produtor de
arroz
Francisco JosĂŠ dos Santos | Raimundo de SĂĄ Barreto Granjeiro
Copyright © 2003 by Luís Francisco José dos Santos e Raimundo de Sá Barreto Granjeiro
Fundação Demócrito Rocha (FDR)
Instituto Centro de Ensino Tecnológico (CENTEC)
Presidente João Dummar Neto
Diretor Presidente Francisco Férrer Bezerra
Diretor Geral Marcos Tardin
Diretoria de Extensão Tecnológica e Inovação Afonso Odério Nogueira Lima
Edições Demócrito Rocha (EDR)
Diretoria de Ensino, Pesquisa e Pós-Graduação Afonso Odério Nogueira Lima
(Marca registrada da Fundação Demócrito Rocha)
Diretoria Administrativo-Financeira
Editora Executiva Regina Ribeiro
Antônio Elder Sampaio Nunes
Editor Adjunto Raymundo Netto
Convênio institucional entre Fundação Demócrito Rocha e Instituto CENTEC Secretaria da Ciência e Tecnologia e Educação Superior do Ceará - Secitece
Gerente de Produção Sérgio Falcão Editor de Design Amaurício Cortez Coordenação Editorial Eloísa Maia Vidal Revisão Textual Miguel Leocádio Araújo Capa Welton Travassos Editoração Eletrônica Cristiane Frota Ilustrações Welton Travassos, Elinaudo Barbosa, Leonardo Filho e Erivando Costa Fotos Banco de Dados O POVO Catalogação na Fonte Kelly Pereira
Santos, Francisco José dos S596p Produtor de Arroz /Francisco José dos Santos; Raimundo de Sá Barreto Granjeiro. - Fortaleza: Fundação Demócrito Rocha; Instituto Centro de Ensino Tecnológico - CENTEC, 2014. 40 p.: il. color. - (Coleção Formação para o Trabalho 2)
Todos os direitos desta edição reservados a:
ISBN 978-85-7529-644-8
1. Arroz. . I. Granjeiro, Raimundo de Sá Barreto. II. Título. CDU 633.18
Fundação Demócrito Rocha Av. Aguanambi, 282/A - Joaquim Távora, Fortaleza-Ceará - CEP 60.055-402 Tel.: (85) 3255.6037 - 3255.6148 Fax: (85) 3255.6271 www.fdr.com.br
Sumário Apresentação..........................................4
Lição 6
Lição 1
Plantio do arroz....................................23
O arroz no mundo...................................5
Lição 7
Lição 2
Plantas daninhas do arroz irrigado.......28
Clima, solo, irrigação e drenagem..........7
Lição 8
Lição 3
Doenças e pragas do arroz..................35
Fases do desenvolvimento do arroz......9
Lição 9
Lição 4
Manejo da água de irrigação................37
Preparo do solo....................................13
Lição 10
Lição 5
Colheita, secagem e armazenamento.................................38
Adubação e calagem............................16
Referências...........................................40
Este projeto conta com a parceria do Instituto Centro de Ensino Tecnológico - CENTEC, que por meio de convênio interinstitucional com a Fundação Demócrito Rocha, assegura a elaboração dos textos visando trabalhar com a formação profissional básica para a população cearense. Este manual tem como objetivo disponibilizar material de baixo custo e alta qualidade técnica, editorial e pedagógica criando condições para que cidadãos tenham acesso a educação para o trabalho, com vistas à inclusão social, criando um ambiente propício para geração de emprego e renda.
Apresentação O melhor caminho para o produtor de arroz elevar seu lucro com a cultura consiste em aumentar a sua produtividade, ou seja, produzir mais numa mesma faixa de terra.
Para que o produtor alcance este objetivo, é necessário cuidar bem da lavoura, indo desde a escolha da semente e da terra para plantio, até a colheita, secagem e armazenamento. Edmundo Lima
Plantação de arroz
Cuidar bem da lavoura não significa apenas deixá-la limpa, sem mato, ou colocar água e adubo. É necessário ter conhecimento acerca de todas as práticas a serem empregadas na cultura, ou seja, a melhor semente, o melhor espaçamento, o inseticida mais eficiente, a melhor época de colheita e outras mais. Além das tecnologias a serem empregadas na lavoura de arroz, o
4
Formação para o trabalho 2 produtor de arroz
produtor deve se preocupar em alcançar o máximo na produção com menores custos e comercializar bem o arroz produzido. Neste aspecto é importante produzir arroz de boa qualidade. Para ajudar o produtor a alcançar este objetivo, elaborou-se este manual procurando enfatizar, de forma clara e simples, as principais tecnologias para a cultura do arroz irrigado.
Lição 1
O arroz no mundo
O
arroz é plantado em quase todo o mundo. Entre os países produtores, a China ocupa o 1º lugar, com uma produção equivalente a 36% da mundial e 39% do continente asiático, responsável por
92% do arroz produzido em todo o mundo. O Brasil, mesmo participando com apenas 1,5% da produção mundial, acha-se entre os nove maiores produtores.
MAPA MUNDI (NO DESTAQUE BRASIL E CHINA)
Fundação Demócrito Rocha 5
Qual o principal produtor mundial de arroz?
O cultivo desse cereal está disseminado por todo território nacional, concentrando-se a produção nas regiões Centro-Oeste, Norte e Sul que, no ano de 2001 foram responsáveis por 87,2% de todo arroz produzido no País. Na Região Nordeste, destaca-se o Maranhão como grande produtor. O estado Rio Grande do Sul é o maior produtor brasileiro seguido de Santa Catarina.
Consumo anual de arroz no brasil é em média 25 quilos por habitantes. Entre 1975 e 2005, embora o país tenha reduzido a área de plantio de arroz em 26%, a produção de arroz aumentou 69%, o que permitiu ao país tornar-se autossuficiente em arroz na safra 2003/2004.
Resumo da lição • O continente asiático é responsável por 92% do arroz produzido no mundo, sendo a China o país que mais o produz em todo o planeta; • O Brasil se acha entre os dez maiores produtores mundiais de arroz.
6
Formação para o trabalho 2 produtor de arroz
Lição 2
Clima, solo, irrigação e drenagem
O
s fatores físico-químicos do clima e do solo como luz, água, temperatura, ventos, gases da atmosfera, umidade, substâncias químicas do solo, irrigação e drenagem são essenciais para o desenvolvimento e a produção do arroz.
Clima A planta do arroz se adapta aos mais variados climas, assim é cultivado na maior parte do globo terrestre. Entre os fatores climáticos, os de maior importância para a cultura do arroz irrigado são a temperatura, a radiação e o fotoperíodo (duração do dia). De um modo geral, a cultura do arroz irrigado comporta-se bem quando, durante o ciclo, a temperatura estiver entre 22 ºC a 33 ºC. Temperaturas abaixo de 17 ºC acarretam sérios danos à cultura do arroz, principalmente no retardamento do crescimento da planta, redução do perfilamento e esterilidade das flores. Algumas cultivares têm seu ciclo prolongado quando a duração do dia é menor que a exigida. Um grande número de dias nublados ou chuvo-
sos causa prejuízos à cultura do arroz, uma vez que, para a obtenção de altas produções, as plantas necessitam do máximo de luz solar.
Solo O arroz irrigado exige solos com condições físicas que permitam a inundação na maior parte do ciclo. Por isso, os mais indicados são os de relevo plano, lençol freático próximo à superfície e uma textura que possibilite as condições adequadas de retenção de água.
Irrigação e drenagem Irrigar é fornecer água para a planta com qualidade e na quantidade por ela exigida. Drenar é retirar o excesso de água existente no solo, para possibilitar o melhor desenvolvimento da planta. Para poder manejar bem a água de irrigação, o produtor de arroz precisa dispor de uma estrutura mínima. Essa estrutura envolve: nivelamento do solo, construção de canais de irrigação e drenagem, taipas, estradas e outros, que são realizados através dos projetos de irrigação e drenagem.
Irrigação: é usada para corrigir a carência de água e pode ser feita através de sulcos ou aspersão.
Fundação Demócrito Rocha 7
A técnica de irrigação por sulcos é muito usada no plantio do arroz
Qual o melhor solo para plantio de arroz?
Drenar é retirar o excesso d‘água existente no solo.
As vantagens dos projetos de irrigação e drenagem são: ■■ distribuição uniforme da água nos quadros; ■■ melhor desempenho das máquinas agrícolas; ■■ facilidade no controle das plantas daninhas; ■■ facilita a aplicação de adubo, sementes e defensivos; ■■ menor perda de fertilidade do solo; ■■ aumento da produtividade.
Para se fazer um projeto de irrigação e drenagem é necessário: ■■ ter água de boa qualidade e em quantidade suficiente; ■■ possuir escoamento para as águas de drenagem; ■■ que o terreno seja mais ou menos plano; ■■ que o solo seja próprio para irrigação por inundação.
Resumo da lição • A planta do arroz se adapta aos mais variados climas; • Um grande número de dias nublados ou chuvosos diminui a produção do arroz; • O solo bom para o arroz é o que, além de possuir fertilidade, apresente boa capacidade de retenção d‘água; • Para cultivar arroz irrigado é necessário se fazer um projeto de irrigação e drenagem.
8
Formação para o trabalho 2 produtor de arroz
Lição 3
Fases do desenvolvimento do arroz
P
ara melhor entender e poder manejar a cultura do arroz, o produtor precisa conhecer as suas etapas de desenvolvimento, pois em cada uma delas é preciso estar atento para determinadas práticas. O crescimento e desenvolvimento da planta do arroz são afetados prin-
cipalmente pela temperatura, comprimento do dia, fertilidade do solo e manejo d‘água. Dependendo da cultivar, o ciclo de vida da planta do arroz situa-se geralmente entre 90 e 210 dias.
FASE DO CRESCIMENTO DO ARROZ Fase vegetativa 0 1 2 3 0. Germinação 1. Plântula 2. Perfilamento da panícula 3. Elongação do caule
Fase reprodutiva 4 5 6 4. Início da panícula 5. Desenvolvimento 6. Floração
Fase vegetativa Esta fase vai da germinação até a elongação do caule.
Fase de maturação 7 8 9 7. Grão leitoso 8. Grão pastoso 9. Grão maduro
Compreende as etapas 0, 1, 2 e 3. Etapa 0 - Germinação: vai desde a colocação da semente no solo até o aparecimento da primeira folha.
O grâo de arroz em germinação
Os fatores ambientais que interferem no processo normal de germinação são basicamente a água, a temperatura, o oxigênio e a luz. Nas
condições normais de água, luz, temperatura e oxigênio, a germinação ocorre entre cinco e seis dias.
Fundação Demócrito Rocha 9
A temperatura ótima para a germinação da semente situa-se entre 30 ºC a 37 ºC. Abaixo de 10 ºC a 12 ºC e acima de 40 ºC a 42 ºC não há germinação.
Etapa 1 - Plântula: esta etapa abrange o período que vai da formação da
primeira folha até imediatamente antes do aparecimento do primeiro perfilho.
Solo = terra Cultivar = variedade Panícula = cacho Elongação = alongamento
A plântula é a etapa em que aparece a 1ª folha
Nesse estágio a planta se encontra com quatro folhas e o produtor deve ter os seguintes cuidados: ■■ manejar corretamente a água de irrigação; ■■ fazer o controle das plantas daninhas;
■■ fazer
o controle das pragas, se necessário. Etapa 2 - Perfilamento: compreende o período entre o início do perfilamento até o máximo perfilamento produtivo.
Que fatores ambientais podem interferir na germinação do arroz?
A plântula é a etapa em que aparece a 1ª folha
Esta é a etapa mais longa para a maioria das cultivares e define o comprimento do seu ciclo de vida. Sua duração é bastante variável. Nesta etapa, o produtor deve ter os seguintes cuidados: ■■ fazer adubação nitrogenada; ■■ manejar corretamente a água de irrigação; ■■ fazer controle de plantas daninhas; ■■ ficar atento ao aparecimento de doenças; ■■ fazer o controle de pragas, se necessário.
10
Formação para o trabalho 2 produtor de arroz
Etapa 3 - Elongação do caule: inicia no momento em que o entrenó superior do colmo principal começa a ser notado, e vai até a iniciação do primórdio floral. Nesta etapa o produtor deve ter os seguintes cuidados: ■■ fazer bom manejo da água de irrigação; ■■ ficar atento ao aparecimento de pragas e doenças; ■■ fazer limpeza das taipas, canais e drenos.
Fase reprodutiva Esta fase se inicia com a diferenciação do primórdio floral e termina com a floração. Compreende três etapas: Etapa 4 - Iniciação da panícula: vai desde o final da elongação do caule
até o aparecimento de um ponto branco em forma de pluma de algodão sobre o quarto nó. O início desta fase ocorre onze dias antes do aparecimento desta pluma.
Planta daninha: erva daninha, invasora. Primórdio floral: início da formação da panícula.
Elongação do caule e iniciação da panícula
Nesta etapa, a produção de grãos pode ser severamente afetada pelas condições adversas, como frio e deficiência de água ou nutrientes. Estes, especialmente o nitrogênio, devem estar disponíveis para a planta nas quantidades necessárias para as suas exigências.
Etapa 5 - Desenvolvimento da panícula: esta etapa abrange o período que vai da diferenciação visível da panícula até o momento em que ela aparece através da folha bandeira.
Desenvolvimento da panícula
Esta fase é muito crítica com relação a fatores adversos, como deficiência de água e nutrientes.
Etapa 6 - Floração: o início dessa etapa é marcado pela emergência da panícula através da folha bandeira.
Fundação Demócrito Rocha 11
Floração
Quando termina a fase reprodutiva?
Aproximadamente trinta dias após a floração os grãos atingem a maturação.
Quais são as etapas da maturação?
Fatores adversos, como temperatura baixa e ventos frios, afetam seriamente a fecundação das flores, acarretando a redução do número de grãos e, consequentemente, da produção final.
Fase de maturação Compreende a fase final do ciclo da cultura do arroz, indo da fecundação à maturação completa dos grãos. Compreende três etapas: Etapa 7 - Grão Leitoso: inicia no momento em que a flor é fecundada, indo até o grão adquirir certa consis-
tência. Nesse momento, a panícula se curva formando um ângulo de 90º. Etapa 8 - Grão Pastoso: a consistência do grão é no princípio, pastosa suave, endurecendo em três a cinco dias. Nesta etapa pode ser retirada toda a água da irrigação mantendo as taipas abertas. Etapa 9 - Maturação: vai desde o momento em que a panícula está virada, até quando 2/3 dos grãos estão amarelos.
Resumo da lição • O arroz tem três fases de desenvolvimento: vegetativa, reprodutiva e maturação; • É importante o conhecimento dessas fases para que determinadas práticas sejam utilizadas na cultura do arroz; • A fase vegetativa vai da germinação até o alongamento do caule; • A fase reprodutiva se inicia com a diferenciação do primórdio floral e termina com a floração; • A fase de maturação vai da fecundação à maturação completa dos grãos.
12
Formação para o trabalho 2 produtor de arroz
Lição 4 Preparo do solo
O
preparo do solo tem a finalidade de formar uma camada adequada para receber a semente, de modo a oferecer condições que permitam a germinação e o desenvolvimento rápido e uniforme das plantas; além de favorecer o manejo da água, a aplicação de fertilizantes e o controle das plantas daninhas. Sendo o arroz uma planta cuja maior parte do sistema radicular desenvolve-se na camada superficial do solo, o preparo pode restringir-se a esta camada, sem prejuízos ao desenvolvimento da cultura. Algumas dessas alternativas referem-se à movimentação apenas da camada de 5 cm a 10 cm, ou seja, da mais superficial. Há várias alternativas de preparo de solo para o arroz, utilizando um ou mais implementos, variando com o sistema de semeadura.
Preparo para semeadura em solo seco Neste sistema o preparo do solo deve proporcionar uma camada superficial finamente destorroada, de forma a
possibilitar condições adequadas à germinação. O preparo convencional do solo implica em aração seguida de sucessivas gradagens.
Aração
O solo deve ser preparado com alguma antecedência para que haja a incorporação e decomposição dos restos culturais e plantas daninhas antes de ser efetuado o plantio.
Profundidade Nos solos novos e pouco compactados, o arado não deve ultrapassar a uma profundidade de 15 cm e nos terrenos pesados e onde forem feitas arações rasas por muito tempo, deve-se fazer uma aração mais profunda, em torno de 25 cm, para quebrar a parte endurecida que se forma debaixo da camada arada. A aração nunca deve pegar a parte clara do terreno, denominada subsolo, pois afetará, além da fertilidade, o poder de formação da lâmina d‘água.
Como deve ser preparada a terra para plantio do arroz?
Tipos de arado a) Arados de aiveca: tanto podem ser usados a tração animal (pequenas áreas) como a do trator.
Arado com tração animal
Fundação Demócrito Rocha 13
b) Arados de discos: são mais usados com tração motora.
Arados de discos ■■ os
arados de aiveca podem ser fixos e reversíveis; ■■ os fixos tombam a terra para um único lado;
■■ os
reversíveis tombam a terra para os dois lados.
Quando se quer uma aração mais profunda, aumenta-se o comprimento da corrente e para uma aração rasa, diminui-se o tamanho.
Arado
As grades apresentam regulagem de acordo com o ângulo de corte e a folga entre os conjuntos de discos. Somente trabalhando é que o operador saberá qual a regulagem mais recomendada para o ângulo de corte.
14
Os arados de aiveca à tração animal são regulados em dois pontos: na corrente que vai da canga ao ponto de engate do arado e na roda reguladora da profundidade. A roda reguladora da profundidade possui uns furos, através dos quais se pode baixá-la, quando se quer uma aração mais rasa, ou subi -la, quando se deseja uma aração mais profunda. Os arados de discos, de acordo com a forma de engate ao trator, podem ser: a) de arrasto: são os que se acham totalmente apoiados no chão. São tracionados pela barra de tração dos tratores, em um só ponto.
Formação para o trabalho 2 produtor de arroz
b) de levante hidráulico: são aqueles que se engatam diretamente ao trator, em 3 pontos: braço inferior esquerdo, braço inferior direito e no terceiro braço (superior); quando são transportados ficam totalmente levantados do solo.
Trator com levante hidráulico
A marcha recomendada para a aração poderá ser a simples, primeira para terrenos de textura leve, ou a terceira reduzida, para solo de textura mais pesada. Para se obter uma aração uniforme, a velocidade do trator deverá permanecer invariável durante o trabalho.
Gradagem Depois da aração, o terreno se apresenta muito irregular, exigindo uma operação de acabamento. Para isso é que se faz a gradeação ou gradagem, a fim de quebrar
Grade de discos
Preparo para semeadura em solo inundado Neste sistema o preparo do solo é feito em duas etapas: 1º. destorroar a camada superficial do solo para formação da lama (lameiro) podendo ser efetuado em solo seco, com posterior inundação, ou em solo já inundado; 2º. compreende o nivelamento, já que ele proporciona uma maior uniformidade da superfície do solo, para receber as sementes pré-germinadas ou as mudas. O nivelamento em pequenas áreas, geralmente é feito com tração animal após a formação do lameiro, utilizando-se equipamen-
os torrões deixados pela aração, dando assim um acerto no terreno. O número de gradagens é função do tipo de solo e da grade usada. O ideal é fazer uma gradagem logo após a aração e as demais às vésperas do plantio, para destruir as plantas daninhas que por ventura tenham nascido. Atualmente as grades mais usadas são as de discos e as aradoras. No preparo do solo de pequenas áreas, quando realizado à tração animal, usa-se grades de dentes.
Quando deve ser realizada a gradagem? Qual a finalidade do nivelamento para o plantio do arroz?
Grade de dentes
tos feitos de madeira. Em áreas maiores o nivelamento é feito com tratores adaptados para trabalharem em lameiro. Um dos implementos normalmente utilizados para o nivelamento e destorroamento é a enxada rotativa.
Resumo da lição • Os implementos a serem usados no preparo do solo dependem do sistema de semeadura; • A aração jamais deve pegar a camada clara do terreno, denominada subsolo, pois afetará o poder de formação da lâmina d‘água; • A gradagem tem a função de quebrar os torrões deixados pela aração;
Equipamento para nivelamento do solo inundado
• O número de gradagens é em função do tipo de solo e da grade usada; • A enxada rotativa é um implemento importante para destorroar e nivelar o terreno para o plantio do arroz.
Fundação Demócrito Rocha 15
Lição 5
Adubação e calagem
A
adubação e calagem são práticas importantes no plantio de arroz. A adubação é o processo de melhoria do solo e a calagem corrige a acidez e fornece cálcio e magnésio.
Adubação
A tabela abaixo mostra a quantidade de nutrientes minerais extraí-
dos por uma cultura de arroz irrigado em kg/ha.
As plantas, assim como todos os animais, inclusive o homem, necessitam de alimentos à base de minerais. Elas retiram esses minerais do solo através das raízes. Principais nutrientes minerais para a planta do arroz
Nutrientes minerais
NUTRIENTES MINERAIS EXTRAÍDOS POR Kg/ha Parte da planta Grãos Palha Raízes Total
16
Produção (kg/ha) 2.430 4.930 2.000 9.360
NItrogênio (N) 23,3 22,0 4,8 50,1
Fósforo (P) 12,1 11,4 2,5 26,0
Formação para o trabalho 2 produtor de arroz
Potássio (K) 12,2 51,6 7,5 71,3
Cálcio (Ca) 1,5 13,5 3,0 18,0
Magnésio (Mg) 4,4 5,6 1,5 11,5
Silício (Si) 148,8 93,9 35,6 278,3
Enxofre (S) – – – 13
Funções dos principais nutrientes Nitrogênio (N): é o nutriente-chave para se obter alta produtividade no arroz. É importante para o crescimento das raízes, caule e folhas, pois aumenta o número de perfilhos, o tamanho da panícula e do grão. A deficiência de nitrogênio afeta o desenvolvimento geral da planta e diminui a produção de grãos. Os sintomas de deficiência ocorrem nas folhas mais velhas, que tornam-se cloróticas e, em seguida, secam, a partir das pontas. O excesso de nitrogênio prejudica o desenvolvimento da planta do arroz, causando aborto de flores, reduzindo o tamanho da panícula e diminuindo a produção de grãos. Fósforo (P): participa em quase todas as partes da planta sendo importantíssimo para formação dos grãos. A deficiência de fósforo reduz o porte da planta e o número de perfilhos. Os sintomas de deficiência iniciam-se nas folhas mais velhas, que se tornam verde-azuladas; a seguir secam a partir das pontas e adquirem uma coloração arroxeada. Potássio (K): este nutriente proporciona às plantas maior resistência a certas doenças, acamamento e condições adversas; favorece o perfilamento e aumenta o tamanho e o peso dos grãos. Os sintomas de deficiência manifestam-se inicialmente nas folhas mais velhas que ficam com uma coloração marrom-amarelada a partir das pontas. Cálcio (Ca) e Magnésio (Mg): são nutrientes importantes porque participam de quase todas as partes da planta.
Análise do solo A adubação na cultura do arroz é feita de acordo com a análise química do solo. Por isso, o agricultor deve mandar analisar sua terra, para saber quais os adubos e as quantidades que devem ser colocadas na lavoura. Para que seja feita a análise da terra, é necessário que sejam retiradas amostras do solo e enviadas para o Laboratório de Análise de Solo.
Roteiro para retirada das amostras de solo 1º. Dividir a área onde vai ser plantado o arroz em partes aparentemente uniformes, levando em consideração a topografia, a vegetação, a cor do solo e outras. 2º. Cada uma das áreas escolhidas deverá ser percorrida em ziguezague, retirando-se, com equipamentos apropriados, 15 a 20 subamostras, que constituirão a ‘‘amostra composta’’ representativa de cada área.
Listas cloróticas: coloração amarelada das partes normalmente verde da folha cuja causa mais importante é a carência de elementos nutritivos indispensáveis. O excesso de fósforo não prejudica a planta do arroz. Quais os danos causados ao arroz por excesso de nitrogênio? Quais os principais nutrientes minerais para o arroz? Acamamento: queda das hastes do arroz, por efeito de ventania. O excesso de potássio não prejudica a planta, porém não pode faltar na dosagem correta.
Diagrama para coleta do solo para análise
Fundação Demócrito Rocha 17
Material necessário para retirar a amostra de solo
Material usado para coleta do solo
O material a ser utilizado se compõe de enxadão, trado, balde, facão e sacos de plástico que devem estar limpos. Nunca utilize embalagem de defensivos, adubos, sal e remédio. 3º. As amostras deverão ser retiradas da camada superficial do solo até a profundidade de 20 cm, tendo antes o cuidado de limpar a superfície do local escolhido removendo as folhas e outros detritos.
Não retirar amostra perto de cupim, formigueiro, estrada, cerca, casa galpão, depósito, chiqueiro, curral e no sulco de plantio. 4º. A terra a ser colocada em saco plástico é a amostra composta, das várias subamostras de uma mesma área, que será enviada ao laboratório. Não envie terra molhada. Sugerimos o uso de um saco plástico, dentro de um outro saco, a fim de proteger a etiqueta de identificação (ver modelo).
ETIQUETA DE IDENTIFICAÇÃO Amostra N.º ________ Interessado:______________________________________ Propriedade:_____________________________________ Município:____________________ Estado:_____________ Uso atual:_______________________________________ Cultura anterior:___________________________________ Cultura a ser realizada:_____________________________ Obs:____________________________________________ Data:___/___/20___
Interpretação dos resultados da análise do solo e recomendações para adubação Após a terra estar bem misturada no balde, retirar a quantidade suficiente para encher o saco plástico (+/-500 g). Feita a análise, a interpretação dos resultados é efetuada por um agrônomo, que recomendará a adubação, levando em conta o tipo de semente a ser plantada e o histórico da área.
18
Formação para o trabalho 2 produtor de arroz
Adubação de base: Fósforo (P) e Potássio (K) O fósforo (P) e o potássio (K) são dois nutrientes importantes para as plantas de arroz. Estes elementos, para serem melhor utilizados pela cultura, devem ser incorporados ao solo. Quando a semeadura do arroz é feita em solo seco, a incorporação dos fertilizantes (contendo fósforo e potássio) pode ser efetuada através da grade, antes da semeadura. Também o adubo pode ser colocado no momento do plantio, através da adubadeira — semeadeira.
A semeadeira é muito utilizada no plantio do arroz
Nas áreas onde se faz a semeadura do arroz pré-germinado em solos alagados, a incorporação do fósforo e potássio é feita durante o destorroamento ou durante o alisamento dos quadros. As fontes de fósforo e potássio mais utilizadas são Superfosfato Triplo, com 42% de fósforo, Superfosfato Simples, com 18% de fósforo e Cloreto de Potássio, com 60% de potássio. Quando forem utilizadas fórmulas prontas estas devem ser adequadas às recomendações.
Adubação com Nitrogênio (N) O nitrogênio (N) é o elemento de maior importância para se obter alta produtividade na cultura do arroz. A aplicação de nitrogênio na cultura do arroz é baseada, principalmente, no teor de matéria orgânica do solo e das características da cultivar. O nitrogênio é aplicado, normalmente, em cobertura, parcelado em duas aplicações. A primeira aplicação deve ser feita no início do perfilamento do arroz, que nas cultivares Cica-8, Metica-1 e Diamante ocorre em torno de 20 dias após a germinação da semente.
O perfilamento ocorre em torno de 20 dias após a germinação da semente
Fundação Demócrito Rocha 19
A segunda aplicação deve ser realizada na diferenciação do primórdio floral, ou seja quando o cacho do arroz ainda está se formando dentro da
planta; isto ocorre mais ou menos aos 60 dias após a germinação, para os cultivares anteriormente mencionados.
Diferenciação do primórdio floral
NPK: nitrogênio, fósforo e potássio.
A adubação de cobertura com nitrogênio não exige retirada de água dos tabuleiros, podendo, portanto, o adubo ser colocado sobre a lâmina d’água.
No caso de ser feita adubação de base com NPK, parte do nitrogênio é aplicada no momento ou antes do plantio, juntamente com o fósforo e o potássio. Nessas situações, o restante do nitrogênio é aplicado em cobertura, no perfilamento ou na diferenciação da panícula (cacho). Para o arroz irrigado, as melhores fontes de nitrogênio são: ureia, com 45% de nitrogênio e sulfato de amônio com 21%.
Calagem Calagem é a aplicação de calcário ao solo, para corrigir sua acidez e supri -lo com cálcio e magnésio, que são elementos necessários para o arroz.
Como é feita a aplicação de nitrogênio?
20
Adubação com Cálcio e Magnésio Quando se aplica o calcário dolomítico o solo: ■■ melhora sua estrutura; ■■aumenta o teor de cálcio e magnésio;
Formação para o trabalho 2 produtor de arroz
■■ neutraliza
o alumínio que é tóxico às plantas e imobilizador de fósforo do solo; ■■ estimula a flora microbiana. Evite usar calcário em excesso (supercalagem), pois prejudica o solo, a planta e o produtor rural. A quantidade de corretivo (calcário) e adubos deve ser prescrita pela análise do solo. O calcário deve ser aplicado a lanço, manual ou mecanicamente. O calcário não é móvel no solo. Por isso, para uma melhor incorporação, a aplicação do corretivo deve ser fracionada, aplicando-se metade da dose antes da aração e o restante, após esta prática, antes da gradagem.
Aplicação do calcário
O cálcio (Ca) é um elemento importante para o arroz pois tem função no crescimento das raízes, enquanto o magnésio (Mg) faz parte da molécula de clorofila e auxilia na absorção e translocação de fósforo.
Cálculos para adubação Existem, basicamente, duas maneiras para se atender as sugestões para adubação fornecidas pelo Laboratório de Análise de Solo. Primeira: adquirir separadamente os fertilizantes nitrogenados, fosfatados e potássicos.
Fertilizantes Nitrogenados ■■ Ureia:
45% de Nitrogênio. ■■Sulfato de Amônio: 20% de Nitrogênio.
Fertilizantes Fosfatados ■■ Superfosfato
Triplo: 45% de P2O5. ■■ Superfosfato Simples: 18% de P2O5.
Fertilizantes Potássicos ■■ Cloreto
de Potássio: 60% de K2O Neste caso, se as sugestões do Laboratório forem por exemplo: 30 kg de N; 80 kg de P2O 5 e 40 kg de K 2O, quantos kilogramas de ureia, de superfosfato triplo e de cloreto de potássio se deve colocar por hectare?
É simples. Basta se multiplicar a quantidade sugerida pelo Laboratório pelos seguintes números ou fatores: ■■ Ureia, por 2,22. No exemplo: 30 x 2,22 = 66,6 kg de Ureia. ■■ Superfosfato triplo, por 2,22. No exemplo: 80 x 2,22 = 176,6 kg de superfosfato triplo. ■■ Cloreto de potássio, por 1,66. No exemplo: 40 x 1,66 = 66,4 kg de cloreto de potássio.
O calcário usado corretamente enriquece os pais, mas quando em excesso empobrece os filhos e torna os netos miseráveis.
Se fosse:
P2O5 - Pentóxido de difósforo. K2O - Óxido de potássio. KCl - Cloreto de potássio.
■■Sulfato
de amônio, multiplicaria por 5. No exemplo: 30 x 5 = 150 kg de sulfato de amônio. ■■ Superfosfato simples, multiplicaria por 5,55. No exemplo: 80 x 5,55 = 444 kg de superfosfato simples. Segunda: adquirir o adubo nas fórmulas NPK, que são misturas mecânicas de dois ou mais adubos simples ou mistos. Essas fórmulas são expressas através de números que indicam os valores percentuais de NPK (Nitrogênio, Fósforo e Potássio). Atenção! Nem todas as fórmulas NPK são adequadas para o arroz. Sempre consulte um agrônomo ou técnico agrícola habilitado para indicar a melhor fórmula.
Quais os problemas que ocorrem com o uso excessivo de calcário?
Adubo NPK
N = nitrogênio P = fósforo K = potássio O que indicam os números encontrados no rótulo do adubo NPK.
Fundação Demócrito Rocha 21
Para efeito de sugestão apresentamos abaixo algumas fórmulas NPK que poderão ser usadas no arroz irrigado de acordo com o sistema de plantio.
Plantio em solo seco: N - P - K 5 - 20 - 20 5 - 20 - 10
Para que a adubação seja bem feita é necessário que o agricultor tenha uma noção correta do que seja adubar, pois a adubação irracional tem sido a causa de muitos insucessos ocorridos no plantio de arroz. Semeadura é o ato de plantar sementes no solo que foi devidamente preparado para recebê-las, para que germinem.
Plantio em solo inundado: N - P - K 0 - 20 - 20 0 - 20 - 10
Resumo da lição • Os principais nutrientes minerais para a planta do arroz são: nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, silício e enxofre; • Quando o solo não tem todos os nutrientes em quantidades que a planta do arroz necessita, deve-se colocar esses nutrientes no solo. Isso é feito através da adubação; • A adubação na cultura do arroz é feita de acordo com a análise química do solo; • O nitrogênio é aplicado normalmente em cobertura, parcelado em duas ou três aplicações; • Na aplicação do nitrogênio em cobertura, não é necessário retirar a lâmina d’água do arroz.
22
Formação para o trabalho 2 produtor de arroz
Lição 6 Plantio do arroz Sementes O emprego de semente de boa qualidade é fator importante para obtenção de elevada produtividade. Uma semente de boa qualidade apresenta as seguintes características: ■■ alto poder germinativo; ■■ pureza varietal; ■■ uniformidade no peso e tamanho. A cultivar a ser plantada deve estar adaptada às condições de clima e solo da região e reunir um maior número de características desejadas, como: ■■ alta produtividade; ■■ tolerância às doenças; ■■ resistência a acamamento; ■■ grãos de boa qualidade; ■■ alto rendimento de grãos inteiros no beneficiamento e outros.
A cultivar Metica-1 apresenta vantagens sobre as demais em precocidade, resistência e ataque de pássaro – por apresentar o grão pontiagudo (arista) – e responde melhor à adubação nitrogenada. Por outro lado a Metica-1 sofre mais os efeitos negativos do ambiente, o que afeta a qualidade do grão no beneficiamento. O quadro abaixo mostra as características das cultivares Cica-8, Metica-1 e Diamante.
Quais as vantagens do cultivar metica-1?
Sistema de plantio O plantio do arroz pode ser feito em solo seco ou em solo inundado.
CARACTERÍSTICAS DAS CULTIVARES Altura da planta (cm) Início da floração Produção de grãos (kg/ha)
DIAMANTE 96 99 8.612
CICA-8 89 101 8.142
METICA-1 96 99 8.071
Sistema de plantio em solo seco A semeadura em solo seco pode ser feita a lanço ou linha ou em cova. Plantio a lanço: neste sistema a semente é distribuída sobre terra gradeada e incorporada com uma grade de disco.
No plantio a lanço gastam-se de 120 kg a 150 kg de sementes por hectare. Plantio em linha: utiliza-se a semeadeira que proporciona uma germinação mais uniforme.
Fundação Demócrito Rocha 23
Plantio a lanço
Espaçamento: recomenda-se 20 cm entre linhas para as cultivares Diamante, Cica-8 e Metica-1
Quantidade de sementes por hectare: nessas condições se utilizará 100 a 120 kg de sementes.
Plantio com uso de semeadeira
Plantio em cova: não sendo possível o emprego dos sistemas anteriores, o produtor pode fazer o plantio do arroz em covas.
24
Formação para o trabalho 2 produtor de arroz
Espaçamento: a distância mais indicada entre as covas será de 20 cm, o que permitirá um gasto de sementes de 45 a 60 kg por hectare, se colocadas em torno de 8 sementes por covas.
Matraca
Plantio em cova
Profundidade de semeadura: a semente deve ficar a uma profundidade em torno de 3 cm. Após a semeadura inicia-se a irrigação da área em forma de banhos até 12 a 15 dias após a germinação, quando se começa a manter uma lâmina d‘água, sendo elevada à medida em que as plantas se desenvolvam. A altura da lâmina d’água deve ficar em torno de 15 cm, permanecendo até próximo à colheita.
Sistema de plantio em solo inundado São conhecidos dois tipos de plantio realizados em solos inundados: ‘‘plantio com sementes pré-germinadas’’ e ‘‘plantio por mudas’’.
Plantio com sementes pré-germinadas Este processo de semeadura consiste, basicamente, na distribuição das sementes pré-germinadas a lanço, de maneira uniforme, nos quadros nivelados e totalmente inundados. Sementes pré-germinadas: a prégerminação consiste no aceleramento do processo natural de germinação, através da hidratação e incubação das sementes. Hidratação: a semente absorve água para poder germinar. Para a hidratação, as sementes são colocadas em
sacos, ocupando no máximo 2/3 da capacidade do mesmo; em seguida os sacos são colocados dentro da água, seja um canal, riacho, rio ou lagoa, durante 24 a 36 horas. Incubação: é o período em que a semente fica fora d‘água até a semeadura, composta pelas seguintes etapas: ■■ os sacos são retirados da água e colocados à sombra por 24 a 36 horas, dependendo da cultivar e da temperatura do ambiente; ■■ as sementes são mantidas úmidas, para isso é necessário que se regue três a quatro vezes ao dia; ■■ as sementes são revolvidas três a quatro vezes ao dia, para uma maior uniformização na germinação. O produtor deve ficar atento nesta operação para que o broto germinativo não cresça acima do ideal. Semeadura: a semeadura é feita a lanço com os tabuleiros inundados com uma lâmina d’água em torno de 10 cm. Após 2 a 3 dias da semeadura, retira-se a água dos tabuleiros para melhor fixação das raízes, conservando o terreno encharcado.
A semeadeira deve ser regulada de tal forma que permita cair em torno de 80 sementes por metro de linha.
Quais os sistemas de plantio utilizados na cultura ao arroz? O que é semente pré-germinada?
Fundação Demócrito Rocha 25
Tamanho ideal do broto
Formação da lâmina d’água: após 15 dias da semeadura, inicia-se a formação da lâmina d’água, sendo elevada à medida que as plantas vão se desenvolvendo, até atingir 15 a 20 cm. Quantidade de sementes por hectare: nesse sistema de plantio gastam-se de 100 a 120 kg de sementes. Um homem semeia 1,5 a 2,0 hectare por dia, por isso o produtor deve fazer um bom planejamento no preparo da semente, conforme a mãode-obra disponível.
Plantio por mudas Este sistema de cultivo compreende duas fases: produção das mudas e o transplantio.
Produção das mudas Existem diversos métodos de produção de mudas, sendo o mais simples e o mais usado, o método do canteiro. Este método consiste de um quadro nivelado com canteiros de aproximadamente 5 cm de altura por 1 m de largura; o comprimento varia de acordo com a quantidade necessária de mudas. Os canteiros devem estar nivelados de forma a permitir uma lâmina de 1 a 2 cm de água após a semeadura.
26
Formação para o trabalho 2 produtor de arroz
Semeadura nos canteiros: pode ser feita em linhas ou a lanço. Semeadura em linha: após o preparo do canteiro e eliminação das plantas daninhas, é feita a semeadura, utilizando-se o espaçamento entre as linhas de 10 a 15 cm e 100 a 150 sementes por metro linear. O método em linha favorece o arrancamento das mudas por ocasião do transplantio, diminuindo as lesões nas raízes, provocadas normalmente pelo arrancamento. Semeadura a lanço: a semente é distribuída no canteiro, de forma que, por metro quadrado, sejam gastos 100 g de sementes. Este método provoca maiores danos nas raízes no momento do arrancamento. Um canteiro de 400 m² produz mudas suficientes para um hectare. Transplantio: para o transplantio manual, as mudas devem atingir um desenvolvimento satisfatório dos 20 a 30 dias após a semeadura. Antes de serem transplantadas para a área definitiva as mudas devem ser preparadas, cortandolhes as extremidades das raízes e das folhas. Espaçamento: na área definitiva as mudas são colocadas duas a três, em um espaçamento de 15 a 20 cm.
O solo para receber as mudas deve estar em lama ou no máximo com uma lâmina d‘água em torno de 10 cm de altura. Plantas daninhas são plantas que nascem e crescem em local não desejado e são prejudiciais ao
desenvolvimento do arroz, além de hospedarem pragas e doenças. Há muitas espécies de plantas daninhas na cultura do arroz, umas mais competitivas, outras menos em relação a essa cultura.
Como é feito o transplantio das mudas?
Resumo da lição • O emprego de uma boa semente é fator importante para obtenção de elevada produtividade na cultura do arroz; • A cultivar Diamante se destaca sobre a Cica-8 e Metica-1, no que se refere à qualidade dos grãos; • O plantio de arroz com sementes pré-germinadas tem uma grande vantagem no controle das plantas daninhas.
Fundação Demócrito Rocha 27
Lição 7
Plantas daninhas do arroz irrigado As plantas daninhas, além de competirem com o arroz por água, luz e nutrientes, servem de hospedeiras para pragas e doenças.
Classificação das plantas daninhas Uma maneira simples de classificar as plantas daninhas é dividi-las em três tipos: ■■ plantas daninhas de folhas estreitas; ■■ plantas daninhas de folhas largas; ■■ ciperáceas ou tiriricas.
Plantas daninhas de folhas estreitas
Existe uma infinidade de plantas daninhas de folhas estreitas na cultura do arroz irrigado. Neste caderno foram colocadas aquelas mais difíceis de controlar: Capim arroz (Echinochloa colonum e E. crusgalli): constitui-se numa das principais plantas daninhas do arroz. Até soltar a inflorescência parece muito com o arroz.
Essas plantas possuem as nervuras das folhas no mesmo sentido do seu comprimento.
Plantas daninhas de folhas estreitas
Controle: na fase inicial de crescimento, herbicidas à base de propanil, controlam bem essa invasora, mas os herbicidas à base de fenoxaprop-ethil tem-se mostrado mais eficientes. Mata-Colono (Ischaemum rugosum): planta muito agressiva que se desenvolve bem em solos úmidos e na água. Controle: dos herbicidas recomendados para o arroz irrigado, aqueles à
28
Formação para o trabalho 2 produtor de arroz
base de fenoxaprop-ethil, são muito eficientes no controle do ‘‘mata-colono’’. Arroz Vermelho e Arroz Preto (Oryza sativa): são plantas da mesma espécie que o arroz cultivado, por isso seu controle é bastante difícil. Controle: exige uma série de práticas mecânicas, culturais e químicas para o seu controle.
Plantas daninhas de folhas largas As plantas de folhas largas normalmente apresentam as nervuras em forma de espinha de peixe. Duas espécies de folhas largas mais comuns no arroz são: corda de viola e acássia. Controle: herbicidas à base de 2,4-D.
Ciperáceas ou Tiriricas As ciperáceas são plantas que apresentam, quase sempre, o caule triangular.
Herbicida: substância empregada na destruição de ervas (mato) daninhas.
Plantas daninhas de folhas largas
Principais ciperáceas Tiririca (Cyperus rotundus): essa espécie de planta daninha está muito disseminada nas plantações de arroz. No entanto, em arroz irrigado, não se constitui problema dos mais sérios,
pelo fato de ser facilmente controlado com herbicida à base de propanil, associado ao manejo d’água. Tiriricão (Cyperus esculentus): a infestação dessa espécie nos campos de arroz não é tão intensa como a tiririca.
As plantas daninhas de folhas largas na cultura do arroz não constituem sérios problemas, por serem de fácil controle.
O que são plantas daninhas?
Tiririca - (Cyperus rotundus)
Fundação Demócrito Rocha 29
Quais as plantas daninhas de folhas largas que crescem em plantações de arroz?
Para o controle dessa espécie são feitas as mesmas recomendações da tiririca. Junquinho (Cyperus ferax): a contaminação do junquinho é frequente
nos campos de arroz irrigado, principalmente em áreas onde o plantio é realizado com baixa densidade de semeadura.
Tiriricão - (Cyperus esculentus)
No controle de plantas daninhas através da lâmina d’água um bom preparo do solo é fundamental.
Controle das plantas daninhas O controle das plantas daninhas no arroz pode ser feito pelos seguintes métodos: mecânico, cultural e químico. Controle mecânico: o controle é feito com enxada, cultivadores tracionados por animais ou tratores, grades e enxadas rotativas. Controle cultural: na cultura do arroz irrigado, o método cultural de maior emprego é do controle das plantas daninhas feita através da lâmina d’água.
Limpa manual
30
Formação para o trabalho 2 produtor de arroz
Diversas espécies de plantas daninhas de folhas estreitas, ciperáceas e algumas folhas largas são controladas com a lâmina d’água de 5 a 10 cm, por impedirem seu desenvolvimento, ou pela não germinação das sementes.
Outras práticas culturais: ■■ usar
semente fiscalizada, pois são livres de sementes de invasoras; ■■ manejar adequadamente a água; ■■colocar a quantidade certa de semente por hectare.
Limpa com tração animal
Controle químico: o controle químico das plantas daninhas é feito através de herbicidas.
Controle de plantas daninhas em solo seco Métodos culturais: ■■ usar
sementes fiscalizadas; ■■ manejar adequadamente a água de irrigação; ■■ fazer um bom preparo do solo; ■■ arar o terreno logo após a colheita. Métodos mecânicos: este método consiste em controlar as plantas daninhas através do uso da enxada ou cultivadores. Métodos químicos: este método consiste no uso de herbicidas. Nas plantações de arroz irrigado é o método mais empregado, para o controle de ervas daninhas. Os herbicidas, segundo a época de aplicação, classificam-se em: a) Herbicidas de pré-plantio: são aplicados antes da semeadura do arroz. b) Herbicidas pré-emergentes: são aplicados após a semeadura, porém antes da emergência do arroz; c) Herbicidas pós-emergentes: são aplicados após a emergência do arroz. Destes grupos de herbicidas os mais usados nas lavouras de arroz pertencem aos pós-emergentes. A aplicação em pós-emergência oferece a vantagem de se conhecer o grau de infestação da lavoura, o tipo de planta daninha para a escolha do produto e a dose a ser aplicada para a maior eficiência do controle.
Neste sistema os herbicidas mais utilizados são: Propanil: comercializado com o nome de Surcopur, Stam, Propanil e outros. O propanil deve ser aplicado 15 a 30 dias após a semeadura do arroz, com as plantas daninhas no estágio de 2 a 3 folhas. As dosagens variam de 8 a 12 L por hectare, dependendo do estágio de desenvolvimento das invasoras. O propanil não deve ser misturado com inseticidas, fungicidas ou fertilizantes. Deixar uma margem de 15 dias para aplicação de inseticidas organofosforado e de 30 dias para os carbonatos. 2,4-D: este herbicida é mais empregado para o controle de plantas daninhas de folhas largas. Portanto, dificilmente se usa 2,4-D na lavoura do arroz, a não ser em mistura com o propanil, uma vez que as plantas daninhas do arroz são mais de folhas estreitas. Propanil + 2,4-D: esta mistura tem sido largamente empregada no arroz, podendo fazê-la em tanque ou adquirindo já formulada (Herbanil). Quando o produtor fizer a mistura, recomendam-se 6 a 8 litros do propanil com 0,80 a 1,0 L do 2,4-D por hectare. Fenoxaprop-ethil: é um herbicida que controla com muita eficiência plantas daninhas de folha estreita. É comercializado com o nome de Furore. Recomenda-se de 1,0 a 1,5 litros/ha, aplicado de uma só vez, quando o arroz estiver com 4 folhas verdadeiras. Não aplicar ureia em cobertura 10 dias antes e após aplicação do Furore.
Recomenda-se não aplicar esta mistura antes do perfilamento do arroz nem na fase de emborrachamento.
Quais são os métodos químicos usados no controle das ervas daninhas?
Fundação Demócrito Rocha 31
Quais os métodos de controle das ervas daninhas que não produzem efeitos residuais?
Controle de plantas daninhas em solo inundado Métodos culturais: a semeadura é feita com sementes pré-germinadas ou pelo transplantio de mudas. O manejo adequado da água constitui um bom método cultural de controle. Outra maneira é o uso de sementes de boa qualidade que não estejam infestadas com sementes de invasoras. Métodos mecânicos: a capina manual é o método mais utilizado e mais eficiente com as vantagens da seletividade e não propiciar efeitos residuais. Métodos químicos: este método consiste no uso de herbicidas (pós e pré-emergência). Quando se trabalha com herbicidas de pré-emergência, coloca-se uma lâmina d’água de 5 a 10 cm nos tabuleiros e em seguida faz-se aplicação deste sobre a lâmina d’água. De 10 a 12 dias após a aplicação do produto faz-se a renovação da
água nos tabuleiros e, em seguida, a semeadura a lanço com sementes pré-germinadas. Este sistema é bastante eficiente no controle das plantas daninhas, principalmente nos primeiros 30 dias, fase mais crítica de concorrência da cultura com as plantas daninhas. Época de aplicação do herbicida de pós-emergência: aplica-se o herbicida quando as plantas daninhas alcançarem 2 ou 3 folhas. Modo de aplicação: para a aplicação do herbicida se faz a drenagem dos tabuleiros, voltando a irrigar 5 dias após a aplicação. Recomenda-se para esse sistema, herbicidas à base de propanil, propanil + 2,4-D, propanil + molinate, propanil + thiosencorb, fenoxaprop-ethil. Outros herbicidas recomendados para a cultura do arroz irrigado: bentazon, oxadiazon, pirazosulfuroon, quinclorac, thiobencarb.
Esquema para aplicação de herbicida em pré-semeadura
Fatores que interferem na ação do herbicida Os herbicidas, de forma geral, têm bom funcionamento quando aplica-
32
Formação para o trabalho 2 produtor de arroz
dos de forma correta, na hora certa, para a planta a ser controlada.
Esquema para aplicação de herbicida em pós-semeadura
Qualidade da água: águas turvas ou poluídas com carvão mineral podem anular ou diminuir o efeito do herbicida, por isso recomenda-se o uso de água de boa qualidade. Quantidade de água: nas aplicações de solo são recomendados 200 a 300 L por hectare; nas aplicações na folhagem são recomendados 300 a 400 L por hectare. Faça calibragem no pulverizador para esses valores. Tipos de solo: solos com alto teor de matéria orgânica ou muito argilosos dificultam a ação de certos herbicidas de solo como o Ordran e Saturn. Escolha o produto certo. Preparo do solo: para uso de herbicida de solo, este deve estar bem preparado. Horário de aplicação: procure aplicar o produto nas horas mais frescas do dia. Não use o produto quando a folhagem está muito molhada de orvalho (herbicidas foliares). Umidade do ar: dias muito quentes e secos provocam maior evaporação do produto e com isso pior funcionamento. Evite esses dias e horários. Chuvas: chuvas após aplicação interferem na ação do produto.
Manejo da ação de irrigação: após a aplicação do produto (um a três dias) deve-se repor a água para que não haja reinfestação. Tamanho da invasora: há produtos que agem bem apenas em plantas pequenas (uma a três folhas) e outros agem também em plantas maiores. Escolher o produto certo para o tamanho da invasora. Equipamento: equipamento inadequado, funcionamento prejudicado. Use equipamento adequado ao tipo de aplicação. Falhas na aplicação: o pulverizador pode ser a origem dos maiores problemas de funcionamento do produto. Para assegurar o bom funcionamento: ■■ faça boa calibragem do pulverizador; ■■ use pressão de 40 a 60 libras no manômetro; ■■substitua os bicos, quando necessário; ■■ use todos os bicos, com as mesmas características de ângulo e vazão; ■■ faça limpeza dos filtros diariamente.
O mau funcionamento do herbicida é decorrente do seu mau uso. Não pulverizar o produto quando há previsão de chuvas para as próximas horas.
Equipamentos para aplicação de herbicidas
Fundação Demócrito Rocha 33
Quais cuidados devemos tomar na aplicação dos herbicidas?
Outros cuidados: ■■ comprar
a quantidade de produto necessária para uma safra. ■■ seguir corretamente as instruções de uso. ■■ manter o rótulo na embalagem.
Resumo da lição • As plantas daninhas podem ser dos tipos: folhas estreitas, folhas largas e as ciperáceas ou tiriricas; • O arroz vermelho e o preto são considerados plantas daninhas; • O controle mais eficiente das plantas daninhas reúne os métodos mecânico, cultural e químico; • Herbicidas são produtos químicos usados no controle das plantas daninhas.
34
Formação para o trabalho 2 produtor de arroz
Lição 8
Doenças e pragas do arroz
D
oença é a denominação geral usada para qualquer desvio da normalidade em plantas e animais. As pragas são doenças causadas por insetos.
Pragas e seu controle Existe um grande número de insetos que atacam a cultura do arroz irrigado. No entanto, serão feitas referências apenas às mais importantes para as regiões de arrozoeiras. As pragas podem ser divididas em três grupos: ■■ pragas do solo; ■■ pragas da parte aérea; ■■ pragas dos grãos armazenados.
Pragas do solo Neste grupo apenas a ‘‘broca-docolo’’ ataca a cultura do arroz. Esta praga é uma pequena lagarta que se alimenta inicialmente das folhas; em seguida localiza-se abaixo da superfície do solo, onde cava galerias em direção ao centro dos colmos, provocando a murcha e a morte da planta. O controle pode ser feito com inundação durante 24 horas. Para o controle químico, na lavoura, recomenda-se determinar o número de larvas ou a percentagem de danos por metro quadrado. Justifica-se a aplicação de inseticidas quando 10% das plantas estiverem cortadas. Produtos à base de carbaryl, em pulverização, de forma localizada nas reboleiras afetadas, têm dado bons resultados.
Pragas da parte aérea Lagarta-dos-milharais: esta praga é conhecida também pelo nome de lagarta-militar.
As lagartas alimentam-se de folhas, chegando, às vezes, a destruir completamente a cultura. Para o seu controle recomenda-se fazer aplicações de inseticidas à base de Bacillus thuringiensis trichorfon e carbaryl. Curuquerê-dos-capinzais: as lagartas recém-nascidas alimentam-se da parte aérea, geralmente da face inferior das folhas. O seu controle pode ser obtido com os mesmos produtos recomendados para a lagarta-militar. Broca-do-colmo: as lagartas jovens se alimentam das folhas, penetrando a seguir nas hastes, fazendo galerias e provocando o aparecimento de panículas chochas. As plantas atacadas tombam com facilidade. Para o controle recomendam-se os mesmos produtos indicados para a lagarta-militar. Noiva-do-arroz: as larvas atacam as plantas jovens, alimentando-se dos tecidos das folhas. Cortam as pontas das folhas para formar tubos, nos quais se protegem para passar o dia, flutuando na água. Podem, também, perfurar os colmos penetrando na planta, causando os sintomas conhecidos por ‘‘coração morto’’ e panícula branca. As larvas são semi -aquáticas e o ataque é percebido pelos fragmentos de folhas que flutuam. O adulto é uma mariposa de cor branca-prateada. O controle pode ser obtido fazendo-se drenagem nos quadros por dois ou três dias, pois as larvas não sobrevivem no seco. Percevejo-sugador: conhecido também por percevejo-sugador, chupão e frade. Tanto os adultos como as ninfas são bastante vorazes, atacando princi-
Os defensivos, tanto inseticidas como herbicidas, fungicidas, etc., são produtos tóxicos e, por isso, necessitam de cuidados especiais no seu manuseio, para evitar o envenenamento das pessoas e/ou a contaminação do ambiente.
Como é feito o controle da broca-do-colmo?
Noiva-do-arroz
Fundação Demócrito Rocha 35
Como pode ser realizado o controle da noiva-do-arroz?
Quatro a cinco percevejos por metro quadrado, podem resultar em 9 a 10% de sintomas de ‘‘coração morto’’ e panícula branca, baixando a produtividade da lavoura.
Xilófago: diz-se do inseto que rói a madeira e dela se nutre.
palmente os grãos, sendo que a natureza e a extensão dos danos dependem do estado de desenvolvimento dos grãos. Se o ataque ocorrer na fase leitosa do grão, provocam o aparecimento de sementes chochas. Quando ocorrer em massa firme provocam uma mancha de cor marrom-escura. Sua maior atividade é ao amanhecer e ao entardecer principalmente nos dias nublados. O controle pode ser feito com pulverizações à base de trichlorfon, polvilhamento à base de carbaryl e outros. Percevejo marrom: percevejo-marrom ao sugar o colmo, provoca um estrangulamento nesta região, impedindo a seiva de circular. Isto pode causar o aparecimento do ‘‘coração morto’’ ou de panículas brancas e chochas. O controle pode ser feito de maneira idêntica ao do percevejo-sugador.
Praga dos grãos armazenados
Qual o efeito do gorgulho sobre a comercialização do arroz?
Resumo da lição • As pragas da cultura do arroz dividem-se em pragas do solo, pragas da parte aérea e pragas dos grãos armazenados; • Da parte aérea, os percevejos e as lagartas constituem as pragas de maior importância; • As principais doenças do arroz são brusone, carvão-dos-grãos, mancha-parda, escaldadura e a mancha-estreita.
36
Eles atacam mais o arroz de sequeiro que o irrigado, porque apresentam um maior número de grãos com defeitos na casca. Gorgulhos: o gorgulho ou curcúlio é um inseto da classe dos insectas, ordem coleóptera e o seu tamanho varia de 1 a 50 mm. Perfuram os grãos de arroz durante o armazenamento. A maioria é xilófago e muito prejudicial à comercialização do arroz, pois a simples presença de ovos ou de insetos adultos e até mesmo o odor característico que estes exalam acarretam forte efeito restritivo sobre o consumo, com consequente desvalorização comercial. Estudos realizados têm mostrado que os gorgulhos não danificam grãos com casca perfeita, atacam apenas os grãos com abertura na casca ou casca quebrada. O controle pode ser feito com produtos à base de fosfatos de alumina (fosfina), phostoxin e polvilhamento com produtos à base de malathion. Traças: atacam apenas no estado da larva, corroendo a parte interna
Formação para o trabalho 2 produtor de arroz
do grão. Dificilmente atacam grãos com casca perfeita, atacando somente aqueles com casca quebrada, com fenda lateral ou ponta aberta. O controle pode ser o mesmo recomendado para o gorgulho.
Doenças e seu controle A cultura do arroz geralmente é atacada por diversas doenças, cujos danos provocam perdas e instabilidade na produtividade. Entre as doenças do arroz a mais importante é a brusone. Em seguida vem o carvão-dos-grãos, a mancha-parda, a escaldadura e mancha-estreita. Para o controle da brusone, deve-se preferir o controle integrado ao uso exclusivo de produtos químicos. Assim, recomenda-se adotar as seguintes práticas: ■■ cultivares resistentes; ■■ bom nivelamento do solo, de modo a facilitar a formação de lâmina uniforme; ■■ conclusão do plantio no menor prazo possível; ■■ adubação nitrogenada com aplicação parcelada; ■■ utilização de sementes de boa qualidade. A irrigação é usada para corrigir a carência de água, pois uma severa deficiência durante o período vegetativo geralmente retarda o desenvolvimento do arroz e poderá causar um crescimento irregular.
Início da irrigação A irrigação deve ser iniciada entre dez a vinte dias após a emergência. Caso as plantas daninhas cresçam com o mesmo vigor e intensidade das plantas do arroz, deve-se realizar a aplicação precoce de herbicida de pós-emergência e iniciar a irrigação o mais cedo possível. No caso da semeadura em solo seco, há necessidade de molhar a terra para que a semente germine.
Lição 9
Manejo da água de irrigação Altura da lâmina d’água À proporção que as plantas forem crescendo, a lâmina d’água deverá ser aumentada até atingir uma altura de 15 a 20 cm. A altura da lâmina d’água poderá variar de acordo com a necessidade de controle de plantas daninhas e temperatura.
Observações: 1º. Com a elevação da altura da lâmina d’água: ■■ o perfilamento diminui; ■■ o controle de plantas daninhas é facilitado; ■■ a temperatura do solo e da água diminui; ■■ as perdas de água aumentam, ocasionando maior custo. 2º. Com a lâmina da água mais baixa: ■■ o perfilamento aumenta; ■■ o controle de plantas daninhas torna-se mais difícil; ■■ a temperatura da água e do solo aumenta; ■■ as perdas de água diminuem.
Retirada da água dos tabuleiros Após o início da irrigação, a lâmina d‘água deve ser mantida até os grãos do terço inferior da panícula atingirem a fase de massa firme. Se o solo apresentar boas condições de permeabilidade, a irrigação pode ser interrompida mais cedo.
Não se consegue um manejo eficiente da água se o terreno não for previamente aplainado.
Qualidade da água para irrigação É importante o conhecimento da qualidade da água que se vai utilizar na irrigação. A orientação é solicitar uma análise de qualidade d’água, feita em laboratórios especializados.
Sistemas de drenagens O aspecto mais importante do manejo adequado da irrigação é manter a lâmina d’água a uma profundidade desejada. Por essa razão, é necessário um sistema de drenagem superficial de valas abertas para descarregar as águas das chuvas e do excesso de irrigação. A época da colheita do arroz vai depender do teor de umidade dos grãos e as colheitas tardias devem ser evitadas para que não ocorra infestação de pragas e doenças. Após a colheita, o arroz deverá ser secado para posterior armazenagem.
Colheita O momento da colheita é indicado pelo teor da umidade dos grãos. Para maioria das cultivares, a umidade ideal para colheita situa-se entre 18 e 24%. Isto ocorre quando 80% da lavoura apresenta panículas pendentes, com pelo menos dois terços dos grãos já maduros. Nesse momento os grãos apresentam coloração amarelada.
É necessário, para favorecer a nutrição das plantas, que ocorra uma constante circulação da água nos tabuleiros.
Quando deve-se iniciar a irrigação do arroz? Qual deve ser a qualidade da água para irrigação do arroz?
Resumo da lição • É importante o conhecimento da água destinada à irrigação; • A irrigação no arroz deve ser iniciada dez a vinte dias após a germinação da semente; • À proporção que as plantas do arroz forem crescendo, a lâmina d’água deve ser aumentada até atingir uma altura de 15 a 20 cm; • A lâmina d’água na cultura do arroz deve ser mantida até próximo à colheita; • Só se consegue um bom manejo da água no arroz se o terreno for bem preparado e existir uma eficiente rede de drenagem.
Fundação Demócrito Rocha 37
Lição 10
Colheita, secagem e armazenamento A colheita antecipada acarretará: ■■ maior
quantidade de grãos verdes; ■■ grãos mal formados; ■■ redução na produtividade; ■■ redução no rendimento de engenho; ■■ maior percentual de grãos gessados; ■■ maior percentual de grãos quebrados no beneficiamento; ■■ grãos de má qualidade, consequentemente de menor valor comercial.
A colheita retardada acarretará: ■■ acamamento
das plantas; ■■ dificuldade na colheita; ■■ maior percentual de grãos trincados; ■■ maior percentual de quebra no beneficiamento; ■■ grãos de má qualidade, consequentemente de menor valor comercial.
Antônio Carlos Vieira
A colheita do arroz é iniciada quando a umidade dos grãos situa-se entre 18 e 24%
38
Formação para o trabalho 2 produtor de arroz
Secagem e armazenamento Por ocasião da colheita, o arroz normalmente contém umidade excessiva para sua conservação. Por isso é necessário que os grãos sejam submetidos ao processo de secagem, reduzindo a umidade para 13 a 14%. Ao ser armazenado, o arroz deve estar limpo e com umidade em torno de 13%. A limpeza do armazém é muito importante para evitar
a formação de focos de propagação de insetos. Devido à severidade dos danos causados por insetos durante o armazenamento, recomenda-se o controle químico, através da fumigação com fosfina ou expurgo antes do produto ser armazenado. A aplicação periódica de inseticidas evita reinfestação de insetos.
Qual o momento ideal para colheita do arroz? Como devemos armazenar o arroz?
Resumo da lição • O momento da colheita é indicado pelo teor de umidade dos grãos; • Na prática, o momento da colheita do arroz ocorre quando dois terços dos grãos, nas panículas, encontram-se amarelados; • Tanto a colheita antecipada como a colheita retardada causará danos aos grãos do arroz; • O arroz, ao ser armazenado, deve estar limpo e com umidade em torno de 13%; • A limpeza do armazém é muito importante para evitar a formação de focos de propagação de insetos.
Fundação Demócrito Rocha 39
Referências ANDRADE, V. A. Controle de plantas daninhas na cultura do arroz irrigado. Pelotas: EMBRAPA; UEPAE de Pelotas, 1982. 42p. (Circular Técnica, 15). ANUÁRIO ESTATÍSTICO DO BRASIL. Rio de Janeiro: IBGE, v. 53, seção 3, p. 35, 1993. EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Arroz e Feijão. Diagnóstico da situação atual da lavoura arrozeira no Brasil. Goiânia, 1975. 123p. EMBRAPA. Centro de Pesquisa Agropecuária de Terras Baixas de Clima Temperado. Fundamentos para a cultura do arroz irrigado. Campinas: Fundação Cargill, 1985. 317p. EMBRAPA. Recomendações técnicas para o cultivo do arroz irrigado; áreas do Centro - Oeste, Nordeste e Norte do Brasil. Brasília: EMBRAPA-spi, 1992. 19p. EPAGRI. Sistema de produção para arroz irrigado em Santa Catarina. Florianópolis, 1992, 65p. (EPAGRI. Sistema de Produção, 21). FAO. PRODUCTION YEARBOOK. Roma, v. 44, 1991. GONDIM, L. A. P. Irrigação e drenagem. Lavoura arrozeira, Porto Alegre, v. 37, n. 347, p. 16-17, 1983. HERTWIG, K. V. Manual de herbicidas: desfolhantes, dissecantes, fitorreguladores e bio estimulantes. 2. ed. São Paulo: Agronômica Ceres, 1983. 669p. INSTITUTO Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: 12 mar. 2004. IPLANCE. Desenvolvimento do setor agropecuário do Estado do Ceará - 1994. Fortaleza, 1995. 102p. MAGALHÃES, A. P.; MORAIS, O. P. de Viveiros para a produção de mudas de arroz. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.5, n. 55, p. 61-63, 1979. PEDROSO. B. A. Arroz irrigado: obtenção e manejo de cultivares. 2. ed. Porto Alegre: SAGRAS, 1985. 175p. RAMOS, M. G.; ZANINI NETO, J. A.; MOREL, D. A. et al. Manual de produção do arroz irrigado. Florianópolis: EMPASC; CARESC, 1981. 225p. (Boletim, 270). SAAD, O. A vez dos herbicidas. 2. ed. São Paulo: Nobel, 1978. 267p. VASCONCELOS, F. H. A. Recomendações técnicas para a produção de arroz irrigado no estado do Piauí. Teresina: EMATER, 1990. 53p. VOLTOLINI, J.; FERNANDES, V. S. Curso de arroz irrigado. Florianópolis: EPAGRI, 1994. Apostila. www.ubge.gov.br acesso em 12/03/2004
Os estudiosos da economia estão de acordo que a educação é o motor do desenvolvimento e qualificar a população que possui baixa escolaridade é o grande desafio dos gestores do século XXI. Realização
Apoio