Criando uma imensa saga brasileira, uma odisséia nacional; fundar, bem ou mal, uma mitologia nossa, mestiça, colossal, telúrica, uma verdadeira sinfonia americana. Assim nasceu o grande mundo romanesco desse escritor cearense, um uni verso que abrange todas as latitudes e longitudes da brasilidade, ao mesmo tempo, urbano, indianis ta, sertanejo e histórico. A lenda de Iracema, a vir gem tabajara dos lábios de mel, é uma das mais belas notas dessa sinfonia literária da nossa nacionalidade. Vessillo Monte
Reescrevemos Iracema como quem aciona, no íntimo de nossa memória mais ancestral, a figura daquele conta dor de histórias que nas aldeias ou nos terreiros reunia a sua volta ouvintes atentos à experiência de imaginar per sonas, situações e cenários, compartilhando, assim, da fabulação de alguém que dramatiza e comenta ações. Esta atmosfera, própria da inventiva épica da oralidade, assim como o fato de a Iracema de José de Alencar ter se incorporado ao imaginário cearense, nos levaram à ideia de fazer uma versão do romance que preservasse, em sua escrita, a cearensidade de uma linguagem coloquial. É, portanto, fruto dessa tentativa de resgate o recon tar dessa nova velha história. Ricardo Guilherme/Karlo Kardozo
A Iracema de Alencar
Versão livre do romance de José de Alencar 2ª edição Texto
Ricardo Guilherme Karlo Kardozo Ilustrações
Descartes Gadelha
Publicada pela primeira vez em 1865, Iracema é, ao lado de O Guarani, a obra mais conhecida de José de Alencar. O livro, como toda a obra do escritor cearense, tido e havido com justa razão como o pai do roman ce nacional, é um capítulo da grande tarefa histórica a que se impôs José de Alencar: Exprimir a grande za de uma jovem nação sem passado e tradição, amesquinhada em suas ori gens pela escravidão, pela monocultura e pelo latifún dio, um País palmilhado por mercadores e verdugos. Mas como fundir dois mundos avessos, o do nati vo ameríndio e o do coloni zador europeu?