A vida dos santos by Edições Loyola

Tânia Dias Jordão Paulo Sérgio Soares Edward Neves Monteiro de Barros Guimarães

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Jordão, Tânia Dias A vida dos Santos / Tânia Dias Jordão, Paulo Sérgio Soares, Edward Neves Monteiro de Barros Guimarães. -- São Paulo : Edições Loyola, 2016. -- (Coleção a vida dos Santos ; v. 1) ISBN 978-85-15-04410-8 1. Hagiografia cristã 2. Santas cristãs 3. Santos cristãos 4. Santos cristãos - Biografia I. Soares, Paulo Sérgio. II. Guimarães, Edward Neves Monteiro de Barros. III. Título. IV. Série. 16-06074

CDD-922.22

Índices para catálogo sistemático: 1. Santos : Igreja Católica : Biografia

Edição: Gabriel Frade Capa: Crama Design Estratégico Foto: Vinícius Mochizuki Diagramação: Viviane Bueno Jeronimo Ilustrações cedidas por RYB8 Produções

Edições Loyola Jesuítas Rua 1822, 341 – Ipiranga 04216-000 São Paulo, SP T 55 11 3385 8500/8501 • 2063 4275 editorial@loyola.com.br vendas@loyola.com.br www.loyola.com.br Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora.

ISBN 978-85-15-04410-8 © EDIÇÕES LOYOLA, São Paulo, Brasil, 2016

922.22

Sumário

Apresentação 7 Introdução 11

Jesus de Nazaré 16

O Santo de todos os Santos e Santas

1. São Gonçalo 21

Violeiro do povo, violeiro de Deus

2. São Sebastião 24 Mártir da coragem de ser cristão

3. Santa Inês 28

Adolescente que deu a vida por Cristo

4. São João Bosco 32 Amável educador da juventude

5. São Brás 36 Protetor da garganta

6. São José 40

Carpinteiro justo, esposo de Maria e pai de Jesus

7. Santa Bernadete 45 Amiga de Nossa Senhora

8. Santa Catarina de Sena 49 Mediadora da justiça e da paz

9. Santa Joana D’Arc 53 Guerreira inspirada por Deus

10. São Barnabé 57

Apóstolo que acalma e consola os aflitos

11. Santo Antônio de Pádua 61 Pregador do Evangelho aos simples

12. São João Batista 65 O que preparou os caminhos de Jesus

13. São Pedro 69

Apóstolo das chaves do Reino dos céus

14. São Domingos de Gusmão 74 Pregador da caridade

15. São Lourenço 78

Mártir servidor e defensor dos pobres

16. São Bartolomeu 81 Apóstolo da fé partilhada

17. Santo Agostinho 85

Aquele que encontrou o verdadeiro amor

18. Santa Teresinha 88 Pequenina flor de Jesus

19. Santos Anjos da Guarda 92 Os guardiões da vida

20. São Francisco de Assis 96 Promotor da fraternidade e da paz

21. Santa Teresa d’Ávila 100 “Andarilha de Deus”

22. Santa Edwiges 104 Defensora dos doentes e endividados

23. São Lucas 108 Evangelista amigo dos humildes

24. São Judas Tadeu 112 Apóstolo das causas impossíveis

25. Santa Isabel 117 A mulher agraciada por Deus

26. São Clemente 121 Mártir promotor da unidade

27. Santa Bárbara 124

Jovem mártir inabalável nas tempestades

28. Santa Luzia 128

Protetora dos olhos e da visão

29. Santo Estêvão 132 Mártir da coragem e da fé cristã

Apresentação

Nada é por acaso, acredite. Agosto de 2013, minha mulher Izabella se encontrava na portaria de nosso prédio, vendo a multidão de fiéis se dirigindo à praia de Copacabana para a Jornada Mundial da Juventude. Eis que, de repente, ela encontra um velho amigo: Edward Guimarães. Ele – que era teólogo e fora muito amigo de sua falecida mãe, Valéria – foi recebido com imenso carinho e festa. O encontro breve foi relatado a mim depois, por telefone, com a voz de Izabella carregada de afeto e felicidade. Naquele mesmo ano, alguns meses antes, eu havia formado uma empresa com dois amigos: Carlos Coelho e Julio Quattrucci Junior. A proposta: lançar doze discos com músicas para bebês. O resultado foi tão bem aceito que veio então a ideia de lançarmos outros trabalhos assim, em série. Partiu de Coelho a ideia de gravarmos vários discos contendo, em cada faixa, a história de um santo ou santa da igreja católica. O ineditismo desta empreitada nos animou a mergulhar de cabeça nesta ideia. Não medimos esforços para fazer isto. A trilha sonora seria feita por tecladistas renomados. Um deles, Dudu Trentin, por exemplo, foi responsável pelas trilhas sonoras durante a visita do Papa Francisco ao Brasil. A arte gráfica ficaria a cargo de um dos melhores escritórios de design do Brasil, a Crama. A voz precisaria ser amiga e confortante, ao mesmo tempo que reconhecível. Não pensamos duas vezes em convidar o ator Francisco Cuoco. E ele deu o tom certo a cada texto que foi 7

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narrado em diversos CDs que fomos gravando. Tudo certo, mas faltavam os textos. Quem os escreveria? O tal encontro na Jornada Mundial da Juventude plantou uma semente que brotou alguns meses depois, ao conversar com Izabella. A sugestão estava na nossa cara: tinha que ser com Edward! Um encontro em Belo Horizonte, testes e mais textos até chegarmos a uma leitura convidativa, tudo isso foi sendo realizado e aprimorado nas conversas que tivemos com ele. Devido ao grande número de santos a serem biografados, Edward nos apresentou à Tânia e Paulo Sérgio, que completaram o time com maestria. Assinaram tudo coletivamente, num processo em que cada texto foi intensamente revisado e discutido entre os três. O formato aliás, foi motivo de muitas considerações. Para uma faixa de CD, Francisco Cuoco me perguntava se não estava muito longa. E eu lhe respondia que o objetivo ao se ouvir o trabalho, era justamente desacelerar o ritmo frenético das pessoas. Para Edward, por outro lado, lhe angustiava um pouco a necessidade de uma história, por vezes tão rica, ser compreendida em poucas linhas. No entanto, esta concisão é que faz de A Vida dos Santos um trabalho empolgante: o objetivo não é biografar, e sim, apresentar a vida destes homens e mulheres que nos criam tanta devoção. A mim mesmo, a cada texto que chegava e me emocionava, me dava a certeza de que estávamos na direção certa. Ao final de cada biografia, uma oração para refletirmos e buscarmos nosso conforto. Finalizado neste ano, A Vida dos Santos não poderia ter em nenhuma editora senão na Edições Loyola, a sua melhor compreensão. Todos souberam abraçar o projeto que agora chega a você em formato literário, e que em seguida, também será lançado através de CDs com a cativante 8

Apresentação

voz de Francisco Cuoco. As artes em bico de pena feitas pelo talentoso Otavio Bittencourt são um capítulo à parte. Desta forma, seguindo aquilo que havíamos desde o princípio planejado, temos um primoroso trabalho feito com uma equipe dos sonhos. Este é apenas o primeiro volume de uma série maravilhosa. Estamos também prevendo um volume dedicado exclusivamente à Nossa Senhora, e às suas diversas invocações no Brasil e no mundo. Desfrute, se encante e se aproxime ainda mais de Deus, ao desvendar os mistérios por trás desses homens e mulheres divinos. Obrigado a todos e, principalmente, a Deus, pelos caminhos que tivemos que percorrer para chegar até aqui. Realmente, nada é por acaso. Bruno Gouveia

Introdução

Os Santos e as Santas do Povo de Deus são, em primeiro lugar e acima de tudo, homens e mulheres de fé comprovada. Pelo exemplo de vida cristã que deixaram, inspiraram e continuam inspirando, encorajando e reforçando a atitude confiante e esperançada dos devotos e devotas. Neles descobre-se, com toda certeza, a presença amorosa e atuante de Deus: – o Materno Pai, origem de tudo e fonte de sustentação da vida; – o Amado Filho, Jesus Cristo, que assumiu a condição humana e revelou em plenitude o amor gratuito e universal de Deus; – o Santo Espírito, luz e força divinas, que habita o interior de todo aquele que cultiva, pela fé, intimidade filial amorosa e confiante com Deus. A Igreja Católica enfatiza o testemunho que os Santos e as Santas deixaram para os cristãos no seguimento de Jesus. Os devotos e devotas valorizam seu papel de intercessores, reconhecendo neles a ação do poder divino. Na religiosidade popular católica, os santos e as santas não são deuses nem entidades com algum grau de poder divino, mas, sobretudo, aqueles que apontam para Deus e através de quem Deus realiza sua obra. São seres humanos como nós, mas, estando próximos de Deus, apresentam solidariamente a Ele nossas necessidades, alcançando graças divinas para a nossa vida. Tal papel intercessor decorre da certeza cristã de que todos aqueles que viveram como Jesus e pautaram 11

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a vida pelo amor, pela prática da justiça e da misericórdia com os sofredores e excluídos participam com Ele, pela força do Espírito Santo, na comunhão da glória do Pai. A Igreja é um corpo, cuja cabeça é Jesus Cristo e cujos membros são todos os batizados, chamados à santidade. Por isso, os Santos e Santas continuam em comunhão conosco e, sempre “em Cristo”, podem nos inspirar, interceder por nós, guiarnos no caminho do bem, proteger-nos do mal. Manifestam a luz e a força de Jesus Cristo que irradiam dessa proximidade amorosa junto a Ele. O povo cristão experimenta tal solidariedade sob a forma de inspiração e proteção, e, por isso, se volta aos Santos e Santas com devotado amor, respeito e confiança. Expressa sua devoção de diversas formas: dá-lhes lugar de destaque em casa (oratório, quadro, imagem etc.) no veículo (terço, fita, adesivo, símbolo no chaveiro etc.) e no próprio corpo (cordão, fita, medalha, escapulário, estampa na roupa ou guardada na carteira, tatuagem etc.); participa de suas festas, com missas, rezas, novenas, romarias, procissões, bênçãos, hinos; faz-lhes promessas e agradece as graças alcançadas por seu intermédio. Além disso, homenageia-os colocando seus nomes nos filhos, em vias públicas, localidades, edificações, propriedades, empresas (São José do Rio Preto; Bairro Santo Antônio; Rua Santa Efigênia; Edifício Nossa Senhora das Graças; Fazenda São Francisco; Ótica Santa Luzia; Hospital São Camilo etc.). Por fim, o povo devoto escolhe o nome de seu Santo ou Santa de devoção como padroeiro da sua comunidade religiosa (Paróquia São Judas Tadeu, Comunidade Nossa Senhora de Fátima, Grupo de Reflexão Santa Maria de Nazaré etc.). Tudo isso propicia à pessoa devota 12

Introdução

a experiência de se sentir abençoada, protegida e acompanhada bem de perto por Deus. “Assim brilhe vossa luz diante dos homens, para que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem a vosso Pai que está nos céus” (Mt 5,16). Esta é a proposta de Jesus para todos os que acolhem o chamado do Reino de Deus: “Sede santos como vosso pai celestial é santo” (cf. Mt 5,48). Santo e santa no Povo de Deus é aquele, e aquela, que tomou consciência de carregar dentro de si a centelha divina. Então, abre o coração, cultiva confiança filial e deixa que Deus faça maravilhas em sua vida e, consequentemente, por seus gestos e atitudes, na sociedade e comunidade onde vive. Deixando-se plasmar como o barro nas mãos do oleiro, quem vive a santidade cristã concretiza o desafiante ideal de vida proposto e vivido por Jesus de Nazaré, que é colocar-se a serviço do bem e do amor ao próximo, na promoção da justiça e na defesa incansável da igual dignidade de cada pessoa humana. Os santos e as santas da devoção cristã não nasceram santos ou santas, mas, tornaram-se preciosos diamantes depois de se deixarem lapidar pela graça de Deus através do cultivo da oração, da fé corajosa e confiante em Deus, perseverantes no desejo de servir e praticar o que é bom e agradável aos olhos de Deus. Toda santidade procede de Deus. Ele é a fonte última de iluminação, inspiração e sustentação de quem trilha o árduo caminho da santificação. O destino de todo cristão que percorre esse caminho – que se identifica com o próprio Jesus Cristo – é habitar, para sempre, na casa do Senhor, na comunhão plena de amor da Trindade. Por isso, os que já participam dessa plenitude divina, intercedem a 13

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Ele para que cada um de nós, ainda peregrinos, também busque a santidade e cresça nesse caminho. A trajetória de vida dos Santos e Santas provoca admiração e, em muitos, o cultivo da devoção. Não é possível manter total indiferença ou fugir, incólumes e ilesos, frente a certas reflexões existenciais: em que estamos apostando a nossa vida? O que oferece horizonte de sentido maior ao nosso existir? Para onde direcionamos nossas metas e objetivos? Por qual causa ou bandeira de luta estaríamos dispostos a dar nossa vida? Nesse sentido, o testemunho dos Santos e Santas apresenta-se como interpelação ética a cada um de nós: importa procurar respostas para tais questionamentos. Eles encontraram na fé e no compromisso com o Deus de Jesus Cristo, a grande aposta ou o grande tesouro de suas vidas. Não seria a isso que Jesus se referia no Evangelho, quando falava da pérola de grande valor que, uma vez encontrada, torna quem a encontrou capaz de tudo dispor para adquiri-la? Você conhecerá, nesse primeiro volume, um pouco mais da vida de trinta Santos e Santas da fé católica popular, de seu extremado amor por Jesus Cristo e pelo próximo, das dificuldades que enfrentaram. Descobrirá diversas manifestações de devoção do povo para com esses homens e mulheres dignos de admiração e respeito pelos exemplos que nos deixaram. No fundo, experimentará um convite: abre as portas do coração e deixe a luz de Deus entrar. Deixe que tome conta de seu ser a mesma força que os guiou. Cultive pelas estradas da vida a fé confiante no Deus da Vida, o Deus de todos os Santos e Santas. Boa leitura! Tânia Jordão Paulo Sérgio Soares Edward Guimarães 14

Jesus de Nazaré O Santo de todos os Santos e Santas

Muitos cristãos católicos cultivam intensa devoção e amor pelo Menino Jesus que irradia ternura no presépio; pelo Sagrado Coração, inflamado de misericórdia; pela Sagrada Face, repleta de compaixão; e pelo Crucificado que lhes transmite força e esperança. Essas são fortes imagens da vida de Jesus. Por que será que ele atraiu e continua a atrair tantos audazes seguidores e não apenas devotos? Ainda que muitos cristãos não saibam dizer com a linguagem dos teólogos que Jesus é o Verbo de Deus que se encarnou entre nós para revelar o amor universal de Deus e o caminho da salvação, ele ocupa a centralidade da sua fé. Por ele, os Santos e Santas de Deus, em todos os tempos, deixam-se encantar, com ele cultivam forte intimidade e nele encontram poderosa fonte de inspiração e força espiritual. A pessoa de Jesus de Nazaré é o alicerce fundante, a rocha da fé cristã. É dele que irradia a santidade para todo ser humano que se abre à sua graça, santificando-se pela prática da justiça, da solidariedade, da misericórdia e do amor ao próximo. A Bíblia Sagrada, ao falar de Jesus, revela, dentre muitas outras coisas, que: ele é “o Santo, o Filho de Deus” (cf. Lc 1,35); “o Cristo e Senhor” (cf. Lc 2,11); “a irradiação da glória de Deus Pai, a expressão de seu ser” (Hb 1,3); “a imagem do Deus invisível” (Cl 1,15). Através