Produtor de Suinocultura

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produtor de

suinocultura

Fernando Ant么nio Bezerra de Menezes | Francisco Ant么nio Rocha Mac锚do | Jos茅 Nailton Bezerra Evangelista


Copyright © 2003 by Fernando Antônio Bezerra de Menezes, Francisco Antônio Rocha Macêdo e José Nailton Bezerra Evangelista

Fundação Demócrito Rocha (FDR)

Instituto Centro de Ensino Tecnológico (CENTEC)

Presidente João Dummar Neto

Diretor Presidente Francisco Férrer Bezerra

Diretor Geral Marcos Tardin

Diretoria de Extensão Tecnológica e Inovação Afonso Odério Nogueira Lima

Edições Demócrito Rocha (EDR)

Diretoria de Ensino, Pesquisa e Pós-Graduação Afonso Odério Nogueira Lima

(Marca registrada da Fundação Demócrito Rocha)

Editora Executiva Regina Ribeiro Editor Adjunto Raymundo Netto

Diretoria Administrativo-Financeira Antônio Elder Sampaio Nunes Convênio institucional entre Fundação Demócrito Rocha e Instituto CENTEC Secretaria da Ciência e Tecnologia e Educação Superior do Ceará - Secitece

Gerente de Produção Sérgio Falcão Editor de Design Amaurício Cortez Coordenação Editorial Eloísa Maia Vidal Revisão Textual Miguel Leocádio Araújo Capa Welton Travassos Editoração Eletrônica Cristiane Frota Ilustrações Welton Travassos, Elinaudo Barbosa, Leonardo Filho e Erivando Costa Fotos Carlos Aguiar Araújo e Banco de Dados O POVO Catalogação na Fonte Kelly Pereira

Menezes, Fernando Antônio Bezerra de M764p Produtor de suinocultura /Fernando Antônio Bezerra de Menezes; Francisco Antônio Rocha Macedo; José Nailton Bezerra Evangelista. Fortaleza: Fundação Demócrito Rocha; Instituto Centro de Ensino Tecnológico - CENTEC, 2014. 40 p.: il. color. - (Coleção Formação para o Trabalho 2)

Todos os direitos desta edição reservados a:

ISBN 978-85-7529-650-9

1. Porco - animal. I. Macedo, Francisco Antônio Rocha. II. Evangelista, José Nailton Bezerra III. Título. CDU 636.4

Fundação Demócrito Rocha Av. Aguanambi, 282/A - Joaquim Távora, Fortaleza-Ceará - CEP 60.055-402 Tel.: (85) 3255.6037 - 3255.6148 Fax: (85) 3255.6271 www.fdr.com.br


Sumário Apresentação..........................................4

Lição 4

Lição 1

Manejo reprodutivo...............................25

Sistemas de produção............................5

Lição 5

Lição 2

Instalações e equipamentos.................35

Raças nacionais e estrangeiras.............7

Referências......................................... 40

Lição 3 Alimentação e nutrição.........................16


O consumo de proteína animal no mundo tem na carne suína o primeiro fornecedor com 39,0% do total, seguida pelas carnes de aves (28,5%), bovina (25,8%) e de outras carnes (6,7%). No Brasil, o consumo “per capita” é 11,23 kg/ano, já nos Estados Unidos e Dinamarca situa-se em 30,1 kg e 64,2 kg/ano, respectivamente.

Apresentação A

carne suína é a mais industrializa, comercializada e consumida no mundo, consolidando-se nas últimas décadas como fonte de proteína animal de grande importância para alimentação humana. A região Nordeste apresenta tendência à implantação de sistemas de produção intensivos em confinamento, embora ainda exista o sistema tradicional semiextensivo com regulares índices de produtividade e a incorporação e absorção das novas tecnologias empregadas na produção. Neste sistema, os animais são cria-

dos em piquetes, separados por fases e submetidos às práticas de manejo, tais como, alimentação, reprodução, sanidade, etc. Esta forma de produção visa à redução de capital na construção de instalações e da mão de obra empregada. Este manual tem por objetivo a preparação, formação e qualificação de mão de obra especializada com amplas possibilidades de ser empregada pelas granjas produtoras de suínos e, dessa forma, contribuir no aumento da produtividade da suinocultura e na renda do pequeno produtor.

Este projeto conta com a parceria do Instituto Centro de Ensino Tecnológico - CENTEC, que por meio de convênio interinstitucional com a Fundação Demócrito Rocha, assegura a elaboração dos textos visando trabalhar com a formação profissional básica para a população cearense. Este manual tem como objetivo disponibilizar material de baixo custo e alta qualidade técnica, editorial e pedagógica criando condições para que cidadãos tenham acesso a educação para o trabalho, com vistas à inclusão social, criando um ambiente propício para geração de emprego e renda.

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Lição 1

Sistemas de produção

O

sistema de produção a ser utilizado está quase sempre associado à qualidade dos animais disponíveis, à capacidade técnica do produtor e da sua situação financeira. É um conjunto inter-relacionado de componentes ou elementos, organizados para cumprir um objetivo, no caso, a produção de suínos. Fazem parte do sistema seis componentes básicos: ■■produtor; ■■animais; ■■alimentação; ■■manejo; ■■instalações e equipamentos; ■■sanidade. Esses elementos, dependendo da forma com que se apresentam na propriedade e da combinação usada, permitem classificar o sistema de produção em diferentes tipos e determinam variações nos níveis de produtividade.

Sistema extensivo É identificado pela permanente manutenção dos animais no campo em todo o período do processo produtivo, isto é, cobertura, gestação, lactação, crescimento e terminação. O sistema caracteriza criações primitivas, sem utilização de tecnologias adequadas, e, por consequência, apresenta baixos índices de produtividade. É bastante usado na região Norte, por criadores que nunca receberam orientação técnica.

Neste sistema busca-se a redução no uso de capital, economia de mão de obra e aproveitamento dos recursos naturais. A maior parte da produção dos animais, é destinada ao fornecimento de carne e gordura para alimentação dos proprietários. O pouco excedente é comercializado nas proximidades da propriedade. O material genético usado neste sistema é de origem nativa. Vantagens: ■■economia em instalações, equipamentos e mão de obra; ■■economia de alimentos. Fatores Limitantes: ■■exige grandes áreas; ■■elevada mortalidade na parição; ■■produz animais de baixa qualidade.

Sistema semiconfinado tradicional (misto) Neste sistema os animais são criados em separado, por categorias e por idade, com instalações para cada categoria e com acesso a piquetes. Este sistema combina algumas vantagens do sistema intensivo, como o melhor controle do manejo, monta controlada e partos assistidos com as vantagens do sistema extensivo como o uso dos pastos, sol e solo sobre o desenvolvimento dos animais. Os animais nas fases de crescimento e terminação são totalmente confinados.

Quais os componentes básicos de um sistema de produção?

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Luís P. Filho

Sistema misto de produção

O que é sistema intensivo de criação de porcos? Descreva as vantagens dos diversos sistemas de produção.

Sistema intensivo (confinamento) É o sistema em que todas as fases da produção são realizadas em galpões especializados, isto é, em regime de confinamento total. As modernas técnicas de manejo e nutrição são utilizadas.

Vantagens: ■■necessita de pequenas áreas; ■■utilização de animais de alto padrão genético; ■■melhor manejo, alimentação e sanidade. Fatores limitantes: ■■exige mão de obra especializada; ■■custos elevados de construções; ■■custos de alimentação elevados. Fábio Lima

Resumo da lição • Principais sistemas de criação de suínos: extensivo, semiconfinado, intensivo e siscal; • São vantagens do sistema de criação extensivo: economia de instalações e alimentos; • Vantagem do sistema de criação semiintensivo: economia de alimentos; • Vantagens do sistema de criação intensivo: uso de pequenas áreas, animais de alto padrão genético e melhor manejo dos suínos.

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O sistema intensivo de produção exige mão de obra especializada

Sistema de criação ao ar livre – siscal É caracterizado por manter os animais, nas fases de reprodução, maternidade e creche, em piquetes, utilizando um número reduzido de

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edificações. Nas fases de crescimento e terminação, os animais são confinados. Tem como base a rotação da área ocupada pelos mesmos.


Lição 2

Raças nacionais e estrangeiras A raça, em suinocultura, é constituída por um conjunto de animais, com características semelhantes, adquiridas por influências naturais, e transmitidas por vias sexuais aos descendentes. Existem raças que se destacam pela precocidade e desenvolvimento, colocando-se em condições mais vantajosas como produtoras de carne e de leitões; outras, ainda que precoces, têm a conformação e peso menos adequados, com produções de menores leitegadas. Quando se estudam as raças, devemos conhecer suas qualidades, defeitos e sua utilização em cruzamentos.

Classificação das raças As classificações das raças suínas baseiam-se nos seguintes caracteres: ■■perfil cefálico; ■■orelhas: tamanho e posição; ■■cabeça: dimensão; ■■pelagem: cor.

Perfil cefálico Retilíneo: o suíno apresenta perfil reto, sem qualquer depressão. Exemplo: Landrace.

Leitegada: conjunto dos leitões nascidos de um só parto; leitoada.

As raças brasileiras são compostas por animais resistentes,mas pouco produtivos.

Levi Fonseca

As raças estrangeiras são melhores de se criar em pocilgas industriais.

Landrace

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Subconcavilíneo: perfil com ligeira depressão na linha fronto-nasal.

Ex.: Duroc, Hampshire, Wessex, Piau. Leonardo Rodrigues

Wessex reprodutor do rebanho da UECE

UECE: Universidade Estadual do Ceará.

Concavilíneo: perfil com depressão mais acentuada na linha frontonasal. Exemplo: Large White. Ultraconcavilíneo: perfil com depressão bem acentuada na linha frontonasal. Exemplo: Berkshire.

Tamanho e posição das orelhas Asiáticas: orelhas curtas ou grandes no sentido vertical. Exemplo: Large White, Hampshire. Fábio Lima

Large White reprodutor do rebanho da UECE

Ibérica: orelhas medianas, implantadas horizontalmente, dirigidas para frente. Exemplo: Duroc, Piau, Moura.

Manuel Cunha

Piau, exemplo de raça suína ibérica

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Célticas: orelhas longas e mais ou menos largas, implantadas na posição

horizontal, cobrindo os olhos, visto de lado. Exemplo: Wessex, Landrace. Leonardo Rodrigues

Qual a raça estrangeira com melhor habilidade materna?

Landrace, exemplo de raça céltica

Cabeça – dimensão ■■leve; ■■média; ■■pesada.

Raças estrangeiras São resultantes de uma seleção de muitos anos, feita em países de adiantada tecnologia. Em consequência, os índices de produtividade, expressos na prolificidade, precocidade e qualidade de carcaça, atingiram valores muito elevados. As raças estrangeiras mais conhecidas são: Duroc, Landrace, Large White, Hampshire, Wessex, Berkshire e Pietrain.

Principais raças estrangeiras As raças estrangeiras sofreram seleção por muitos anos nos países em que a zootecnia era mais avançada. Como consequência, os índices de produtividade, expressos na prolificidade, precocidade e rendimento, atingiram valores mais elevados. Algumas destas raças, já bem adaptadas às nossas condições, são largamente utilizadas em sistemas de criação industrial.

Landrace É a principal raça estrangeira no País, com maior número de inscrições no Pig Book Brasileiro (PBB). Raça originária da Dinamarca, onde foi selecionada e depois espalhada para a Europa e EUA. Somente em 1973 chegaram os primeiros exemplares ao Brasil. São animais totalmente brancos. A aclimatação tem sido satisfatória, quando as criações dispõem de abrigos. Há tendências ao aparecimento de animais com a pele pigmentada, o que é desejável. A raça Landrace se caracteriza por ter cabeça moderadamente comprida, orelhas do tipo célticas compridas delgadas e completamente para frente e perfil cefálico retilíneo. Raça produtiva, em que as porcas são excelentes criadeiras, sendo frequentes grandes leitegadas, possuindo qualidades maternais e boa porcentagem de carnes magras em suas carcaças. São animais longos com bons pernis e boa área de olho do lombo. Infelizmente, apresentam, com frequência, sérios defeitos de aprumos e cascos menos resistentes.

Uma criação correta depende da escolha da raça certa.

Zootecnia: estudo científico da criação e aperfeiçoamento dos animais domésticos.

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ABCS: Associação Brasileira de Criadores de Suínos.

Número de leitegadas: indica o número de partos que foram contabilizados para fazer a média dos leitões nascidos.

Pelas normas de Exterior nº 7, do mês de junho de 1974, da ABCS são critérios de: Desclassificação: orelhas eretas, pêlos pretos em qualquer parte do corpo. Defeitos: pêlos ondulados. Objeções: orelhas demasiado grandes e pesadas.

Características da raça Landrace Bons reprodutores elevam o nível de qualidade dos rebanhos.

Como se escolhe as raças para a suinocultura?

Principal raça estrangeira em nosso meio sendo muito utilizada nos programas de híbridos. No ano de 2001 participou com 28,37% dos registros emitidos pela ABCS. Características básicas: ■■prolificidade; ■■habilidade maternal; ■■desempenho; ■■excelente conformação do pernil;

■■boa

área do olho do lombo; ■■apresenta com frequência defeitos de aprumos; ■■cascos pouco resistentes. Produtividade da fêmea ■■número de leitegadas: 11.909; ■■média de leitões nascidos: 10,09; ■■média de leitões aos 21 dias: 9,09; ■■peso da leitegada aos 21 dias: 64,10 kg. Estação de teste de reprodutores suínos - resultados - ETRS - (RS, SC e PR). ■■os animais são testados dos 30 aos 90 kg; ■■idade (dias): 136; ■■ganho de peso diário: 984 g; ■■conversão alimentar: 1 : 2,57; ■■espessura de toucinho: 1,63 cm; ■■número de animais testados: 90. Leonardo Rodrigues

Leitões agrupados por idade

Duroc Muito difundida no Brasil, é de grande expressão econômica. Raça originária dos Estados Unidos (EUA), tendo pelagem vermelha, orelhas ibéricas e perfil cefálico subconcavilíneo. É uma raça rústica, muito adaptada às nossas condições tropicais. Possuem boa carcaça, boa

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velocidade de ganho de peso e excelente conversão alimentar. As fêmeas em geral não são boas mães, têm com frequência tetas cegas ou invertidas e pouca produção leiteira. Não possuem bons atributos maternais. É considerada uma raça pai.


Pelas Normas de Exterior da ABCS (1974), critérios de: Desclassificação: manchas pretas com mais de 2,5 cm de diâmetro, cascos despigmentados, pêlos brancos, despigmentação. Defeitos: pelagem baia, focinho preto. Objeção: orelhas grandes.

Características da raça Duroc Primeira raça a ser introduzida no País, iniciou o melhoramento e a tecnificação da suinocultura brasileira. Raça rústica e de fácil adaptação em todas as regiões do Brasil. Já foi a mais registrada no PBB e atualmente participa com 12,55%. Características básicas: ■■cabeça pequena em relação ao corpo; ■■boa velocidade de ganho de peso; ■■excelente conversão alimentar; ■■raça pai; ■■pouca produção leiteira; ■■problemas frequentes de tetas cegas e invertidas. Produtividade da fêmea ■■número de leitegadas: 3.354 ■■média de leitões nascidos: 9,59 ■■média de leitões aos 21 dias: 8,43 ■■peso médio da leitegada aos 21 dias: 52,60 kg Resultados de ETRS (RS, SC e PR) ■■idade (dias):138; ■■ganho de peso diário: 990 g; ■■conversão alimentar:1 : 2,54; ■■espessura de toucinho:1,68 cm; ■■número de animais testados: 217.

tico e perfil cefálico. São animais longos, possuindo pernis longos, cheios e profundos até os jarretes. São excelentes quanto à prolificidade, sendo suas fêmeas boas leiteiras e excelentes mães. Pelas normas de Exterior da ABCS (1974) são critérios de: Desclassificação: orelhas célticas, pêlos pretos em qualquer parte do corpo, perfil retilíneo. Defeito: pêlos ondulados.

Quais as características da raça Duroc?

Características básicas Participa com 24,89% dos registros até o ano de 2001, ocupando o 2º lugar na composição do rebanho brasileiro. Foi a última raça pura a ser introduzida no País. Muito utilizada na produção de híbridos, caracteriza-se: ■■pela sua prolificidade; ■■resistência e capacidade de adaptação ao nosso meio; ■■são animais longos, pernil largo, cheio e profundo até os jarretes; ■■são prolíficas, boas leiteiras e excelentes mães. Produtividade da fêmea ■■número de leitegadas: 10.383; ■■média de leitões nascidos: 10,48; ■■média de leitões aos 21 dias: 9,40; ■■peso médio da leitegada aos 21 dias: 62,64 kg Resultados de ETRS (RS, SC e PR) ■■idade (dias): 136 ■■ganho de peso diário: 984 g; ■■conversão alimentar: 1 : 2,53 ■■espessura de toucinho: 1,70 cm; ■■número de animais testados: 166.

Large White

Hampshire

Esta raça teve origem na Inglaterra e caracteriza-se por apresentar cor branca, cabeça moderadamente longa, orelhas grandes e eretas do tipo asiá-

Raça de origem americana que apresenta como principal característica uma faixa branca em volta das paletas (nas cruzes e membros anteriores), tendo adaptado-se muito bem

Qual a origem da raça Large White?

Paletas: omoplata ou espáduas do animal.

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no Brasil (1950). A faixa branca não é estável. Devido ao clima temperado quente e tropical, há tendência do aparecimento de animais negros ou com faixa reduzida, representando uma adaptação do animal ao meio. Possui cabeça média, orelhas eretas para cima e para fora, tipo asiático e perfil cefálico concavilíneo. São vigorosos, ativos e muito dóceis, sendo excelentes pais e possuindo boas carcaças. Em cruzamentos são indicados para machos, sendo considerado raça pai. Pelas Normas de Exterior da ABCS (1974) são critérios de: Desclassificação: ausência total de faixa branca; faixa superior a 2/3 do corpo; manchas de pêlos brancos e pretos mesclados, albinismo; mouro. Defeitos: faixa branca estreita ou muito larga. Objeção: orelhas grandes pesadas e grosseiras.

Características da raça Hampshire Qualidade de carcaça, rusticidade, sendo preferidas pelos criadores nos cruzamentos. Participa com 0,45% do rebanho brasileiro. ■■são animais vigorosos, ativos e muito dóceis; ■■raça pai; ■■não possuem couro duro como os suínos comuns; ■■são animais de grande beleza. Infelizmente não são longos. Produtividade da fêmea ■■número de leitegadas: 348; ■■média de leitões nascidos: 9,24; ■■média de leitões aos 21 dias: 8,28; ■■peso médio da leitegada aos 21 dias: 46,25 kg Resultados de testes de granja (SC e MG) Os animais são testados do nascimento aos 154 dias de idade.

TESTE DE GRANJA Machos

Fêmeas

Ganho de peso diário

635 g

618 g

Espessura de toucinho

1,22 cm

1,29 cm

174

179

Número de animais testados

Raça Wessex Possui excelentes qualidades maternais, sendo grande produtora de leite. São animais dóceis, muito tranquilos, sendo as fêmeas excelentes mães. São rústicos, de grande prolificidade e adaptam-se bem ao regime de pastoreio. Uma limitação da raça é não possuir boas carcaças. Pelas normas de exterior da ABCS (1974) são critérios de: Desclassificação: orelhas eretas; ausência da faixa branca; faixa superior a 2/3 do corpo. Defeitos: faixa branca estreita ou muito larga. Pêlos brancos.

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Objeções: orelhas grandes, pesadas e grosseiras.

Características da raça Wessex A pelagem sofre variação, sendo uma limitação da raça. A cabeça é formosamente comprida tendo focinho moderadamente longo e reto. Raça preferida para produção extensiva ou ao ar livre siscal, apresentando as seguintes características: ■■prolificidade; ■■rusticidade; ■■habilidade materna; ■■participação de 0,49% nos registros emitidos;


■■excelentes

produtoras de leite; ■■bem adaptadas ao pastoreio; ■■não possuem boas carcaças. Produtividade da fêmea ■■número de leitegada: 151; ■■média de leitões nascidos: 9,60;

■■média

de leitões aos 21 dias: 8,32 ■■peso médio da leitegada aos 21 dias: 49,02 kg. Resultados de teste de granja - sp Animais testados do nascimento aos 154 dias de idade:

Quais as características da raça Wessex?

TESTE DE GRANJA Machos

Fêmeas

Ganho de peso diário

586 g

520 g

Espessura de toucinho

1,22 cm

2,05 cm

14

25

Número de animais testados

Pietrain Originária da bélgica, pelagem oveira (branco com preto), orelhas asiáticas e perfil cefálico concavilíneo. Quatro pernis (possui excelente massa muscular no quarto dianteiro). É portadora do gene recessivo da PSE, o que leva qualidade negativa da carne. Pelas normas de exterior da ABCS (1974) são critérios de: Desclassificação: pelagem preta ou branca. Defeitos: perfil retilíneo; orelhas célticas e/ou grandes ou grosseiras.

Produtividade da fêmea ■■número de leitegadas: 51 ■■média de leitões nascidos: 9,51 ■■média de leitões aos 21 dias: 7,53 ■■peso médio da leitegada aos 21 dia: 53,10 kg Resultados de testes de granja (mg) Animais testados do nascimento aos 154 dias de idade.

massa muscular, muito utilizada em cruzamentos; ■■ótimo pernil, menor camada de gordura e muito boa para cruzamentos; ■■participação de 0,67% do total dos registros emitidos no Brasil; ■■raça dos 4 pernis; ■■pernil muito desenvolvido e excelente área lombar; ■■boa leiteira e boa mãe; ■■carne tipo PSE; ■■conformação curta e rechonchuda (membros curtos).

Qual a produtividade da raça Pietrain?

TESTE DE GRANJA

Características da raça Pietrain ■■excelente

palid = pálida; soft = mole; exsudative = exsudativa: PSE.

Machos

Fêmeas

Ganho de peso diário

533 g

514 g

Espessura de toucinho

0,82 cm

0,82 cm

329

283

Número de animais testados

Berkshire Raça de origem inglesa, produto de cruzamentos dos porcos chineses, celtas e napolitanos. Cor preta com patas, focinho e ponta da cauda branca, podendo também ter orelhas eretas e asiáticas. São rústicos e prolíferos, se dão bem em qualquer sistema de exploração. A carne é de boa qualidade, mas essa raça não possui expressão econômica em nosso País.

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Segundo as Normas de Exterior ABCS (1974) são critérios de: Desclassificação: orelhas célticas ou ibéricas; quatro ou menos manchas. Defeitos: cinco manchas brancas, perfil subconcavilíneo, orelhas pesadas. Objeções: perfil concavilíneo, mancha isolada fora das localizações clássicas.

Outras raças estrangeiras Algumas raças sem expressão econômica no Brasil: Poland China, Chester White, Tamworth, Hereford, Large Black, Minessota 1 e 2, Beltsville, Lacombe, Essex, Palouse e Montana.

Características de uma raça A seguir são descritas duas características importantes na identificação de uma raça.

PELAGEM

gpd = ganho de peso diário.

Simples

Composta

Vermelha

Oveira

Branca

Faixada

Preta

Preta com pontas brancas

ORELHAS Quais as principais raças criadas no Brasil?

Asiáticas

Pequenas em pé

Ibéricas

Médias dirigidas para frente

Célticas

Grandes cobrindo os olhos

PRINCIPAIS RAÇAS CRIADAS NO BRASIL Raça

Origem

Orelhas

Pelagem

Características

Duroc

USA

Ibéricas

Vermelha

Rústica, precoce, prolífera, ótima conversão, boa carcaça, velocidade de gpd, raça pai.

Dinamarca

Célticas

Branca

Prolificidade, precocidade, produz carne magra, habilidade maternal, bom pernil, problemas de cascos, problemas de aprumos.

Large White

Inglaterra

Asiáticas

Branca

Rústica, prolificidade, ótima produtividade, animais longos, boas leiteiras, bons pernis.

Hampshire

USA

Asiática

Preta com faixa branca

Vigorosos e ativos, animais dóceis, excelentes mães, boas carcaças, grande beleza, animais curtos, raça pai.

Wessex

Inglaterra

Célticas

Preta com faixa branca

Habilidade maternal, produtora de leite, animais dóceis, rústicos, prolificidade.

Pietrain

Bélgica

Asiática

Oveira

Landrace

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Pernil desenvolvido, excelente área lombar, boas leiteiras, carne com PSE.

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Raças nacionais Os suínos foram trazidos para o Brasil pelos colonizadores portugueses. Através da mestiçagem, cruzamento, consanguinidade e seleção com algumas raças estrangeiras, deram origem às chamadas raças nacionais, que são agrupamento de animais com algumas características semelhantes. Apenas duas raças nacionais possuem livro de registro genealógico (raças Moura e Piau). São animais mais apropriados à produção de banha, sendo mais tardios, pouco prolíferos e de baixa produtividade. As performances de produção dessas raças são muito precárias. As raças nacionais mais conhecidas são: Piau, Moura, Caruncho, Canastra, Pereira, Tatu, Pirapitinga, Nilo, Macau.

Piau Considerada a melhor e mais importante raça de origem nacional (GO, MG e SP). Cor oveira (branco creme com manchas pretas) distribuída

sobre o corpo, apresenta orelhas intermediárias entre ibéricas e asiáticas, perfil cefálico e subconcavilíneo. São animais com forte tendência a ganhar gordura. Foi a primeira raça nativa a ser registrada no PBB, em 1989, em cadastro inicial. Já foram registrados na ABCS 1.277 suínos nos estados do RS, SC e PR. É uma raça que se caracteriza por sua rusticidade. Produtividade da fêmea ■■número de leitegadas: 46; ■■média de leitões nascidos: 8,87; ■■média de leitões aos 21 dias: 7,98; ■■peso médio da leitegada aos 21 dias: 38,20 kg.

Consanguinidade: parentesco.

Moura Porco existente no sul do Brasil, possui pelagem preta e branca, bom porte, aparelho mamário (mais de 10 tetas), leiteiras, prolíferas, boa precocidade, pêlos pretos e brancos misturados, perfil longo e orelhas médias.

Quais são as raças nacionais de suínos?

Resumo da lição • A classificação das raças de suínos baseia-se no perfil cefálico, nas orelhas, na cabeça e na pelagem; • As raças de suínos brasileiros são mais usadas em pequenas criações; • As raças nacionais Piau, Canastra, Caruncho e Moura são rústicas e pouco produtivas; • As raças de suínos estrangeiras mais usadas em criações industriais são Landrace, Large White, Duroc, Hampshire, Wessex e Pietrain; • As raças estrangeiras são mais produtivas e respondem bem a um bom manejo.

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Lição 3

Alimentação e nutrição

D

Tanchagens: planta de origem europeia (Plantago major), tem flores mínimas que se inserem em espigas delgadas e cilíndricas.

Onde não for possível oferecer bom pasto durante o ano todo, recomenda-se a utilização de capineiras, quando a forragem verde deverá ser cortada e distribuída aos animais.

Triticale: que possui certas qualidades do trigo.

esde o início do século já se sabia que os suínos podiam ser criados, com certo grau de confinamento, utilizando uma alimentação à base de forragens verdes, grãos e seus subprodutos, frutas, hortaliças, tanchagens, além de cinzas e sal comum. Estes alimentos proporcionavam energia, proteínas, minerais e água, em quantidades variadas e desbalanceadas, mas garantiam as funções fisiológicas de manutenção e produção com alguma eficiência. À medida que os problemas nutricionais iam sendo observados, a ciência da nutrição avançava com o objetivo de identificar os fatores nutricionais e formas de alimentação dos animais para que estes melhorassem o desempenho zootécnico. Com a determinação dos níveis mínimos de nutrientes requeridos pelos animais e a identificação das potencialidades de utilização de alimentos alternativos em dietas de suínos, os pesquisadores passaram a buscar conhecimentos que permitissem um melhor aproveitamento dos alimentos ingeridos.

Conversão alimentar Olerícolas: cultivo de legumes, vegetais empregados como alimentos

O que é conversão alimentar?

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Um dos indicadores do grau de eficiência produtiva é a conversão alimentar, que é dada pelo consumo de alimentos dividido pelo ganho de peso diário. A conversão alimentar está associada à precocidade. Espera-se que a idade de abate não ultrapasse os 150 dias de idade. Medidas importantes para melhorar a conversão alimentar: ■■controle dos problemas sanitários; ■■ melhoramento genético dos suínos;

Formação para o trabalho 2 produtor de suinocultura

■■redução do desperdício de ração; ■■ração

melhor balanceada; ■■manejo na alimentação; ■■ manejo das instalações e ambiente; ■■não castração dos machos destinados ao abate; ■■uso de promotores de crescimento.

Alimentos alternativos Nas últimas duas décadas, foi feito um esforço na busca de alimentos não convencionais que pudessem substituir o milho e o farelo de soja na alimentação dos suínos, com o objetivo de reduzir o custo da alimentação. Em geral, as raças produtivas de porco tipo carne têm necessidades nutritivas semelhantes, enquanto que as raças nacionais, pelo desenvolvimento tardio e propensão à gordura, aceitam melhor os alimentos grosseiros. Assim em sistemas de criações extensivos, deverá se considerar os tipos de alimentos disponíveis na região.

Redução do custo de ração A redução do custo da ração pode ser feita através de algumas alternativas: ■■Culturas e cereais com produção na entressafra de soja e milho. Exemplos: aveia, cevada, centeio, ervilha, triticale e caldo de cana. Esses produtos reduzem custos e perdas de armazenagem e aumentam a flexibilidade das indústrias de rações, conforme as condições do mercado de suínos terminados e da disponibilidade e preço do milho e da soja.


■■ Resíduos

e subprodutos agroindustriais: farelo (algodão, trigo, arroz, etc.), subprodutos de abatedouros, levedura, soro de leite, triguilho. ■■Culturas e cereais alternativos: mandioca, sorgo, milheto, babaçu, alfafa, olerículas, capineiras, frutas (caju e coco) e algaroba.

Nutrição Embora seja por demais conhecido, é preciso reiterar que a alimentação é, com certeza, o fator que mais influi nos custos de produção da suinocultura. Devido a isto, o produtor precisa baixar seus custos, mediante a utilização de rações balanceadas, que atendam às exigências nutricionais para obter o melhor desempenho dos suínos, logrando assim o lucro esperado. Para conseguir esta eficiência, são necessários os conhecimentos das técnicas de manejo alimentar, aproveitando também as características do próprio suíno. Os suínos superam todos os animais domésticos, no que se refere à economia da transformação dos alimentos em carne. Isso, devido à maior capacidade de consumo de uma grande quantidade de alimentos e maior eficiência destes na utilização dos elementos nutritivos da ração, em relação ao seu peso vivo, comparado com outras espécies. Além dessa superioridade na utilização dos alimentos, os suínos também são insuperáveis quanto ao rendimento de carcaça. Outra vantagem dos suínos é que são bastante adequados para utilizar muitos alimentos, que sem eles seriam desperdiçados, como são os subprodutos de origem animal e vegetal. Os suínos são animais consumidores de grãos, tendo, entretanto, um aparelho digestivo curto, o que não lhe permite boa assimilação de alimentos grosseiros.

Alimentos

Ceva: engorda.

São os produtos de origem animal, vegetal ou mineral, como por exemplo, farinha de carne, milho e calcário, que contêm nutrientes e devem ser corretamente misturados para suprir as necessidades dos animais. Os principais nutrientes são a água, os carboidratos, as gorduras, as proteínas, os minerais e as vitaminas.

Assimilação: conjunto de fenômenos bioquímicos que se processam no organismo vivo, destinados a suprir as substâncias que se gastam para o organismo funcionar a partir dos alimentos.

Água Leonardo Rodrigues

Controla a temperatura do animal, facilita a digestão, faz o transporte de nutrientes, elimina os resíduos pela urina e o suor e facilita as reações bioquímicas dentro do organismo. A água entra com mais de 50% na composição do organismo animal.

Carboidratos Nutrientes essencialmente produtores de energia, necessários aos processos vitais do suíno, são encontrados principalmente nos vegetais: Amidos: existentes nas sementes de cereais, raízes e tubérculos. Açúcares: encontrados nos colmos de cana, capins e nos frutos.

Gorduras (lipídios) São substâncias insolúveis em água encontradas nos produtos de origem vegetal e animal. São nutrientes energéticos e têm também como função o armazenamento das vitaminas A, D, E e K. Os suínos têm facilidade para assimilar as gorduras, entretanto, em rações muito ricas em óleos, que são gorduras líquidas, ocorre aumento e amolecimento do toucinho.

Alimentos energéticos São alimentos energéticos aqueles que possuem menos de 20% de proteína bruta, menos de 18% de fibra e alto teor de energia. Normalmente são constituídos por grãos de cereais, subprodutos industriais, frutos, raízes e tubérculos. Os mais utilizados são:

Suínos na engorda

O animal pode perder toda sua gordura e mais da metade de sua proteína e sobreviver; porém, com a perda de 20% da água, morrerá. O conteúdo de energia dos alimentos é calculado a partir do calor liberado pela combustão total do alimento em um calorímetro, sendo expresso em quilocalorias (kal)

Fundação Demócrito Rocha 17


Alimentos ricos em carboidratos: mel, milho, feijão, arroz, batata, inhame, mandioca, caldo da cana-de-açúcar.

Quais são os alimentos energéticos? Qual o fator limitante do uso da mandioca na criação de suínos?

Palatabilidade: relativo a sabor.

Quatro quilos de mandioca brava contêm toxina capaz de matar um animal de 400 kg pela liberação do ácido cianídrico.

O caldo-de-cana é rico em cálcio.

18

Milho: é o grão mais utilizado em rações para suínos, já que contém alta energia (3.493 kcal/kg), baixo em fibra (1,78%), alta digestibilidade e muito palatável. O milho possui baixo teor de proteína bruta (8,5%) e é deficiente nos aminoácidos essenciais lisina e triptofano. Por isso é necessário utilizar o milho em mistura com alimentos proteicos que supra sua deficiência em aminoácidos essenciais, como é o caso do farelo de soja, que é relativamente rico em proteínas. O milho deve ser moído em tamanho médio, já que é melhor aproveitado pelos suínos, que o grão inteiro, moídos grosseiramente ou de moagem fina. Sorgo: é um excelente alimento para suínos e é semelhante ao milho. Possui alto teor de energia (3.200 kcal/kg), 2,30% de fibra bruta e o teor de proteína de 9,0% um pouco mais alta que o milho. O sorgo pode substituir totalmente o milho em todas rações para suínos sem afetar significativamente os animais. Farelo de trigo: é o subproduto do trigo mais utilizado em rações para suínos, possuindo alta energia (3.150 kcal/kg), 9% de fibra bruta e maiores teores que o milho em proteína bruta (15%), lisina (0,6%) e triptofano (0,15%). Possui propriedade laxativa, sendo indicado em alta proporção (50%) na ração, poucos dias antes e após o parto para prevenir problemas com as porcas. Farelo de arroz: contém 3.250 kcal de energia digestiva por kg, 11% de fibra bruta e 12% de proteína bruta. Devido ao seu alto teor de gordura, apresenta problemas de armazenamento, pois rancifica-se facilmente reduzindo sua palatabilidade. Quando utilizado em níveis de até 30% na dieta, tem valor alimentício semelhante ao milho.

Formação para o trabalho 2 produtor de suinocultura

Mandioca: a mandioca fresca contém 1.200 kcal de energia digestiva por kg e é pobre em proteína bruta (1%), minerais e vitaminas. O principal fator limitante da mandioca brava é a presença do ácido cianídrico. Portanto, o seu uso exige um período de cura, isto é, deve ser cortada e exposta ao sol para eliminação do ácido. Na alimentação de suínos, a mandioca pode ser usada na forma de farelo integral, picada e seca ao sol, ou silagem, podendo substituir integralmente o milho como fonte de energia. Na prática, também pode-se usar ração contendo apenas mandioca seca ao sol e farelo de soja, para suprir as exigências em aminoácidos, e um adequado suplemento de minerais e vitaminas. Batata-doce: um hectare de batatadoce chega a produzir cerca de 2 toneladas de tubérculos e 11 toneladas de ramas. No estado natural, a batata-doce contém 24% de amido, 2,4% de sacarose (açúcar), 1.300 kcal de energia digestiva por kg e 1% de proteína bruta. Pode ser utilizada na forma natural, cozida, como silagem e farelada. Cana-de-açúcar: os gomos da cana contém 600 kcal de energia digestiva, 1,3% de proteína e é rica em cálcio. O caldo-de-cana pode substituir até 100% do milho da ração (com base na matéria seca) para suínos em crescimento e terminação. Deverá ser fornecido em duas refeições, ao mesmo tempo em que se fornecer as rações. Os cochos devem ser lavados após cada refeição. Melaço de cana: é um subproduto da indústria de açúcar de cana e contém 2.450 kcal de energia digestiva por kg, 3% de proteína e 0,78% de cálcio. Tem como fator limitante, o seu efeito laxativo quando fornecido em grande quantidade. Adicionado


às rações em nível de até 10%, melhora a palatabilidade e não traz problemas aos animais. Gorduras e óleos: são alimentos com alto teor de energia podendo ser adicionada às rações em níveis de até 10%, melhorando sua palatabilidade e características físicas. Contém em torno de 8.000 kcal de energia digestiva por kg.

Proteínas As proteínas são constituintes essenciais do organismo animal e formadoras básicas dos músculos, sangue, vísceras, ossos, couro, cerdas, cascos etc. Praticamente todos os processos vitais dependem desta classe de moléculas. A reprodução, o crescimento e a lactação são processos essenciais à vida dos suínos que mobilizam grandes quantidades de proteínas. Este nutriente, na verdade, é formado por um conjunto de outras unidades conhecidas como aminoácidos, que são de grande importância para a vida e desenvolvimento dos animais. Embora mais de 300 aminoácidos diferentes tenham sido descritos na natureza, somente 20 são comumente encontrados como constituintes das proteínas dos mamíferos. Os aminoácidos são divididos em essenciais e não essenciais. Os aminoácidos não essenciais podem ser sintetizados pelos suínos, desde que a quantidade de proteínas disponíveis na ração seja adequada. Já os aminoácidos essenciais, os suínos não sintetizam, não devendo, portanto, faltar numa ração bem elaborada. Os aminoácidos são constituídos por nitrogênio, carbono, hidrogênio e oxigênio. As proteínas são macromoléculas (moléculas grandes) formadas pelo agrupamento de no mínimo 50 aminoácidos. Alimentos proteicos: são considerados proteicos aqueles que pos-

suem no mínimo 20% de proteína, podendo ser de origem animal ou vegetal. Dentre as principais fontes proteicas utilizadas podemos citar: Farelo de soja: subproduto da indústria de extração de óleo de soja, contém de 44 a 49% de proteína bruta e 3.628 kcal/kg de energia digestiva. Caracteriza-se como o principal alimento proteico de origem vegetal utilizado em rações para suínos no País. Embora deficiente em metionina, tem um bom balanceamento nos demais aminoácidos. Possui alta palatabilidade para os suínos e sua proteína tem alto valor biológico. Farelo de algodão: subproduto da indústria de extração do óleo de algodão, contém em média 39% de proteína bruta e 1.983 kcal/kg de energia digestiva e 14% de fibra bruta. Recomenda-se, nas rações de suíno, a utilização máxima de 10% do farelo de algodão. Farelo de mamona: provém da indústria de extração do óleo de mamona. Contém 40% de proteína bruta e 2.230 kcal/kg de energia digestiva. Como fator limitante deve-se considerar o alto teor de fibra (18%), a deficiência em lisina e o princípio tóxico ricina que afeta o desenvolvimento dos animais. Devido a isso, este farelo pode ser adicionado à ração até um nível máximo de 10%. Farinha de carne: subproduto de frigoríficos, fabricado com restos de carnes, vísceras, carcaças rejeitadas para consumo humano. O teor proteico pode variar de 40 a 60%, dependendo da qualidade da farinha. O teor elevado de cálcio e fósforo limita o seu nível na ração a 10%, já que estes, em excesso, provocam um desequilíbrio mineral na ração. Farinha de sangue: produto da indústria frigorífica, possui 80% de proteína bruta de má qualidade pelo desbalanço de seus aminoácidos.

Por que uma alimentação rica em fibras causa diarreia nos porcos?

As proteínas de origem animal possuem um elevado valor biológico, pois contém todos os aminoácidos essenciais. Aminoácidos essenciais: metionina, triptofano leucina, fenilalanina, treonina, valina, lisina isoleucina, arginina e histidina. Destes dez, oito são essenciais em qualquer situação, enquanto dois (arginina e histidina) são requeridos somente durante períodos de crescimento rápido dos tecidos, características dos leitões e da recuperação de doenças (Pamelar, p.314). As proteínas de origem animal possuem um elevado valor biológico, pois contém todos os aminoácidos essenciais.

Quais as funções das proteínas?

Alimentos ricos em proteínas: farelo de algodão, farinha de carne e farinha de sangue.

Qual o principal alimento proteico de origem vegetal utilizado em rações para suíno?

Fundação Demócrito Rocha 19


Sendo deficiente no aminoácido isoleucina, sua utilização em rações para suínos deve ser limitada a um nível máximo de 4%, considerando-se ainda que tem baixa palatabilidade.

Minerais

Quais os minerais usados na alimentação para suínos?

NaCl: cloreto de sódio (sal comum).

20

São os elementos químicos que se encontram associados às plantas, aos produtos de origem mineral e são utilizados pelos animais para formar seu corpo, sua produção e auxiliar no desempenho do organismo. As rações para suínos devem conter suplementação de minerais, pois somente os cereais e os farelos não conseguem suprir todas exigências. Dentre os principais minerais podemos citar: Cálcio e Fósforo: entram na formação dos ossos e dentes, tendo ação sobre tecidos musculares, nervosos e órgãos genitais. A carência de cálcio é mais comum que a de fósforo, porque os grãos de cereais e torta, que entram nas rações de suínos, são pobres em cálcio e ricos em fósforo. Os alimentos de origem animal, como farinha de carne e peixe, subprodutos do leite, são ricos nestes dois minerais. Sal comum: rico em cloro e sódio, não pode faltar nas rações. Sua ausência provoca falta de apetite, emagrecimento e atraso no desenvolvimento dos animais. Pode ser adicionado em até 0,5% da ração ou fornecido em cochos separados. Ferro: é um componente importante da hemoglobina (sangue) e essencial para o funcionamento dos órgãos e tecidos dos animais. O leite da porca é pobre em ferro, podendo o leitão apresentar anemia em 3 ou 4 semanas, caso não tenha acesso à terra ou não receba suplementação, que pode ser através de pasta antianêmica ou ferro injetável, aos 3 dias de vida. Outra alternativa é pincelar o

Formação para o trabalho 2 produtor de suinocultura

úbere da porca com uma solução de sulfato de ferro. Cobre: a deficiência de cobre provoca uma diminuição na absorção de ferro e perturbações ósseas. Iodo: importante na atividade da glândula tireoide que produz hormônio responsável pelo crescimento e lactação. A carência provoca a morte dos recém-nascidos ou o nascimento de animais mortos. Os leitões nascem com poucos pêlos, fracos e morrem poucas horas depois. O fornecimento de sal comum iodado atende às necessidades dos animais. Manganês: é importante na nutrição animal. Sua deficiência provoca reduzido desenvolvimento do esqueleto, cios irregulares nas fêmeas, reabsorção de fetos, crias fracas e baixa produção de leite.

Vitaminas São nutrientes com importantes funções nos processos vitais dos animais. Podem ser lipossolúveis (A, D, E e K), que se dissolvem em gorduras, e hidrossolúveis, que se dissolvem em água (B1, B2 e B6, ácido pantoténico, inositol, biotina, colina, niacina, B12, B13 ácido fólico e vitamina C). Todas as vitaminas são indispensáveis para o funcionamento do organismo. Porém, no caso dos suínos, poucas são problemas, já que estão em quantidades satisfatórias nos alimentos ou são sintetizadas pelos animais. Vitamina A: importante em todas as idades dos suínos, para manter pele e mucosas resistentes a infecções, nos processos produtivos, de lactação e de crescimento. Sua deficiência pode acarretar esterilidade, abortos, infecções respiratórias, problemas na pele e tecido digestivo. As principais fontes desta vitamina para os suínos são o milho amarelo, fenos e pastos verdes.


Vitamina D: considerada antirraquítica, pois atua no crescimento, na formação dos ossos e assimilação do cálcio e fósforo. Animais que têm acesso a piquetes ou aos raios solares não têm qualquer problema de falta desta vitamina, já que ela será sintetizada na superfície da pele do próprio animal. As principais fontes desta vitamina para suínos são os fenos e farinha de peixe. Vitamina E: tem a função de proteção da vitamina A (antioxidante) e sua falta pode prejudicar o processo reprodutivo, a degeneração dos testículos, a morte e a reabsorção de embriões. O organismo animal é capaz de armazená-la, podendo ser encontrada em grãos de cereais e forragens. VItamina K: tem função na coagulação do sangue e é formada no intestino dos suínos. Vitamina B1 (Tiamina): chamada antiberibéri, atua no metabolismo dos carboidratos. Sua deficiência causa falta de apetite, queda de peso, vômitos, sintomas nervosos e alterações cardíacas. Embora seja sintetizada no intestino grosso, não é em quantidade suficiente. Quando fornecida em quantidade, pode ser armazenada no lombo e pernil do suíno. As principais fontes são forragens verdes, leite, soro e cereais. Vitamina B2 (Riboflavina): sua falta pode causar problemas na reprodução e lactação, engrossamento da pele, pernas tortas e duras. Deve ser adicionada à ração, e as principais fontes são: leite e seus subprodutos, pastagens verdes, farinha de carne e tortas vegetais. Suínos alimentados só com cereais podem apresentar deficiência desta vitamina. Niacina: indispensável no metabolismo das proteínas, lipídios e glicídios. Sua deficiência causa perda

de peso, diarreia, úlceras na boca, inapetência e anemia. Animais confinados e alimentados só com milho podem apresentar estes sintomas. São fontes desta vitamina farinha de carne e sangue, torta de oleaginosas e forragens verdes. Vitamina B6 (Piridoxina): sua falta causa crescimento retardado, convulsões e anemia. É encontrada no milho, farinha de carne e forragens verdes. Ácido pantotênico: importante na síntese de gorduras e colesterol. Sua falta causa problemas no estômago e intestino, crescimento retardado, pele escamosa, secreção em volta dos olhos e o passo de ganso que é um sintoma característico. São alimentos ricos nesta vitamina: melaço de cana, torta de amendoim, farelo de arroz e trigo e subprodutos do leite. Um animal bem-alimentado não tem deficiência de vitaminas.

As vitaminas A, D, E e K são solúveis em gorduras.

Alimentação de porcas na maternidade A alimentação deve ser suspensa no dia do parto, fornecendo-se apenas água à vontade. A partir do primeiro dia após o parto, aumentar gradativamente o fornecimento da ração até alcançar 1,8 kg para manutenção da porca, mais 0,35 kg de ração para cada leitão em aleitamento. A quantidade de ração diária deve ser dividida em duas vezes: uma pela manhã e outra à tarde. Entre estes dois arraçoamentos, pode-se fornecer forragens. Esta ração poderá ser aumentada ou diminuída de acordo com o estado físico da matriz.

Alimentação dos leitões até a desmama

As despesas com alimentos representam de 55 a 85% do custo total da produção dos suínos.

Arraçoadas: dar alimento.

O criador deve dispensar cuidados especiais com a leitegada, principalmente na primeira semana de vida,

Fundação Demócrito Rocha 21


Fábio Lima

Alimentação dos leitões em comedouros

Como deve ser realizada a troca da ração inicial pela ração de recria? O que é nutrição?

para evitar a mortalidade. Lembramos que o primeiro leite da porca, o colostro, é rico em nutrientes e anticorpos que protegem os leitões contra doenças. Quanto mais rápido o leitão começar a mamar, melhor. Nos primeiros dias, o estômago do leitão não está preparado para digerir muito alimento. Depois da primeira semana de idade, o organismo do leitão se modifica, permitindo que ele se alimente com outros produtos. Em vista disso, a alimentação sólida deve ser fornecida a partir daí em pequenas quantidades. Após a segunda semana, os leitões devem receber alimentação à vontade, mas sempre sem deixar a ração ficar velha, mofada ou molhada nos comedouros. Da quarta semana em diante, o leite materno não atende às necessidades dos leitões devendo a ração estar sempre disponível.

Dois dias antes da desmama devese fornecer a ração inicial misturada com a ração de recria (50% de cada), indo até três dias após a desmama, para evitar problemas com o leitão.

Alimentação das fêmeas Na fase de crescimento, a ração das leitoas deve conter 13% de proteína e ser fornecida à vontade até atingirem 90 kg de peso vivo. A partir daí a alimentação deve ser controlada de modo que as fêmeas (leitoas) possam ser cobertas aos 110 – 120 kg de peso, com 7 a 8 meses de idade. As marrãs soltas em piquetes podem necessitar de mais alimentos, pois não engordam muito, devido ao exercício que fazem. As forragens são muito importantes para as fêmeas, pois, além de fornecer sais minerais e proteínas, barateiam a alimentação e evitam a gordura excessiva.

EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS DOS SUÍNOS Proteína bruta%

Energia Digestível Kcal/kg

Ca%

P%

Lis%

Met+Cistina%

Tript

Categoria

Fase

Porca

Gestação

12

3.340

0,75

0,60

0,43

0,23

0,09

Cachaço

Reprodução

12

3.340

0,75

0,60

0,43

0,23

0,09

Porca

Lactação

13

3.340

0,75

0,60

0,60

0,36

0,12

Leitão

Pré-inicial

20

3.390

0,80

0,65

1,15

0,58

0,17

Leitão

Inicial

18

3.400

0,70

0,60

0,95

0,48

0,14

Adulto

Crescimento

15

3.400

0,60

0,50

0,75

0,41

0,12

Adulto

Terminação

13

3.400

0,50

0,40

0,60

0,34

0,10

Ca = Cálcio – P = Fósforo – Lis = Lisina – Met = Metionina – Tript = Triptofano

22

Formação para o trabalho 2 produtor de suinocultura


Alimentação do cachaço A alimentação dos machos é a mesma das porcas e leitoas, isto é, com 12% de proteína e 3.340 kcal de energia digestiva. Para o animal não engordar demais, convém controlar a alimentação com cerca de 2,0 kg de ração/dia, podendo reduzir ou aumentar de acordo com o

estado do cachaço. Em épocas de trabalho intenso, pode ser aumentada em 0,5 kg/dia. Sendo as cobrições realizadas pela manhã e à tarde, a alimentação deve ser fornecida após as mesmas. No intervalo. o cachaço poderá receber ração verde ou ter acesso ao piquete.

Cachaço: porco não castrado, que serve de reprodutor.

FORMULAÇÃO DAS RAÇÕES PARA SUÍNOS/FASE Pré-inicial

Inicial

Crescimento

Terminação

Reprodução

Lactação

Milho

34

650

775

835

710

610

Farelo de soja

21

250

190

130

95

260

Farelo de trigo

140

Premix

40

50

30

30

40

40

Sal

5

5

5

5

5

Açúcar

5

32

50

Óleo

13

10

35

Total

100 kg

1.000 kg

1.000 kg

1.000 kg

1.000 kg

1.000 kg

Ração / Insumo

Alimentos diversos Subprodutos do leite: os subprodutos do leite mais usados na alimentação de suínos são o soro de leite, o soro seco e o leite desnatado seco. Dentre estes, o soro líquido é o mais comum no Nordeste, como sobra da fabricação de queijos. Contém um baixo teor de proteína (1%) e baixa energia digestiva (200 kcal/kg).

O fornecimento aos animais deve ser feito de forma gradual prevenindo a ocorrência de problemas digestivos. Em termos de valor nutritivo, 16 L de soro de leite equivale a 1 kg de ração balanceada.

FORMULAÇÃO DAS RAÇÕES PARA SUÍNOS/FASE Fase

Idade

Peso (kg)

Consumo/alimento (kg)

Conversão alimentar

Semana

Dias

Ganho

Acumulado

Semanal

Acumulado

Na semana

Acumulado

0

0

x

1,4

x

x

x

x

1

7

14

2,8

x

x

x

x

2

14

16

4,4

0,2

0,20

0,12

0,05

3

21

2,0

6,4

0,3

0,50

0,15

0,08

4

28

2,0

8,4

2,4

2,90

1,20

0,35

5

35

2,6

11,0

3,5

6,40

1,33

0,58

6

42

3,1

14,1

4,5

10,90

1,45

0,77 >>

Fundação Demócrito Rocha 23


Continuação

FORMULAÇÃO DAS RAÇÕES PARA SUÍNOS/FASE Idade

Fase

Peso (kg)

Conversão alimentar

Semana

Dias

Ganho

Acumulado

Semanal

Acumulado

Na semana

Acumulado

7

49

3,5

17,6

5,6

16,50

1,60

0,93

8

56

4,0

21,6

6,8

23,30

1,70

1,08

9

63

4,4

26,0

8,0

31,30

1,82

1,20

10

70

4,7

30,7

9,2

40,50

1,96

1,32

11

77

5,0

35,7

10,5

51,00

2,10

1,43

12

84

5,4

41,1

12,1

63,10

2,24

1,53

13

91

5,7

46,8

13,5

76,60

2,37

1,64

14

98

6,0

52,8

15,1

91,70

2,52

1,74

15

105

6,3

59,1

16,8

108,50

2,67

1,84

16

112

6,6

65,7

18,5

127,00

2,80

1,93

17

119

6,8

72,5

19,8

146,80

2,91

2,02

18

126

7,1

76,6

21,5

168,30

3,03

2,11

19

133

7,2

86,8

22,6

190,90

3,14

2,20

20

140

7,3

94,1

23,9

214,80

3,27

2,28

21

147

7,3

101,4

25,1

239,90

3,44

2,37

Os sacos de rações só devem ser abertos no momento de serem utilizados.

Inapetência: falta de apetite.

Quais materiais podem ser utilizados no processo de silagem?

24

Consumo/alimento (kg)

Silagem: poderá ser feita com diversos materiais como milho, sorgo, mandioca, cana-de-açúcar etc. Isto faz com que seu valor nutritivo mude conforme composição. Quando fornecida a porcas em gestação, poderá reduzir o custo final dos leitões nascidos. Para estes animais poderá ser dado até 5 kg de silagem por dia enquanto que para porcas em lactação, no máximo, 2 kg/dia. Pastagem: a pastagem pode ser oferecida aos suínos já que é uma boa fonte de vitaminas, minerais e fatores não identificados de crescimento. Pode ser fornecida, principalmente, a matrizes e cachaços. Para porcas gestantes, pode significar uma redução de até 30% no seu custo de alimentação.

Formação para o trabalho 2 produtor de suinocultura

Resumo da lição • Os carboidratos, as gorduras e as proteínas são essenciais na alimentação dos suínos; • Os minerais são importantes na formação da estrutura dos suínos; • As vitaminas são fundamentais nos processos vitais dos suínos; • O colostro é muito importante para os suínos recém-nascidos; • As exigências nutricionais dos suínos variam com a categoria e a fase em que se encontra o animal.


Lição 4

Manejo reprodutivo

E

m qualquer exploração pecuária, os critérios de seleção dos reprodutores estão condicionados aos objetivos da produção. Em primeiro lugar, temos as granjas de seleção, cujo objetivo é selecionar indivíduos de raças puras. Os indivíduos selecionados passam às granjas de multiplicação, onde se cruzam para a obtenção de mestiços que serão enviados às granjas de produção, nas quais gerarão o produto final destinado à engorda e, posteriormente, ao abate. Esta organização da produção está nas mãos das empresas multinacionais, que detêm os programas de seleção e hibridação estabelecidos.

Escolha dos reprodutores e das matrizes Mais importante que as raças são os reprodutores que serão utilizados para a produção dos animais de abate. O produtor somente conseguirá melhorar o nível de seu rebanho, se escolher, para reprodutores, animais de qualidade superior. As fêmeas devem ser cruzadas ou híbridas ou F-1, filhas de machos Large White ou Duroc com fêmeas Landrace, ou de macho Landrace com fêmeas Large White. Para acasalar com as fêmeas cruzadas, devese usar, preferencialmente, o macho da raça que não entrou na produção das fêmeas (tricross), ou como alternativa, o macho de uma das raças da fêmea (retrocruzamento).

Hibridação: é o resultado do cruzamento de raças diferentes.

O que é manejo reprodutivo?

FORMAÇÃO DO TRICROSS Fêmeas cruzadas ou F-1

Macho preferencial - Raça

Produto final

Large White x Landrace

Duroc

LW x LD x D

Duroc x Landrace

Large White

D x LD x LW

Landrace x Large White

Duroc

LD x LW x D

LW = Large White – LD = Landrace – D = Duroc

RETROCRUZAMENTO Fêmeas cruzadas ou F-1

Macho alternativo

Large White x Landrace

Large White x Landrace

Duroc x Landrace

Duroc ou Landrace

Landrace x Large White

Landrace ou Large White

Fundação Demócrito Rocha 25


Matriz: fêmea que é boa parideira.

Vulva: parte exterior do órgão genital feminino.

Mamite: inflamação das tetas.

Vermifugadas: que foi tratada com vermicida (medicamento usado no tratamento de verme).

Quais os atributos para uma fêmea ser selecionada para matriz?

O produtor deve produzir animais para o abate utilizando mais de uma raça, para beneficiar-se do vigor híbrido. A relação macho x fêmea deve ser de um macho para atender de 15 a 20 fêmeas. Pequenos produtores, a exemplo dos grandes, podem também fazer uso da inseminação artificial, beneficiando-se assim de reprodutores de alta qualidade genética, disponíveis nas centrais de inseminação. Neste caso, também é necessário manter o macho para estimular o aparecimento do cio. O produtor deve comprar os animais de uma mesma granja, que apresente bons índices de produtividade e, se possível, que tenha informações de Teste de Granja dos reprodutores com bom nível sanitário. Na compra dos reprodutores é muito importante conhecer as informações reprodutivas e de desempenho, que é dado pelas variáveis: consumo de ração, ganho de peso diário e conversão alimentar; e de qualidade de carcaça dos pais das fêmeas cruzadas, para garantir bons resultados na produção de suínos para o abate. O produtor pode selecionar fêmeas produzidas na própria granja para reposição, devendo, neste caso, buscar assessoramento técnico para orientar os cruzamentos e evitar problemas de consanguinidade. Além dos reprodutores recomendados, o mercado dispõe de híbridos, principalmente machos, cabendo ao produtor decidir pela compra dos mesmos, em função dos dados de produtividade e da qualidade dos animais oferecidos.

Atributos para uma fêmea ser selecionada para matriz Por ocasião da compra das fêmeas, deve-se observar, por ordem de importância, as seguintes características:

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Formação para o trabalho 2 produtor de suinocultura

■■pesar

no mínimo 90 kg aos 150 dias de idade; ■■ter nascido em uma leitegada numerosa; ■■possuir pelo menos sete pares de tetas funcionais, bem distribuídas, simétricas e de bom tamanho; ■■não ter irmão com defeito de nascença; ■■ter vulva de tamanho proporcional à idade; ■■apresentar bons aprumos (boa sustentação); ■■não apresentar desvios na coluna; ■■ter bom comprimento e profundidade. As fêmeas devem ser utilizadas até a média de seis parições quando serão substituídas por leitoas. O descarte de fêmeas antes de produzir seis leitegadas deve ocorrer se elas: ■■produzirem menos de nove leitões nascidos na média das duas primeiras leitegadas; ■■não aceitarem os leitões logo após a parição; ■■não produzirem quantidade suficiente de leite para os leitões; ■■apresentarem problemas de mamite que provoquem a perda de tetas; ■■apresentarem problemas de aprumos; ■■apresentarem mais de dois retornos de cio seguidos. Antes de iniciar na reprodução, as fêmeas devem ser vermifugadas e tratadas contra piolhos e sarna.

Atributos para um macho ser selecionado para reprodutor Pelo fato de o macho acasalar (cobrir) com varias fêmeas e ser responsável pela transmissão de 50% das características genéticas aos seus descendentes, ele é o animal mais importante


do rebanho, devendo merecer toda atenção por ocasião de sua compra. Deve-se, portanto, adquirir machos selecionados: ■■com peso mínimo de 110 kg aos 150 dias de idade e máximo de 18 mm de espessura de toucinho ao final do teste de granja; ■■preferir, na escolha da raça, a que não entrou na formação das fêmeas. No caso de usar retrocruzamento, o macho selecionado não deve ser aparentado com as fêmeas do plantel; ■■apresentar bons aprumos (sustentação); ■■não apresentar desvios de coluna; ■■apresentar os testículos salientes e proporcionais à idade; ■■apresentar comportamento sexual ativo (aguçado); ■■ter bom comprimento; ■■apresentar pernil desenvolvido e boa largura de lombo. Os machos devem ser substituídos após um máximo de 2,5 anos de uso. Antes de começar a cobrir as fêmeas, ou seja, antes de entrar em serviço, devem ser vermifugados e tratados contra piolho e sarna.

Puberdade É a época na qual os animais atingem a maturidade sexual, coincidindo, nas fêmeas, com o aparecimento do primeiro cio e, nos machos, com o aparecimento dos primeiros espermatozoides nas gônadas. Nos machos, os espermatozoides devem aparecer nos testículos aos 3 meses de idade, admitindo-se a presença de esperma a partir dos 5 ou 6 meses de idade. Idade da puberdade: ocorre uma variação de 3 a 7 meses de idade para o aparecimento da puberdade nas marrãs, sendo, no entanto, ligeiramente mais retardada nos machos.

Fatores que afetam a puberdade Consanguinidade: atrasa a maturidade sexual durante várias semanas. Cruzamentos: os animais resultantes de cruzamento manifestam maturidade sexual mais precocemente. Raças: entre raças observa-se também variação quanto à idade da puberdade. Raças de menor porte alcançam maturidade sexual mais cedo do que as de grande porte. Efeitos climáticos: a puberdade pode ocorrer mais cedo nos trópicos do que nos climas temperados. Sexo: as fêmeas de todas as espécies alcançam a idade de puberdade mais cedo do que os machos. Nutrição: rações deficientes em energia e proteína e o acúmulo de banha na cavidade abdominal das marrãs são responsáveis pelo retardamento da maturidade sexual.

Qual a importância da puberdade dos suínos?

Fatores de manejo ■■Proximidade

e/ou presença do macho: a introdução do macho entre marrãs com aproximadamente 165 dias de idade estimula o aparecimento do cio, diminuindo assim a idade de puberdade. A simples proximidade do macho auxilia o aparecimento do cio mais precoce em marrãs. O estímulo auditivo com ou sem contato visual, pode adiantar a maturidade sexual (precoce), quando comparado com grupos mantido sem estímulo algum. ■■Sociabilidade: a idade da puberdade pode ser reduzida em marrãs agrupadas em comparação com as confinadas (isoladas). ■■Estresse moderado: a mudança de baia como também o transporte de marrãs para outros locais pode induzir o aparecimento do cio.

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Ovulação: liberação de óvulos maduros do ovário.

Quais as fases do ciclo estral?

Qual a idade ideal para a reprodução dos suínos?

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O estresse representado pelo transporte de porcas pré-púberes pode desencadear a ovulação. Cerca de 25% das marrãs entram em cio entre o 4º e 6º dias depois do transporte. A associação destas práticas à presença do varão poderá melhorar ainda mais a resposta das fêmeas na antecipação da puberdade. Marrãs mantidas na ausência de varão até 160 dias de idade, quando submetidas à mudança do meio e à presença de um cachaço sexualmente ativo, podem manifestar cio dentro de uma semana, reduzindo a idade à primeira cobrição em pelo menos dois meses.

Idade de reprodução Devido ao desenvolvimento anatômico insuficiente, os reprodutores não deverão ser utilizados na reprodução tão logo alcancem a puberdade. O emprego prematuro de animais (tanto machos quanto fêmeas) na reprodução prejudica o seu desenvolvimento, impedindo que atinjam, quando adultos, o peso máximo desejável. A consequência da utilização prematura da fêmea na reprodução é a espoliação de seu próprio organismo, com a redução de porte e debilidade de sua estrutura óssea, porque os processos relacionados com a conservação da espécie são priorizados. Os processos de gestação -lactação são prioridades em relação ao seu crescimento. Pode-se mesmo dizer que a perpetuação da espécie é mais importante do que a sobrevivência do indivíduo. Assim sendo, é desaconselhável a cobrição de leitoas novas e ao primeiro cio, porque tal prática pode resultar em um pequeno número de leitões ao nascimento. De um modo geral são necessárias três condições para que a cobrição de leitoas seja bem-sucedida:

Formação para o trabalho 2 produtor de suinocultura

■■maturidade

sexual (2 ou 3 cio); ■■idade (6,5 a 7 meses); ■■desenvolvimento corporal (110 a 120 kg). Quanto ao macho, deve ser utilizado gradativamente e possivelmente a uma idade e peso ligeiramente superiores aos das fêmeas. A idade máxima de utilização dos suínos na reprodução é de aproximadamente três anos. Todavia, enquanto as porcas e varões produzirem leitegadas numerosas e pesadas ao nascer e os machos montarem com facilidade, podem permanecer no rebanho.

Ciclo estral – fases A duração total média do ciclo estral é de 21 dias, com desvio padrão de mais ou menos 3, ou seja, de 18 a 24 dias. Proestro ou fase de proliferação: fase em que os folículos ováricos estão bastante desenvolvidos ou maduros, com predominância de estrógenos. O útero está tenso, a vagina corada e edemaciada e a cérvix aberta e há presença de muco na vagina, com evidência da proximidade de novo cio. A duração da fase é de aproximadamente 2 dias. Estro ou cio: fase ovulatória, de cobrição, com duração de aproximadamente dois a três dias. Devido à sua grande importância será tratada, com detalhes, num item especial. Metaestro: fase pós-ovulatória, com duração de dois dias. Os ovários se caracterizam por apresentar inicialmente depressões correspondentes aos locais de ovulação, que posteriormente dão origem aos corpos hemorrágicos e num estágio mais avançado, aos corpos lúteos. Há predominância de progesterona, o útero perde sua tonicidade e a vagina se apresenta menos edemaciada.


Diestro: esta fase com duração de 14 dias após a ovulação, caracteriza-se por: corpo lúteo maduro; útero quieto e sem tonicidade. Anestro: é o período prolongado de diestro. Pode-se constituir num dos tipos de esterilidade funcional pela persistência do corpo lúteo. Estro ou cio: é a fase que a fêmea aceita o macho, permitindo a cópula, processando-se mais ou menos periodicamente e caracterizando-se por estados fisiológicos e psicológicos próprios. Terminado o cio, o macho perde, de um modo geral, todo o interesse pela fêmea, sendo também por ela repelido.

Sintomatologia do cio ■■procuram

o macho; ■■montam umas nas outras, imitando a prática do ato sexual; ■■respondem positivamente ao reflexo de imobilização; ■■entumescimento da vulva, que se torna avermelhada nas raças brancas ou de pigmentação clara; ■■nervosismo e excitação; ■■redução do apetite; ■■grunhidos característicos; ■■micção frequente; ■■orelhas caídas de forma característica; ■■às vezes, há corrimento vaginal e o pH vaginal fica mais baixo; ■■salivação e pulso aumentado. Duração do cio: em média, de dois a três dias em porcas, sendo de 12 a 18 horas, mais longo do que nas marrãs.

Ovulação Nas porcas, a ovulação é espontânea, ou seja, é independente do estímulo do acasalamento. Ocorre em ambos os ovários, sendo os óvulos, em sua maioria, liberados 24 a 36 horas após as primeiras manifestações do cio. O intervalo

da liberação do primeiro ao último óvulo é de uma a sete horas. A taxa de ovulação é muito variável, sendo em média de 15 a 18 óvulos. Parte de zero na adolescência, experimenta uma rápida subida até alcançar valor máximo e descende gradualmente até chegar à esterilidade. Daí, decorre que a taxa de ovulação das marrãs é menor que a das porcas. O número de ovulação pode aumentar do primeiro para o segundo cio após a puberdade em, aproximadamente, dois óvulos. O maior pique de ovulações na espécie suína ocorre por volta do quinto ao sexto cio após a puberdade.

Cópula: ato sexual.

A porca é poliestral (mais de um cio/ano) e contínua (manifesta cio durante todo o ano).

Leonardo Rodrigues

Fatores que afetam a taxa de ovulação Idade: embora o número de óvulos/ ovulação aumente com o desenvolvimento sexual da marrã, uma vez atingido o pico máximo, decresce com o aumento da idade. Nível nutricional: uma dieta rica em energia, antes da cobrição (flushing), favorece o aumento da taxa de ovulação. Raças: algumas raças possuem taxa de ovulação maiores do que outras. Fatores ambientais: clima, manejo etc. podem influenciar no número de ovulações.

Entumescimento da vulva na fêmea da esquerda

Tipos de cio Normal: é o cio de frequência e tem ocorrência normal média, ou seja, aproximadamente de 21 em 21 dias, e desvio padrão de mais ou menos 3, com duração de 2 a 3 dias. Silencioso: é o cio não exteriorizado apesar da ovulação estar se processando normalmente. O controle das fêmeas em pré-gestação é muito importante porque possibilita a identificação das porcas que possivelmente estejam em cio silencioso. O uso do macho (rufião) poderá ser de grande valia.

Fundação Demócrito Rocha 29


Não se deve utilizar o cachaço por mais de 4 dias consecutivos para cobrição, sem igual período de descanso.

Cio pós-parto: a porca poderá mostrar sinais de cio nos primeiros dias após o parto. Este cio, provavelmente, é devido aos estrógenos provenientes da placenta e que se encontravam acumulados no sangue circulante. Todavia, não há ovulação, e, mesmo em caso positivo, o útero não estaria em condições de dar início a uma gestação normal. Cio pós-desmame: normalmente, as porcas entram em cio, com 4 a 5 dias, após o desmame. A duração média do cio, o momento da ovulação e o aparecimento do cio pós-desmame são pontos importantes para a avaliação de sua eficiência reprodutiva, possibilitando a obtenção de maior números de parto/porca/ano. Sincronização do cio: visando à produção de animais terminados, é de capital importância um planejamento exato da época do nascimento das leitegadas, seja para o aproveitamento racional das instalações de uma criação ou para comercialização dos leitões. A sincronização de cios permite que grandes grupos de porcas possam ser cobertas ou inseminadas ao mesmo tempo. Esse aspecto resulta em economia para o produtor pela redução do seu custo.

Cobrição Explique o que é sincronização do cio.

Instinto genésico: é a atração que o macho sente pela fêmea e esta, em aceitá-lo. Nesta ocasião, dois eventos ocorrem, sendo um referente à fêmea (cio); e outro envolvendo o macho e a fêmea (cópula).

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O período que antecede à cobrição, com duração geralmente de 2 a 3 semanas, objetiva colocar a fêmea em condições orgânicas adequadas para que a cobrição seja realizada com êxito. A porca ou leitoa, assim preparada, deve entrar em cio prontamente e apresentar grande número de ovulações com consequente aumento do índice de fertilidade. Já vimos que a fêmea deve manter uma relação adequada entre idade e peso.

Formação para o trabalho 2 produtor de suinocultura

Tipos de cobrição Livre: as fêmeas ficam juntas com os machos durante todo o tempo. É o método mais usado nas criações extensivas. É um tipo de monta desaconselhado, devido a: ■■dificuldade no controle sanitário do rebanho; ■■não controle das cobrições; ■■não identificação de fêmeas e machos estéreis; ■■esgotamento do macho; ■■acasalamentos preferenciais; ■■possibilidade de brigas. Apesar destes fatores desfavoráveis, este tipo de cobrição apresenta grande índice de fertilidade. Mista: o reprodutor recebe a fêmea num piquete individual, onde permanece até findar o período de cio. Apresenta como vantagem o controle sanitário dos nascimentos, identificação das fêmeas e dos machos estéreis; pode, porém, provocar esgotamento do macho pela possibilidade de muitas cobrições desnecessárias. Dirigida: a fêmea é conduzida à baia do varão ou a uma baia própria para cobrição, sendo a monta realizada sob rigoroso controle do criador. Apresenta vantagens óbvias, sendo, portanto, a mais aconselhada.

Momento da cobrição em relação à ovulação O momento ótimo para a cobrição apresenta alguns problemas, devido principalmente a: ■■duração do período de cio que é de dois a três dias, sendo que a duração do cio propriamente dito é de 12 a 18 horas, mais demorado em porca do que em leitoas; ■■a maioria dos óvulos são liberados 24 a 36 horas após os primeiros sinais do aparecimento do cio;


■ ■o

intervalo da liberação do primeiro ao último óvulo é de aproximadamente sete horas; ■■o período de viabilidade dos óvulos, ou seja, o período em que podem ser fecundados, é de cerca de seis horas; ■■os espermatozoides conservam seu poder fecundante por 25 a 42 horas; ■■os espermatozoides levam aproximadamente duas horas para alcançarem a zona pelúcida dos óvulos; portanto, o seu poder de capacitação é de duas horas. ■■por estes motivos recomendam-se sempre duas cobrições no mesmo período de cio, sendo no primeiro e segundo dia nas leitoas e no 2º e 3º dia nas porcas.

Momento ótimo para cobrição Em ambos os casos, o intervalo de uma monta para outra deve ser mais ou menos 12 horas, pois o uso desta prática aumenta a fertilidade. Se uma marrã aparecer em cio na quarta-feira pela manhã, ela deverá ser coberta na manhã e tarde desse mesmo dia. Se for uma porca, deverá ser coberta, na tarde de quarta-feira e na manhã seguinte, de quinta-feira. As três fases do cio da porca: pré-cio, cio, pós-cio, sendo a segunda fase (cio) a que assegura o êxito da cobrição. A única maneira prática da diferenciação do cio do pré e do póscio é através do reflexo de imobilização, que consiste em pressões na região dorso-lombar da porca. Caso a porca esteja em cio caracterizado, fica estática e imóvel a essas pressões. Cópula: ato sexual executado por dois indivíduos de sexo diferentes, divididos em quatro fases: excitação ou desejo sexual, ereção, ejaculação, orgasmo.

Todas as fases são melhores observadas no macho, pois, na fêmea, o fenômeno da ejaculação não ocorre. A ejaculação, que se processa no útero, é demorada, durando em média oito a 10 minutos, podendo chegar até 25 minutos. Para ejacular, o varão necessita de pulsações oriundas da vagina da porca, que exercem uma pressão sobre o pênis, estimulando deste modo a ejaculação.

Inseminação artificial A inseminação artificial nos suínos avançou consideravelmente, não existindo limitações à sua utilização. Vantagens da inseminação artificial: o deslocamento da porca para a baia do varão torna-se desnecessário, resultando em simplificação de manejo e redução do estresse. Doenças infecciosas causam altas perdas na criação de suínos, especialmente, no período inicial de crescimento. Os varões, no processo natural, podem transformar-se em disseminadores de doenças no rebanho. A inseminação artificial possibilita o uso de sêmen de varão testado em estações de prova de progênie, e, como tal, altamente capacitado para reprodução. Coleta de sêmen: os métodos mais usados são da vagina artificial, manequins e manual. Método manual: prático e por isso o mais usado, consiste em se esticar o pênis completamente, aplicando ligeiras massagens na glande. Método do manequim: o manequim deve ser fixo, com altura ajustável, devendo ter uma largura correta para se evitar que ao invés de abraçar o manequim, o varão se ajoelhe sobre ele, dificultando assim a coleta. Para maior firmeza, devemos colar um tapete de borracha no chão encostado ao manequim. O uso de um pedaço de couro sobre o manequim é importante, tendo-se o cuidado de

1

Contato naso-facial

2

Golpes no flanco

3

Contato naso-vulvar

4

Tentativa de monta

5

Cópula

Fundação Demócrito Rocha 31


Qual o momento ótimo para cobrição? Qual o cuidado maior na cobertura de suínos?

sempre derramar urina da porca em cio, que, com o uso contínuo, fica impregnado pelo cheiro desta, facilitando o processo de treinamento. O animal deve ser treinado a partir de cinco meses de idade, para estar em coleta aos sete meses.

Características do sêmen do suíno Progênie: origem, procedência.

Leonardo Rodrigues

Manequim para coleta de semem - UECE

Quais as vantagens da inseminação artificial? Quantas doses de sêmem obtém-se de uma ejaculação normal? Como se faz o manejo das fêmeas?

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Volume: dentre as diversas espécies domésticas, o suíno é o que produz maior volume de sêmen ejaculado podendo este ser influenciado por: idade, estação do ano, intervalo de serviço, nutrição e raça. O volume médio em adultos varia de 150 a 500 mL. O volume de sêmen parece estar estreitamente correlacionado com a idade, já que à medida que a idade do animal aumenta, maior se apresenta o volume ejaculado. Motilidade espermática: é avaliada pelo critério de porcentagem de espermatozoides móveis, usando para tal uma escala de 0 a 100. A proporção de células móveis de uma amostra de sêmen pode ser afetada pela porcentagem de células com anormalidades, sendo o índice de motilidade dependente do defeito predominante nos espermatozoides da amostra. Concentração de espermatozoides: nos suínos é a menor dentre as espécies domésticas. Pode ser afetada pela: idade, intervalo de coleta, raça, ano, sendo a concentração em adultos de 111.750 a 408.000/mm3. Diluição e conservação do sêmen: o sêmen do suíno é pouco denso e a quantidade de espermatozoides para se obter um bom índice de fertilização é alta. Uma das barreiras para difusão da inseminação artificial em suínos é o curto período de conservação do sêmen, com armazenamento limitado a três a quatro dias à temperatura de 15 a 20 ºC.

Formação para o trabalho 2 produtor de suinocultura

Técnicas de inseminação: é relativamente fácil, sendo feita através de um cateter ou pipeta de inseminação, introduzida até o útero. Reconhecimento do cio: o tempo ótimo de inseminação artificial é aquele em que a porca reage positivamente às manipulações do inseminador que ao apalpar as fêmeas, na região dorso-lombar, tende a imobilizá-las e elas, assim, deixam até mesmo serem cavalgadas.

Formas de utilização do sêmen a) Sêmen fresco: utilizado dentro de duas horas após a coleta, aproveitando-se todo o sêmen, menos a parte gelatinosa. Sêmen resfriado ou refrigerado: utilizado no máximo 72 horas (3 dias) após a coleta e conservado a uma temperatura de 10 a 20 ºC. Nesse caso, é coletada a fração rica do ejaculado, que deverá ser diluída. O volume a ser usado em cada dose é variável, oscila de 50 a 80 e até mesmo 100 mL. b) Sêmen congelado: tem capacidade de conservação ilimitada, podendo ser transportado para longas distâncias.

Diluição Os diluentes são usados para evitar acidificação e o choque térmico do congelamento, devendo conter elementos nutritivos para os espermatozoides. O ato da diluição deverá sempre ser feito lentamente adicionando o diluente à fração rica do ejaculado, sempre em pequenas quantidades e agitando cuidadosamente. De um ejaculado normal pode-se obter de 6 a 10 doses de sêmen, com uma concentração mínima de 4 bilhões de espermatozoides/dose.

Manejo das matrizes As leitoas entram no cio em torno do 5º ao 6º mês, porém só devem


ser cobertas a partir do 7º mês, quando apresentarem o 3º cio, onde ocorre a máxima ovulação. As fêmeas vazias para reprodução deverão ser alojadas em baias ou piquetes próximos das do macho para que possam vê-lo, já que este fato predispõe ao aparecimento do cio nas fêmeas. A monta deve ser ao natural realizada 24 horas após o aparecimento dos primeiros sinais de cio e repetido 12 horas após a primeira. Sempre que possível, a cobertura deve ser realizada no piquete do macho, nas horas mais frescas do dia e ser assistida pelo criador. Normalmente, as fêmeas (matrizes), desmamadas e em boas condições, apresentam sinais de cio de 3 e 7 dias após a desmama.

Manejo dos cachaços Os machos novos, em bom estado, devem iniciar o serviço a partir do 8º mês de idade. Nesta fase, pode-se realizar 2 montas por semana. A partir de 12 meses de idade, poderão ser utilizados integralmente, realizando no máximo duas cobrições por dia, oito por semana ou 25 por mês. O macho deve ser utilizado de forma planejada, pois a atividade muito intensa ou a inatividade prejudicam sua fertilidade.

Pré-gestação É a fase intermediária entre a desmama e a confirmação da prenhez, 21 dias após a cobrição. Recomendase formar grupo de 4 a 6 animais com o mesmo peso, e utilizar o piquete com área mínima de 100 m² por matriz. As leitoas destinadas à reprodução, após serem desmamadas, deverão ser arraçoadas à vontade até os 60 kg de peso vivo. A partir daí, a alimentação deverá ser controlada de modo a serem cobertas com 100 kg de peso e cerca de 7 a 8 meses.

Todas as fêmeas, após secarem o leite, que ocorre no 2º ou 3º dia após o desmame, devem receber ração de forma abundante (3,0 a 5,0 kg) até 3 dias após a cobrição. Este fato provoca uma maior ovulação nas fêmeas. Três dias após a cobrição, a ração pode ser reduzida a 1,50 kg por dia, podendo-se fornecer alimento volumoso à vontade, de preferência forragens de boa qualidade.

Quais os tipos de cruzamento de suínos?

Gestação A porca em gestação necessita de uma série de cuidados. Não pode faltar água, boa alimentação e devem ter acesso a piquetes bem formados com boa sombra e longe de movimentos. Esta fase tem uma duração média de 114 dias, isto é, 3 meses, mais 3 semanas e mais 3 dias.

Parto Cinco dias antes do parto, a porca deverá ser lavada com água e sabão, principalmente as mamas e patas e levada para a maternidade, que deve estar desinfetada e com cama (palhas) em quantidade suficiente para ela fazer o ninho. Nesta fase, a fêmea necessita de calma e repouso absoluto. Três dias antes do parto, recomenda-se dar uma ração à base de farelo de trigo, que tem efeito laxativo. Na falta desta pode-se usar farelo de arroz ou pasto verde fresco. A proximidade do parto é notada quando a fêmea começa a preparar o ninho, a vulva fica inchada e aparece leite nas tetas. Um parto normal se desenvolve no espaço de duas a quatro horas e é indispensável que o produtor assista. À medida que os leitões forem nascendo, deverão ser limpos e secos, terem seus cordões umbilicais amarrados, cortados e desinfetados com iodo e os dentes cortados rentes à gengiva. É importante

Desinfetada: ficou livre dos micróbios que causa doenças.

O estado de saúde favorece o equilíbrio das funções do organismo, sendo importante para obter ótimos resultados de produção e reprodução.

Arraçoadas: alimentadas.

O ideal é que seja utilizado um pasto macio (novo) com baixo teor de fibras.

Fundação Demócrito Rocha 33


Como se alimenta a porca em trabalho de parto?

Anticorpos são substâncias proteicas que têm ação de proteger o organismo contra agentes causadores de doenças.

a presença de uma fonte de calor e eles deverão ser imediatamente devolvidos à porca para a primeira mamada, mesmo que o parto não esteja concluído. Os leitões, ao nascerem, devem ser pesados e ter seus dados anotados em fichas, bem como ser marcados pelo sistema australiano.

Lactação O criador deverá dispensar cuidados especiais a leitegada, principalmente na primeira semana de vida.

O período de lactação começa no nascimento do leitão e vai até a desmama, com aproximadamente 30 dias. O recém-nascido precisa ingerir o colostro, que é a primeira secreção das glândulas mamárias após o parto. Este leite é rico em anticorpos que proporcionam imunidades naturais ao leitão, sendo rico em vitaminas A e D, proteína e sais minerais. O colostro dificilmente pode ser substituído por outro alimento.

Como se faz a desmana?

Fábio Lima

Não deixar que a porca amamente mais leitões que o número de tetas funcionais, transferindo os excedentes para outras porcas.

Como se alimentam os leitões até a desmama?

Resumo da lição • A melhoria do rebanho suíno depende escolha dos reprodutores; • A puberdade é a época em que machos e fêmeas atingem a maturidade de sexual;

Fêmea em lactação

Até 15 dias de idade, o leitão tem suas necessidades nutritivas plenamente satisfeitas pela produção leiteira da porca. A partir do 8º dia, o leitão deverá receber uma ração pré-inicial em pequenas proporções, de modo que a porca não tenha acesso a ela. Desmama: deve ser feita quando os leitões atingirem 50 dias e realizada de maneira brusca, retirandose a fêmea da maternidade.

• O emprego prematuro de animais na reprodução prejudica o seu desenvolvimento; • As três fases do cio da porca são: précio, cio e pós-cio.

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Formação para o trabalho 2 produtor de suinocultura

Castração Deverá ser realizada quando necessária, de 10 a 14 dias de idade.

Crescimento/terminação Os animais após a desmama deverão ser levados para baia própria, onde permanecerão até o abate, com aproximadamente 160 dias de idade.


Lição 5

Instalações e equipamentos

A

s instalações e equipamentos para a produção de suínos vão depender basicamente do sistema a ser adotado, se intensivo, semiconfinado, extensivo ou sistema de criação ao ar livre.

Localização O local escolhido para as instalações ou galpão dos suínos deverá ser alto, bem ensolarado, seco, arejado, com boa declividade, permitindo o bom escoamento das águas e a retirada dos dejetos. Não deve ser localizado próximo a estradas ou passagem permanente de pessoas, e deve permitir acesso fácil para transporte de animais e rações. O local onde será construído o sistema de produção de suínos deve ser escolhido com cuidado. As edificações devem ser projetadas visando ao maior aproveitamento dos recursos naturais, como, ventilação. No caso de um sistema de criação semiextensivo, deverão ser previstas áreas para implantação dos piquetes próximos às instalações. Os galpões devem ser construídos no sentido leste-oeste de modo que no período de verão, a trajetória do sol ocorra ao longo da cumeeira, evitando o excesso de calor dentro das instalações. As edificações são fatores importantes no planejamento dos sistemas de produção de suínos, porque, depois de implantadas, torna-se difícil e onerosa qualquer mudança estrutural. Responsáveis pela maior parte dos investimentos, devem ser funcionais, higiênicas e de baixo custo,

para que os suínos possam produzir satisfatoriamente. Em regiões de clima quente, as edificações devem ser abertas para melhor ventilação natural. No clima frio deve-se proteger a maternidade e a creche com cortinas ou janelões. Nas demais fases, deve-se manter as edificações abertas, somente protegendo os animais dos ventos (corrente de ar) dominantes no inverno com o uso de cortinas plásticas.

Pocilga: curral de porcos. Leonardo Rodrigues

Galpões O pé-direito dos prédios deve ter, no mínimo, 2,80 m de altura quando cobertos com telhas de barro. A construção dos prédios deve ter largura inferior ou igual a 12 metros, para facilitar a ventilação natural. O afastamento (distância) entre os galpões deve ser de cinco vezes a altura do galpão. Na entrada de todos os galpões deve haver uma caixa com cal, para as pessoas pisarem antes de entrar (pedilúvio). Da mesma maneira, na entrada da propriedade, deve haver o rodolúvio para os carros e caminhões que transportam rações ou animais vivos para o abate. O sistema de produção pode ocupar um único galpão ou ser dividido em galpões especializados por fase produtiva. A edificação em um só galpão é aconselhável para, no máximo, 60 matrizes. Uma maior quantidade de matrizes inviabiliza a produção em um único galpão, dificultando o manejo e ocupando uma área horizontal muito grande.

Suinocultura da UECE com orientação leste-oeste

Como deve ser o local para criação de suínos? Leonardo Rodrigues

Pedilúvio na entrada do galpão

Pedilúvio: banho dos pés. Rodolúvio: banho das rodas

Fundação Demócrito Rocha 35


FLUXO DE PRODUÇÃO - GALPÃO ÚNICO (até 60 matrizes) COBRIÇÃO

MATRIZ

GESTAÇÃO

MATERNIDADE

CRECHE LEITÃO

Leonardo Rodrigues

Gaiola de parição da UECE

CRESCIMENTO

TERMINAÇÃO

Uma semana antes do parto (final da gestação), as fêmeas devem ser conduzidas para a maternidade, retornando para a cobrição após o desmame dos leitões. Os leitões desmamados seguem para creche, fluxo de crescimento e terminação, mantendose assim um fluxo racional para o manejo dentro do galpão. As fases produtivas em galpões separados devem obedecer uma sequência lógica, ficando no primeiro galpão os reprodutores e matrizes, no galpão central a maternidade e a creche, e no terceiro galpão os animais de produção, ou seja, os animais nas fases de crescimento e terminação.

FLUXO DE PRODUÇÃO - GALPÕES ESPECIALIZADOS/FASE GALPÃO 1 REPRODUTOR

MATRIZ

COBRIÇÃO

GESTAÇÃO

GALPÃO 2

GALPÃO 3

MATERNIDADE

CRESCIMENTO

LEITÃO

TERMINAÇÃO

CRECHE

Baias ou boxes para fêmeas vazias e gestantes e para os machos Como são as baias de gestação?

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As matrizes vazias ou gestantes podem ser mantidas em baias coletivas ou gaiolas individuais. As baias

Formação para o trabalho 2 produtor de suinocultura

podem dar acesso a piquetes para o exercício físico e melhora nos aprumos (cascos) das fêmeas. A gestação também pode ser realizada em gaiolas individuais com piso compacto, ficando apenas um canal externo, que passa por fora do galpão para escoamento de água de limpeza e dejetos. Na baia coletiva pode-se usar piso totalmente compacto ou 2/3 compacto e 1/3 ripado (fendado com barras de concreto dando passagem para os dejetos). A baia do reprodutor deve ser individual, de 6 m2, e se possível, com uma área de piquete de 150 m2, com paredes laterais fendadas com altura de 1 a 1,10 m e localizada ao lado das baias de cobrição. O piso pode ser compacto ou parcialmente ripado. Deverá ser provida de comedouro e bebedouro.

Medidas/áreas ■■Gestação

individual (gaiola): 1,32 m /animal ■■Máximo de 4 a 6 animais/baia ■■Gestação coletiva (baia): 3 m2 / animal ■■Máximo de 4 a 6 animais/baia ■■Macho (baia): 6 m2 Maternidade: deve ter dois ambientes distintos, um para porca e o outro para o leitão. A temperatura de conforto da porca é diferente da do leitão, sendo obrigatório o uso do escamoteador (abrigo) para os leitões. Escamoteador: fonte de calor controlada por termostato, para manutenção da temperatura entre 28 ºC a 30 ºC. As maternidades convencionais devem ter sistema de proteção nas laterais das baias contra o esmagamento dos leitões. As gaiolas de parição podem ser instaladas ao nível do piso ou suspensas em relação a ele. 2


Medidas - coeficientes técnicos

Leonardo Rodrigues

GAIOLA DE PARIÇÃO 0,60 m de largura x 2,20 m de comprimento Área para os leitões: 0,60 m de cada lado x 2,20 m de comprimento BAIA CONVENCIONAL 6 m2 = (2 m x 3 m) Altura do protetor de leitão: 0,20 m Distância da parede: 0,12 m ABRIGO ESCAMOTEADOR Área: 0,80 m2 Fonte de calor: 100 W (inverno); 60 W (verão) Altura: 0,80 m Temperatura - 28 a 30 ºC Localização - frente da gaiola Temperatura para porca - 16 a 20 ºC Creche: destinada aos leitões desmamados. Podem ser suspensas ou diretamente no piso, deve ter uma área limpa e seca com piso compacto de 2/3 e fonte de aquecimento para os leitões. O piso ripado pode ser de concreto ou plástico e deve ter, no máximo, 1/3 da área total da baia. ■■Área/leitão - tipo de piso ■■Compacto: 0,45 m 2 ■■Parcialmente ripado: 0,35 m 2 ■■Totalmente ripado: 0,30 m 2 ■■Altura das paredes da baia: 0,50 a 0,70 m ■■Declividade do piso: 5% ■■Nº de animais/baia: 10 a 18 (1 a 2 leitegadas)

Crescimento e terminação Destina-se à engorda dos animais, desde o crescimento até atingirem o peso de abate. O piso pode ser totalmente compacto ou 2/3 compacto e 1/3 ripado. O manejo dos dejetos deve ser feito por fora do galpão para possibilitar maior higiene e limpeza. A declividade do piso deve ser entre 3% e 5% e as paredes laterais podem ser fendadas para facilitar a ventilação natural.

■■Nº

de animais/baia: 10 a 18 (1 a 2 leitegadas) ■■Área na fase de crescimento/ animal: 0,75 m2 ■■Área na fase de terminação/ animal: 1,0 m2 ■■Altura das paredes divisórias: 0,90 a 1,10 m ■■Declividade do piso: 3% a 5%. ■■Bebedouros (mínimo): 2 por baia ■■Largura do galpão (máxima): 12 m. Comedouros: devem ser construídos de forma a impedir o desperdício de ração. Para as unidades de creche, crescimento e terminação recomenda-se o comedouro redondo (pneu), tipo Embrapa. Na fase de gestação em gaiolas individuais recomenda-se o uso do tipo calha colocada na parte frontal da gaiola, que funciona como bebedouro e comedouro. Esta calha permanece com água, que é escoada por ocasião do arraçoamento das fêmeas e, após a refeição, enche-se novamente a calha com água. A calha deve estar a uma altura de 15 cm do piso.

Escamoteador

Escamoteador: fazer desaparecer. Cripta: pequena depressão tubular que se abre em superfície. Explique como são construídas as maternidades na suinocultura? Leonardo Rodrigues

Creche da suinocultura da UECE Leonardo Rodrigues

Comedouro

Fundação Demócrito Rocha 37


Na maternidade deve-se prever comedouros para os leitões e para as porcas lactantes, com capacidade de pelo menos 5 kg de ração. O comedouro automático é recomendado para fêmeas em lactação e animais em regime de engorda. Piso: é importante pela durabilidade, como também pelo conforto que pode proporcionar aos animais. Pisos inadequados podem causar lesões nos cascos dos reprodutores, prejudicando o desempenho produtivo e reprodutivo. Observar as declividades recomendadas: o piso não pode ser liso, pois, ao molhar, tornase escorregadio, podendo provocar

Comedouro automático

acidentes com os animais, devendo, por isso, ser medianamente áspero. Reservatório de água: a caixa d’água deverá ser calculada considerando-se a necessidade de 600 litros d’água por dia, por criadeira. No caso de se dispor de uma fonte d’água permanente de boa qualidade, pode-se reduzir a capacidade deste reservatório, pois a água poderá ser bombeada diretamente para os bebedouros da pocilga. Bebedouros: no mercado existem diferentes tipos de bebedouros: entre eles concha de concreto e o tipo chupeta com vazão controlada. Leonardo Rodrigues

Como devem ser construídos os comedouros tipo simples?

Bebedouro automático (tipo chupeta)

RECOMENDAÇÃO PARA BEBEDOUROS

Bebedouro automático (tipo concha)

Tipo

Fase

Chupeta

Machos, cobrição, gestação coletiva

Calha

Gestação individual

Chupeta

Maternidade

Concha

Leitões lactentes

Chupeta

Creche

Chupeta

Crescimento e terminação

Piquetes: a área destinada a formação dos piquetes é variável, dependendo do solo, do manejo, da forrageira, da idade dos animais e do

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Formação para o trabalho 2 produtor de suinocultura

sistema de exploração. Utilizam-se em média, 50 m2 por leitão desmamado, 100,0 m2 por fêmea adulta e até 200,0 m2 por reprodutor.


Não manter mais de 25 porcas em gestação no mesmo piquete, nem mais de 60 animais desmamados. As cercas divisórias dos piquetes deve ter 1 m de altura e piso com uma pequena inclinação. Para formação do piquete, a área deverá ser parcialmente arborizada para sombreamento dos animais, o que os leva a ter boa fertilidade e apresentar um pasto de boa qualidade, formado por gramíneas e/ou leguminosas. Os piquetes das fêmeas devem ser instalados próximos aos dos reprodutores já que a presença do macho é um fator importantíssimo que predispõe o aparecimento do cio nas fêmeas. Cercas: têm a finalidade de evitar a passagem dos animais de um piquete para outro, bem como permitir um melhor manejo dos pastos. Poderá ser construída de arame ou pau a pique ou com o material mais econômico existente e disponível na região.

Equipamentos usados no manejo de suínos Serão descritos, a seguir, os principais equipamentos usados no manejo de suínos, bem como sua utilização.

Seringas de injeção

Leonardo Rodrigues

Alicate de dentes

Alicate mossador Usado especialmente para fazer furos e piques necessários para marcar os suínos pelo sistema australiano. Cada mossa corresponde a um determinado valor e sua soma é o número do animal. No máximo três piques no bordo superior e dois no inferior de cada orelha.

Qual a finalidade dos piquetes? Como podem ser as cercas para criação de porcos? Como devem ser seringas e agulhas para suinocultura?

Alicate mossador

Cachimbo É um instrumento para contenção do suíno, composto de um cabo de madeira, tendo um furo em uma das extremidades e nele uma lançada de corda ou tira de couro cru, que deverá ser colocada no focinho do suíno e enrolada como mostra a figura.

Recomenda-se a aquisição de pelo menos uma seringa graduável com vários tipos de agulhas para atender a toda a criação. Após o uso, deve-se limpar a seringa e a agulha, separá-las, desmontar a seringa e esterelizar todas as partes com água em fervura durante pelo menos 10 minutos.

Mossa: vestígio de pressão (impressão).

Resumo da lição • O local escolhido para as instalações dos suínos deverá ser alto, bem ensolarado e seco; • As matrizes vazias podem ser mantidas em baias coletivas; • As matrizes gestantes podem ser mantidas em gaiolas individuais;

Alicate de dentes Utilizado para cortar os dentes dos leitões recém-nascidos, evitando-se que durante a amamentação provoquem lesões ou ferimentos mais graves nas tetas da matriz.

Piquetes / Cercas de separação dos piquetes - UECE

Alicate mossador

• Os principais equipamentos usados no manejo de suínos são: seringas de injeção, alicate de dentes, alicate mossador e cachimbo.

Fundação Demócrito Rocha 39


Referências CRUZ, M., La proteccion sanitaria em las explotaciones porcinas. Madrid: Ministerio de Agricultura Pesca y Alimentacion, 1983. 155 p. (Colección Agricultura Practica, 35). CORREA, W. M.; CORREA, C. N. M. Enfermidades infecciosas dos mamíferos. São Paulo: Varela, 1979. 823 p. EMBRATER. Sistema de produção para suínos. Santa Catarina: EMBRATER/EMBRAPA, 1978. 82 p. (Sistema de Produção, 1). EMBRETER. Sistema de produção para suínos. Santa Catarina: EMBRATER/EMBRAPA/EMATER-ES/EMCAPA, 1980. 37 p. (Sistema de Produção, 191). FIALHO, E. T.; ALBINO, L. F. T. Tabela de composição química e valores energéticos de alimentos para suínos e aves. Concórdia, SC: EMBRAPA/CNPSA, 1983. 23 p. (Documentos, 6). ISLABÃO, Narciso. Manual de cálculo de rações para animais domésticos. 4. ed. Porto Alegre: SAGRA/PELOTENSE, 1985. 177 p. NICOLAIEWSKY, S.; PRATES, E. R. Alimentos e alimentação dos suínos. Porto Alegre: UFRGS, 1982. 50 p. PACHECO, C. R. V. M.; BARBOSA, H. P.; FERREIRA, A. S. Alimentação para suínos. Concórdia, SC: EMBRAPA/CNPSA, 1980. 21 p. (Miscelânea, 1). RAÇAS puras: raças de origem estrangeira. Disponível em <http://www.suino.com.br/genetica/noticia.asp?pf_id=71&dept_id=4&menu=8&color=1>. Acesso em: 6 abr. 2004. ROSTDGNO, H. S.; SILVA, D. J.; COSTA, P. M. A. Composição de alimentos e exigências nutricionais de aves e suínos: tabelas brasileiras. Viçosa, MG: Universidade Federal de VIçosa, 1985. 59 p. SANTOS, R. L. P. A suinocultura no nordeste. Fortaleza: BNB/ETENE, 1983. 219p. (Estudos econômicos e sociais, 21). SIMPÓSIO DO CENTRO NACIONAL DE PESQUISA DE SUÍNOS E AVES, 2, 1980, Concórdia, SC. Anais... Concórdia, SC: EMBRAPA/CNPSA, 1981. 145 p. (Documentos, 1). SOBESTIANSKY, J. et al. Manejo em suinocultura: aspectos sanitários, reprodutivos e de meio ambiente. Concórdia, SC: EMBRAPA/CNPSA, 1987. 184 p. (Circular Técnica, 7).

Os estudiosos da economia estão de acordo que a educação é o motor do desenvolvimento e qualificar a população que possui baixa escolaridade é o grande desafio dos gestores do século XXI. REALIZAÇÃO

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