É pra ler ou pra comer?

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Rafael era um menino curios o, que gostava muito de ler . Um dia ele descobriu, na cas a de sua madrinha, um jornal chamado O Pão e n ão sossegou enquanto a madrinha não res pondeu a sua pergunta: -Afinal de contas, esse Pão é pra ler ou pra comer? Foi assim que Rafael conhec eu a história divertida da Padaria Espiri tual, um dos movimentos artísticos mais importantes do Brasil. Acompanhe o Rafael nessa pes quisa e veja como é delicioso voltar ao passad o através da leitura.

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3ª Edição Reimpressão Fortaleza-CE 2012


©2005 by Edições Demócrito Rocha

Fundação Demócrito Rocha Presidente Luciana Dummar

Edições Demócrito Rocha (EDR) (Marca registrada da Fundação Demócrito Rocha)

Editora Regina Ribeiro Editor de Design Deglaucy Jorge Teixeira Fechamento de Arquivo Dhara Sena Catalogação na Fonte Ana Kelly Pereira

As citações referentes à obra de Monteiro Lobato foram gentilmente autorizadas por Joyce Campos Kornbluh e Jorge Kornbluh. © Monteiro Lobato As fotos utilizadas na composição das ilustrações fazem parte do arquivo pessoal de Rafael Sânzio de Azevedo, Miguel Ângelo de Azevedo (Nirez) e Consuelo de Azevedo.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

A181p

Acioli, Socorro. É pra ler ou pra comer? : a história da Padaria Espiritual do Ceará para crianças / Socorro Acioli; ilustrações, Daniel Diaz. – 3. ed – Fortaleza: Edições Demócrito Rocha, 2012. 32p. : il. color. ISBN 978-85-7529-493-2 1. Literatura infanto-juvenil. 2. História do Ceará. I. Título.

Edições Demócrito Rocha

CDU 82-93:94(813.1)

Av. Aguanambi, 282/A - Joaquim Távora - Cep 60.055-402 - Fortaleza-Ceará Tel.: (85) 3255.6270 - 3255.6036 - 3255.6256 - Fax (85) 3255.6276 edicoesdemocritorocha.com.br edr@fdr.com.br I livrariaedr@fdr.com.br


Apresento-lhes, crianças, Um livro muito legal: É pra ler ou pra comer O pão espiritual? Quem é que já ouviu falar De uma certa Padaria Que produzia um jornal Como o Pão de cada dia? Quem escreveu este livro Todo cheio de figura Foi a Socorro Acioli Que é mestra em Literatura. Escritora e jornalista É também a mãe da Bia. A Bia que vive lendo, A Bia que tanto lia. O livro conta a história De um tempo nunca esquecido: O pai, a mãe, quatro filhos Cada qual o mais sabido. Mas acho que o mais sabido Era mesmo o Rafael Que entrou na Padaria Como quem entra no Céu. Conversou com os padeiros E não foi por um acaso Que passou a ser chamado O Muricy do Parnaso. Horácio Dídimo

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Querido leitor, querida leitora, Este livro conta a história de três irmãos muito especiais e de uma padaria muito diferente. Decidi escrever sobre este tema porque conheci um deles, o Rafael, que foi meu professor e marcou muito a minha vida. Rafael Sânzio de Azevedo é professor de literatura e um dos maiores especialistas em Padaria Espiritual no Brasil. Nunca conheci ninguém mais apaixonado pelos livros do que ele. E nunca vi, na minha vida, alguém com memória tão fantástica. As aulas do professor Sânzio deixam os alunos com vontade de ler e estudar sem parar. Ele transmite para os estudantes o amor pela literatura. Miguel Ângelo de Azevedo, mais conhecido como Nirez, possui o arquivo mais completo de imagens, discos de cera e documentos históricos do Ceará. Sua vida é dedicada à preservação da memória. Rubens de Azevedo, o irmão mais velho, é um dos primeiros astrônomos brasileiros, reconhecido mundialmente por seu trabalho no campo da astronomia. O plane­­­­­­­tário do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, em Fortaleza, chama-se Planetário Rubens de Azevedo em homenagem a ele. Esta família brilhante está reunida neste livro para contar, especialmente para as crianças, pela primeira vez, a história da Padaria Espiritual do Ceará. As fotografias, que você verá junto com os desenhos maravilhosos do Daniel Diaz, são imagens reais da família Azevedo, cedidas gentilmente pelo Rafael e pelo Miguel. Estou torcendo para que a história dos três meninos e da Pa­daria Espiritual deixe você com muita vontade de conhecer mais o passado da sua família, da sua cidade, do seu país. Vou lhe contar um segredo: a pesquisa é a verdadeira máquina do tempo. Um abraço da autora. Socorro Acioli


Para Sânzio de Azevedo

Meus agradecimentos à Ana Cristina Leite Powell, Carlos Eduardo Bezerra, Daniel Diaz, Dauana Vale, Fernanda Coutinho, Flávia Marreiro, Gilmar de Carvalho, Horácio Dídimo, Jorge Kornbluh, Joyce Campos Kornbluh, Marcela Perez e Miguel Leocádio Araújo, que me ajudaram, de várias maneiras, a criar este livro. À Secretaria de Cultura do Estado do Ceará, pelo prêmio concedido a esta obra. À Beatriz Acioli Martins e José Marcos Martins, pela felicidade, presente em nossas vidas como o pão de cada dia.


Capítulo I

Três meninos, três irmãos Era uma vez três meninos, três irmãos especiais: Rubens, Miguel e Rafael. Sabidos, curiosos, inte­ligentes, cada um com uma curiosidade diferente. Os três meninos gostavam de brincar, desenhar, ler e colecionar coisas. Mas, o que mais gostavam de fazer era guardar o passado. Eles achavam importante deixar bem guardadinhas as lembranças de como eram as coisas antigamente. E estavam certos. Alguém precisa cuidar da memória para que as crianças

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que ainda vão nascer saibam como era o mundo no tempo de seus avós. Esses três meninos, Rubens, Miguel e Rafael, faziam isso muito bem, cada um do seu jeito. Rubens gostava de colecionar estrelas. Você sabia que quando a gente vê uma estrela, muitas vezes ela já nem existe mais? Pesquisar as estrelas é guardar o passado do céu. Rubens adorava isso. Ele guardava as estrelas anotadas em mapas celestes. Sabia o endereço de cada uma: a que ficava perto da outra, os nomes das constelações. Andava com umas ideias de montar uma sociedade de astrônomos, só para ter com quem conversar sobre a vida das estrelas, dos cometas e dos planetas. Miguel colecionava objetos antigos. Rótulos, caixas, documentos, mapas, fotografias, discos, embalagens de sabonete e papel

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de bombom. Ele até montou um museuzinho dentro de um baú, debaixo da cama e o batizou de Arquivo Zerin. Miguel dizia que gostava de guardar essas coisas para brincar de imaginar como era a vida antigamente. Para ele, colecionar relíquias era uma forma de reconstruir a tal máquina do tempo: bastava olhar, tocar e imaginar para conhecer o passado. Já o Rafael gostava de colecionar livros, na estante de casa e dentro da cabeça. Não sei como cabia tanta coisa na cabeça daquele menino! Sabia recitar várias poesias e textos da literatura brasileira, sem olhar para nenhum papel. Uma memória de elefante! Ele lia muito, até que a vista começou a embaçar e descobriu que precisava de óculos para poder ler melhor. Quando Rafael

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ganhou os óculos e conseguiu ver as estrelas com nitidez pela primeira vez, foi uma emoção! Só assim ele começou a entender o que o Rubens falava sobre as constelações e ainda pôde ver melhor os detalhes das fotografias que Miguel guardava.

Como quase todo menino da sua idade, Rafael lia Monteiro Lobato e adorava. Qual criança não gosta de ler Monteiro Lobato? Pois bem, chegamos aonde eu queria: foi por causa de uma dessas leituras do menino Rafael que aconteceu a história que vou contar aqui, de como ele descobriu uma padaria muito diferente...

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Rafael era um menino curios o, que gostava muito de ler . Um dia ele descobriu, na cas a de sua madrinha, um jornal chamado O Pão e n ão sossegou enquanto a madrinha não res pondeu a sua pergunta: -Afinal de contas, esse Pão é pra ler ou pra comer? Foi assim que Rafael conhec eu a história divertida da Padaria Espiri tual, um dos movimentos artísticos mais importantes do Brasil. Acompanhe o Rafael nessa pes quisa e veja como é delicioso voltar ao passad o através da leitura.

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