da lavoura além de ajudar a proteger o ambiente pelo crescimento mais rápido das plantas e pelos restolhos vegetais que protegem o solo contra a erosão.
Diagrama para coleta do solo para análise
16
Formação para o trabalho 2 produtor de milho
Conhecimento do solo da propriedade Dividir a propriedade em áreas uniformes (de até 10 ha) quanto aos seguintes aspectos: ■■ Cor do solo: verificar se a terra é vermelha, amarela, escura, cinza ou de outra cor. ■■ Topografia: observar se as áreas se encontram na baixada, na encosta ou alto do morro. Esta característica estática de maior efeito dinâmico é que definirá as práticas conservacionistas da área. ■■ Vegetação: verificar se a área é de mata, capoeira, cerrado, campo ou outro tipo de vegetação. A cobertura vegetal é um forte indicador do tipo de solo. ■■ Manejo: observar se a área já foi corrigida ou adubada. Isto é importante para a sugestão de correção e adubação. ■■ Peculiaridades: identificar, se for o caso, aquelas áreas que por algum motivo se comportam de forma diferente. Por exemplo: nunca produziram ou deixaram de produzir. Neste caso, poderemos estar diante de um problema de toxidez de subsolo ou de salinização. A amostragem precisa, nestes casos, ser diferenciada. Uma amostra do subsolo se torna necessária. Cada uma das áreas escolhidas deverá ser percorrida em ziguezague retirando-se 15 a 20 subamostras, que constituirão a ‘‘amostra composta’’ representativa de cada área. O material a ser utilizado se compõe de enxadão, trado, balde, facão e sacos de plásticos que devem estar limpos. Nunca utilize embalagem de defensivo, adubo, sal ou remédio. As amostras deverão ser retiradas da camada superficial do solo, tendo-se antes, o cuidado de limpar a superfície do local escolhido, removendo as folhas e outros detritos.
Não retirar amostra perto de cupinzeiro, formigueiro, estrada, cerca, casa, galpão, depósito, chiqueiro, curral e nos sulcos de plantio. As amostras devem ser colocadas em um balde e misturadas, em seguida retira-se a quantidade suficiente para encher o saco plástico com aproximadamente 500 g.
A terra a ser colocada em saco plástico é a amostra composta das várias subamostras de uma mesma área, que será enviada ao laboratório. Não envie terra molhada. Sugere-se o uso de um saco plástico, dentro de um outro saco, a fim de proteger a etiqueta de identificação (ver modelo).
ETIQUETA DE IDENTIFICAÇÃO Amostra N.º ________ Interessado: _____________________________________ Propriedade: ____________________________________ Município: ___________________ Estado:_____________ Uso atual: ______________________________________ Cultura anterior: __________________________________ Obs: ___________________________________________ Data:___/___/20___
No que se refere à acidez, esta gramínea se desenvolve melhor em solos com pH ligeiramente ácido
Qual o material necessário para retirar a amostra de solo?
(5,8) a neutro (7,0), respondendo de modo significativo à calagem.
Resumo da lição • A quantidade de nutrientes absorvida pela cultura do milho varia com o nível de produtividade da colheita, que depende da fertilidade do solo, condições de clima, tratos culturais, etc.; • Calagem é a aplicação de calcário ao solo para corrigir sua acidez; • O nitrogênio é o elemento absorvido em maiores quantidades, seguido do potássio, magnésio, fósforo, cálcio e enxofre; • O calcário pode ser aplicado a lanço, manualmente ou mecanicamente; • O solo deve ser coletado e enviado para a análise de fertilidade.
Fundação Demócrito Rocha 17
Lição 4
Plantio e espaçamento Como é possível realizar o plantio do milho?
O
plantio e espaçamento são procedimentos que têm fundamental importância no desenvolvimento e produtividade do milho e vão depender da variedade deste, da umidade e fertilidade do solo. O milho é, geralmente, cultivado consorciado com outras culturas (feijão, mandioca, arroz, etc.).
Plantio Esta etapa trata da colocação da semente no solo, após criterioso exame de procedência e certificação. O plantio pode ser realizado manualmente, com auxílio de enxada ou matraca ou mecanicamente
Matraca
Plantadeira
Qual a regulagem da plantadeira de tração animal?
18
utilizando-se plantadeiras de tração animal ou motora. Qualquer que seja o sistema adotado, sugerimos que a semente seja colocada a 5 cm de profundidade em solos argilosos e de 7 a 8 cm, em solos arenosos. Após o enchimento do depósito, regula-se a matraca para deixar cair três a quatro sementes por batida. Esta máquina poderá ser usada para várias culturas (milho, arroz, sorgo, etc.). A plantadeira de tração animal ou motorizada é regulada para deixar cair seis a oito sementes por metro linear de sulco.
Quanto à época, em condições de sequeiro (total dependência da chuva), o plantio é realizado no início da ocorrência das chuvas, que no Nordeste dá-se entre os meses de janeiro e março.
Formação para o trabalho 2 produtor de milho
Nas áreas irrigadas, onde são obtidas maiores produtividades, o plantio é efetuado a partir do fim do período chuvoso.
Espaçamento
Plantio em consórcio tipo B
O espaçamento do plantio vai depender da variedade, umidade e fertilidade do solo. Para cultivos de sequeiro (umidade duvidosa e baixa fertilidade), recomenda-se uma população de 40 mil plantas/ha, sendo o milho cultivado com 1,0 m entre fileiras e 0,5 m entre plantas, com duas sementes por cova.
A fileira de feijão (F) é semeada entre duas fileiras de milho (M). Espaçamento entre fileiras: 1,0 m. Espaçamento entre covas: 0,5 m. Milho: 1 semente/cova. Feijão: 2 a 3 sementes/cova.
Plantio em consórcio tipo A O milho (M) é plantado no salto da carreira do feijão (F). Espaçamento entre linha: 1,0 m. Espaçamento entre covas: 0,5 m. Milho: 1 semente/cova. Feijão: 2 a 3 sementes/covas.
O milho (M) e o feijão (F) devem ser semeados no mesmo dia.
Qual o espaçamento que deve ser usado no plantio do milho?
Cultivo em consórcio Com o fim de aproveitar ao máximo os mínimos recursos de que dispõem, os produtores rurais consorciam o milho com outras culturas (feijão, mandioca, arroz, etc.), visando: ■■ otimizar a força de trabalho (muitas vezes familiar); ■■ diminuir o risco de insucessos (fatores climáticos ou biológicos); ■■ proteger o solo contra erosão (pela cobertura vegetal); ■■ garantir a diversidade de dieta e renda.
O milho e o feijão-de-corda são dois grandes parceiros nos três sistemas mais utilizados de consórcio (A), (B), (C).
Plantio em consórcio tipo C Semeadura de duas fileiras de milho (M) para três fileiras de feijão (F). Espaçamento entre fileiras de milho: 1,0 m. Milho e feijão e entre feijões 0,6 m. Espaçamento entre covas: 0,5 m. Milho: 1 semente/cova. Feijão: 2 a 3 sementes/cova.
Resumo da lição • O plantio pode ser realizado manualmente com auxílio de enxada ou matraca, ou mecanicamente utilizando-se plantadeiras de tração animal ou motora; • A semente deve ser colocada a 5 cm de profundidade em solos argilosos e de 7 a 8 cm, em solos arenosos; • Usando a plantadeira animal ou motorizada, a regulagem deve ser feita para deixar cair de 6 a 8 sementes por metro linear de sulco (rego); • O plantio deve ser realizado no início da ocorrência das chuvas. Se a área for irrigada, o plantio é efetuado a partir do fim do período chuvoso; • O espaçamento do plantio vai depender da variedade, umidade e fertilidade do solo; • Para aproveitar ao máximo os mínimos recursos de que dispõem, os produtores rurais consorciam o milho com outras culturas (feijão, mandioca, arroz, etc.); • O cultivo em consórcio visa: otimizar a força de trabalho, diminuir o risco de insucessos, proteger o solo contra erosão e garantir a diversidade de dieta e renda.
Fundação Demócrito Rocha 19
Lição 5
Tratos culturais e irrigação
O
s tratos culturais e a irrigação do milho devem ser realizados com práticas certas e atualizadas para que se obtenha uma maior produção, pois elas são fundamentais para o sucesso e maior lucratividade das safras de milho. Quantas capinas são necessárias para o cultivo do milho?
Tratos culturais O número de capinas necessárias para o cultivo do milho depende de vários fatores: ■■ Maneira de preparo do solo. ■■ Ocorrência de infestação por ervas daninhas.
Limpa com tração animal
climáticas. ■■ Tamanho da área cultivada e disponibilidade de mão de obra. As limpas podem ser realizadas por processos mecânicos ou químicos. Manuais: realizar 2 a 3 capinas durante 30 a 40 dias após o plantio. Mecânicos: à tração animal.
Limpa manual
Moto-mecanizada: 30 a 35 dias após o plantio, período que não ocasionará danos às raízes.
20
■■ Condições
Formação para o trabalho 2 produtor de milho
Químicos: são usados os herbicidas – produtos químicos de ação específica, sobre algumas espécies e são aplicados em pré-emergência e pós-emergência.
ALGUNS HERBICIDAS UTILIZADOS NA CULTURA DO MILHO Princípio ativo
Nome comercial
Dose de aplicação (kg/ha)
Alachor
Laço CE
5,0 a 7,0
Atrazine + metolachlor
Gesaprim 500 Primextra 500
Simazine
Gesatop 50
3,0 a 8,0
Metolachlor
Dual 500
3,5 a 6,0
Atrazine
Os herbicidas são aplicados com pulverizadores manuais (em peque-
3,0 a 7,0 4,0 a 6,0
Observação Pré-emergente usado para controlar, principalmente, as gramíneas. Pré-emergente com maior atuação sobre os invasores de folha larga. Pré-emergente, controla folhas largas e estreitas. Controla com eficiência folhas largas e estreitas. Caracteriza-se por sua forte ação graminicida.
nas áreas) ou à tração motorizada (em grandes áreas). Como são aplicados os herbicidas?
Pulverizador tratorizado
Quantidade de água a ser aplicada por hectare ■■ Encher
com água o tanque do pulverizador. ■■ Marcar no terreno uma distância de 100 metros e trabalhar com o pulverizador na pressão indicada pelo fabricante. ■■ Parar a pulverização no final dos 100 metros e medir a quantidade de água necessária para reabastecer o tanque (por exemplo, 15 litros). ■■ Medir a largura da área pulverizada, que é igual a distância percorrida (100 metros) multiplicada pela
largura de pulverização (por exemplo, 3,2 metros) ou seja: 100 m x 3,2 m = 320 m² (área pulverizada). ■■ Calcular a quantidade de água da seguinte maneira: se em 320 m² foram gastos 15l de água, em 10.000 m² (1 ha) serão gastos x, portanto: 320 m² ___________ 15 L X= 10.000 m² _________ X
Irrigação: é usada para corrigir a carência de água e pode ser feita através de sulcos ou aspersão.
10.000 x 15 320
= 469 L de água/ha
Logo, 469 L de água será a quantidade a ser misturada com a quantidade de herbicida indicada por hectare.
Fundação Demócrito Rocha 21
Irrigação O milho é uma planta originária da América Central, que, dependendo do clima, exige uma quantidade de água entre 400 e 700 mm, durante
todo o ciclo. É uma planta relativamente tolerante à deficiência de água durante os períodos vegetativo e de maturação. Alcides Freire
Irrigação por aspersão
Reduções de produtividade, no entanto, ocorrem se houver falta de umidade em qualquer uma das fases de seu desenvolvimento. A maior perda de rendimento de grãos sempre ocorrerá quando a deficiência de água for no período de florescimento. A falta de umidade nas semanas após a emergência e dias após poli-
nizadas pode resultar em produção muito baixa ou até mesmo nula. Para uma maior segurança, na prática de irrigação, sugere-se que a água utilizada seja analisada. Para a coleta de amostra, deve-se utilizar frascos de vidros ou plásticos, lavados várias vezes, com água da mesma fonte (açude, rio, poço, lagoa, etc.).
FASES DE DESENVOLVIMENTO DO MILHO
22
Formação para o trabalho 2 produtor de milho
A irrigação é uma técnica que permite colocar à disposição da lavoura de milho uma água de boa qualidade, na quantidade e no momento certo e de modo adequado, a fim de assegurar uma alta produtividade e grãos de boa qualidade. A irrigação é importante porque possibilita: ■■Um melhor planejamento da lavoura, assegurando a produção. ■■Um melhor aproveitamento do potencial produtivo da lavoura. ■■ Racionalização no uso dos insumos e um melhor aproveitamento. ■■ Produzir sementes e de boa qualidade, assegurando um melhor preço.
Planejamento da irrigação A irrigação não deve ser considerada apenas como o fornecimento de água para a lavoura, sem nenhum critério técnico. Quando o produtor pensa em irrigação, ele quer aumentar a produtividade, poupar mão de obra e utilizar melhor a água. Para isso deve planejar o manejo da irrigação de sua lavoura, com base na resposta às seguintes perguntas: quanto, quando e como irrigar? Deve também consultar um técnico, com experiência, para planejar a irrigação de sua lavoura.
Resumo da lição • O número de capinas depende de vários fatores: maneira de preparo do solo, infestação de ervas daninhas, condições climáticas, tamanho da área cultivada e disponibilidade de mão de obra; • As limpas devem ser realizadas por processos mecânicos ou químicos; • Os herbicidas são aplicados com pulverizadores manuais (em pequenas áreas) ou de tração motorizada (em grandes áreas); • O milho é uma planta originária da América Central, que, dependendo do clima, exige uma quantidade de água entre 400 e 700 mm, durante todo o ciclo; • A falta de umidade pode resultar em produção muito baixa ou até mesmo nula; • Para uma maior segurança, na prática de irrigação, sugere-se que a água utilizada seja analisada.
Fundação Demócrito Rocha 23
Lição 6
Pragas e seu controle
A
s pragas são doenças causadas por insetos e podem provocar grandes prejuízos à cultura do milho. A seguir, veremos as principais pragas do milho, as partes afetadas, os sintomas e as medidas de controle.
Praga das raízes Existem diversos agentes que podem provocar danos às raízes do milho. Os principais são:
Percevejo-castanho No Brasil, pouco se conhece sobre o dano provocado por essa praga e a importância de seus inimigos naturais. Os percevejos-castanhos são facilmente reconhecidos, no momento da abertura dos sulcos, pelo cheiro desagradável.
Medidas de controle Controle cultural: rotação de cultura, controle de plantas daninhas e aração após a colheita. Controle químico: preventivo e aplicado no sulco de plantio ou na cova.
Lagarta-elasmo A lagarta-elasmo vem tornando-se uma das principais pragas do milho, no campo. Ocorre com maior frequência em culturas instaladas em solos arenosos e em períodos secos, após as primeiras chuvas. Descrição e biologia: o adulto é uma pequena mariposa, apresentando coloração acinzentada. A postura ou colocação dos ovos é feita no caule ou nas folhas, bem próximo ao solo ou no próprio solo, onde ocorre o aparecimento das lagartas, que, quando completamente desenvolvidas, tem coloração verde-azulada. É fácil conhecer essa lagarta pela rapidez com que reage a um simples toque, sendo por isso chamada de ‘‘elétrica’’. No início, as lagartas se alimentam das folhas, depois descem para o solo, penetram no colo da planta, no nível de solo, e abrem uma galeria por dentro do caule da planta, destruindo seu ponto de crescimento.
Pragas do caule
Quais as principais pragas do milho? Como se reconhece a lagarta-elasmo?
24
Os danos originados pelas pragas que atacam o caule do milho causam graves prejuízos à produção, pois o caule é importante tanto para sustentação das folhas e espigas como para o transporte da seiva até os frutos. A seguir, serão descritos os principais agentes causadores de danos ao caule do milho.
Formação para o trabalho 2 produtor de milho
Inseto adulto da lagarta-elasmo
Como controlar a lagarta-elasmo? Quais os prejuízos causados pela lagarta-elasmo?
Lagarta-elasmo completamente desenvolvida
Detalhe do orifício de penetração da E. lignosellus
Junto ao ponto de penetração, do lado de fora, a lagarta constrói um abrigo com terra e restos vegetais. É dentro desse abrigo que se transforma em adulto. Prejuízos: os maiores prejuízos para a cultura são causados nos primeiros 30 dias de germinação do milho, portanto, esse primeiro mês é importan-
te para se identificar a presença da lagarta-elasmo no campo. Nas plantas novas atacadas, ocorre, primeiramente, a morte das folhas centrais, cujo sintoma é denominado ‘‘coração morto’’. A planta murcha e as folhas secas do centro desprendem-se, facilmente, quando puxadas.
Coração morto é um sintoma de dano provocado pela lagarta-elasmo.
Alcebíades Silva
Coração morto
Medidas de controle Controle cultural: cultivo mínimo e manutenção da cultura livre de plantas daninhas servem para reduzir a população de elasmo no campo. Alta umidade no solo, durante o plantio e por cerca de 30 dias, dificulta o ataque do inseto à cultura. A irrigação é, portanto, uma prática que ajuda a reduzir as infestações da lagarta-elasmo.
Controle químico (preventivo): recomenda-se o carbofuran na base de 1 L para 50 kg de sementes ou 30 kg/ha do granulado, no sulco de plantio ou misturado à semente. Quando se fizer o tratamento de sementes (método mais econômico), deve-se plantá-las, logo após a mistura com o inseticida, para evitar possíveis problemas com a germinação das mesmas.
Fundação Demócrito Rocha 25
Controle biológico: a utilização de um fungo misturado à semente não causa problemas ao meio ambiente e tem enorme efeito para a extinção da praga.
Lagarta-rosca A lagarta-rosca não tem sido problema para a cultura do milho no Brasil. Ocorre mais em áreas de baixadas com umidade de solo favorável à praga. Descrição e biologia: o adulto é uma mariposa. Ela coloca os ovos nas folhas e caule da planta, e as lagartas, após seu aparecimento, vão para o solo, onde ficam protegidas durante o dia. Durante a noite,
elas atacam o caule do milho, no colo da planta ou um pouco abaixo do solo. Quando tocadas, enrolamse rapidamente e assim permanecem paradas por algum tempo. Prejuízos: a lagarta deste inseto alimenta-se do colmo do milho até 50 cm de altura, provocando um corte da planta toda ou parte dela. Quando a lesão é grande, surge o chamado ‘‘coração morto’’ (ocorre a morte da planta); quando a lesão é pequena aparecem manchas semelhantes à ‘‘deficiência mineral’’ ou pode provocar um ‘‘perfilhamento’’ (uma touceira totalmente improdutiva). Alcebíades Silva
Quais os prejuízos causados pela lagarta-rosca?
Touceira improdutiva
As larvas da lagarta-do-cartucho costumam comer uma às outras (canibalismo), por isso é comum encontrar-se apenas uma lagarta desenvolvida por cartucho.
Muitas vezes, o ataque da lagarta-rosca é confundido com o da lagarta-elasmo, mas pode ser distinguido com facilidade: a lagarta-elasmo faz um furo e penetra no caule, ao passo que a lagarta-rosca alimenta-se, externamente, sem penetrar na planta.
Medidas de controle Controle químico: recomenda-se fazer o controle preventivo pelo polvilhamento com carbaril 7,5%, na região do colo da planta.
26
Formação para o trabalho 2 produtor de milho
Pragas das folhas As pragas que atacam as folhas do milho causam grandes danos às plantações em virtude da importância destas em todo processo biológico de desenvolvimento do milho.
Lagarta-do-cartucho A lagarta-do-cartucho, também conhecida por lagarta dos milharais, é considerada uma das principais pragas do milho, podendo ocorrer durante toda a fase de crescimento da cultura.
Porém, o problema maior para o milho acontece quando o ataque se dá em plantas com 40 a 50 dias de idade, ocasionando uma queda na produção, em média de 20%. Descrição e biologia: o inseto adulto é uma mariposa. Ela põe cerca de 150 ovos na parte superior das folhas, que ficam encobertos por pelos. Após três dias, nascem as lagartinhas, que, inicialmente, comem a própria casca do ovo e depois passam a alimentar-se das folhas mais novas do milho. Nessa fase, atacam todas as folhas centrais, destruindo-as completamente. A lagarta desenvolvida apresenta coloração, variando de marrom, verde até quase preta e com um Y invertido na ponta da cabeça.
Nas nossas condições, a fase de larva dura em torno de 15 dias, quando então a lagarta vai para o solo, onde após 10 a 12 dias surge novo inseto adulto. Prejuízos: no início, as lagartas começam a alimentar-se da parte mais verde da planta do milho, provocando ‘‘raspaduras’’ nas folhas mais novas, depois, furos pequenos, que podem formar lesões maiores, chegando a destruir todo o cartucho e causando grandes danos às plantas. Nesse caso, chama a atenção a quantidade de excrementos ainda frescos existentes na planta, indicando a presença da lagarta, que pode ser constatada, abrindo-se as folhas dentro do cartucho.
Banco de dados O POVO
Danos típicos da lagarta-do-cartucho
Mauri Melo
Como a lagarta-do-cartucho ataca?
Observação do cartucho dentro da folha
Fundação Demócrito Rocha 27
Um inseticida químico deve ser selecionado para programas de manejo integrado, levando-se em conta sua segurança para os seres humanos, animais domésticos, inimigos naturais e ao meio ambiente, e devendo ser eficiente no controle da praga.
Como o Doru luteipes combate a lagarta-do-cartucho?
Medidas de controle Controle cultural: se dá através da aração, após a colheita e tem a finalidade de matar o inseto, que se abriga no solo, diretamente por esmagamento, ou indiretamente, por exposição ao calor do sol, suficiente para matar o inseto em 30 minutos. Manter a cultura no limpo, eliminando-se prováveis hospedeiros da praga, também ajuda a diminuir a infestação na cultura principal. Controle químico: diversos inseticidas têm sido indicados contra essa praga, mas deve-se dar preferência aos produtos, que, além de eficientes e econômicos, não têm efeitos sobre os inimigos naturais da lagarta. Alguns inseticidas são mais seletivos aos inimigos naturais do que outros. Por isso, é importante compará-los, para se fazer uma escolha acertada antes da sua aplicação. Por exemplo, para adultos ou larvas de joaninhas, o Dipterex está
entre os menos tóxicos. Outro inseticida, em milho, não prejudicial a um inimigo natural importante, a ‘‘tesourinha’’, é o Decis 25 CE. Mais recentemente, descobriu-se um produto químico para controle da lagarta-docartucho, e que não prejudica os inimigos naturais: o Alystin. Este inseticida proporciona um prolongado período contra as pragas (pelo menos, três semanas após a aplicação), em razão de sua boa estabilidade à luz e alta resistência à lavagem pela água. Controle biológico: diversos inimigos naturais são citados como importantes predadores da população da lagarta-do-cartucho. Tem sido relatada a relevante importância de pássaros e mamíferos na destruição de pragas. Entre os insetos, o predador Doru luteipes, inimigo natural da lagarta-do-cartucho, conhecido como ‘‘tesourinha’’, tem contribuído de maneira substancial para o controle biológico da praga.
Estádios imaturos e adultos de Doru luteipes (tesourinha)
É um inseto de cor marrom, que possui duas pinças na parte traseira, recebendo por isto esse nome. A fêmea adulta desse predador coloca os ovos no interior do cartucho do milho, na região de maior umidade. Tanto as formas jovens, como as adultas, alimentam-se de ovos e lagartas pequenas, elimi-
28
Formação para o trabalho 2 produtor de milho
nando a praga antes que ocorram danos à lavoura de milho. A presença de um casal adulto do predador por planta dispensa o uso de qualquer outra medida de controle, sendo que sua presença é maior nos meses mais quentes. A utilização de vírus, como o Baculovirus, também é uma medida
eficiente, econômica e segura para o controle da lagarta-do-cartucho. Seus resultados no controle dessa praga são tão importantes, como os alcançados com os produtos químicos, com vantagem a mais sobre estes, pois possibilita a atuação de outros inimigos naturais, que, de maneira geral, seriam eliminados pelo uso dos agrotóxicos. O Baculovirus é um agente biológico podendo ser considerado como o de menor risco para o meio ambiente e o ser humano, por isso é o mais promissor agente de controle de pragas. Os vírus contaminam a praga através dos ovos do próprio inseto, de inimigos naturais, contendo o vírus ou, o mais comum, pela via oral (nos alimentos, como folhas e caules das plantas).
Como fazer Para ter sucesso no uso do Baculovirus no controle da lagarta-do-cartucho, deve-se seguir as seguintes recomendações: ■■ Dependendo do nível de infestação, o controle deve ser feito mais cedo. O agricultor deve tomar medidas de controle, quando observar o sintoma de folhas raspadas. ■■ Quanto mais novas forem as lagartas, maior eficiência pode ser esperada do vírus. Por isso, é recomendada a aplicação do Baculovirus em lagartas pequenas. ■■ Os mesmos equipamentos utilizados para a aplicação dos produtos químicos servem para aplicar o vírus. Particularmente, para a lagarta-do-cartucho, recomenda-se usar o bico tipo leque 8004 ou 6504 e fazer a regulagem do equipamento. ■■ O vírus pode ser aplicado via água de irrigação. ■■ De preferência, a pulverização deve ser feita à tarde ou no início da noite.
Recomendações para o manejo da lagarta-do-cartucho em milho O manejo da lagarta-do-cartucho tem-se tornado fundamental, pois, apesar de haver aumento no número de aplicações de inseticidas, o seu ataque continua a causar danos ao milho. Alguns pontos podem ser citados para tentar explicar as causas de controles mal sucedidos. Uniformidade de plantio: a desuniformidade de plantio, devido à declividade ou mal preparo do solo, traz diferenças no espaçamento, acarretando problemas de pulverização, especialmente quando é feita com trator, pois a falta de alimento entre o cartucho da planta e a ponta do bico do pulverizador faz com que o produto caia na entrelinha, não atingindo o alvo e diminuindo a eficiência do inseticida. Às vezes, é necessário repetir a aplicação, aumentando a dose, o que traz prejuízos para o agricultor e para os inimigos naturais, agravando ainda mais a situação. Bicos: a utilização de bicos corretos, principalmente através do bico-leque, aumenta a eficiência de aplicação, diminuindo os problemas ocasionados pela desuniformidade de plantio. O bico tipo leque 8004 ou 6504 é o mais recomendável.
Qual o mais promissor agente no controle da lagarta-do-cartucho? Quando se deve fazer a pulverização? Quais os tipos de bicos usados na aplicação de inseticidas?
Tipos de bico com jatos diferentes: A- cone vazio; B - cone cheio; e C - em leque
Fundação Demócrito Rocha 29
Inseticidas: a tabela a seguir mostra o nome de alguns produtos reco-
mendados para o controle da lagarta-do-cartucho do milho.
INSETICIDA PARA CONTROLE DA LAGARTA-DO-CARTUCHO Princípio ativo
Formulação e concentração
Dosagem por hectare2
Carbaryl
PM50 PM 85
2,3 kg 1,2 kg 1,2 kg
Carbofuran (p/ tratamento de sementes com a lagarta -elasmo)
Período de carência1 (dias) 14 14 14
Nomes comerciais Carvin 50 PM Servin 85 PM Agrivin 850
Furadan 5-G Furadan 350 FMC
SC 35
30 kg 1,0 L
-
CE 44,8 S 50
0,51 1,41
21 7
Lorsban 480 BR Dipterex 50
Diazinon
CE 60
1,01
14
Diazinon 60 CE
Deltamethrin (piretroide)
CE 25
200mL
–
Decis 25 CE
Triflumuron
PM 25
100g
28
Alsytin 250 PM
Chlorpirifos Trichlorfon
PM = pó molhável; G = granulado; CE = concentrado emulsionável; S = solução; SC = suspensão concentrada. 1 Período compreendido entre a aplicação do inseticida e o consumo do produto. 2 Quantidade do produto comercial a ser ministrado em 50 kg de semente.
30
É importante que o produtor e o aplicador fiquem atentos às recomendações contidas no rótulo do produto e aos cuidados durante a pulverização
(uso de máscaras, luva e macacão), direcionando a aplicação do inseticida para o cartucho da planta.
Uso adequado de equipamentos
Não aplique contra o vento. Evite ser atingido pelo produto.
Formação para o trabalho 2 produtor de milho
Deve-se estar atento, também, ao manuseio dos defensivos, tanto no depósito, como no campo. A determinação da vazão do pulverizador é outro ponto importante para se obter bons resultados na aplicação de defensivos agrícolas.
Determinação de vazão (pulverizador costal-manual) O volume da mistura a ser aplicado em uma determinada área é obtido com um pulverizador costal manual, com pressão ao redor de 40 libras, velocidade do operador e uso de bico apropriado (no caso da lagarta-do-cartucho do milho, o bico recomendado é o tipo leque). É necessário, portanto, se conhecer a vazão do pulverizador. Exemplo:
■■ marcar uma distância de, por exem-
plo, 50 metros, em uma das fileiras do milho (no caso do milho plantado no espaçamento de 1 metro entre linhas); ■■ pressão ao redor de 40 libras (em termos práticos, essa pressão é mantida, quando o operador sente que as ‘‘bombadas’’ não são mais realizadas facilmente); ■■ colocar uma quantidade conhecida de água no pulverizador (por exemplo, 5 litros) e fazer uma marca no nível de água; ■■ pulverizar os 50 metros de fileira; ■■ completar o volume de água até a marca. Anotar a quantidade gasta; ■■ fazer os cálculos para 1 hectare.
1 kg____________ 200 L 20 x 1000 g X______________ 20 L X = 200 Cálculo: ■■ área marcada: 50 metros da fileira; ■■ volume inicial de água no pulverizador: 5 litros; ■■ volume
gasto para pulverização: 1 litro. 1 L________________50 m X_________________10.000m X = 200 litros/hectare (vazão)
Se a capacidade do pulverizador fosse 200 litros e a recomendação de 1,0 kg/ha, bastaria colocar o inseticida (1 kg) e completar para 200 litros com água. No caso do pulverizador costal com capacidade para 20 litros, o procedimento seria: colocar 100 g do produto e completar o volume para 20 L A determinação da vazão com uso do pulverizador tratorizado segue as mesmas recomendações feitas para a aplicação de herbicidas.
Pulverizador costal-manual
= 100 g
Cuidados no uso de defensivos ■■ não
guardar sementes, alimentos, rações e fertilizantes nos depósitos de defensivos; ■■ após o manuseio de defensivos lavar bem as mãos; ■■ manter longe do alcance de crianças e animais; ■■ não usar equipamento com vazamento; ■■ não dirigir o jato contra o vento; ■■ utilizar roupa adequada (macacão, luvas, máscara e bota); ■■ após o uso, lavar cuidadosamente todos os equipamentos; ■■ construir um poço seco ou bacia de retenção adequada, cercada, para evitar acesso de crianças e animais domésticos, a fim de coletar a água da lavagem dos equipamentos utilizados na aplicação de defensivos agrícolas.
Fundação Demócrito Rocha 31
Lavagem das mãos com escovação e sabão
Quais os cuidados que devemos ter no uso de defensivos agrícolas?
32
Equipamento apresentando vazamentos nas mangueiras
Poço seco ou bacia de retenção
O produtor precisa levar em conta, também, além do preço, a baixa toxicidade para o homem, animais domésticos e a seletividade para os inimigos naturais mais importantes da praga, como a ‘‘tesourinha’’. Os rótulos de faixa verde (classe IV) são os menos tóxicos e os de faixa vermelha (classe I), os mais tóxicos. Rótulos de cores amarela e azul indicam classe II e III. No controle da lagarta-do-cartucho, o produtor deve ter a preocupação com os inimigos naturais, especialmente com a ‘‘tesourinha’’, predador de ovos e lagartas pequenas da praga. A escolha do inseticida apropriado é fundamental, sendo os mais seletivos (matam a praga, mas não eliminam o predador), o Decis 25 CE e o Alystin, para citar apenas alguns.
No entanto, o agricultor deve estar atento à presença da praga, logo que perceba os sintomas iniciais do ataque, quando as lagartinhas recémnascidas começam a alimentar-se das folhas mais novas da planta, provocando o sintoma conhecido como ‘‘folhas raspadas’’. Nessa ocasião, o agricultor deve escolher cinco pontos da área plantada por hectare e determinar, em cada um, o número de plantas com os sintomas iniciais de ataque (‘‘folhas raspadas’’), em cada 100 plantas amostradas. Para uma produtividade entre 3.000 e 5.000 kg por hectare, a praga deve ser controlada, quando aproximadamente 20% das plantas apresentarem as ‘‘folhas raspadas’’. Quanto maior for a produtividade esperada, mais cedo devem ser iniciadas as medidas de controle. Ainda assim, o agricultor deve observar a presença da ‘‘tesourinha’’ ou outro inimigo natural qualquer, para iniciar o controle, pois tais insetos comem os ovos e larvas pequenas.
Decisão sobre o controle (quando controlar) A planta do milho é mais sensível ao ataque da lagarta-do-cartucho, quando a infestação se inicia entre os 40 e 45 dias de idade.
Formação para o trabalho 2 produtor de milho
Tratamento da semente
Pulgão-do-milho
A ocorrência de praga, logo após a germinação do milho, tem levado o agricultor a antecipar a aplicação de produtos químicos, provocando uma situação de desequilíbrio na natureza, por uma eliminação dos inimigos naturais, que porventura já estejam no local. Por isso, para evitar a utilização de medida química de controle muito cedo e considerando as vantagens da aplicação de inseticidas sistêmicos (atua dentro da seiva da planta), é recomendável o tratamento de sementes. Essa prática é eficiente tanto para as pragas das raízes, a lagarta-elasmo, por exemplo, como para a lagarta-do-cartucho, nas infestações de início de desenvolvimento. O inseticida é colocado junto à semente, na cova de plantio, diminuindo os custos do produto e da mão de obra e dispensando os equipamentos de pulverização, além de atuar no local necessário, sem danos para os insetos benéficos.
Descrição e biologia: o pulgão é um inseto que suga a seiva da planta e vive em colônias sobre uma camada negra (fumagina), provocando o enrolamento das folhas. Pode estar presente no pendão do milho e transmite o vírus do mosaico. Prejuízos: não se tem conhecimento de prejuízo do pulgão ao milho.
Infestação na espiga A lagarta-do-cartucho pode estar presente na espiga, nos casos em que se utilizam plantios de milho irrigado, quando as irrigações vão além do tempo necessário, no plantio do milho muito precoce ou na ocorrência da praga um pouco mais tarde. Controle biológico: como vimos, é um método alternativo ao uso de medidas químicas. Tem por objetivo: 1. Fazer um controle eficiente e econômico da praga, sem provocar danos à natureza e ser humano, através da utilização do vírus (Baculovirus);
2. Preservar os inimigos naturais, que vivem exclusivamente de ovos ou que se alimentam da praga.
A aplicação de inseticidas sistêmicos é eficiente somente para as pragas das raízes? Qual o objetivo do controle biológico? Onde ocorre a lagarta-da-espiga?
Praga das espigas As pragas das espigas prejudicam a produção de milho, impedindo a fertilização e destruindo os grãos.
Lagarta-da-espiga Ocorrência: a lagarta-da-espiga ocorre em qualquer lavoura de milho e, muitas vezes, confunde-se com a lagarta-do-cartucho. Não chega a ser problema para a cultura do milho, a não ser no caso de exploração de milho-verde. Descrição e biologia: o inseto adulto é uma mariposa, que põe os ovos nos ‘‘cabelos’’ das espigas. Após três dias, nascem as lagartinhas, que se alimentam, dos ‘‘cabelos’’, da palha até atingir os grãos leitosos. Normalmente, ocorre apenas uma lagarta em cada espiga infestada (canibalismo), via de regra, na ponta da mesma.
A lagarta-da-espiga abre caminho para o ataque de outras pragas da espiga, como o gorgulho e a traça.
João Guimarães
Danos provocados na espiga pela lagarta-da-espiga
Fundação Demócrito Rocha 33
Coleóptero: inseto da ordem dos artrópodes. Os adultos, juntamente com as larvas, constituem sérias pragas dos vegetais.
Quais as medidas de controle da lagarta-da-espiga?
Xilófago: diz-se do inseto que rói madeira e dela se nutre.
Prejuízos: a lagarta-da-espiga prejudica o milho de várias formas: ■■ atacando os ‘‘cabelos’’, impede a fertilização da espiga e, em consequência, surgirão falhas nestas; ■■ alimentando-se dos grãos leitosos, destrói os mesmos; ■■ o furo de saída da lagarta facilita o aparecimento de doenças e apodrecimento de grãos.
Medidas de controle Controle químico: em razão das dificuldades para se fazer um tratamento químico em uma lavoura de milho já formada, não se recomenda o controle desta praga com inseticidas. Controle mecânico: para a lavoura destinada à exploração de milho verde, deve-se adotar o controle mecânico, ou seja, eliminação da ponta da espiga com um facão, por exemplo, onde geralmente a praga está localizada, por ocasião da comercialização.
Pragas dos grãos armazenados Existem pragas que atacam os grãos de milho quando eles não são acondicionados de forma correta. A seguir veremos as pragas que afetam o milho no armazenamento.
Gorgulho
34
Formação para o trabalho 2 produtor de milho
Gorgulho e traça O gorgulho é um besouro e a traça é uma mariposa, que atacam o milho no campo e no depósito. O gorgulho ou curcúlio tem causado danos expressivos aos grãos de milho durante o armazenamento. No Brasil, estudos estimam perdas de 20 a 30% da safra. A importância atribuída ao gorgulho (Callosobruchus maculatus), enquanto praga dos grãos do milho (Zea mayl L.) deve-se a múltiplos aspectos. A infestação, em certos casos, inicia-se nas espigas, ainda no campo. O inseto é prejudicial pois causa perda de peso e diminui o poder germinativo das sementes, redução do valor nutritivo, e facilita a infecção por fungos (Santos & Vieira 1971); mas o dano maior é a alteração qualitativa do produto. O caruncho (gorgulho) é um inseto da classe dos insectas, ordem coleóptera, que são besouros de tamanho variável (de 1 até 50 mm), que perfuram cereais. A maioria são xilófagos e muito prejudiciais à comercialização do milho, pois a simples presença de ovos ou de insetos adultos, e até mesmo o odor característico que estes exalam, acarretam forte efeito restritivo sobre o consumo, com consequente desvalorização comercial. Logo, o gorgulho inibe o armazenamento, sendo necessário buscar meios eficazes de controle dessa praga.
Traça do milho
Dentre os controles de pragas do milho armazenado, um dos mais eficazes é o uso de silos metálicos herméticos, que, no entanto, envolvem custos elevados e dificultam o manuseio de grandes estoques. Já o controle químico tem sido muito utilizado, embora de forma inadequada, em virtude de fazer-se a aplicação do inseticida direto nos grãos de milho sem o devido conhecimento de suas técnicas de aplicação e os efeitos residuais que a droga pode causar ao homem e animais. Isso pode ocasionar, às vezes, o controle insatisfatório das pragas, incidência de resíduos tóxicos, além de contribuir para a poluição ambiental, contaminando a água e o solo com a consequente contaminação de futuras plantações, peixes e animais aquáticos.
Prejuízos: são devidos à perda de peso e qualidade do grão, diminuição do valor comercial e do poder germinativo de sementes. Controle químico: as medidas adotadas contra o gorgulho servem, também, para a traça. O expurgo deve ser feito com a fosfina (Phostoxin), de grande poder inseticida, porque elimina todos os insetos existentes no milho, desde ovo até adulto. O produto comercial é vendido em comprimidos de 0,6 g e de pastilhas com 3,0 g. Recomendação: para exposição de 48 horas, colocar um comprimido para 6 sacos de 60 kg ou uma pastilha para 30 sacos de 60 kg. No caso de grãos armazenados a granel, em silos, ou espigas, em paióis: cinco comprimidos ou uma pastilha por tonelada de milho.
Como deve ser realizado o controle do gorgulho?
Resumo da lição • O percevejo-castanho que ataca as raízes é facilmente reconhecido, no momento da abertura dos sulcos (regos), pelo cheiro desagradável; • A lagarta-elasmo que ataca o caule, ocorre com maior frequência em culturas instaladas em solos arenosos e em períodos secos, após as primeiras chuvas; • A lagarta-do-cartucho, que ataca as folhas, causa maiores problemas, principalmente, quando presentes em plantas com 40 a 50 dias de idade, ocasionando uma queda na produção, em média de 20%; • É necessário ter-se muito cuidado ao manejar defensivos; • O pulgão-do-milho é um inseto que suga a seiva da planta; • A lagarta-da-espiga, quando adulta é uma mariposa, que põe os ovos nos ‘‘cabelos’’ das espigas; • Gorgulho é um besouro e traça é uma mariposa, que atacam o milho no campo e no depósito.
Fundação Demócrito Rocha 35
Lição 7
Doenças e seu controle Diplodia, fusarium, macrophomina são fungos causadores da podridão do colmo.
D
oença é a denominação geral usada para qualquer desvio da normalidade em plantas e animais. A seguir serão descritas as principais doenças do milho.
Podridão do colmo por Diplodia
Podridão do colmo por Fusarium
36
Formação para o trabalho 2 produtor de milho
Podridões do colmo Os fungos atacam os tecidos da medula, desintegrando-os, podendo ou não ocorrer o tombamento das plantas. Espigas de plantas tombadas, geralmente, não são colhidas ou apodrecem em contato com o solo, o que determina uma redução na produção.
Podridão do caule por Phytium
A helmintosporiose é uma doença que ataca a folha do milho. De ocorrência generalizada, pode atingir caráter epidêmico em alguns casos. Quando os sintomas da doença aparecem antes do pendoamento do milho, os prejuízos podem ser elevados.
Ferrugem do milho Doença quase sempre presente em todas as regiões onde o milho é cultivado. Ocorre, com frequência, no final do ciclo da planta, podendo, contudo, ocorrer nos primeiros estádios de crescimento da mesma. É facilmente reconhecida pelas pústulas pulverulentas, de cor marrom que normalmente se formam na face inferior das folhas.
Carvão comum do milho Doença bastante comum e de fácil identificação, ocorre, normalmente, em plantas isoladas ou em cultura,
sob condições de ‘‘stress’’. A infecção da espiga resulta na substituição das sementes por estruturas de fungos, que não apresentam toxidez para os animais.
O que é ferrugem do milho?
Enfezamento do milho O enfezamento pálido ou amarelo (espiroplasma) se caracteriza pelo aparecimento de estrias amareladas, ao longo das nervuras. No enfezamento vermelho (microplasma), estas estrias são de cor avermelhada, podendo, em alguns casos, ser substituídas por uma cor avermelhada uniforme do limbo foliar. Quando a infecção ocorre nos primeiros estádios de desenvolvimento da planta, há redução de seu tamanho, com o encurtamento dos entrenós superiores e consequente esterilidade. Os patógenos são transmitidos por cigarrinhas.
Fundação Demócrito Rocha 37
Levi Fonseca
O que é enfezamento do milho?
Enfezamento do milho
Podridão da espiga As podridões reduzem a produção, qualidade e valor nutritivo dos grãos. Causam perdas consideráveis em
Podridão da espiga por fusarium
38
Formação para o trabalho 2 produtor de milho
áreas úmidas, especialmente, quando ocorre excesso de chuvas.
Medidas gerais de controle: dentre as várias medidas de controle das doenças do milho, a mais aconselha-
da é a utilização de cultivares resistentes, em face de sua eficiência e economicidade.
Em caso de áreas altamente infestadas por pragas e doenças, é recomendada a rotação de culturas, notadamente com gramíneas ou deixar a área sem cultivo por, no mínimo, 12 meses.
Quais são as doenças que atacam as plantações de milho?
Podridão da espiga por diplodia maydis
Resumo da lição • As principais doenças do milho são: podridões do colmo, helmintosporiose, ferrugem do milho, carvão comum do milho, enfezamento do milho, podridão da espiga; • Para o controle dessas doenças, a medida mais aconselhada é a utilização de cultivares resistentes, em face de sua eficiência e economicidade.
Fundação Demócrito Rocha 39
Referências BULL, L. T. Nutrição mineral do milho. In: BULL, L.T.; CANTARELLA, H. Cultura do milho: fatores que afetam a produtividade. Piracicaba, SP: Potafos, 1993. p. 63-129. CRUZ, I. A lagarta-de-cartucho na cultura do milho. Sete Lagoas: EMBRAPA/ CNPMS, 1995. 45p. (Circular técnica, 21). CRUZ, I.; SANTOS, P. P.; WAQUIL, J. M. Controle químico da lagarta do cartucho em milho. Pesquisa Agropecuária Brasileira. Brasília, v. 17, n. 5, p. 677-681, 1982. CRUZ, I.; SANTOS, P. P.; SANTOS, J. P.; VIANA, P. A.; SALGADO, L. O. Pragas da cultura do milho em condições de campo: método de controle e manuseio de defensivos. Sete Lagoas, MG: EMBRAPA/CNPMS, 1987. 75p. (Circular Técnica, 10). DE LEÓN, C. Moléstias do milho: guia para sua identificação no campo. 2. ed. Campinas, SP: Fundação Cargill, 1994. 119 p. EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Milho e Sorgo, Sete Lagoas. Recomendações técnicas para a cultura do milho. Sete Lagoas, MG: EMBRAPA/CNPMS, 1982. 53p. (Circular Técnica, 6). FRANCELLI, A. L.; DOURADO NETO, D. Cultura do milho: aspectos fisiológicos e manejo da água. Informações Agronômicas, Piracicaba, n. 73, p. 1-4, 1996. MALAVOLTA, E.; DANTAS, J. P. Nutrição e adubação do milho. In: PATERNIANI, E.; VIÉGAS, G.P. Melhoramento e produção do milho. Campinas, SP: Fundação Cargill, 1987. p. 541-585. UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ. Recomendações de adubação e calagem para o Estado do Ceará.-Fortaleza: CCA/UFC, 1993. 248p. VIÉGAS, G. P.; PEETEN, H. Sistemas de produção. In: PATERNIANI, E.; VIÉGAS, G.P. Melhoramento e produção do milho. Campinas, SP: Fundação Cargill, 1987. p. 453-529.
Os estudiosos da economia estão de acordo que a educação é o motor do desenvolvimento e qualificar a população que possui baixa escolaridade é o grande desafio dos gestores do século XXI. REALIZAÇÃO
APOIO