Produtor de Mamona

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produtor de

mamona

Alexandre Vieira Neto


Copyright © 2003 by Alexandre Vieira Neto

Fundação Demócrito Rocha (FDR)

Instituto Centro de Ensino Tecnológico (CENTEC)

Presidente João Dummar Neto

Diretor Presidente Francisco Férrer Bezerra

Diretor Geral Marcos Tardin

Diretoria de Extensão Tecnológica e Inovação Afonso Odério Nogueira Lima

Edições Demócrito Rocha (EDR)

Diretoria de Ensino, Pesquisa e Pós-Graduação Afonso Odério Nogueira Lima

(Marca registrada da Fundação Demócrito Rocha)

Diretoria Administrativo-Financeira

Editora Executiva Regina Ribeiro

Antônio Elder Sampaio Nunes

Editor Adjunto Raymundo Netto

Convênio institucional entre Fundação Demócrito Rocha e Instituto CENTEC Secretaria da Ciência e Tecnologia e Educação Superior do Ceará - Secitece

Gerente de Produção Sérgio Falcão Editor de Design Amaurício Cortez Coordenação Editorial Eloísa Maia Vidal Revisão Textual Miguel Leocádio Araújo Capa Welton Travassos Editoração Eletrônica Cristiane Frota Fotos Banco de Dados O POVO Catalogação na Fonte Kelly Pereira

Vieira Neto, Alexandre V673p Produtor de mamona /Alexandre Vieira Neto. Fortaleza: Fundação Demócrito Rocha; Instituto Centro de Ensino Tecnológico - CENTEC, 2014. 40 p.: il. color. - (Coleção Formação para o Trabalho 2)

Todos os direitos desta edição reservados a:

ISBN 978-85-7529-643-1

1. Mamonas - Produção. I. Título. CDU 582.757

Fundação Demócrito Rocha Av. Aguanambi, 282/A - Joaquim Távora, Fortaleza-Ceará - CEP 60.055-402 Tel.: (85) 3255.6037 - 3255.6148 Fax: (85) 3255.6271 www.fdr.com.br


Sumário Apresentação..........................................4

Lição 7

Lição 1

Plantio de mamona...............................22

O Programa Brasileiro do Biodiesel.......5

Lição 8

Lição 2

Tratos culturais.....................................25

O Biodiesel.............................................8

Lição 9

Lição 3

Pragas que atacam a mamoneira........27

A cultura da mamona............................12

Lição 10

Lição 4

Doenças que atacam a mamoneira.....29

Clima e solo..........................................15

Lição 11

Lição 5

Consorciação........................................33

O preparo do solo.................................17

Lição 12

Lição 6

Colheita, beneficiamento e poda..........36

Correção e adubação do solo..............19

Referências...........................................39


Este projeto conta com a parceria do Instituto Centro de Ensino Tecnológico - CENTEC, que por meio de convênio interinstitucional com a Fundação Demócrito Rocha, assegura a elaboração dos textos visando trabalhar com a formação profissional básica para a população cearense. Este manual tem como objetivo disponibilizar material de baixo custo e alta qualidade técnica, editorial e pedagógica criando condições para que cidadãos tenham acesso a educação para o trabalho, com vistas à inclusão social, criando um ambiente propício para geração de emprego e renda.

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Apresentação A

mamoneira é muito conhecida no Brasil podendo ser encontrada desde a Amazônia até o Rio Grande do Sul. Mas é na região Nordeste que ela é mais popular. Sua resistência à seca e sua sensibilidade ao encharcamento do solo encontram, nessa região, condições propícias para o pleno desenvolvimento. Seu principal produto, o óleo de rícino, extraído das sementes, outrora empregado como purgativo, recentemente passou a ser utilizado na indústria como lubrificante de grande eficácia em motores de elevada rotação e agora vem sendo empregado como matéria-prima para a produção do Biodiesel. O acelerado crescimento da poluição ambiental, responsável direta pelo efeito estufa, tem exigido a busca urgente de alternativas para a substituição gradativa de energias poluentes por fontes renováveis, provenientes de biomassa. E, nessa batalha, o Brasil

Formação para o trabalho 2 produtor de mamona

apresenta amplas condições para, em alguns anos, torna-se um produtor de mamona à altura da China e da Índia, que dominam atualmente a produção mundial com 21% e 61%, respectivamente (dados de 2004). Nessa perspectiva, a intensiva participação da agricultura familiar, que representa 85,2% dos estabelecimentos rurais do País, sendo 49,6% situados na região Nordeste, constitui um dos pilares que formam o tripé do Programa Nacional de Produção e uso do Biodiesel. A Fundação Demócrito Rocha (FDR), compromissada com as políticas de inclusão social, edita e divulga mais este manual que, mediante informações de fácil compreensão, levam ao produtor rural, especialmente o agricultor familiar, as técnicas de produção da mamona em escala comercial, necessárias ao aumento da produtividade, à melhoria da qualidade do produto e à geração de emprego e renda.


Lição 1

O Programa Brasileiro do Biodiesel

O

Programa Nacional de Produção e uso do Biodiesel (PNPB), lançado em 6 de dezembro de 2004, tem como principal estratégia elevar o nível de capacitação tecnológica da população rural do País, possibilitando com isso um incremento nas atividades agrícolas; e, subsequentemente, investindo em toda a cadeia produtiva do biodiesel, especialmente no Nordeste, região que apresenta as melhores condições climáticas para o cultivo da mamona.

Aspectos econômicos do Programa Esse Programa, além de criar alternativas de emprego e renda em áreas geográficas menos atraentes para outras atividades econômicas, permite a economia de divisas, uma vez que o óleo diesel produzido pela Petrobras é insuficiente para atender a demanda interna por esse produto. Segundo dados do Balanço Energético Brasileiro 2000, do Ministério das Minas e Energia, do total do óleo diesel consumido no País em 1999

(37,5 bilhões de litros), 28,30% (5,3 bilhões de litros) foram importados, representando uma evasão de divisas da ordem de 1,5 bilhão de dólares. Em 2008, as importações ainda representam cerca de 15% do diesel consumido no País. A médio prazo, o biodiesel deve tornar-se importante fonte de divisas para o País, somando-se ao álcool, como fonte de energia renovável, que o Brasil pode e deve oferecer à comunidade mundial. A economia é um sistema complexo que visa à organização da produção de bens e serviços e sua distribuição entre os povos. Como tal, ela está ligada ao sistema natural (atmosfera, geosfera, hidrosfera e biosfera) e o sistema social (governo, costumes, tradições, obrigações, organizações, jornais, livros, revistas, cadernos, redes de emissoras que dirigem comunicações e canais de interação entre povos). Não existem limites claros definindo o que é do que não é parte de um sistema econômico. Mesmo o que dele não participa de forma direta está ligado a ele indiretamente.

Organização da produção de bens e serviços

O Brasil já produz um bilhão de litros de biodiesel e conta com 49 usinas autorizadas a produzir esse combustível. Qual Região do Brasil apresenta as melhores condições climáticas para o cultivo da mamona?

Biodiesel, uma importante economia de divisas com a substituição do petrodiesel importado

Mesmo sendo autossuficiente em petróleo, o Brasil precisa importar diesel, pois o óleo extraído da costa brasileira é do tipo pesado, inadequado para a fabricação do diesel. Segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), cerca de 100 mil agricultores familiares estão inscritos atualmente no Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB), produzindo as matérias-primas: mamona, dendê, girassol, etc.

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Miniusina de Biodiesel

O Programa do Biodiesel visa promover, no País, a inclusão social e a geração de emprego e renda. Na Alemanha, o biodiesel foi viabilizado pela total isenção de impostos em toda a cadeia de produção. CIDE: Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico PIS/PASEP: Fundo PIS-PASEP é resultante da unificação dos fundos constituídos com recursos do Programa de Integração Social (PIS) e do Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP). COFINS: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social.

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Uma economia inclui setores de produção que extraem ou captam recursos naturais e os combinam com o capital e trabalho, em processos que utilizam conhecimento e tecnologia (os frutos do investimento em facilidades produtivas para o próprio povo) para produzir bens e serviços. Pode-se perceber imediatamente que os processos de produção estão sujeitos aos recursos naturais disponíveis – capital, trabalho e tecnologia. Além disso, eles estão sujeitos a inexoráveis leis, a primeira das quais é que: matéria e energia, nem uma nem outra é criada ou destruída. Assim, produção é um processo não de criação, mas de conversão. A produção útil transforma matéria e energia em outras formas de matéria e energia, algumas das quais são resíduos. Essa mudança, sempre que possível, deverá ocorrer dentro das formas que mais satisfazem às demandas humanas. As formas de matéria e energia que mais reduzem do que aumentam a satisfação devem ser evitadas tanto quanto possível. Setores de consumo também são incluídos. Pessoas, agindo individualmente e, às vezes, coletivamente, combinam os insumos do setor de produção (e, algumas vezes, diretamente os recursos naturais) com seu tempo, em processos que podem usar procedimentos aprendidos (consumo de tecnologia), para obter sustento e satisfações. Então economia inclui os setores de produção e de consumo, sendo este suprido por aquele, de tal forma que o sustento e as satisfações, através do consumo, devem ser coordenados com os processos de produção.

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Modelo Tributário do Programa Em consonância com o objetivo de promover a inclusão social, o Programa, através da Lei Nº 11.116, de 18 de maio de 2005, definiu o modelo tributário federal aplicável ao biodiesel, concedendo, por região, tipo de produtor e matéria-prima oleaginosa, isenção ou redução de tributos federais (CIDE, PIS/PASEP e COFINS), incidentes sobre os combustíveis, aos produtores de biodiesel que apoiarem a agricultura familiar. Assim, os produtores de biodiesel que adquirirem matérias-primas de agricultores familiares, qualquer que seja a região brasileira, poderão ter redução de até 68% nos tributos federais. Se essas aquisições forem feitas de produtores familiares (de mamona, no Nordeste e no semiárido; e, de dendê, na região Norte), a redução poderá chegar a 100%. Mas se a matéria-prima for mamona ou dendê das regiões Nordeste e Norte, se a agricultura não for familiar, a redução máxima será de 31%. Com essa prioridade atribuída ao pequeno produtor rural, o Programa procura impedir que se repita, nas regiões produtoras das matérias-primas do biodiesel, o que ocorreu com o bem-sucedido Proálcool: elevada concentração de terras, com a substituição da agricultura familiar pela monocultura, gerando um contingente de mais de 1.000.000 de trabalhadores informais, ocupados somente nas safras e submetidos a condições de insalubridade e injustiça social.

Linhas de Crédito do Programa O Governo Federal criou linhas de crédito específicas, com encargos financeiros reduzidos e prazos maiores, de carência e de amortização,


para o financiamento de toda a cadeia produtiva do biodiesel, abrangendo investimentos em equipamentos e plantas industriais e financiamentos ao cultivo de matérias-primas para produção de biodiesel.

Esses financiamentos são concedidos por bancos oficiais, com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) e de outras fontes.

No Brasil, toda a cadeia produtiva do biodiesel é assistida por financiamentos especiais, com recursos assegurados pelo Governo Federal.

Resumo da lição • O Programa Nacional de Produção e uso do Biodiesel (PNPB) tem como principal estratégia elevar o nível de capacitação tecnológica da população rural e investir em toda a cadeia produtiva do biodiesel, especialmente no Nordeste, região que apresenta as melhores condições climáticas para o seu cultivo; • O Programa brasileiro do biodiesel, gerador de emprego e renda, é um instrumento que, mediante a redução das importações de biodiesel, diminui, significativamente, a saída de divisas; • Economia é um sistema complexo que visa à organização da produção de bens e serviços e sua distribuição entre os povos; • Uma economia inclui setores de produção que extraem ou captam recursos naturais e os combinam com o capital; • Com vistas a promover a inclusão social, o modelo tributário pertinente ao Programa brasileiro do biodiesel, mediante incentivos fiscais, privilegia a agricultura familiar; • O Governo criou linhas de crédito específicas para toda a cadeia produtiva do biodiesel, com prazos e encargos financeiros especiais.

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Lição 2 O Biodiesel O Biodiesel é produzido pela reação do óleo com um álcool de cadeia curta: metanol ou etanol.

Na batalha contra a poluição ambiental, a atenção de todo o mundo está voltada para o biodiesel, visto como uma das grandes alternativas.

Na Alemanha e na Áustria já se emprega o biodiesel puro. Nos demais países da União Europeia, ele é misturado ao diesel na proporção de 5% a 20%. Qual o tipo de óleo utilizado no primeiro motor a diesel?

Caracterização do Biodiesel O Biodiesel é um combustível biodegradável derivado de fontes renováveis (óleos vegetais in natura e usados, e gorduras animais), produzido pela reação do óleo com um álcool de cadeia curta (metanol ou etanol). A transformação da matéria -prima em biodiesel ocorre sem perdas significativas: em princípio, cada 100 kg de óleo e 10 kg de álcool produzirá 100 kg de biodiesel e 10 kg de glicerina bruta. O Biodiesel é um combustível que pode ser utilizado puro ou misturado em qualquer proporção com o diesel fóssil. É de queima mais limpa que o diesel fóssil, podendo substituí-lo com uma série de vantagens técnicas: prolonga a vida do motor; reduz a necessidade de manutenção (o biodiesel tem melhor lubricidade que o diesel fóssil); é menos tóxico: reduz em 90% a emissão de fumaça; em cerca de 78% as emissões de gás carbônico; e praticamente elimina as emissões de óxido de enxofre. A concentração do biodiesel na mistura com o diesel fóssil obedece, mundialmente, a uma nomenclatura bastante apropriada de identificação. É o biodiesel BXX, onde XX é a percentagem em volume de biodiesel na mistura. A Alemanha, por exemplo, já emprega há quase 10 anos o B100, o biodiesel puro; a França, a Itália e a Suécia, o B5; e o Brasil emprega o B20 no Estado do Paraná, desde 1983. Pela Lei Nº 11.097, de 13 de janeiro de 2005, que define o biodiesel como novo combustível na

Motor ciclodiesel

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Formação para o trabalho 2 produtor de mamona

matriz energética brasileira, a partir de janeiro de 2008 tornou-se obrigatória, em todo o território nacional, a mistura B2. Em janeiro de 2013, essa obrigatoriedade passou a ser de 5% (B5), havendo possibilidade de empregarem-se percentuais de mistura mais elevados e até mesmo do uso do biodiesel puro (B100), mediante autorização da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Os estímulos econômicos e fiscais à produção de biodiesel no Brasil são uma decorrência natural da própria evolução desse mercado e da conquista de mercados externos, cabendo às políticas públicas proporcionar condições para que ele funcione de modo eficiente e atenda aos objetivos de promover a inclusão social e o desenvolvimento das regiões mais carentes, com sustentabilidade.

História do Biodiesel Há 108 anos, na Exposição de Paris de 1900, Rudolf Christian Carl Diesel (1858-1913), engenheiro francês de origem alemã, utilizou óleo produzido a partir do amendoim como combustível no motor ciclodiesel automotivo de sua invenção e fabricação, desenvolvido em 1895. Até a década de 1920, somente os óleos vegetais eram usados nos motores a diesel. Foi necessário fazer uma alteração nos motores para possibilitar o uso de um resíduo do petróleo, que atualmente é conhecido como petrodiesel ou, simplesmente, diesel.


Rudolf Diesel não foi o único a acreditar que os combustíveis de biomassa teriam importância fundamental para a indústria do transporte. Henry Ford (1863-1947) também apostou no biodiesel, desenhando veículos para usar etanol, o primeiro dos quais foi o Modelo T, de 1908. Convencido de que os combustíveis renováveis seriam a chave para o sucesso dos seus automóveis, construiu uma fábrica para a produção do etanol e estabeleceu parceria com a Standard Oil para vendê-lo nos postos de distribuição daquela empresa. Com o crescimento da indústria do petróleo é que a Standard Oil dedicou-se aos combustíveis fósseis. Assim mesmo, até a década de 1930, Ford insistiu em promover o uso do etanol. Mas, em 1940, por força dos baixos preços do petróleo, a sua usina teve de ser fechada. O uso do combustível vegetal tornou-se então proibitivo. Somente em decorrência dos dois grandes choques do petróleo (o primeiro em 1973), cujo preço sofreu altas significativas, é que voltou a manifestar-se o interesse mundial por combustíveis substitutos do óleo diesel mineral. E, mais recentemente, a necessidade de reduzir a poluição ambiental, responsável pelo aquecimento global, tem dado outro impulso importante nesse sentido. A Alemanha, seguida da Itália (14%) e da França (13%), é hoje responsável por cerca de 44% do biodiesel produzido pela União Europeia e já conta com centenas de postos que vendem o biodiesel puro (B100), com plena garantia dos fabricantes de veículos. O total produzido na Europa ultrapassa 1 bilhão de litros anuais e tem crescido a taxas em torno de 30% ao ano. A tendência é a continuação desse crescimento, representando um mercado potencial importantíssimo para os produtores de biodiesel. Foi de autoria do professor Expedito José Parente a primeira

patente brasileira (PI 8007957 – registrada em 1977) do processo de transesterificação para a obtenção do biodiesel, baseada em estudos, pesquisas e testes desenvolvidos na Universidade Federal do Ceará (UFC), nos anos 1970/80. Em razão dos altos custos de produção do biodiesel em comparação com o diesel fóssil, essa patente acabou expirando, sem que o País tivesse adotado o biodiesel. A Áustria e a França aderiram à ideia e, já em 1988, deram início à produção de biodiesel segundo o modelo proposto pelos pesquisadores brasileiros. Assim, desde a segunda metade do século XX – atrelado à busca de fontes alternativas de energia, como estratégia para diminuir a ação do homem sobre o aumento do efeito estufa –, vem-se desenvolvendo, gradativamente, no Brasil, o interesse em avaliar a viabilidade técnica da produção de biocombustíveis e em investir em toda a cadeia produtiva do biodiesel em escala industrial. O esforço despendido nessa direção resultou na estruturação do Programa Nacional de Produção e uso de Biodiesel (PNPB). Em novembro de 2003, na Fazenda Normal, localizada em Quixeramobim (CE), pertencente ao Governo do Estado do Ceará e administrada pela Ematerce, teve início a execução de um projeto de produção de energia elétrica a partir de biodiesel de mamona, desde a produção da matéria-prima, passando pela industrialização do biocombustível, até a produção de energia elétrica em grupos-geradores, programa cuja viabilidade técnica e econômica tem sido plenamente comprovada. Hoje, em face dos bons resultados econômicos e ecológicos alcançados pelo Proálcool, o Brasil, País com amplo potencial no campo da energia limpa (solar e eólica e da

Standard Oil CO. Distribuição de biodiesel

Ford modelo T, de 1908

A poluição ambiental vem ameaçando a vida no Planeta.

Qual o combustível vegetal utilizado por Henry Ford nos veículos de sua fabricação? Hoje, mais de 40 países produzem o etanol, cuja produção mundial já atinge 50 bilhões de litros. A mamona é um produto de baixo valor agregado. Por isso, sua viabilidade econômica depende significativamente do controle e redução de custos e do aumento da produtividade.

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Francisco Fontenele /O POVO

biomassa), desfruta de posição destacada no cenário mundial de biocombustíveis. E, o que é mais importante, dispõe de conhecimento tecnológico suficiente para produzir o biodiesel em escala comercial.

Matérias-primas do Biodiesel

Produção de biodiesel em escala comercial

Em 2006, a produção mundial de biodiesel foi de 10 milhões de litros; em 2007, chegou a 16,7 milhões de litros, com um incremento de 40%. Na Europa, usa-se predominantemente a colza para a produção de biodiesel.

Na Europa, a matéria-prima utilizada é quase que exclusivamente a colza (planta anual ou bianual, da família das crucíferas, resultante do cruzamento da couve e do nabo), embora se fabrique biodiesel também com óleos residuais de fritura e resíduos gordurosos. No Brasil, a situação é bem mais favorável, pois registram-se dezenas de espécies vegetais das quais se pode produzir o biodiesel: mamona, dendê (palma), girassol, babaçu, amendoim, pinhão manso e soja, dentre outras. O melhor desenvolvimento de cada uma dessas culturas varia em conformidade com as con-

dições de solo, clima, altitude, etc. No Nordeste, por exemplo, a principal matéria-prima é a mamona, oleaginosa bem adaptada às condições climáticas do semiárido. De acordo com o Ministério das Minas e Energia (MME), a perspectiva é de que 50% da produção de biodiesel no Brasil seja de óleo de mamona. Ainda em conformidade com a importância atribuída pelo Programa à agricultura familiar, o Governo Federal, em conjunto com prefeituras e entidades da sociedade civil organizada, tem incentivado a organização dos pequenos produtores rurais em associações ou cooperativas de produtores, visando a conferir economia de escala à produção de matérias-primas. O Brasil, nas décadas de 1960 a 1980, deteve o título de maior produtor mundial de mamona. Hoje encontra-se atrás da Índia e da China, como mostram a tabela 1 e o gráfico 1.

TABELA 1 - EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO DE MAMONA NO PERÍODO 2000 - 2004 Índia China Brasil Outros Mundo

2000 Valor % 882.800 65% 300.000 22% 100.732 7% 76.567 6% 1.360.099 100%

2001 Valor % 652.700 60% 260.000 24% 99.941 9% 78.825 7% 1.091.466 100%

2002 Valor 428.000 265.000 170.897 74.804 938.701

% 46% 28% 18% 8% 100%

2003 Valor % 804.000 66% 258.000 21% 77.970 6% 82.950 7% 1.222.920 100%

2004 Valor 804.000 275.000 149.099 83.580 1.300.679

Produção Mundial de Mamona em Toneladas. Fonte: FAOSTAT (2004) – Food and Agriculture Organization (FAO) – http://www.fao.org.

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GRÁFICO 1: PRODUÇÃO DE MUNDIAL DE MAMONA NO PERÍODO 2000 - 2004

Resumo da lição • O biodiesel é um combustível biodegradável derivado de fontes renováveis, de queima mais limpa que o diesel fóssil, e que pode ser utilizado puro ou misturado com este; • A princípio, 100 litros de óleo de mamona produzem 100 litros de biodiesel; • A mistura B2 é obrigatória no Brasil e significa 2% de biodiesel na mistura com o diesel fóssil;

O Nordeste tem uma área de 1,5 milhão de km2 (18% do território nacional), 75% dos quais são classificados como semiáridos e áridos (EMBRAPA, 1993). Atualmente, a Bahia é responsável por mais de 80% da mamona produzida no Brasil. São mais de 100.000 hectares plantados.

• Somente a partir da década de 1920, começou-se a utilizar o diesel produzido a partir do petróleo; • As crises do petróleo e o aumento da poluição ambiental têm incentivado as pesquisas para a produção intensiva do biodiesel; • A produção anual de biodiesel na Europa ultrapassa 1 bilhão de litros, sendo que cerca de 50% é produzido pela Alemanha; • Na União Europeia, a colza é a matéria-prima quase que exclusiva utilizada para a fabricação do biodiesel; no Brasil a principal matéria-prima deverá ser a mamona; • O Brasil dispõe de conhecimento tecnológico suficiente para produzir o biodiesel em escala comercial.

Fundação Demócrito Rocha 11


Lição 3

A cultura da mamona A mamoneira é uma planta heliófila, ou seja, deve ser plantada exposta diretamente ao sol; não tolera sombreamento. Tem grande tolerância ao estresse hídrico, mas é exigente quanto à fertilidade do solo. A mamona é a cultura mais rentável para o sequeiro.

Agnon Furtado Vieira

O crescimento espontâneo da mamoneira em terreno baldio e ao redor de habitações.

Para cada tonelada de sementes de mamona processada, estimase que sejam gerados 530kg de torta (Severino, 2005).

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Aspectos Gerais A mamoneira é conhecida desde os tempos mais remotos, tendo sido encontradas sementes de mamona em sarcófagos egípcios com mais de 4.000 anos. Até hoje é difícil determinar com precisão a sua origem, acreditando-se que seja originária da África ou da Ásia. Trazida para o Brasil, pelos colonizadores portugueses, dela se extraía o óleo para lubrificar as engrenagens e os mancais dos inúmeros engenhos de cana-de-açúcar. Aqui, ficou conhecida como mamona, mamoneira, carrapateira, rícino, bafureira, baga e palma-cristi ou palma-de-cristo. Pode ser encontrada desde a Amazônia até o Rio Grande do Sul, sendo preponderante sua presença na região Nordeste. É uma planta que cresce espontaneamente ao redor das habitações humanas, em terrenos baldios, entre detritos, etc. Isso, porém, não significa tratar-se de cultura de terras fracas. Pelo contrário, a mamoneira – embora provoque com o seu abundante sistema radicular o arejamento do solo, conferindo-lhe o melhoramento das propriedades físicas – é uma planta esgotante e exigente em elementos nutritivos. Nas regiões tropicais e equatoriais, cultiva-se, geralmente, as variedades arbóreas, enquanto que, nas regiões subtropicais e temperadas, as variedades anãs e precoces são as mais cultivadas. O seu principal produto é o óleo de rícino, extraído de suas sementes, outrora muito empregado como purgativo. Posteriormente ele pas-

Formação para o trabalho 2 produtor de mamona

sou a ser utilizado na indústria, como lubrificante de grande eficácia em motores de elevada rotação. Agora vem sendo usado como matéria-prima da maior importância para a produção de biodiesel. A torta (resíduo) tem sido um tradicional subproduto da cadeia produtiva, empregado como adubo orgânico de boa qualidade, eficiente na recuperação de terras esgotadas. Pode ser usada como alternativa para agrotóxicos e, até mesmo, para engordar suínos. Os restos culturais da mamoneira devolvem ao solo toneladas de biomassa. As suas folhas, segundo alguns autores, são utilizadas como alimento para o bicho-da-seda – Attacus ricini ou Philosamia ricini, cuja larva é explorada somente na Síria e na Índia, mas que pode ser adaptada a outras regiões. Podem ser eventualmente aproveitadas para diversas finalidades e, em doses controladas, ministradas à ração do gado leiteiro, para ativar a secreção lática. A rícina é utilizada, ainda, na fabricação de papel e de tecidos grosseiros, bem como de nylon e de matéria plástica.

Aspectos botânicos Pertencente à família das euphorbiaceas, a mamona, cientificamente denominada Ricinus communis L., é um arbusto anual, com um sistema radicular que se estende lateral e profundamente, de folhas digitado-lombadas, palminérveas (em forma de mãos espalmadas), com a largura do limbo variando entre 10,0 cm e 40,0 cm, podendo chegar a 60,0 cm no comprimento maior, e com duas estípulas


membranáceas e incolores que envolvem e protegem a folha no botão. Do gênero Ricinus, considerado monotípico, são reconhecidas as subespécies Ricinus sinensis, Ricinus

zanzibanensis, Ricinus persicus e Ricinus africanus, englobando 25 variedades botânicas, todas compatíveis entre si. Francisco Fontenele /O POVO

Mamoneira, carrapateira, bafureira, baga ou palma-de-cristi – “Castor beans”, “Castor seed”

À família das euphorbiaceas pertencem também a mandioca, a seringueira e o pinhão manso.

A Mamoneira tem folhas digitado-lombadas, palminérveas.

A rícina é um alcaloide extremamente tóxico para animais e seres humanos, e tanto as folhas da mamoneira como as sementes contêm rícina, sendo que nas folhas a concentração de toxina é menor do que nas sementes. Assim é que tanto o caule como as folhas apresentam propriedades inseticidas, de modo que, sendo deixados no terreno após a colheita dos frutos, evitam a proliferação de insetos no solo. Quando são ingeridas, as sementes causam problemas gastrintestinais e as folhas causam distúrbios

neuromusculares. Em animais, os sintomas da intoxicação podem manifestar-se em seguida ou dias depois. A floração da mamona ocorre em torno de 50 dias após a emergência das plântulas. É uma planta monoica, cuja inflorescência contém flores femininas na parte superior e flores masculinas na inferior. A flor masculina contém grande número de estames e a feminina possui um ovário com três lojas, em cada uma das quais se desenvolve uma semente. As flores da mamona são melíferas, muito apreciadas pelas abelhas.

Na nomenclatura oficial, proposta pelo médico e botânico sueco Karl von Linné (17071778), conhecido no Brasil como Lineu, os seres vivos têm uma denominação binominal, em latim ou latinizada, associada à sua classificação no respectivo reino. O primeiro nome, indicativo do gênero, é escrito com inicial maiúscula e o segundo, que indica a espécie, com inicial minúscula.

Envergadura de uma folha de mamoneira

Plântula é o embrião da planta desde o início do seu desenvolvimento, em consequência da germinação da semente, até a formação das primeiras folhas.

Fundação Demócrito Rocha 13


Alexandre R. Furtado Vieira

Cacho de mamoneira.

Quando ocorre a floração da mamoneira?

Resumo da lição

Plantação de mamoneira

A semente, carunculada, oval, de tamanho grande, médio ou pequeno, pode ter colorações muito variadas.

A mamoneira tem raízes laterais e uma pivotante que pode ir a 1,50 m de profundidade; caule redondo, liso, esverdeado e coberto com cera.

• A mamona, cientificamente denominada de Ricinus communis L., é uma das mais importantes fontes de matéria-prima para produção de biodiesel; • A mamoeira é uma planta esgotante e exigente em termos de elementos nutritivos; • A floração da mamona ocorre em torno de 50 dias após a emergência das plântulas; • O óleo de rícino é o principal produto da palma-cristi; • As condições climáticas do Nordeste são propícias ao pleno desenvolvimento da mamona; • A mamona possui folhas grandes que podem ser aproveitadas para diversas finalidades; • O fruto da mamona é uma cápsula trilocular que pode ser lisa ou com estruturas semelhantes a espinhos de cor verde, vermelha ou colorações intermediárias; • O caule da mamoneira é empregado na fabricação de nylon e de matéria plástica.

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Raiz de mamoneira plantada em solo raso.

Dependendo do cultivar, o porte da mamoneira varia de 1,80 m até mais de 5,00 m de altura: 1) tipo anão – até 1,80 m; 2) tipo médio – entre 1,80 m e 2,50 m; 3) tipo alto – entre 2,50 m e 5,00 m; 4) tipo arbóreo – acima de 5,00 m. Também pode ter variáveis a cor da folha e do caule, o tamanho da semente e o conteúdo do óleo.

Formação para o trabalho 2 produtor de mamona

No Nordeste brasileiro, em condições de sequeiro, a mamoneira tem a altura média de 1,90 m, caule de coloração verde e céreo, cacho de forma cônica e sementes de coloração preta, com peso médio de 0,68 gramas por unidade (BELTRÃO et al, 2002).


Lição 4

Clima e solo

A

mamoneira, apesar de ser muito resistente à seca, necessitar de calor e luminosidade, condições climáticas peculiares ao Nordeste do Brasil, é uma planta que precisa de chuvas regulares durante a sua fase vegetativa e de chuvas mais espaçadas ou períodos secos, para um melhor processo de maturação dos frutos. Para o seu pleno desenvolvimento, as condições ambientais ideais são: altitude entre 300 m e 1.500 m; temperatura do ar entre 18 ºC a 34 ºC (CARDOSO et al, 2000), sendo ótima em torno de 28 ºC (TÁVORA, 1982); chuvas entre 850 mm e 1.000 mm/ ano; média de 12 horas de sol/dia; e umidade relativa do ar abaixo de 80%, com faixa média ideal de 65%. Nessas condições, os cultivares BRS Paraguaçu e BRS Nordestina (média de 5 a 7 cachos por planta e de 37 frutos por cacho) alcançam uma produção superior a 1.500 quilogramas de bagas por hectare. E em condi-

ções de irrigação, podem atingir uma produtividade superior a 5.000 quilogramas de bagas por hectare. O excesso de umidade é prejudicial em qualquer período do ciclo da lavoura, sendo mais crítico nos estádios de plântula, maturação e colheita. (AZEVEDO et al, 1997). Deve ser evitada, sempre que possível, a instalação da cultura nas faces sujeitas a ventos fortes e em regiões de clima mais frio, o que resultaria numa baixa produtividade e insucesso econômico. A mamoneira apresenta alta capacidade de adaptação aos mais variadas tipos de terreno, característica que favorece seu cultivo comercial em diversas regiões do globo. Sua faixa de cultivo situa-se entre 40 graus de latitude Norte e 40 graus de latitude Sul, cobrindo toda a África, o sul da Ásia, a Oceania e, nas Américas, a área que vai do México ao extremo sul do Brasil.

REGIÕES DO MUNDO PROPÍCIAS AO CULTIVO DA MAMONA

Em temperaturas inferiores a 10 oC, não há produção de sementes; superiores a 40 oC provocam aborto das flores, reversão sexual das flores femininas em masculinas e redução substancial do teor de óleo das sementes, pela perda de viabilidade do pólen (TÁVORA, 1982).

Chuvas superiores a 1.500 mm podem provocar problemas tais como o encharcamento do solo, o crescimento excessivo da planta, além de várias doenças.

Em culturas de sequeiro, quando falta umidade ao solo, o que ocorre geralmente por ocasião de estiagens ou secas, as sementes têm pouco peso e baixo rendimento em óleo, mesmo em se tratando de variedades produtivas.

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A maior produtividade da mamona é alcançada quando ela é plantada em solos profundos, com boa fertilidade natural, acidez próxima da

alcalinidade, ricos em materiais orgânicos, com declividade não superior a 12%; e, principalmente, livres de problemas de encharcamento.

Solo com encharcamento prejudica o desenvolvimento da manona.

Resumo da lição • As condições climáticas do Nordeste são propícias ao pleno desenvolvimento da mamona, que tem grande tolerância ao estresse hídrico; • A mamoneira de sequeiro deve ser plantada no início das chuvas, para poder completar sua fase vegetativa no período chuvoso; • A cultura da mamona alcança o seu pleno desenvolvimento em altitude entre 300 m e 1.500 m; temperatura entre 18 ºC e 34 ºC; chuvas entre 500 mm e 1.000 mm; média de 12 horas de sol/dia; e umidade relativa do ar abaixo de 80%, com faixa média ideal de 65%; • A mamoneira sobrevive e produz em quase todos os tipos de solos, mas alcança sua maior produtividade quando plantada em solos profundos, com boa fertilidade e baixa acidez, ricos em matéria orgânica; • A mamona não deve ser plantada em terrenos encharcados ou de má drenagem, pois é planta bastante sensível à asfixia das raízes; • Nas condições ideais de clima e solo, os cultivares BRS Paraguaçu e BRS Nordestina (média de 5 a 7 cachos por planta e de 37 frutos por cacho) alcançam uma produção superior a 1.500 quilogramas de bagas por hectare. Se irrigados, podem atingir uma produtividade superior a 5.000 quilogramas de bagas por hectare.

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Lição 5

O preparo do solo

A

mamoneira, como as demais culturas, responde satisfatoriamente a um bom preparo de solo, o que depende muito das condições locais, das disponibilidades do agricultor e do seu grau de conhecimento em relação às novas tecnologias. Na agricultura moderna, mesmo familiar, é indispensável a adoção de boas técnicas, a começar pelo preparo do solo: iniciar com antecedência a limpa e a destoca do terreno, eliminar o mato, porventura existente, e fazer a incorporação dos restos de cultura. Essas etapas devem ser realizadas criteriosamente, mobilizando o mínimo

possível o solo, mantendo a matéria orgânica e executando as práticas de conservação de solo e água. O solo pode ser preparado seco ou com certo teor de umidade, dependendo de sua textura e estrutura. No seu preparo deve-se dar preferência ao uso de arado de aivecas, que permite um melhor revolvimento do solo, e o enterrio das sementes de ervas daninhas. A aradura deve ser feita a uma profundidade em torno de 15 cm a 20 cm, e depois a passagem de uma grade niveladora.

Há no Brasil uma grande diversidade de sistemas de cultivo, com manejo cultural inadequado para mamoneira. Plantios são feitos com sementes de baixa qualidade genética, que, do ponto de vista técnico, não são consideradas sementes, mas apenas grãos.

Quando a aração é feita em curva de nível, a terra deve ser sempre revirada da parte mais alta para a parte mais baixa.

Trator em atividade de aração

Práticas de conservação do solo

Trator realizando gradagem

Aração: operação que consiste no revolvimento do terreno e pode ser realizada à tração animal e à tração motora.

Gradagem: operação que consiste no destorroamento e na regularização do terreno.

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Resumo da lição • O preparo do solo é de vital importância para a mamoneira devido ao seu sistema radicular profundo;

Deve-se evitar o uso de grade aradora, que provoca a erosão, o adensamento e a compactação do solo. Em solos com declive, o preparo do terreno deve ser feito em curvas de nível para evitar a erosão.

No caso de solos já trabalhados e de textura arenosa, deve-se apenas realizar uma gradagem leve. É recomendável que a aração e a primeira gradagem sejam feitas bem antes da época do plantio, de dois a três meses, e uma segunda gradagem, pouco antes do plantio.

• As operações de limpa, destoca, aradura e primeira gradagem do terreno devem ser realizadas cerca de dois ou três meses antes do plantio; • Deve-se manter, ao máximo, a matéria orgânica no solo executando as práticas de conservação de solo e água; • Deve-se evitar o uso de grade aradora, que pode provocar a erosão, o adensamento e a compactação do solo; • Em solos com inclinação, o preparo do terreno deve ser feito em curva de nível; • A aradura deve ser feita preferencialmente com arado de aivecas regulado para uma profundidade entre 15 - 20 cm, para favorecer o desenvolvimento do sistema radicular;

Preparo do terreno em curvas de nível.

Caso as operações de preparo do solo só possam ser realizadas à tração animal, o uso do cultivador ou do arado de aivecas deve seguir os mesmos critérios acima estabelecidos, quanto ao uso de tração mecânica e quanto à época para realização de tais operações.

• No caso de solos já trabalhados e de textura arenosa, deve-se realizar apenas uma gradagem leve; • Os critérios técnicos adotados nas operações de preparo de solo para a cultura da mamona têm como objetivo principal facilitar a formação de um sistema radicular amplo e vigoroso para um bom desenvolvimento da planta.

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O objetivo principal dessas operações é facilitar à planta a constituição de sistema radicular amplo e vigoroso, para um desenvolvimento satisfatório.


Lição 6

Correção e adubação do solo Correção do solo O conhecimento do grau de acidez das terras é de grande importância para avaliação das condições mais favoráveis do solo, tendo em vista as diferentes plantas a cultivar e considerando que os vegetais apresentam diferenças de comportamento, com relação ao grau de acidez do solo. Deve-se sempre proceder à análise do solo para fazer a correção do pH, quando necessário, e para conseguir melhores resultados com relação à adubação. As terras ácidas devem ser corrigidas, pois as melhores e mais produtivas lavouras de mamona vegetam em solos com pH entre 6 e 7. No caso de terras ácidas (pH abai-

xo de 5), é necessário que se pratique a calagem. O calcário deve ser aplicado cerca de 3 meses antes do plantio, incorporado a uma profundidade de aproximadamente 20 cm da superfície do solo, em duas aplicações: uma, antes da aração; e a outra, quando da gradagem específica, para a correção da acidez do solo. Mesmo assim, nem sempre os resultados desse corretivo aparecem no primeiro ano de sua aplicação. Todavia, dados conhecidos de trabalhos experimentais atestam que o calcário, quando aplicado em quantidade suficiente para neutralizar a acidez, manifesta seus efeitos na melhoria da produção durante muitos anos.

Material necessário para retirar a amostra de solo

ETIQUETA DE IDENTIFICAÇÃO Amostra N.º ________ Interessado: _____________________________________ Propriedade: ____________________________________ Município: ___________________ Estado:_____________ Uso atual: ______________________________________ Cultura anterior: __________________________________ Cultura a ser realizada: ____________________________ Obs: ___________________________________________ Data:___/___/20___

A qualidade do corretivo a ser usado é função de algumas variáveis, dentre as quais se destacam: a granulometria e o teor de neutralizantes. Essas duas variáveis determinam,

respectivamente, a Reatividade (RE) e o Poder de Neutralização (PN). Com elas, calcula-se o Poder Relativo de Neutralização Total (PRNT).

Retirada da amostra de solo

Embalagem da amostra

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A mamoneira é planta exigente em nutrientes devendo ser cultivada em solos férteis e profundos. É planta sensível à acidez, sendo recomendável um pH próximo da neutralidade (entre 6,0 e 7,0).

O PRNT determina a percentagem do calcário que deverá reagir com a camada superficial do solo (0 a 20 cm), em um período de aproximadamente 3 anos, para neutralizar a acidez do solo:

RE x PN PRNT = ___________ 100 Por exemplo, se

,

Calagem do solo

O pH é uma escala de medida que varia de 0 a 14 e serve para determinar se uma substância é ácida (0,00 a 6,99), neutra (7,00) ou básica (7,01 a 14,00). O fósforo (P) ajuda no aumento da produção.

Por que se deve tomar cuidado com a aplicação de adubos orgânicos ou fertilizantes nitrogenados?

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isto significa que 77,35% do calcário deverão reagir com a camada superficial do solo em aproximadamente 3 anos, corrigindo, portanto, a acidez do solo. A maneira mais simples para se calcular a quantidade de calcário é tomar por base o teor de Al do solo, sendo a quantidade de calcários a ser usada igual a 2 vezes o teor de Al, em cmol/dm3, com a correção do PRNT do calcário. Os calcários obedecem a dois critérios de classificação: quanto ao PRNT e quanto ao teor de MgO. Quanto ao PRNT: ■■Grupo A – PRNT entre 45% e 60%. ■■Grupo B – PRNT entre 60,1% e 75%. ■■Grupo C – PRNT entre 75,1% e 90%. ■■Grupo D – PRNT superior a 90%. Quanto ao teor de MgO: ■■Calcítico – com menos de 5% de MgO. ■■Magnesiano – com 5% a 12% de MgO. ■■Dolomítico – com mais de 12% de MgO.

Formação para o trabalho 2 produtor de mamona

Como a maioria dos solos deficientes em Ca também é deficiente em Mg, recomenda-se geralmente o uso do calcário dolomítico. Entretanto, em certas regiões onde ocorrem somente calcários calcíticos, nada impede o uso desse corretivo em combinação com outra fonte de magnésio. Cabe ao técnico analisar as várias alternativas oferecidas pelo mercado e decidir qual a solução mais adequada e econômica. A decisão final deverá ser tomada em termos de Preço por Tonelada Efetiva (PTE).

Adubação do Solo A mamona é uma cultura que responde bem à aplicação de fertilizantes, tanto químicos como orgânicos. Entretanto, deve-se tomar cuidado na aplicação de adubos orgânicos ou fertilizantes nitrogenados, pois em quantidade excessiva favorece o desenvolvimento vegetativo com redução considerável da produção. Fertilizantes fosfatados são largamente requeridos pela cultura da mamona, principalmente por se tratar de uma oleaginosa. Ficou demonstrado que o fósforo ajuda no aumento da produção, além de favorecer a precocidade da planta. Há de se considerar ainda o potássio como elemento bastante benéfico, influenciando, direta ou indiretamente, alguns sistemas enzimáticos. Em geral, deve-se usar a adubação nitrogenada, na quantidade de 40 kg de nitrogênio por hectare, aplicado em cobertura no início da floração do primeiro cacho; e fósforo em fundação nas covas, na quantidade de 40 kg/ha de P2O5, caso a análise do solo apresente teor abaixo de 10 mg/dm3.


Tabela 2: Recomendações de adubação química (kg/ha) de NPK para a cultura da mamona Teores (mg/dm3) no solo P K P2O5 0 – 10 0 - 45 70 nov/20 46 - 90 50 P K P2O5 0 – 10 0 - 45 70 nov/20 46 - 90 50

Dosagens recomendadas (kg/ha) K2O N 50 10 40 25 10 40 K2O N 50 10 40 25 10 40

Obs. 1: mg/dm3 =ppm Obs. 2: Caso o teor de matéria orgânica esteja acima de 3,5%, não aplicar nitrogênio. Fonte: Cartilha da Embrapa. Cultivo Sustentável da Mamona no Semiárido Brasileiro (2006).

É bom lembrar que a mamoneira, quando plantada após uma cultura que recebeu adubação intensi-

Nomenclatura Química: N = Nitrogênio P = Fósforo K = Potássio Ca = Cálcio Mg = Magnésio S = Enxofre B = Boro Cl = Cloro Cu = Cobre Fé = Ferro Mn = Manganês Mo = Molibdênio Z = Zinco.

va, aproveita-se muito bem do efeito residual dessa adubação.

Resumo da lição • É muito importante conhecer o grau de acidez do solo, uma vez que os vegetais apresentam diferença de comportamento com relação a ele; • A análise de solo de uma área a ser plantada fornece informações de como fazer uma calagem, quando necessária, e de como realizar uma adubação para melhorar a produção; • A mamona não produz satisfatoriamente em terras ácidas e a calagem deve ser feita sempre que necessário; • A calagem deve ser feita cerca de 3 meses antes do plantio, incorporando o calcário a uma profundidade de até 20 cm do solo, em duas aplicações, uma antes da aração e a outra quando da gradagem específica, para a correção da acidez do solo; • O calcário, quando aplicado em quantidade suficiente para neutralizar a acidez, manifesta seus efeitos na melhoria da produção por muitos anos; • A mamoneira é uma cultura que responde bem à aplicação de fertilizantes, tanto químicos como orgânicos; • A aplicação de fertilizantes químicos deve ser feita em conformidade com a análise de solo, e, sempre que possível, supervisionada por um técnico.

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Lição 7

Plantio de mamona O plantio de mamona deve ser feito nas áreas zoneadas pela Embrapa.

As áreas zoneadas para o plantio O plantio, que é talvez a fase mais importante para os bons resultados produtivos da mamona, deve ser feito nas Áreas Zoneadas pela Embrapa Algodão, com a aprovação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), em conformidade com o período de plantio recomendado para cada município.

A semeadura

Matraca

A semeadura feita no começo da estação chuvosa, após a precipitação de pelo menos 30 mm, é de vital

importância para o êxito da cultura e deve ser realizada após um bom preparo do solo e uma correta adubação. O plantio da mamona pode ser manual, com auxílio de enxada ou matraca; ou mecanizado, utilizandose plantadeiras de tração motora. No plantio manual, as covas devem ser abertas com profundidade de 5,0 cm a 10,0 cm e colocadas 3 sementes por cova. Para o plantio mecânico, deve-se observar se o tamanho das sementes é compatível com as engrenagens internas do aparelho semeador, para evitar possíveis danos às sementes. Banco de Dados O POVO

Plantio de mamona - em pequena propriedade, caracterizando agricultura familiar

A adubação pode ser feita concomitantemente ao semeio e na mesma cova. Quando feita com fertilizantes químicos, deve-se ter o cuidado de deixar as sementes a pelo menos 5 cm de distância do adubo, para evitar a morte delas. Usando adubo orgânico, esse isolamento não será necessário. O plantio mecanizado é utilizado para cultivares de mamona com sementes de tamanho pequeno ou médio, cujo espaçamento na fileira, é de 0,5 a 1,0 m. Os sulcos de plantio devem ter a profundidade sufi-

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ciente para que as sementes fiquem de 5 a 10 cm da superfície do solo. É de todo conveniente que se usem sementes tratadas, para que a germinação não seja afetada, prejudicando a obtenção de um número ideal de plantas por área.

Os cultivares Para o Semiárido do Nordeste, os cultivares mais recomendados são os desenvolvidos pela Embrapa Algodão: o BRS 149 Nordestina (originário de seleção individual com testes de progênie na cultivar Baianita) e o


BRS-188 Paraguaçu (obtido pela seleção massal na cultivar Sanguede-Boi). Ambos são produtores de frutos semi-indeiscentes e que permitem que a colheita seja realizada

escalonada ou não, somente de uma vez, pois na maturação, ao contrário das cultivares de frutos deiscentes, suas sementes não caem no solo. Aquivo da Embrapa

BRS Paraguaçu

Segundo a Cartilha da Embrapa (2006), essas cultivares apresentam as seguintes características:

BRS Paraguaçu ■■Altura

média da planta: 1,60 m ■■Cor do caule: roxa com cera ■■Forma do racemo/cacho: oval ■■Quantidade média de frutos: 37 frutos ■■Intervalo médio da emergência ao primeiro cacho: 54 dias ■■Peso médio 100 sementes: 71 g ■■Teor médio de óleo: 47,72% ■■Produtividade média em ano de inverno normal: 1.500 kg/ha ■■Ciclo da emergência à última colheita: 230 a 250 dias ■■Cor da semente: preta ■■Frutos: semideiscentes

BRS Nordestina ■■Altura

média da planta: 1,90 m ■■Cor do caule: verde com cera ■■Forma do racemo/cacho: cônica ■■Quantidade média de frutos: 35 frutos

Deiscência é o fenômeno em que um órgão vegetal (fruto, esporângio, antera etc.) abre-se naturalmente ao alcançar a maturação. Quanto à deiscência, o fruto pode ser: deiscente, apresenta abertura total; semi-indeiscente, possui abertura parcial; e indeiscente, sem abertura.

BRS Nordestina ■■Intervalo

médio da emergência ao primeiro cacho: 50 dias ■■Peso médio 100 sementes: 68 g ■■Teor médio de óleo: 48,9% ■■Produtividade média em ano de inverno normal: 1.500 kg/ha ■■Ciclo da emergência à última colheita: 230 a 250 dias ■■Cor da semente: preta ■■Frutos: semideiscentes

O teor em óleo das sementes varia de acordo com a soma de calor recebida pela planta desde que não seja superior a 40oC.

Espaçamento O espaçamento entre as mamoneiras, como nas demais culturas, depende da fertilidade do terreno, do porte da cultivar, do sistema de cultivo, da disponibilidade de água no solo e do tráfego de máquinas ou animais, para controle de plantas daninhas e de pragas. Terrenos de boa fertilidade exigem maior espaçamento porque as plantas se desenvolvem bem, apresentando copas maiores, e muito cedo se fará notar a concorrência pela luz, provocando um crescimento exagerado da planta no sentido vertical, com prejuízos na produção.

Por que terrenos de boa fertilidade exigem maior espaçamento entre as plantas?

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Em solos mais pobres em nutrientes, aconselha-se reduzir as distâncias entre as plantas para que a área plantada fique logo coberta, dificultando o crescimento de ervas daninhas e diminuindo o número de capinas.

Para o plantio realizado com as cultivares BRS-188 Paraguaçu e BRS 149 Nordestina, devem ser adotados os seguintes espaçamentos:

Quadro Espaçamentos para o plantio de mamona Solos

Fileira simples (m)

Fileira dupla (m)

Baixa fertilidade

2,0 x 1,0

(4,0 x 1,0) x 1,0

Média fertilidade

3,0 x 1,0

(4,0 x 1,0) x 1,0

Alta fertilidade

4,0 x 1,0

(5,0 x 2,0) x 1,0

De maneira geral, para essas cultivares, em sistema isolado ou consorciado, de sequeiro ou irrigado, o melhor espaçamento é 3,0 m x 1,0 m

(o da média fertilidade: 3,0 m entre filas e 1,0 m entre as plantas), com uma planta por cova, ficando a população com 3.333 plantas por hectare.

Resumo da lição • O plantio da mamona deve ser feito nas áreas zoneadas pela Embrapa e no período recomendado pelo órgão; • A semeadura deve ser feita no começo da estação chuvosa; • O plantio da mamona pode ser manual ou mecanizado; • A adubação pode ser feita concomitante ao semeio e na mesma cova; • Para o semiárido nordestino, as cultivares mais recomendadas são o BRS 149 Nordestina e o BRS-188 Paraguaçu.

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Lição 8

Tratos culturais

N

os primeiros 70 dias, contados da germinação das plantas, a mamoneira tem um crescimento muito lento e sofre com a concorrência do mato. Por isso, nesse período crítico do seu ciclo vegetativo, para que não ocorra redução na produtividade, o solo precisa ser mantido livre da competição das ervas daninhas.

Capina e desbaste A capina pode ser dos seguintes modos: manual ou com cultivadores, sempre rasa, para não afetar as raízes das plantas; a capina mecânica nas entrelinhas e repasses manuais nas linhas e a capina mediante controle químico. ■■Capina manual: usar a enxada para realizar duas ou três capinas durante o ciclo. ■■Capina com cultivador: fazer uma passagem nas entrelinhas, na profundidade de 2,0 cm a 3,0 cm, seguido de um retoque a enxada, evitando danos às raízes das mamoneiras. ■■Capina mecânica: a operação deve ser executada com o trator em marcha reduzida, para evitar danos às plantas e raízes. ■■Capina química (com herbicidas): essa é ainda uma prática pouco realizada pelo agricultor familiar no semiárido, e quando for realizada deve seguir rigorosamente as indicações dos produtos recomendados por técnicos.

A competição com as ervas daninhas reduz a produtividade da mamona.

Na capina mecanizada, o trator é conduzido em marcha reduzida.

O número de capinas varia de acordo com o preparo do solo e com o regime de chuvas. A primeira capina, entretanto, deve ser feita no período de 15 a 20 dias, contando do início da germinação das plantas. Na capina química, a quantidade de água na pulverização por hectare deve obedecer aos seguintes critérios: ■■Encher com água limpa o tanque do pulverizador. ■■Marcar no terreno uma distância de 100 metros e trabalhar com o pulverizador na pressão indicada pelo fabricante. ■■Parar a pulverização no final dos 100 metros e medir a quantidade de água necessária para reabastecer o tanque (por exemplo, 15 L). ■■Medir a largura da área pulverizada, que é igual à distância percorrida (100 m) multiplicada pela largura de pulverização (por exemplo, 2,5 m) ou seja: 100 m x 2,5 m = 250 m2 (área pulverizada).

Desbaste: é a atividade agrícola que consiste em arrancar as plantas em excesso, reduzindo a concorrência por nutrientes do solo e por água, e é realizado somente no plantio manual.

Pulverizador costal

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Até o momento não há herbicidas registrados para a mamoneira, embora existam estudos sobre o assunto, com a descoberta de vários herbicidas seletivos, em especial de aplicação de pre-emergência.

Calcular a quantidade de água da seguinte maneira: se em 250 m2 foram gastos 15 litros de água, em 10.000 m2 (1 hectare) serão gastos X, portanto: 250 m2 _______________15 L 10.000 m2_____________X X=

Na época do desbaste, a planta apresenta sistema radicular ainda superficial e frágil, o que requer muito cuidado para não danificar as escolhidas para permanecer em campo.

10.000 x 15 = 600 litros de água/ha 250

O desbaste ou raleamento deve ser realizado no período da primeira capina, quando as plantas já têm 3 folhas verdadeiras, deixando-se apenas uma planta por cova. Quando as plantas atingirem uma altura em torno de oitenta centímetros, o terreno estará praticamente sombreado impedindo a vegetação de ervas daninhas.

Resumo da lição • Nos primeiros 70 dias, contados da germinação das plantas, a mamoneira sofre com a concorrência do mato; • No período da primeira capina, deve-se fazer o desbaste, deixandose apenas uma planta por cova; • A capina pode ser manual, mecanizada, com cultivador ou química; • A capina química só deverá ser utilizada seguindo rigorosamente as indicações dos produtos recomendados por técnicos.

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Lição 9

Pragas que atacam a mamoneira Identificação e controle Contrariando a crença geral de que a mamoneira é imune a pragas, existem algumas que comprometem bastante o desenvolvimento da planta. As pragas que atacam a mamona ocasionam grandes danos à produção dessa cultura. Conforme a “Cartilha da Embrapa” (2006), as pragas mais comuns são a lagarta -rosca, a lagarta-elasmo, a lagartadas-folhas, o percevejo-verde, as cigarrinhas e os ácaros: ■■Percevejo-verde-da-soja (Nezara viridula): este inseto é polífago e pode causar severos danos às culturas da mamona e do feijão vigna. As ninfas, após a eclosão, ficam agregadas e apresentam coloração alaranjada, coloração verde, às vezes escura no dorso, vivendo em média dois meses e, quando adultos, medem de 13 mm a 17 mm; e um sugador, que introduz o estilete nos frutos e promove o chochamento das sementes, além de injetar toxinas na planta. O controle deste inseto é feito evitando-se a proximidade de outras plantas hospedeiras desta praga. Para controle químico, recomendam-se os produtos metilparation, malation ou endosulfan nas dosagens recomendadas pelos fabricantes para outras culturas. Ao usar, deve-se direcionar as pulverizações para os cachos. ■■ Lagarta-rosca (Agrotis ipsilon): A lagarta é de cor escura, a borboleta, de cor marrom. Durante o dia, ela vive no solo e, à noite, corta o colo das plantas jovens. O controle

é feito com inseticidas fisiológicos, piretroides e carbamatos. ■■Cigarrinha-verde (Empoasca kraemeri): este inseto sugador tem entre 5 mm e 9 mm e, como característica, mover-se lateralmente. Na mamoneira, causa problemas sérios nas folhas, pois sugam a seiva e, quando o ataque é severo, elas necrosam e secam. O controle deve ser feito com inseticidas à base de monocrotofós. ■■ Lagarta-de-solo, broca (Elasmo palpus lignosellus): quando adulta, é uma mariposa com 15 a 20 cm de envergadura. Sua postura é feita na vegetação próxima à lavoura. As lagartas novas iniciam o ataque nas folhas, alimentandose do parênquima e depois perfuram as plantas no colo e destroem as plântulas. A lagarta adulta mede cerca de 15 cm de comprimento e tem coloração cinza-azulada, com faixas difusas. O período crítico se refere aos primeiros 30 dias. No controle devem-se usar inseticidas sistêmicos, colocados junto com as sementes, no momento do plantio. Caso ocorra ataque significativo, pulverizar o colo das plantas com produtos à base de metilparation. ■ ■L a g a r t a - p r e t a - d a s - f o l h a s (Spodoptera latifascia): é um inseto extremamente nocivo, tanto ao feijão vigna quanto à mamoneira. Ataca as folhas e, eventualmente, as vagens do vigna. As lagartas chegam a medir 50 mm, com coloração de pardo a preto azulado e

Polífago: que se alimenta de vegetais.

Arquivo EMBRAPA

Percevejo-verde e ácaros

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Folha de mamoneira com sinais de necrose

Qual o objetivo do combate às pragas da mamoneira?

Artrópodes: são animais de simetria bilateral, cujo corpo é revestido de esqueleto quitinoso, dividido em cabeça, tórax e abdome, com quatro ou mais pares de apêndices, quase sempre articulados. Possuem tubo digestivo completo; respiração por meio de traqueias, pulmões ou brânquias; sexos geralmente separados. Podem ser terrestres ou aquáticos, de vida livre, comensais ou parasitas.

Resumo da lição • Existem diversas pragas que comprometem seriamente o desenvolvimento da mamoneira e ocasionam grandes danos à produção dessa cultura; • As pragas que atacam a mamoneira, excetuando o ácaro (vermelho ou rajado), atacam também o feijão caupi.

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as mariposas (adultos), medem cerca de 40 mm de envergadura e são de coloração parda. Para o controle, pode-se usar bioinseticidas à base de Baculovirus ou Bacillus thuringiensis ou, ainda, a liberação de parasitoides, como o Trichogramma sp, densidade de 100.000 indivíduos/ha. Podese utilizar, também, inseticidas à base de malation, deltametrina e outros, nas dosagens recomendadas pelos fabricantes. ■■ Lagarta-imperial ou Lagarta-doscafezais (Eacles sp.): é uma praga que, potencialmente, pode causar elevados prejuízos aos produtores de mamona. Trata-se, na forma adulta, de mariposas amarelas, com inúmeros pontos nas asas, cortados por duas faixas de cor violeta-escura e duas manchas circulares da mesma cor, tendo tamanho de 120 a 135 mm de envergadura. Os ovos são colocados em colônia sobre as folhas e têm coloração amarela. As lagartas são grandes, chegando a atingir mais de 100 mm de comprimento. A lagarta-imperial (Eacles sp.) ataca os cachos e folhas da mamoneira e se encrisalidam no solo. O ciclo completo varia de 60 a 70 dias, sendo que o estádio de lagarta dura em torno de 40 dias (destroem o limbo foliar, podendo provocar a desfolha completa da planta e perda dos frutos, prejudicando também a produtividade da cultura). Para o controle dessa praga, sugerem-se produtos à base de malathol ou metilparathion ou alguns piretroides, como a Deltametrina. O controle químico de lagartas de fogo na mamona pode ser feito com inseticidas biológicos, como o Bacillus thuringiensis, e de parasitoides, como o Trichogramma sp, e predadores, como o bicho-lixeiro.

Formação para o trabalho 2 produtor de mamona

Ácaro-vermelho, ampliado 50x. ■■ Ácaro-vermelho (Tetranychus ludeni)

e rajado (Tetranychus urticae): são artrópodes de oito patas, às vezes confundidos com insetos (classe que tem seis patas) muito nocivos à cultura da mamona. São minúsculos, menos de 0,4 mm de comprimento e quase invisíveis a olho nu. Habitualmente, são encontrados na face inferior das folhas e sugam a seiva das plantas, provocando o amarelecimento e posterior bronzeamento. Temperaturas elevadas e baixas precipitações pluviais contribuem para o aumento das populações de ácaros. Para o controle dessa praga, recomenda-se, preventivamente, não usar produtos piretroides para o controle de outras pragas antes dos 100 dias da cultura e, no caso do controle químico, usar produtos (acaricidas) à base de ometoato, nas dosagens recomendadas pelos fabricantes. Todas essas pragas da mamoneira, excetuando o ácaro, vermelho ou rajado, atacam também o feijão caupi (vigna unguiculata L.), conhecido por feijão-de-macaçar ou feijão-de-corda.


Lição 10

Doenças que atacam a mamoneira

C

omo ocorre com todos os biossistemas, a mamona sofre constantes ataques de agentes infecciosos, que lhe causam doenças

e prejudicam a produtividade e a qualidade do produto.

Mamoneira atacada por doenças das folhas e dos frutos.

Identificação e controle Segundo a Cartilha da Embrapa (2006), são várias as doenças que acometem a mamoneira e que exigem providências rápidas e eficientes, tanto preventivas como de combate e controle. ■■Mofo-cinzento: essa doença é provocada pelo fungo Botryotinia ricini, na sua forma perfeita, correspondente à forma imperfeita de Amphobotrys ricini, que se infecta na fase de floração da planta e cujos fungos se fixam nos cachos jovens, provocando a destruição dos mesmos. É uma doença que se propaga no campo ao ser levada pelo vento. É a principal doen-

ça dentre as que afetam a mamoneira, sendo capaz de reduzir-lhe a zero a produção. Beltrão et al (2002) advertem que os primeiros sintomas do mofo-cinzento são pequenas manchas de tonalidade azulada, no caule, nas folhas e nas inflorescências, as quais passam a produzir gotas de um líquido amarelado. À medida que o fungo se desenvolve, as suas hifas formam estruturas semelhantes a teias de aranha. As flores masculinas são as primeiras a ser atacadas. As folhas também podem tornar-se alvo do ataque desse fungo, bem como o caule e até mesmo as raízes, que chegam a secar totalmente.

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Evite intoxicação obedecendo aos critérios de segurança recomendados pelos fabricantes de defensivos.

Por que a pulverização não pode ser feita contra o vento?

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O controle dessa doença deve ser feito mediante o uso de instrumentos químicos. Apesar de não registrado, pode ser usado o fungicida Derosal SC, na dosagem de 60 ml para cada 20 litros de água, fazendo-se a aplicação dirigida aos cachos jovens. A moléstia também pode ser controlada com o uso de medidas de caráter cultural, isto é, a eliminação dos restos de cultura imediatamente após a colheita e o uso de áreas onde não tenha sido cultivada a mamona recentemente. ■■Podridão-de-Macrophomina: essa doença é provocada pelo fungo Macrophomina phaseolina, que se manifesta através do amarelecimento e murcha da planta, com necrose total ou parcial da raiz, que evolui para o escurecimento do caule e a morte da planta. ■■Podridão-de-Botryodiplodia: essa doença é provocada pelo fungo Lasiodiplodia theobromae, que se manifesta pelo murchamento, escurecimento e podridão dos ramos e caule, de cima para baixo, com posterior morte da planta. Como forma de controle, devese evitar ferir as plantas e, quando da colheita e da poda, desinfetar as ferramentas utilizadas e ainda pincelar os locais do corte com fungicida à base de cobre. ■■Murcha-de-Fusarium: essa doença provocada pelo fungo Fusarium oxysporum, que se manifesta pelo amarelecimento, murchamento e necrose das folhas, e posterior queda, com reflexos importantes na produção. Como forma de controle, além do uso de sementes sadias, devese, quando necessário, fazer tratamento químico, com vitavax + thiram. É recomendável praticar ainda

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a rotação de cultura para que o terreno não se infeste rapidamente com o fungo causador da moléstia. ■■ Tombamento: doença causada por diversos fungos, sendo os principais o Rhizoctonia solani, o Sccherotium rolfsii, o Fusarium sp e o Alternaria sp, que se manifestam necrosando e apodrecendo o colo das plantas jovens, provocando tombamento e morte da plântula. Como forma de controle, além do uso de sementes sadias, devese, quando necessário, fazer tratamento químico, com vitavax + thiram e rotação de culturas. ■■ Mancha-de-Cercospora: doença causada pelo fungo Cercospora ricinella, que ataca as folhas, formando manchas circulares. As plantas jovens, sob ataque severo, podem morrer. O controle pode ser feito com a utilização de sementes sadias, livres de patógenos e espaçamentos maiores.

Mamoneira atacada por fungos ■■ Mancha-de-alternaria: essa doen-

ça tem como agente causal o fungo Alternaria ricini, que se manifesta através de manchas de coloração parda. Assim como no caso do fungo Cercospora ricinella, quando o ataque é severo, as plantas jovens chegam a morrer.


Trata-se de uma doença muito agressiva em híbridos cultivados em locais de temperatura e umidade altas. O controle é feito com fungicida à base de cobre ou ditiocarbamatos Vitavax + Thiran (diluído em 500 mL de água).

Medidas preventivas Para evitar a contaminação das plantas, medidas preventivas gerais devem ser adotadas. Beltrão et al. (2002) recomendam, além do uso de cultivares tolerantes e resistentes: 1) realização de poda no segundo ano; 2) a eliminação dos restos culturais suspeitos de contaminação; 3) eliminação de mamoneiras asselvajadas próximas da área de

cultivo; 4) evitar o plantio perto das áreas com a presença da doença; e 5) o tratamento das sementes, antes do plantio, com o uso de formol 40% (1 litro de formol para 240 litros de água), durante 15 minutos.

Rotação de culturas Não é recomendável plantar mamona por mais de dois anos na mesma área, pois poderá ocorrer ampliação de problemas tais como pragas, doenças, etc. Recomenda-se a rotação com culturas como sorgo, milho, algodão, gergelim ou amendoim, respeitadas as aptidões edafoclimáticas de cada uma delas.

Mamoneira asselvajadas prejudicam o plantio de mamonas selecionadas.

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Resumo da lição • Os ataques de agentes infecciosos causam doenças à mamoneira e prejudicam a produtividade e a qualidade do produto; • As doenças que acometem a mamoneira e que exigem providências rápidas e eficientes, tanto preventivas como de combate e controle, são: 1. Mofo-cinzento 2. Podridão-de-Macrophomina 3. Podridão-de-Botryodiplodia 4. Murcha-de-Fusarium 5. Tombamento (Rhizoctonia Sollani) 6. Mancha-de-Cercospora 7. Mancha-de-Alternaria; • Para evitar a contaminação das plantas recomenda-se o uso de cultivares tolerantes e resistentes; • Outras medidas preventivas: 1. Realização de poda no segundo ano 2. Eliminação dos restos culturais suspeitos de contaminação 3. Eliminação de mamoneiras asselvajadas próximas à área do plantio 4. Evitar o plantio próximo das áreas com a presença da doença 5. Tratamento das sementes antes do plantio com formol 40% (1 litro de formol para 240 litros de água), durante 15 minutos; • Não é recomendável plantar mamona por mais de dois anos na mesma área.

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Lição 11 Consorciação

O

consórcio é uma forma de plantio que pode ser praticado com a mamoneira. Mas todo consórcio exige competição entre as culturas consorciadas. E essa competição é função do número de plantas por área praticada. Geralmente, a mamona é plantada tendo o amendoim, o feijão ou o milho nas entrelinhas. Nessas condições, porém, a produção das culturas nunca é igual à que seria obtida em culturas solteiras. As maiores e mais econômicas produções de mamona são obtidas em culturas isoladas, com todas as condições de desenvolvimento proporcionadas exclusivamente a ela. A consorciação com gramíneas (principalmente milho e sorgo) é bastante prejudicial à mamona, e deve ser evitada. Para o semiárido nordestino, o consórcio recomendado é o da mamona com o feijão. Nesse consórcio devem ser utilizados as cultivares da mamona desenvolvidos pela Embrapa: a BRS 149 Nordestina e a BRS-188 Paragua-

çu, e o feijão Caupi (Vigna unguiculata), com os seguintes espaçamentos e densidades de plantio: Em fileiras simples: ■■3,0 m x 1,0 m, intercaladas com 3 fileiras de feijão Caupi no espaçamento de 0,50 m ou 0,60 m entre fileiras e 0,20 m ou 0,25 m, entre plantas dentro das fileiras ■■4,0 m x 1,0 m, intercaladas com 4 fileiras de Feijão Caupi no espaçamento de 0,50 m ou 0,60 m entre fileiras e 0,20m ou 0,25 m entre plantas dentro das fileiras. Em fileiras duplas: ■■4,0 m x 1,0 m x 1,0 m ou 4,0 m x 2,0 m x 1,0 m, intercaladas com 4 fileiras de feijão Caupi no espaçamento de 0,50 m ou 0,60 m entre fileiras e 0,20 m ou 0,25 m entre plantas dentro das fileiras. ■■As fileiras do feijoeiro devem ficar a uma distância de, pelo menos, 1,0 m das fileiras das mamoneiras, conforme mostram os esquemas de plantio nas figuras a seguir:

No consórcio com o feijão, a mamona deve ser semeada em primeiro lugar, pelo menos 15 dias antes, para evitar que venha a ser prejudicada pela concorrência do feijão, pois o desenvolvimento inicial da mamoneira é muito lento.

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1,25 m

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100 m

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4,00 m 2,00 m

Fig. 3. Esquema de plantio do sistema mamona + vigna 4,0 m x 1,0 m x 1,0 m + 4 fileiras de vigna.

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Fig. 2. Esquema de plantio do sistema mamona + vigna 4,0 m x 1,0 m + 4 fileiras de vigna.

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0,20 m

1,00 m

1,25 m 0,50 0,50 0,50 1,25 m

100 m

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2,00 m

1,00 m

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0,20 m

100 m

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Fig. 1. Esquema de plantio do sistema mamona + vigna 3,0 m x 1,0 m + 3 fileiras de vigna.

4,00 m

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1,25 m

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0,50 0,50 0,50

0,20 m

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0,50 0,50 1,00 m

3,00 m

1,00 m

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0,20 m

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Fig. 4. Esquema de plantio do sistema mamona + vigna 4,0 m x 2,0 m x 1,0 m + 4 fileiras de vigna.

CONVENÇÕES

* MAMONA | • FEIJÃO VIGNA

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Resumo da lição • O consórcio é uma forma de plantio que pode ser praticado com a mamoneira; • A mamona pode ser plantada em consórcio com o amendoim, o feijão ou o milho; • Em consórcio, a produção das culturas nunca é igual à que seria obtida em culturas solteiras; • O consórcio da mamona com gramíneas, principalmente milho e sorgo, deve ser evitado; • Para o Semiárido nordestino, o consórcio recomendado é o da mamona com o feijão; • No consórcio da mamona com o feijão, devem ser utilizados as cultivares da mamona desenvolvidos pela Embrapa, a BRS 149 Nordestina e a BRS-188 Paraguaçu e o feijão Caupi; • As fileiras do feijoeiro devem ficar a uma distância de, pelo menos, 1,0 m das fileiras das mamoneiras.

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Lição 12

Colheita, beneficiamento e poda Dá-se o nome de deiscente ao vegetal cujos frutos, ao atingir a maturação, abrem-se naturalmente, deixando cair as sementes.

Para a secagem de um hectare de mamona, o terreiro deve apresentar uma área aproximada de 200 m2 por exemplo: um terreiro com as dimensões de 14,0 m x 14,0 m.

A colheita A colheita é a fase decisiva para obtenção de um produto de boa qualidade. Consoante a “Cartilha 1”, da Embrapa (2006), em cultivares deiscentes, a colheita deve ser realizada logo após o início do amadurecimento dos frutos. Em cultivares semideiscentes, deve ser iniciado com, no mínimo, 90% dos frutos de cada cacho maduros (secos); em cultivares indeiscentes, com 100% dos frutos maduros (se-cos). A colheita precoce das sementes, com as bagas ainda verdes, acidifica o óleo, o que compromete seriamente a qualidade do produto.

Para pequenos e médios produtores, o processo de colheita mais indicado é o manual, cortando-se o cacho pela base do seu pedúnculo e levando-o para completar a secagem no terreiro. O corte na base do cacho deve ser feito, de preferência, com uma tesoura de poda. É possível colher quebrando o talo do cacho com a mão, mas esse processo não é recomendado porque provoca grandes ferimentos na planta, os quais podem servir de porta para doenças. Banco de Dados O POVO

Colheita da mamona, utilizando as duas mãos.

A colheita deve ser feita com a utilização das duas mãos, em dia de sol, e logo em seguida os cachos devem ser expostos ao sol, para secagem natural. Só depois de secas, com cerca de 18% de umidade, é que se deve proceder ao descascamento.

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O terreiro para secagem pode ser construído em chão batido ou em alvenaria, com piso de cimento liso, que facilita o batimento manual e o descaroçamento na máquina. A colheita mecânica é indicada para grandes áreas plantadas com cultivares indeiscentes de porte baixo


ou anão; feito com uso de colheitadeira de arroz ou milho, adaptada, que colhe e faz o descascamento simultâneo.

Beneficiamento ■■Descascamento

e secagem das

sementes O descascamento dos frutos pode ser feito através do batimento manual (com varas flexíveis de madeira ou chibatas confeccionadas com tiras de borracha), com o uso de máquina manual ou elétrica e mecânica, sempre cuidando para evitar a quebra das sementes, que é a principal causa da acidificação do óleo. Banco de Dados O POVO

Secagem das sementes

Os cachos devem ser espalhados em camadas de, no máximo, 10 cm e revolvidos várias vezes durante o dia. Se possível, os cachos devem ser amontoados no final da tarde e cobertos com uma lona plástica para evitar chuvas ou mesmo o orvalho noturno. Essa

amontoa deve ser feita com os frutos ainda quentes, ou seja, antes de o solo esfriar para que o calor seja conservado. Pela manhã, os frutos também só devem ser espalhados quando o sol já estiver quente. O tempo de secagem dependerá do nível de umidade no momento da colheita e das condições ambientais, principalmente temperatura e insolação. Geralmente, os frutos estarão prontos para o descascamento após 2 ou 3 dias de secagem. Nesta etapa, o material a ser beneficiado precisa estar com umidade de 10%, para que as sementes larguem da casca com maior facilidade. No processo de descascamento mecânico, os frutos são colocados em cestos, depois são despejados na câmara de batimento e, posteriormente, as sementes, soltas dos frutos, caem na parte inferior da máquina. ■■Armazenamento Após o descascamento, os grãos ou bagas podem ser acondicionados em sacos de aniagem ou em silos. No primeiro caso, a umidade das sementes ou bagas deve variar de 8 a 10% no máximo e, no segundo caso, de, no máximo, 5%. Para um armazenamento seguro, é muito importante considerar as condições de umidade relativa existentes no ambiente onde será guardada a semente ou baga e aspectos como temperatura, ventilação e fácil acesso, para controle de insetos, roedores e microrganismos.

Poda A poda é uma prática rotineira recomendada para cultivares de portes médio e alto. Deve ser realizada ao final da colheita. Seu objetivo é reduzir os custos de produção no ano seguinte. Cultivares de porte baixo ou anão e híbridos não são apropriados para cultivo com poda. Outrossim, reco-

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Como devemos fazer a poda?

menda-se que a lavoura seja podada apenas uma vez no ano, para evitar os riscos de aumento da ocorrência de pragas e doenças. Não se recomenda a realização da poda em regiões favoráveis à incidência da podridão-dos-ramos. A poda deve ser feita cortando-se o caule e os ramos das plantas em bico de gaita, com a altura variando

de 30 a 60 cm. Para reduzir a penetração da água no interior do caule das plantas, a posição do corte deve ficar em sentido contrário à da caída das chuvas. É oportuno ressaltar que a poda só deve ser feita quando a planta encerrar a fase de emissão de cachos, ou seja, quando estiver em fase de repouso vegetativo.

Resumo da lição • Em cultivares deiscentes, a colheita deve ser realizada logo após o início do amadurecimento dos frutos; em cultivares semideiscentes, deve ser iniciado com, no mínimo, 90% dos frutos de cada cacho maduros (secos). em cultivares indeiscentes, com 100% dos frutos maduros (secos); • Para pequenos e médios produtores, o processo de colheita mais indicado é o manual; • O terreiro para secagem pode ser construído em chão batido ou em alvenaria, com piso de cimento liso, que facilita o batimento manual e o descaroçamento na máquina; • A colheita mecânica é indicada para grandes áreas plantadas com cultivares indeiscentes de porte baixo ou anão; • O descascamento dos frutos pode ser feito através do batimento manual (com varas flexíveis de madeira ou chibatas confeccionadas com tiras de borracha), com o uso de máquina manual ou elétrica e mecânica; • A poda é uma prática rotineira recomendada para cultivares de portes médio e alto; e deve ser realizada ao final da colheita. O seu objetivo é reduzir os custos de produção no ano seguinte; • Recomenda-se que a lavoura seja podada apenas uma vez no ano, para evitar os riscos de aumento da ocorrência de pragas e doenças.

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Referências PASSOS, Sebastião M. Godoy; FILHO, Vicente Canéchio; JOSÉ, Antônio e CAMPOS, Tarcízio de. Principais Culturas. 2 Volumes. Campinas: Instituto Campineiro de Ensino Agrícola, 1973. MARQUES, Pedro Valentim e AGUIAR, Danilo Rolim Dias de. Comercialização de produtos agrícolas. São Paulo: EDUSP, 1993. HOLANDA, Ariosto. Biodiesel, a energia que vem do campo. Câmara dos Deputados – Separata de Discursos, Pareceres e Projetos. No 189/2006. HOLANDA, Ariosto. Biodiesel e Inclusão Social. Caderno de Altos Es-tudos. Brasília, 2004. HOLANDA, Ariosto. Capacitação Tecnológica da População. Caderno de Altos Estudos. Brasília, 2007. WALLER, G. R. Introduction. In: F. A. Macias; J.C.G. Galindo; J. M. G. Molinillo & H. G. Cutler (eds.). Recent advances in allelopathy. Cádiz, Servicio de Publicaciones, Universidad de Cádiz, v.1. 1999 http://www.biodieselbr.com/noticias/em-foco/r1-brasil-5-area-plantada-cultivar-materia-primabiocombustivel-08-05-08.htm

Os estudiosos da economia estão de acordo que a educação é o motor do desenvolvimento e qualificar a população que possui baixa escolaridade é o grande desafio dos gestores do século XXI. REALIZAÇÃO

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