Caminho para comprometer-se - GUIA (12 ano - Ligações.Itinerário de educação à Fé)

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CaminhoComprometerSe12_GUIAcat-CAPA_TOTEM.pdf 1 21-10-2020 08:50:01

Começa um novo caminho… um caminho para te comprometeres! Tens nas mãos o guia do 12º ano de catequese do Ligações. Itinerário de educação à Fé.

Este ano, propomo-nos a conduzir o grupo a um maior compromisso com a proposta de Jesus. Aceitando o amor à maneira de Jesus como critério decisivo para uma vida de qualidade, poderão enfrentar o futuro com esperança. C

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Pedimos-te que orientes cada encontro num estilo dialogante. A tua capacidade de escuta e de aproximação ajudarão a criar no grupo um clima de confiança recíproca. O teu coração bondoso e generoso ajudarão neste caminho para comprometer-se.

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Cada catequese desenvolve-se em quatro encontros. Cada um destes encontros tem uma duração de 90 minutos. É uma opção de qualidade que permite mais tempo para as experiências, para o diálogo e para a partilha.

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Ligações. Itinerário de educação à Fé Projeto de catequese inovador que ajuda crianças e jovens de hoje a conhecer, celebrar e viver a Fé.

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GUIA DO CATEQUISTA

Rua Duque de Palmela, 11 4000-373 Porto Tel.: 225 365 750 editora@edicoes.salesianos.pt www.edisal.salesianos.pt

Ligações. Itinerário de educação à Fé

GUIA do

catequista


Acesso ao site de apoio: Abaixo, encontram-se os seus dados para aceder e administrar a sua conta no site de apoio: https://ligacoes.net Depois de aceder pela primeira vez, poderá e deverá alterar a sua senha e completar as informações do seu perfil. Em caso de dúvida, siga as instruções que colocamos mais abaixo.

A. Se está a aceder pela primeira vez, com o Nome de Utilizador e Senha originais disponíveis neste guia Aceda ao site em http://ligacoes.net e introduza os dados solicitados que constam no autocolante. Depois de efetuado o login pela primeira vez é importante que personalize os dados da conta. No topo, do lado direito, clique onde está “nome apelido”. No menu que aparece por baixo, clique em “Preferências”. Aqui terá acesso a todos os campos que pode personalizar. EDITAR PERFIL • Nome: Coloque o seu nome próprio • Apelido: Coloque o seu último nome • Endereço de e-mail: Coloque um endereço de e-mail válido para poder receber alertas do sistema e mensagens da equipa Ligações. Nota: No site Ligações, não pode usar o mesmo e-mail para se registar em anos de catequese diferentes • Seleccione o nível de privacidade que quer atribuir ao seu e-mail. » Ninguém pode ver o meu e-mail – Apenas o gestor do site Ligações tem acesso ao seu contacto. » Todos podem ver o meu e-mail – Todos os agentes pastorais inscritos no site Ligações têm acesso ao seu e-mail. » Só pode ver o meu e-mail quem está inscrito na disciplina – O seu e-mail fica acessível apenas aos agentes pastorais que estão a trabalhar no mesmo ano de catequese. Mais abaixo existem outros campos de personalização cujo preenchimento é opcional. • No fundo da página, clique em Atualizar perfil MODIFICAR SENHA Nota: Deve escolher uma senha com o mínimo de 8 carateres, sendo um deles uma letra maiúscula e outro um algarismo. • Nome de utilizador: Este campo não pode ser alterado nem personalizado. É o nome pelo qual fará o login no acesso ao site do Ligações. • Altere a senha para uma à sua escolha e que responda às condições acima descritas. • Clique em Guardar Alterações Agora, sempre que aceder ao site Ligações, deverá usar os seguintes dados: Nome de utilizador: o nome que consta no autocolante / Senha: a password que escolheu Nota: Em caso de esquecimento, poderá solicitar a reposição da sua senha. A nova password será enviada para o endereço de e-mail com que personalizou a sua conta. Por isso, é fundamental que coloque um endereço que seja válido. B. Se recebeu o guia das mãos de outro catequista, que já personalizou a conta de acesso ao site ligacoes.net • Pergunte ao catequista do ano anterior qual a senha de acesso ou peça a sua ajuda para a atualizar os dados da conta, a partir dos passos acima descritos. • É importante que atualize o nome da conta e o e-mail. Caso contrário não poderá ser contactado pelo site nem pela equipa do Ligações. Nota: O catequista do ano anterior deve eliminar desta conta o seu e-mail, para conseguir registar-se noutro ano. O site do Ligações não permite que o mesmo e-mail esteja associado a dois utilizadores diferentes. Em caso de dúvida contacte-nos através do e-mail: ligacoes@edicoes.salesianos.pt

Ficha técnica:

© Imagem de capa: Dreamstime Capa: Paulo Santos Paginação: João Cerqueira Coordenação: Rui Alberto, Vera Fernandes, Vera Silva Impressão: Totem ISBN: 978-989-8982-47-6 Depósito Legal: 474934/20

© Edições Salesianas, 2020 Rua Duque de Palmela, 11 • 4000-373 Porto Tel. 225 365 750 editora@edicoes.salesianos.pt www.edisal.salesianos.pt Publicado em outubro de 2020 2



Introdução Caro/a catequista, tens nas mãos o Guia do “Caminho para comprometer-se”. É a proposta que te oferecemos para fazeres catequese com os adolescentes do 12º ano. Faz parte do projeto Ligações. Itinerário de educação à fé, que os Salesianos elaboraram como um serviço a toda a Igreja.

Ligações Chamámos “Ligações” a este itinerário de educação à fé, porque ele quer estabelecer várias ­ligações felizes: Entre Deus que Se revelou plenamente em Jesus de Nazaré e cada um dos ­catequizandos; Entre a comunidade cristã, tornada presente por ti e pelos outros catequistas, que bebem do Evangelho a sua força, e os desafios colocados pela vida real dos catequizandos, das suas famílias, dos seus contextos; Entre os vários catequizandos que são convidados a experimentar já o que é ser Igreja, comunidade dos que querem seguir Jesus e o seu Evangelho; Entre a situação atual de cada catequizando e o crente maduro e feliz que Deus está a chamar; Entre a Igreja e as famílias que pedem para os seus filhos uma boa educação na fé. Este itinerário de educação à fé surge no caminho de renovação evangelizadora dos últimos anos. A Igreja, a nível universal com o magistério e a animação dos Papas, e a nível nacional com os documentos recentes dos bispos portugueses sobre a melhoria da catequese, incentiva todos a um maior entusiasmo por levar a alegria do Evangelho às pessoas concretas de hoje. Alinhados com esse esforço, oferecemos o contributo da tradição espiritual, educativa e pastoral salesiana ao esforço de renovação e qualificação da catequese em Portugal. Num mundo plural, complexo e cheio de contradições, como é o século XXI, é uma bênção a existência de propostas diferenciadas. Para saberes mais sobre as opções deste Itinerário de educação à fé, podes ler e estudar o “Livro Zero”. Nele estão explicitados com calma os elementos teológicos, catequéticos e educativos que orientam a nossa proposta evangelizadora.

Fazer escolhas e comprometer-se com a fé Ao longo deste percurso de fé em que acompanhamos as crianças e adolescentes dos 6 aos 18 anos, muita coisa muda nos catequizandos: a nível físico, a nível psicológico, a nível social, a nível de fé. Por isso, organizámos este itinerário em quatro fases de três anos cada. Cada uma delas faz uma escolha dos conteúdos, objetivos e metodologias que melhor se adaptam à idade e que mais contribuem para a finalidade da catequese. Estamos na, a quarta e última fase. Ela tem como meta ajudar os adolescentes a fazer escolhas e comprometer-se com a fé. Esta fase ajuda o adolescente a fazer uma segunda síntese de fé. Procura revisitar os quatro pilares da existência cristã, tendo em conta a maior autonomia e capacidade de fazer escolhas dos adolescentes nesta idade.

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Indicadores de avaliação No final deste caminho, gostaríamos que os catequizandos estivessem confortáveis com um conjunto de atitudes. Eis os indicadores de sucesso para cada uma das seis tarefas da catequese:

Fase 4: Fazer escolhas e comprometer-se com a fé Favorecer o conhecimento da fé

O catequizando vive a fé e a relação com Deus como estruturante para a elaboração e vivência do seu projeto de vida.

A educação litúrgica

O catequizando celebra o sacramento do crisma e encontra nele a força para um compromisso com a causa de Jesus em Igreja.

A formação moral

O catequizando vive a sua liberdade e as suas escolhas como resposta generosa ao chamamento de Deus.

Ensinar a rezar

O catequizando vive a oração como ocasião de discernimento do seu projeto de vida.

A educação para a vida comunitária

O catequizando sente-se pertença da paróquia, da diocese e da Igreja universal e cultiva uma participação construtiva.

A iniciação à missão

O catequizando empenha-se de forma estável em ações de serviço e cultiva o discernimento vocacional.

Celebrar o crisma É durante esta fase que os catequizandos são crismados. É uma experiência importante em termos sacramentais, mas também psicológicos e sociais. Aqui, no Ligações, não fazemos uma proposta concreta para a data da celebração do crisma. A idade exata pode variar com o discernimento dos catequizandos, dos catequistas e as normativas emanadas por cada diocese. É possível que os jovens do teu grupo já tenham celebrado o crisma; é possível que o façam ao longo deste ano. Para todos eles, as propostas que aqui deixamos podem ser úteis.

Algumas novidades Tal como tem sido hábito nesta 4ª fase, teremos sete catequeses ao longo do ano, cada uma com quatro encontros. A duração de cada encontro vai até aos 90 minutos. Uns serão mais longos do que outros; prevemos este tempo extra para favorecer a partilha, o diálogo, a criação de laços dentro do grupo. Atendendo à idade em que estão, ao horário a que estão habituados na escola (com blocos de 90 minutos também), é uma opção de qualidade que permite mais tempo para as experiências, para o diálogo e para a partilha. Os quatro encontros semanais por catequese permitem mais atenção à expressão de fé e à tarefa de apropriação pessoal e existencial dos conteúdos por parte dos catequizandos.

12º ano: roteiro Ao longo dos dois anos anteriores de catequese e vida em grupo, os adolescentes fizeram um caminho de maturidade e de amor. Este ano, o caminho vai conduzi-los a um maior compromisso com a proposta de Jesus, com a sua vocação. Para isso, vão poder revisitar o papel de alguns sacramentos (batismo, crisma, reconciliação), que iluminam a maneira como agimos nas relações interpessoais e também no espaço social e ecológico. Aceitando o amor à maneira de Jesus como critério decisivo para uma vida de qualidade, podem enfrentar com esperança o futuro. A 1ª catequese (“Viver de fé”) recorda o batismo e aponta pistas para viver quotidianamente a graça de sermos filhos de Deus. A 2ª catequese chama-se “Confirmados e enviados”. Quer os que já foram crismados, quer os outros, poderão descobrir a força do Espírito Santo e dos seus dons no concreto da vida. A 3ª catequese desafia-nos a viver “Uma sexualidade segundo os critérios do

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Reino”. A catequese 4 “E depois?” abre-nos à esperança: diante do mal e da injustiça, terá Deus algo a dizer-nos? Vamos descobrir, com alegria, que sim! A 5ª catequese (“Responsáveis e solidários”) ajuda os catequizandos a viver a fé comprometendo-se na construção de um mundo mais justo e acolhedor para todos, um mundo mais segundo o coração de Deus. A 6ª catequese (“O amor nos salva”) ajuda a encontrar no amor radical à maneira de Jesus um critério seguro para uma vida plena de sentido e qualidade. A catequese 7 (“Voltar ao Pai”), que pode ser proposta em qualquer altura do ano, faz-nos descobrir a alternativa de perdão que Deus nos oferece e que podemos implementar nos nossos conflitos.

Como fazer catequese? As opções Antes de fazeres catequese, vale a pena gastares algum tempo a conheceres os catequizandos. Aqueles que estão no teu grupo e os adolescentes desta idade em geral. No site de apoio (ligações. net) podes encontrar alguma informação útil

Os encontros semanais Os encontros semanais não são o único momento em que a catequese acontece, mas são um momento muito importante. Aliás, todo este guia dá ao catequista as ferramentas para fazer deles um sucesso. Tem sido habitual para a catequese de adolescentes usar mais de um encontro. É a solução que o Ligações. Itinerário de educação à fé usa na 3ª fase (entre o 7º e o 9º ano). Pode surpreender que, nesta 4ª fase, optemos por usar quatro encontros semanais para cada catequese. Aceitamos reduzir o número de catequeses e aumentar as condições para que o grupo e cada um dos catequizandos se possa apropriar dos conteúdos propostos e aprofundar as experiências sugeridas. Nesta fase, as tarefas de expressão de fé (a oração, o renovado estilo de vida inspirado pela Palavra, o reforço do sentido eclesial) merecem-nos grande atenção e pedem o tempo adequado. Não há o risco de as catequeses se tornarem maçudas ou repetitivas, porque o leque de experiências a fazer é entusiasmante. Como já referimos, a duração máxima dos encontros é de 90 minutos. Porquê “tanto” tempo? Porque os grupos precisam de tempo para dialogar, partilhar, fortalecer laços. Isto pode parecer estranho a alguns catequistas ou a alguns catequizandos. Mas convém recordar que, dada a idade dos adolescentes, eles têm uma maior capacidade de trabalho. Além disso, os catequizandos estão familiarizados com esta distribuição temporal, uma vez que, em várias escolas, há muitas aulas com a mesma duração. Neste itinerário de fé, o calendário da catequese tende a seguir o calendário escolar: de Setembro ao início de Junho. Algumas vozes criticam essa relação da catequese com o mundo da escola; convém recordar que não é só a escola que segue esse calendário: também os ritmos de trabalho, da economia e até da política o fazem. É verdade que causa algum escarcéu que, nos tempos de celebração mais intensa (Natal e Páscoa), não haja catequese, mas cada vez mais se aproveitam esses tempos de férias escolares para outros momentos de intervenção no processo de catequese: retiros, preparação ativa das cerimónias litúrgicas…

Catequese em grupo Para o Ligações e, especialmente com os adolescentes, o grupo é uma opção essencial para aprofundar a experiência de ser Igreja e se estabelecerem relações significativas. O grupo de catequese não é uma turma da escola. Numa escola tradicional, o centro está nos conteúdos (o programa) e no professor (que transmite o programa); o papel dos alunos é essencialmente passivo (escutam e assimilam o programa). É comum transpor este modelo para a catequese: os conteúdos seriam os do catecismo, o professor seria o catequista e os alunos, essencialmente passivos, seriam os catequizandos.

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Aqui, os catequizandos, reunidos em grupo, têm um papel ativo no acolhimento e na apropriação da mensagem catequética. Por isso, cuidar do grupo e animá-lo enquanto comunidade viva de catequizandos é uma tarefa essencial para o catequista. Quanto ao número de elementos num grupo destas idades, a investigação e a experiência ­dizem-nos que o número ideal está entre os 8 e os 12 catequizandos. É possível descer até aos 5 e é possível subir até aos 15. Fora destes parâmetros, o grupo perde funcionalidade. Claro que “o ótimo é inimigo do bom”. Muitas vezes, não há catequistas preparados em número suficiente e é necessário ter grupos maiores.

Um bom clima no grupo O grupo é determinante para o sucesso da catequese e para o crescimento na fé, mas nem sempre as coisas correm bem dentro do grupo: há conflitos, desinteresse, más interpretações do que se diz e faz… Nada de novo: basta recordar como Jesus teve dificuldades para gerir o bom clima dentro do grupo dos Doze. Aqui ficam alguns sinais de alerta a que um catequista deve estar atento. Absentismo: Alguns catequizandos faltam com alguma frequência (desinteresse na catequese, falta de apoio familiar, problemas pessoais). O catequista interessa-se por contactá-los, não para os recriminar, mas para mostrar interesse por eles e para reforçar as motivações positivas. Vedetismo: Há sempre quem aproveite para mostrar as roupas, os talentos que tem, ou o seu mau comportamento. O catequista fala, discretamente, com o/a “vedeta” e ajuda a perceber que a sua atitude perturba o grupo. Ao mesmo tempo, cultiva no grupo regras segundo as quais todos têm o direito de falar e de ouvir. Fingimento: O grupo é um lugar precioso para o amadurecimento humano e de fé por causa das interações que permite, mas só quando há um clima de verdade e sinceridade. Por razões de segurança, é natural os adolescentes chegarem ao grupo com algumas “máscaras”. O catequista encoraja a autenticidade, oferecendo um clima seguro, onde cada um se sente bem como é, sem se sentir julgado. Conflitos dentro do grupo: Por coisas sérias ou sem importância, surgem conflitos entre os ­catequizandos. O catequista reconhece que há um problema e tenta resolvê-lo com os mais diretamente envolvidos. Conflitos externos ao grupo: Cada um dos elementos do grupo pode ter, ao longo da semana, vários conflitos. O catequista ajuda os adolescentes a separar os ambientes. Aqui, no grupo, podem estar mais descontraídos, sem estar presos a esses conflitos. E podem até encontrar recursos para lidar melhor com eles.

O estilo do catequista O sucesso desta proposta depende do estilo dialogante do catequista. Este tem de estabelecer um diálogo sincero com os adolescentes, aceitando que está numa experiência de enriquecimento recíproco. Para alguns, esta capacidade de comunicação pessoal é um dom natural, mas para a maioria de nós ela consegue-se com exercício, esforço de escuta, aproximação dos adolescentes, pedindo a Deus um coração bondoso e generoso. A comunicação que estabeleces com os catequizandos do teu grupo deve ter algumas qualidades. Deve ser uma comunicação interativa: Uma comunicação onde quem envia uma mensagem, pode receber a resposta sobre os efeitos que essa mensagem teve em quem a recebeu. Deve ser uma comunicação dentro de um clima de confiança recíproca e de disponibilidade para aceitar que o outro é diferente (tem sentimentos, ideias, histórias de vida diferentes dos meus) e para lhe dar apoio.

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O espaço da catequese Se possível, o grupo deve reunir-se sempre no mesmo local, que deve ser limpo, bem iluminado e bem arejado. A sala deve dispor de um local onde afixar, sem grande dificuldade, cartazes, fotografias e outros elementos em papel, usados e produzidos ao longo das catequeses. Como está previsto o visionamento de vídeos, deve haver condições para utilizar um écrã ou projetor de vídeo. Nesta proposta, damos bastante importância aos momentos de oração. A disposição das cadeiras e a decoração que se usa devem ser tidas em conta para garantir uma experiência de qualidade.

Acolhimento Os catequizandos chegam ao encontro semanal, depois de uma semana cheia de eventos na escola, na família, nas redes sociais, e, muitas vezes, não tão motivados para a catequese quanto tu. Ao começá-la, é importante que privilegies um momento de acolhimento, em que os ajudas a fazer a transição entre o “lá fora” e o “cá dentro”. Isso pode ser feito com uns cumprimentos, com um diálogo descontraído e breve sobre os acontecimentos da semana, com um bans que ajude o grupo a sentir-se presente.

Momentos do ato catequético No Ligações. Itinerário de educação à fé, seguimos uma maneira de fazer catequese já clássica e inspirada na prática de Jesus. Uma catequese acontece em três momentos: a experiência humana, o anúncio da Palavra e a expressão de fé. Experiência humana: A catequese começa com a vida real dos catequizandos, a partir das suas experiências, sonhos e problemas de cada dia. A tua experiência de vida é diferente da dos teus catequizandos. Muitos dos seus dramas e desejos podem-te parecer coisa pouca ou fútil. Para seres um bom catequista, tens de fazer como Jesus que se abeirava dos homens e mulheres do seu tempo com profundo respeito pela sua experiência. Anúncio da Palavra: Uma boa catequese não se fica na reflexão sobre a experiência de vida. Propomos a Palavra de Deus, convencidos de que só ela é capaz de iluminar e resgatar a vida. É a Palavra de Deus que está no centro da catequese. A preocupação não deve ser “explicar” a Palavra, mas ajudar os catequizandos a apropriarem-se dela. Tu, como catequista, já experimentaste como é bom ter a Palavra amorosa de Deus no centro da tua vida, no teu coração. O teu papel é ajudar os teus catequizandos a descobrir como a Palavra de Deus pode dar um novo e melhor sabor às suas vidas. Expressão de fé: A Palavra que Deus dirigiu aos catequizandos pede uma resposta. Especialmente nesta fase do itinerário de fé e nesta idade, é importante responder generosamente aos apelos de Deus. Na catequese, esta expressão de fé assume três formas principais. É oração, vontade de estar com o Deus que nos falou. É mudança de atitude, vontade de agir mais segundo o Evangelho. É reforço da comunidade, vontade de se sentir mais parte desta Igreja que Jesus chamou e onde Ele está presente.

Recursos de apoio Para enriquecer a comunicação dentro da catequese, este guia vai fazer uso de vários recursos. Cartazes e fotografias: elemento visual que ajuda a dar forma aos conteúdos que se estão a trabalhar. Estão disponíveis na pasta de apoio. Cantos: usados como documento de estudo ou como recurso para a oração. Estão disponíveis na pen multimédia. O catequista deve prever umas colunas adequadas à dimensão do grupo. Áudio: além dos cantos, algumas catequeses fazem recurso a música de fundo, ou a textos gravados. Estão também disponíveis na pen multimédia. Vídeo: disponíveis na pen multimédia, são documentos de trabalho para a catequese; não um entretenimento. É importante prever as condições adequadas para o seu visionamento. Os vídeos podem também ser adquiridos online, no site https://vimeo.com/ondemand/caminhoparacomprometerse 7


Site de apoio: em ligações.net, podes encontrar alguns materiais complementares às propostas do guia. Na página 2 deste livro estão as credenciais que te permitirão administrar uma parte do site de apoio. O site está construído a partir de tecnologia Moodle, um sistema de gestão de aprendizagem bastante conhecido por quem anda pelo mundo da educação. Além de usares os recursos que disponibilizamos, poderás albergar aqui documentos (textos, música, links, jogos, vídeos…) que julgues enriquecedores para o teu grupo. Tu, como catequista, poderás monitorizar quais os recursos que os teus catequizandos usam, que uso fazem deles. É conveniente que, depois de aceder ao site pela primeira vez, mudes as tuas credenciais para outras do teu agrado.

Desafios complementares Nada substitui a experiência do encontro de catequese, mas ela pode ser prolongada na vida quotidiana. A pensar nisso, criámos um conjunto de desafios complementares, que surgem no Livro do Catequizando. Em todas as catequeses, há pistas e propostas, que o adolescente pode aproveitar: Palavrando – onde se desvendam os significados das palavras; Escavando – onde se propõe uma reflexão mais aprofundada; Curiosando – onde se acrescentam conhecimentos ou factos que enriquecem a ­experiência; Atuando – onde se apontam atos concretos para mudar o mundo, agora; Em Cartaz – onde se sugerem livros, filmes, músicas ou vídeos que de algum modo estejam em relação com o tema trabalhado. Incentiva os teus catequizandos a, fora do encontro de catequese, explorarem estas rubricas. Além destas, o site ligações.net oferece ainda outras propostas.

Reunir os pais No período da adolescência, é muito comum passar-se de um extremo ao outro: enquanto, durante a infância, se procura um contacto frequente com os pais, nesta fase, pode cair-se no erro de separar os pais da catequese, como se deixassem de aí ter lugar. É certo que os catequizandos são crescidos e é importante que sintam que os tratas com respeito e os responsabilizas. Mas os pais continuam a ser parte da sua vida. Se reparares bem, uns e outros continuam a valorizar muito a presença nos momentos mais marcantes da vida do adolescente. Se é assim, também faz sentido que continuem a ser integrados no que respeita à vivência da fé. De modo diferente, certamente. Mas, como catequista, podes convidá-los, conversar com eles, escutá-los, sem fazer dos vossos encontros uma invasão da privacidade do grupo nem um ralhete com hora marcada. Prepara-te bem. Não te preocupes se reúnes muitos ou poucos, constrói com os pais momentos surpreendentes e significativos, em que aprofundem o seu próprio crescimento enquanto pais e crentes.

Outros momentos de intervenção Tradicionalmente, a catequese acontece em encontros semanais, mas vai crescendo em muitos ambientes de Igreja a ideia que pode e deve haver outros momentos onde fazer acontecer catequese. Eucaristia semanal: A participação alegre na Eucaristia com a comunidade é um momento essencial neste caminho de fé, porque a experiência de acolher a Palavra e o Corpo de Cristo muda o coração de cada um de nós e faz-nos ser mais e melhor Igreja. Felizmente, muitas comunidades têm já uma certa atenção aos mais novos na forma como preparam as celebrações (tipo de monições, cantos, homilia…). O papel dos catequistas é trazer ao sacerdote e aos outros responsáveis da celebração a sensibilidade dos mais novos e motivar os seus catequizandos a participar na celebração. Convivências de grupo: São encontros mais alargados (de meio dia a um dia inteiro) onde se aprofunda um tema, onde há mais espaço para tentar coisas novas e para prestar mais atenção à melhoria das relações dentro do grupo. Participam os membros do grupo ou podem juntar-se vários grupos da mesma paróquia (ou zona).

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Retiros: São momentos mais dedicados à reflexão e à oração. Duram de um a três dias. N ­ ormalmente, fazem-se fora de casa. Continuam a ter um estilo juvenil, a valorizar as linguagens s­ imbólicas, mas o essencial é trabalhar a dimensão espiritual e a qualidade da relação com Deus. Os tempos fortes do Advento e da Quaresma, a semana das vocações, a preparação para o crisma são ocasiões habituais para os retiros. Jornadas de grupo: Momentos destinados a criar mais grupo. Pode ser o aniversário do grupo. Pode ser o aniversário de um membro do grupo ou um acontecimento relevante para um deles (começou a trabalhar, vive uma situação de doença). O grupo junta-se, mostra-se presente aí onde a vida acontece. É sempre bom haver um pequeno momento de oração. Acampamento/Acantonamento: Organizados só com o grupo ou juntando vários grupos, servem para viver uma experiência de convívio, reflexão e celebração que faz a síntese do caminho de fé feito ao logo do ano. Alguns grupos valorizam mais a dimensão do serviço em campos de trabalho, onde os participantes se empenham em algum projeto de serviço ao longo de uma semana. Grandes convocatórias: São encontros onde o trunfo é o grande número de participantes de origens muito diversas. O clima de festa, respeito, espiritualidade vivido por tanta gente ao mesmo tempo resulta do caminho de fé já feito, mas funciona também como encorajamento para um maior compromisso com a fé. Exemplos são as jornadas mundiais ou diocesanas da juventude, os encontros ligados a algum movimento, as peregrinações a Fátima, Santiago ou Taizé… Acompanhamento pessoal: É importante que cada catequizando possa encontrar-se pessoalmente com um adulto para personalizar a sua caminhada de fé. Este adulto pode ser um sacerdote, dentro ou fora do sacramento da reconciliação, ou um leigo. Pode ser o catequista ou outra pessoa. Qualquer tema, circunstância pessoal ou do grupo são um bom pretexto para um diálogo sobre a vida de fé. É sempre recomendável programar estes encontros de forma periódica. Neste acompanhamento pessoal, fala-se sobre o caminho que o adolescente vai fazendo e especialmente sobre os aspetos da catequese que pedem uma maior personalização (a vivência das seis tarefas da catequese, o projeto pessoal, o discernimento vocacional…). O objetivo é ajudar a elaborar e seguir o projeto pessoal de vida e discernir a própria vocação na sociedade e na Igreja.

Para usar o guia do catequista O material referente a cada catequese está dividido em duas partes: Para o Catequista Desenvolvimento “Para o Catequista” inclui algum material para a tua leitura, para te ajudar a preparar bem a ­catequese. Começa com uma Apresentação, onde se faz uma breve motivação à catequese. Os Objetivos indicam os “resultados” que devem aparecer nos catequizandos, ao final da catequese. Os Conteúdos fazem a lista dos vários tipos de conteúdos com que vamos trabalhar ao longo da catequese. Podem ser de tipo cognitivo (Conceitos), comportamental (Procedimentos) ou atitudinais (Atitudes). O Esquema mostra numa tabela o que pretendemos fazer ao longo da catequese. A primeira coluna à esquerda apresenta os três momentos da catequese: Experiência humana, Anúncio da Palavra e Expressão de fé. Podem ter durações diferentes. A segunda coluna indica os 4 encontros semanais previstos. A terceira coluna faz a lista de cada uma das atividades previstas. Na quarta coluna, a seguir ao nome da atividade, está a duração prevista dessa actividade (em minutos). Por fim, na quinta coluna, está o grau de dificuldade que atribuímos à dificuldade. As estrelas podem ir de uma a cinco, sendo as cinco estrelas sinal de dificuldade máxima. Esta classificação não é uma indicação absoluta; mas é uma ajuda para o catequista estar mais atento na preparação e na execução das atividades mais difíceis.

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Do Catecismo (ou Do Magistério) oferece um pequeno texto tirado do Catecismo da Igreja Católica (ou de algum texto do Magistério da Igreja) que ajuda o catequista a situar-se perante o património de fé da Igreja. É sempre um convite a ler os números seguintes. A Síntese de conteúdos oferece, num texto que se quer breve, algumas informações para enriquecer as competências do catequista. Podem ser de tipo pedagógico ou doutrinal. São textos que apresentam ao catequista o tema e os conteúdos que irão ser trabalhados com o grupo. É importante que o catequista (ou o grupo de catequistas) leia o texto com calma. Que tome posição. Que identifique as “novidades”. Que tome nota daquilo que não entende. Para cresceres é um pequeno apontamento para a reflexão e oração pessoal do catequista. É importante que cada catequista se possa confrontar pessoalmente com os mesmos conteúdos que os catequizandos. O “Desenvolvimento” contém as indicações para orientar cada um dos encontros de catequese. Indica-se sempre o número do encontro e em que momento do ato catequético nos encontramos. O Material faz a lista dos materiais que vão ser necessários ao longo do encontro. Quase todos eles estão disponíveis na pasta de apoio, ou na pen multimédia. Segue-se a Atividade. Cada uma tem um nome específico. Na linha seguinte está a duração prevista para o todo da atividade. Num encontro de catequese pode haver mais do que uma atividade. As atividades estão divididas em Etapas. As Etapas estão numeradas e indica-se a duração prevista para cada uma delas. Nalguns casos, antes de apresentar as Etapas da Atividade, pede-se uma Preparação: algo que o catequista tem de ter previamente preparado antes de iniciar a atividade. No final da catequese temos a secção Para avaliar. Avaliar é um elemento importante de toda a catequese. É uma oportunidade de verificar o que correu bem e menos bem, a qualidade da nossa programação. É ocasião para nos darmos conta como o grupo e cada um dos catequizandos está a reagir. Damos nesta secção algumas pistas a que os catequistas devem estar especialmente atentos.

Para programar uma catequese Muitos documentos da Igreja descrevem a catequese como um caminho: parte-se da vida concreta dos catequizandos, tem-se uma ideia clara da meta onde chegar, fazem-se algumas ações que aproximam os catequizandos dessa meta. Dentro desta imagem do caminho aparece a tarefa de programar, de definir, com o rigor possível, os caminhos a percorrer, os tempos a usar, os recursos humanos e materiais necessários. Há quem reaja à necessidade de programar com uma atitude espiritualista; sentem que essa atenção aos processos educativos esvazia a ação de Deus no processo de fé. Numa postura oposta estão os tecnicistas, convencidos que o rigor de programação é suficiente para assegurar o sucesso da catequese. Revemo-nos numa estrada mista, mais equilibrada, capaz de conjugar as exigências de uma e outra tendência. As propostas que incluímos neste Guia são, já em si mesmas, uma forma de programação. Mas é importante ter em conta as tuas características como catequista, a dimensão do teu grupo, a ­reação habitual dos teus catequizandos. Para programar uma catequese deves começar por ler com atenção as indicações do Guia. Repara como se articula o que se diz no “Para o Catequista” com o “Desenvolvimento”. Pergunta-te se as propostas feitas no “Desenvolvimento” servem realmente para atingir os objetivos, se ajudarão os catequizandos do teu grupo concreto a assimilar e experimentar os conteúdos propostos. Verifica se dispões dos recursos previstos pelo guia: vídeo, música, espaços para a oração. Se não dispões deles, pensa, em primeiro lugar, se os consegues encontrar. Se concluíres que não os podes encontrar, terás de modificar a nossa proposta e modificar atividades propostas. 10


Programar é também prestar atenção aos tempos. Num projeto de catequese como este, damos muita importância à comunicação dentro do grupo, à partilha, ao aprender fazendo. Ora isso torna mais variável a duração das atividades. Com o conhecimento que tens do teu grupo, verifica se os tempos que indicámos são realistas. No caso de preveres que as atividades durarão mais do que o previsto, tens de decidir o que fazer. Decides que algumas atividades vão durar mais tempo e reduzes o tempo dedicado a outras? Há alguma atividade que desistes de fazer? Se ao programar, tiveres de eliminar alguma actividade, evita a tentação de eliminar as mais difíceis (aquelas classificadas com mais estrelas); pode ser que elas sejam mais importantes. É importante ter presente que nesta quarta fase do Ligações. Itinerário de educação à fé cada catequese usa quatro encontro semanais. Por isso, deve-se programar a catequese como um todo. Evitar a tentação de programar semana a semana.

Para programar o ano Além de programar cada uma das catequeses em sequência, o catequista deve programar as suas intervenções ao longo do ano todo. Em primeiro lugar, trata-se de assinalar no calendário as datas de todas as catequese e encontros semanais. Mas devemos ir mais além. Que atividades extra se quer propor ao grupo (retiros, convivências, acampamentos, vigílias…)? Há propostas feitas a nível de paróquia, vigararia/arciprestado, diocese em que seria interessante os catequizandos participarem? Como vamos assinalar os tempos fortes da liturgia? Quais os momentos em que convidamos os catequizandos ao sacramento da Reconciliação? Quase sempre, esta programação anual deve ser feita em diálogo com os outros catequistas e até com outras pessoas da paróquia.

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Viver de Fé

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1 Para o Catequista

Apresentação Nesta primeira catequese do ano, os jovens vão poder aprofundar o significado do que é ser b ­ atizado.

Objetivos Dar mais centralidade à vida de fé. Viver quotidianamente a graça do batismo. Empenhar-se pessoalmente numa fé mais madura e autónoma.

Conteúdos Conceitos: yy Conceito cristão de fé yy Fé e batismo yy Batismo de Jesus Procedimentos: yy Rezar pedindo a graça de crescer em maturidade yy Renovar as promessas do batismo Atitudes: yy Assumir responsabilidade na construção da identidade pessoal yy Atitudes de fé madura yy Viver o próprio batismo relacionado com o baptismo de Jesus

Esquema Experiência humana

1º encontro

2º encontro Anúncio da Palavra 3º encontro

Expressão de fé

4º encontro

Atividade: Autor de mim

40’

***

Atividade: Pessoas

15’

**

Atividade: Ao Deus que nos faz ser

23’

***

Atividade: Acreditar

40’

***

Atividade: Acredito ou não

25’

****

Atividade: Rezar a fé

20’

**

Atividade: O meu nome é crist...ão

50’

****

Atividade: Renovar as promessas do Batismo

35’

***

Atividade: O batismo de Jesus

55’

***

Atividade: O meu novo C.C.

26’

***

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Do Catecismo 1253. O Baptismo é o sacramento da fé. Mas a fé tem necessidade da comunidade dos crentes. Só na fé da Igreja é que cada um dos fiéis pode crer. A fé que se requer para o ­Baptismo não é uma fé perfeita e amadurecida, mas um princípio chamado a d ­ esenvolver-se. Ao catecúmeno ou ao seu padrinho pergunta-se: «Que pedis à Igreja de Deus?» E ele responde: «A fé!».

Síntese de conteúdos Ao longo destes quatro encontros, propomos um caminho onde se cruzam os desafios de construir uma identidade livre e madura com o horizonte da fé.

Identidade A identidade é um dos desafios maiores que se põe a cada jovem. Para responder às clássicas perguntas “Quem sou eu?”, “Quem quero ser?” tem que articular muita informação pessoal com as tantas vozes que vêm da sociedade e da cultura. No passado, a pressão social e familiar tornava fácil a tarefa de construir a identidade. As opções eram poucas e assumir a identidade pessoal consistia em aceitar aquilo que nos era servido. Hoje, com a pluralidade de escolhas que podemos fazer (a nível profissional, de valores, de relações, de consumos…) torna-se mais difícil escolher. E por isso, a escolha de muitos jovens é, precisamente, não escolher. Adiar, de forma sistemática, as respostas à pergunta sobre a identidade pessoal. Esta dificuldade é acentuada por uma antropologia que nega o papel aos valores, que anula a natureza espiritual e livre da pessoa, que recusa a abertura ao transcendente.

Fé que abre horizontes Estamos convencidos que o encontro com Jesus de Nazaré ajuda os jovens a desenvolver identidades harmoniosas, abertas aos outros. Muita gente diz acreditar em Deus. Mas “isso” tem muitos significados. O Antigo Testamento mostra que acreditar em Deus é confiar em Deus porque Ele é como uma rocha sólida. É idiota apoiar-se em coisas ou pessoas que não merecem a confiança (porque são traiçoeiras ou porque não são sólidas). Mas em Deus pode-se acreditar, confiar porque Ele é fiel e não nos deixa ficar mal. A fé tem uma dupla dimensão de relação e de conteúdo. Qual a relação com Deus? Medo, submissão, engano? Nada disso! Para o Antigo Testamento será confiança. Mas a relação com Deus é de confiança porque “Deus” tem um determinado conteúdo: é o Deus que criou o universo, que chamou Abraão, que libertou o seu povo. No Novo Testamento, a fé em Deus ganha um rosto: Jesus de Nazaré. Jesus, a sua pessoa, gestos, palavras, morte e ressurreição são a suprema revelação de Deus. Por isso, acreditar em Deus é acreditar (confiança e conteúdos) em Jesus. Como recorda o magistério “a fé é, antes de mais, acolhimento do amor de Deus que Se revelou em Jesus Cristo, adesão sincera à sua pessoa e decisão livre de O seguir no seu caminho. Este sim a Jesus Cristo encerra em si duas dimensões: o abandono confiante em Deus (fides qua) e o consentimento de amor a tudo aquilo que Ele nos revelou (fides quae)” (DIretório Geral de catequese, 2020, nº 18).

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Outra ideia importante para perceber a fé é a ideia de liberdade. A experiência da fé não é um processo social ou comercial. Não tem nada que ver com hábitos e tradições sociais nem com imposições legais. Deus, na sua liberdade, decidiu revelar-Se. Não apenas comunicar umas informações à humanidade; decidiu Ele mesmo interagir connosco. Iniciar um diálogo com a humanidade. A fé consiste em aceitarmos esse diálogo com Ele, em ­dizer-Lhe «sim». Em liberdade, que é a única forma de comunicar. A fé é a experiência de duas liberdades (a de Deus e a nossa) que se encontram e que se amam. O nosso sim a Deus é dito em humana liberdade. O nosso sim não é automático. Passa por fases de ­crescimento, s­ ocorre-se de tantas mediações… tal como acontece com qualquer outro sim que ­queiramos dizer em liberdade. Acreditar em Deus é uma experiência muito pessoal. Se não nascesse da identidade profunda de mim mesmo, de nada valeria. É por isso que ao professarmos o credo usamos a primeira pessoa do singular: (eu) creio! Mas, ao mesmo tempo, a experiência da fé é também eclesial. É um “nós cremos”. Não só porque eu só chego a acreditar a partir do que me foi transmitido por outros: o testemunho de pais, catequistas que me mostram a beleza da fé, a celebração da comunidade, os gestos de amor e serviço induzidos pela fé (apoio aos mais débeis, solidariedade…), a Palavra de Deus escrita… Mas também porque ao acreditar em Deus, ao confiar n’Ele e ao aderir a sério ao seu projeto de felicidade, me sinto unido a todos aqueles que têm a mesma fé. Já não somos um somatário de indivíduos isolados que tem as mesmas opiniões. Ao aderir a Deus, passamos a ser irmãos uns dos outros, começamos a ser Igreja. A experiência da fé tem efeitos secundários. Mas não dos tóxicos. A experiência da fé transforma-nos por dentro e leva-nos a assumir valores novos, um estilo de vida mais em sintonia com as propostas de Jesus. Vemo-nos a nós próprios, aos outros e às situações do mundo que nos rodeia (por negativas que sejam) com outros olhos. Com mais otimismo. A fé leva-nos a uma prática de vida nova. Apesar de ser uma relação total, esta relação com Deus não nos isola nem afasta da relação com os outros. Pelo contrário. Quem dá a sua confiança a Cristo descobre depressa um amor que não se pode calar. Um amor contagioso. A fé, quando é verdadeira, leva-nos ao amor e à comunhão com os outros. A fé gera vida. Leva a fazer escolhas, leva ao empenho forte e generoso em favor dos outros.

Batizados O que acontece no batismo? Os diferentes efeitos interiores provocados pelo Batismo são manifestados pelos elementos visíveis do rito batismal. A imersão na água recorda o símbolo da morte e da purificação, mas também a regeneração e o renovamento. Os efeitos principais do batismo são a entrada na Igreja (a comunidade dos seguidores de Jesus), a purificação dos pecados e o novo nascimento no Espírito (Act 2, 38; Jo 3, 5). Fazer parte da Igreja, comprometer-se com a causa e a pessoa de Jesus Cristo não é uma formalidade como inscrever-se num clube de futebol. É uma opção séria de vida que pede e provoca uma transformação radical da identidade. Essa adesão forte a Cristo nunca é individualista. Coloca-nos em comunhão com todos aqueles, de todos os lugares, de todos os tempos, que fizeram a mesma opção. Com o batismo, passamos a fazer parte desse povo de Deus que é a Igreja. A quem aceita associar-se a Cristo e ao seu projeto de salvação, Deus oferece uma vida nova. Todos os pecados, todos os gestos de negação do amor, são perdoados. O batismo é realmente um novo nascimento. Através do Batismo deixamos para trás uma vida que vale o que vale, nas suas contradições entre o desejo do bem e os condicionamentos e egoísmos do pecado. E acolhemos uma vida em Cristo. Uma vida nova aberta à beleza, ao amor, à esperança.

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Há uma fórmula clássica da catequese que diz que o batismo é um sacramento que “imprime carácter”. É uma experiência permanente, que mexe com o mais fundo da nossa identidade. A experiência quotidiana de vivermos como batizados, como pessoas amadas por Deus, a quem Deus trata como filhos, é uma resposta poderosa à pergunta sobre a nossa identidade.

Para cresceres Como catequista, já ultrapassaste as crises de identidade da adolescência. Mas a vida traz sempre novos desafios. Vais-te definindo pelos teus estudos, pelo trabalho que fazes, pelas tuas relações, pelo que consomes… Mas presta atenção ao que o Papa Francisco diz aos jovens: “Eis a primeira verdade que quero dizer a cada um: «Deus ama-te». Mesmo que já o tenhas ouvido – não importa! –, quero recordar-to: Deus ama-te. Nunca duvides disto na tua vida, aconteça o que acontecer. Em toda e qualquer circunstância, és infinitamente amado.” (Cristo vive, 112). Ao longo destas semanas em que orientas esta catequese deixa crescer em ti esta memória e esta verdade: tu és alguém a quem Deus ama!

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1 Desenvolvimento 1º encontro Experiência humana

Como construir uma identidade madura, livre e saudável?

Material Computador, projetor multimédia, colunas Vídeo “Identidade madura” (disponível na pen multimédia) Música de fundo “fundo01” (disponível na pen multimédia) Áudio “Comentário a Marcos 1” (disponível na pen multimédia) Canção “Com tudo o que sou” (disponível na pen multimédia)

Atividade: Autor de mim Duração: 40 min. Etapa 1 Duração: 5 min. O catequista convida cada participante a mostrar o seu Cartão de Cidadão (C.C.) aos restantes participantes e a partilhar as informações nele contidas. Se não tiver o C.C. à mão, pode apenas partilhar as informações de que se lembra.

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Etapa 2 Duração: 5 min. Após a partilha, o catequista prossegue: “Como sabemos, o Cartão de Cidadão é um documento que identifica o cidadão português perante qualquer entidade pública ou privada, pessoalmente ou de forma digital. Mas, quais são os dados necessários para descrever a identidade de uma pessoa?” Dá espaço ao diálogo e, caso os participantes não se recordem poderá ajudar: nome, data de nascimento, local de nascimento, os números de identificação civil, identificação fiscal (número de contribuinte), utente de serviços de saúde e da Segurança Social, etc.. Escutados os participantes, o catequista pergunta: “O que falta nesta lista para mostrar quem somos realmente?”. Etapa 3 Duração: 5 min. De seguida, o catequista convida os participantes a abrirem o livro do catequizando, página 8, e a responderem ao questionário “Qual é a tua idade mental?”. Se achar oportuno, pede aos participantes que partilhem os resultados ou expressem se se identificam com os mesmos. Etapa 4 Duração: 5 min. Diz o catequista: “Isto da identidade é importante. E um dos fatores é a maturidade.” E pergunta: “O que é que te torna uma pessoa madura?” Sem preocupações de rigor, estimula os catequizandos a darem os seus contributos. Etapa 5 Duração: 5 min. O catequista convida a observar o vídeo “Identidade madura”. Guião do vídeo: Quem és tu? Para lá do que os papéis ou os outros dizem, quem queres ser? Quais os caminhos que deves percorrer para construíres uma identidade madura? Autonomia: Não vives isolado. Há pessoas e estilos que admiras. Mas para seres tu mesmo e não um macaco de imitação, encontra uma distância saudável em relação aos teus modelos e às modas culturais. Amadurecimento da sexualidade: Procura viver a tua sexualidade como um projeto. Sem ires atrás da maioria. Aposta no que é importante: faz crescer a tua capacidade de amar. Aprende a lidar com os teus sentimentos. Espírito crítico: Ouve várias vozes. Pensa pela tua própria cabeça. Desconfia das soluções fáceis. Resiste a quem te tenta manipular. Faz as contas e verifica se estão de acordo com os teus valores mais profundos. Projeto de vida: Pensa no que queres fazer com a tua vida. Escuta o que Deus te pede para fazeres da tua vida. No diálogo entre os teus desejos mais sinceros e belos e o chamamento de Deus, começa a fazer escolhas. 18


Fidelidade: É sempre mais fácil ficar parado. Sê fiel aos compromissos e aos desafios. Sê fiel aos valores humanos e cristãos que dão sentido à vida. Solidariedade: Tu és tu mesmo. Mas só és feliz na relação e no serviço aos outros. Tu não és a medida de todas as coisas. Supera o narcisismo e o individualismo. Disponibilidade: Não te agarres a seguranças fáceis. Está disponível para a novidade e para a mudança. Há pessoas e situações à tua volta que precisam de ti. Amor à verdade: Uma vida madura vai para lá das aparências. Procura a verdade. Mesmo quando custa. Conversão: Procura estar disponível para a mudança. Assim conseguirás reconciliar dentro de ti todas as experiências, positivas e negativas, da vida. Etapa 6 Duração: 5 min. Tendo em conta o conteúdo do vídeo, os catequizandos abrem o livro do catequizando, página 10, e preenchem, individualmente, a lista de “Adquiridos” (os processos de identidade com desempenho positivo) e “Carências” (os processos de identidade ainda incompletos). Etapa 7 Duração: 10 min. Os catequizandos partilham com o grupo as suas “carências”, os processos em que ainda se sentem imaturos.

Atividade: Pessoas Duração: 15 min. Etapa 1 Duração: 5 min. O catequista convida os participantes a abrirem o livro do catequizando, página 11, ­secção Escavando. Depois, pede cinco voluntários para a leitura do conto “Tipo de pessoas”. Conto Tipo de pessoas Narrador: Certa vez, um jovem chegou à beira de um oásis, junto a um povoado e, aproximando-se de um velho, perguntou-lhe: Jovem 1: Que tipo de pessoas vive neste lugar? Velho: Que tipo de pessoas vive no lugar de onde vens? Jovem 1: Oh! Um grupo de egoístas e malvados… Estou satisfeito por ter saído de lá. Narrador: A isso o velho replicou: Velho: A mesma coisa encontrarás por aqui. Narrador: No mesmo dia, um outro jovem aproximou-se do oásis para beber água e, vendo o ancião, perguntou-lhe: Jovem 2: Que tipo de pessoas vive por aqui? Narrador: O velho respondeu com a mesma pergunta: Velho: Que tipo de pessoas vive no lugar de onde vens? 19


Narrador: O rapaz respondeu: Jovem 2: Um magnífico grupo de pessoas: amigas, honestas, hospitaleiras. Fiquei muito triste por ter de deixá-las. Velho: O mesmo encontrarás por aqui. Narrador: Um homem que tinha escutado as duas conversas perguntou ao velho: Homem: Como é possível dar respostas tão diferentes à mesma pergunta? Narrador: Ao que o velho respondeu: Velho: Cada um carrega no seu coração o meio ambiente em que vive. Aquele que nada encontrou de bom nos lugares por onde passou, não poderá encontrar outra coisa por aqui. Aquele que encontrou amigos ali, também os encontrará aqui. Somos todos viajantes no tempo e o futuro de cada um de nós está escrito no passado. Ou seja, cada um encontra na vida exatamente aquilo que traz dentro de si mesmo. O ambiente, o presente e o futuro somos nós que criamos e isso só depende de nós mesmos. (Ilda Pires, A cobra e o pirilampo, Ed. Salesianas)

Etapa 2 Duração: 10 min. Para aprofundar a mensagem deste conto, o catequista convida o grupo a dialogar sobre estas perguntas: Que tipos de pessoas há no mundo? Por que motivo o velho apresenta duas respostas tão distintas para a mesma pergunta? Com que tipo de pessoas convivemos normalmente? Em jeito de conclusão, o catequisa diz: “Podes concordar ou não com a mensagem do conto. Mas uma coisa parece óbvia: a vida é movimento, escolha. Há muita gente à tua volta que te influencia. Mas tu és o principal responsável pela pessoa em que te estás a tornar. Claro, sabes que Deus também está aí à mão de semear, para te ajudar nesta tarefa de construíres uma identidade madura.”

Atividade: Ao Deus que nos faz ser Duração: 23 min. Etapa 1 Duração: 8 min. O catequista convida os participantes a colocarem-se numa atitude de oração. Se necessário, recorda alguns gestos que facilitam essa atitude: sentar-se confortavelmente, acalmar a respiração, fazer silêncio interior e exterior. Para ajudar, o catequista coloca música de fundo. Depois, convida-os a cantar “Com tudo o que sou”, que se encontra no livro do catequizando, página 12.

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Canção “Com tudo o que sou” (L: David Teixeira; M: Nuno Pereira; Livro-CD Capaz de Ti, Claudine Pinheiro)

Recebe-me, Senhor, com tudo o que sou… mesmo até com o que não sou capaz de oferecer-Te. Recebe-me tal como Tu me vês. Recebe-me com as minhas alegrias e as esperanças que me fazem avançar, com as certezas que são o meu norte e os frutos dos teus dons em mim. Recebe-me com a minha miséria, Senhor, os pecados que são a minha vergonha, e com a lamentação da minha cruz, com as minhas dúvidas e silêncios. Recebe-me, Senhor, com tudo o que sou, mesmo até com o que não sou capaz de oferecer-Te. Recebe-me tal como Tu me vês. Recebe-me com as minhas limitações, com os meus muitos desejos inquietos, com a minha força e a minha vontade e este coração que me deste capaz, capaz de Ti. Recebe-me, Senhor, com tudo o que sou, mesmo até com o que não sou capaz de oferecer-Te. Recebe-me tal como Tu me vês, Senhor. Recebe-me, Senhor, com tudo o que sou, mesmo até com o que não sou capaz de oferecer-Te. Recebe-me tal como Tu me vês, Senhor, com tudo o que sou. Etapa 2 Duração: 3 min. Com voz calma, o catequista diz: “Jesus, no início da sua missão sente a necessidade de clarificar a sua identidade, qual o sentido que quer dar à sua vida. Para isso, não compra livros de autoajuda nem Se deixa embalar por modas culturais que Lhe impõem uma identidade. Para descobrir e assumir a sua identidade, Jesus escuta a voz de Deus.” Um leitor lê o relato do batismo de Jesus (Marcos 1, 9-11). Os outros catequizandos podem acompanhar a leitura nas suas bíblias. Jesus veio de Nazaré da Galileia e foi baptizado por João no Jordão. Quando saía da água, viu serem rasgados os céus e o Espírito descer sobre Ele como uma pomba. E do céu veio uma voz: «Tu és o meu Filho muito amado, em Ti pus todo o meu agrado.» Etapa 3 Duração: 7 min. Depois de um breve momento de silêncio, o catequista convida o grupo a permanecer em recolhimento. Vai continuar a ouvir-se música meditativa que acompanha um comentário ao Evangelho. Durante a música, cada um pode ir repetindo, em silêncio, a frase “Tu és meu filho amado”. O que Deus disse a Jesus, di-lo também a nós

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Guião do áudio “Comentário a Marcos 1” O batismo revela a identidade profunda de Jesus. Jesus não reduz a sua identidade às coisas que faz ou que diz. Acima de tudo está a sua relação de amor com o Pai. No batismo de Jesus revela-se o interior e o exterior de Jesus. Revela-se a sua família verdadeira (o Espírito Santo que desce sobre Ele e o Pai que fala). Revela-se o sentido da sua missão: vai ao encontro da humanidade que precisa de renovação e que está a ser batizada. Nós somos, estamos chamados a ser, como Jesus. Fomos batizados no nome de Jesus. Somos filhos amados por Deus. Assim, amados por Deus, tornamo-nos pessoas generosas e criativas. Assim, abraçados por Jesus, superamos os medos e as inseguranças. Assim, animados pelo Espírito Santo, podemos ser fiéis aos compromissos do nosso batismo. Etapa 4 Duração: 5 min. O catequista convida a concluir este momento de oração rezando o pai-nosso. No final, faz uma avaliação com o grupo sobre o momento de oração. Identificam o que sentiram e quais as dificuldades que tiveram durante a oração.

2º encontro Anúncio da palavra Neste encontro podemos clarificar melhor o que é isso da “fé”, essa relação que se quer de alta qualidade com um Deus que nos ama.

Material Computador, projetor multimédia, colunas Cartolina 1 marcador Vídeo “Acreditar em Deus” (disponível na pen multimédia) Cartão verde e tamanho A6 (1 por participante) Cartão vermelho e tamanho A6 (1 por participante) Rebuçados (2 ou mais por participante) 2 ou 3 dentes de alhos 1 caixa com tampa embrulhada (em forma de presente) contendo os rebuçados e os alhos Canção “Meu tudo” (disponível na pen multimédia)

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Atividade: Acreditar Duração: 40 min. Etapa 1 Duração: 5 min. À vez e em voz alta, os participantes são convidados a dizerem palavras, ideias, sentimentos que, espontaneamente, associem à palavra “fé”. O catequista não deixa que haja críticas nem comentários às propostas de outros. No entanto, os catequizandos podem e devem usar as ideias dos outros como estímulo para as próprias produções. Para fazer esta chuva de ideias, o catequista pede a ajuda de um voluntário, que escreve numa cartolina, à vista de todos, o que os seus companheiros vão dizendo. Etapa 2 Duração: 5 min. O catequista apresenta o vídeo “Acreditar em Deus”. Guião do vídeo Acreditar em Deus?! O que é isso? Ao contrário do que muitos pensam, “acreditar em Deus” não é dizer que Deus existe, embora não se possa provar cientificamente. Acreditar em Deus é, acima de tudo, confiar n’Ele com a certeza de estar apoiado numa realidade segura. No Antigo Testamento há três caraterísticas fundamentais da fé: acreditar é uma opção de vida que pede confiança total em Deus; acreditar é um ato de escuta, de acolhimento, é um “sim” fiel e sem condições dado a Deus; acreditar é uma resposta livre da pessoa à iniciativa de Deus. No Novo Testamento, acreditar é ter fé em Jesus de Nazaré; Ele é o Senhor e o Filho de Deus, que nos salva com a sua Páscoa de morte e ressurreição. A fé é como uma moeda: tem sempre duas faces: confiamos em Deus e acreditamos no que Deus nos revelou sobre Si mesmo. No centro da fé está a confiança e o encontro com o Deus que ama e salva em Jesus Cristo. Mas esta confiança só tem sentido quando acolhemos a verdade sobre o Deus que nos quer felizes. Em Jesus Cristo passamos a conhecer definitivamente o rosto de Deus. Um Deus que é “família”. Que é Pai, Filho e Espírito Santo. Três pessoas diferentes, unidas pelo amor. Uma família divina que, agora, é também a nossa. Acreditar em Deus é um encontro entre o Tu de Deus, que se mostra na história, e a ­resposta livre de cada um de nós, que se confia a Ele. A fé, este diálogo entre nós e Deus, só funcionam em liberdade. “Acredito em Deus” é sinónimo de “acreditamos em Deus”. Antes da “minha” fé, está a “nossa” fé. Cada um de nós só acredita em Deus porque O descobriu na Igreja: no testemunho dos irmãos, na celebração de fé, na Palavra escrita… Mas, ao mesmo tempo, sempre que um de nós acredita, entra em comunhão com os outros que também acreditam. E por isso o “acredito” torna-se em “acreditamos”. A fé, entrar numa relação feliz de confiança em Deus, mexe com a vida. Traz consequências para o estilo de vida, para os valores, para o tipo 23


de ação da pessoa. Acreditar num Deus que é amor tem consequências. Ao acreditar n’Ele, ficamos mudados e tornamo-nos como Ele: capazes de amar como Ele. Etapa 3 Duração: 5 min. O catequista convida os participantes a, em conjunto, reconstituir os conteúdos propostos pelo vídeo. Etapa 4 Duração: 10 min. O catequista diz: “A Bíblia apresenta-nos dois grandes exemplos de fé: Abraão e Maria. Ele no Antigo Testamento e ela no Novo. Claro que na Bíblia, na história da Igreja e nas pessoas com que nos cruzamos, não faltam exemplos, pessoas que levaram a fé em Deus bem a sério. Mas vale a pena olhar com atenção para Abraão e para Maria, para crescermos com o seu exemplo.” O catequista forma grupos de trabalho com 4 a 6 elementos. Um dos grupos estudará Abraão e o outro Maria. No livro do catequizando, páginas 14 e 15, estão textos que nos apresentam essas figuras. Os grupos devem ler e dialogar os textos, completar os textos com outras informações que recordem e aprofundar os textos bíblicos propostos. No final, devem apresentar a sua figura ao resto do grupo. Etapa 5 Duração: 5 min. Os grupos são convidados a apresentar as suas conclusões. Etapa 6 Duração: 10 min. O catequista faz um ponto de situação: “Com o vídeo e com o nosso diálogo ficámos com uma ideia mais clara do que é a fé; com os exemplos de Maria e Abraão, vimos alguém que leva a fé a sério… No encontro anterior vimos como é difícil ter uma identidade madura. Será que há, hoje, maneiras de viver uma fé imatura?” Pede aos catequizandos que identifiquem manifestações de fé imatura, ou seja maneiras de viver a fé que deixam de lado alguns dos elementos essenciais definidos no vídeo “Acreditar em Deus”. Começa um diálogo livre. Sem condicionar a expressão dos participantes, o catequista estimula-os a identificar diferentes formas de imaturidade de fé que os afetam também a eles. Exemplos de fé imatura: Cristão dito “não praticante”. Uma fé que não se torna prática, que não muda a vida, é vazia. “Eu cá tenho a minha fé”. Uma fé individualista, que se fecha aos outros não tem nada a ver com o Deus de Jesus que é amor, que nos coloca em comunhão com os outros. “Deus, Buda, espíritos… é tudo mais ou menos a mesma coisa”. Esta atitude precisa seriamente de óculos; se não consegue perceber a diferença entre a imagem de Deus mostrada por Jesus e outras experiências religiosas. “Eu só acredito no que vejo”.

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Atividade: Acredito ou não Duração: 25 min. Preparação O catequista revê as notícias propostas na etapa 1 e procura outras se o julgar oportuno. O catequista coloca dentro de uma caixa elegante alguns bombons de alta qualidade embrulhados de forma desleixada e pouco atraente (etapas 2 e 3). Etapa 1 Duração: 10 min. O catequista entrega a todos os participantes dois pequenos cartões: um de cor verde e outro de cor vermelha. E explica as regras da dinâmica: O cartão verde significa “Acredito” e o cartão vermelho significa “Não acredito”; Irei ler quatro notícias que saíram na imprensa; tu deves levantar um dos cartões (verde ou vermelho) conforme acreditas ou não na notícia apresentada. O catequista regista as opções dos participantes, apontando o número de votos verdes e vermelhos por notícia lida. No final, o catequista indica as notícias que são verídicas e verifica o número de votos verdes. Exemplos de notícias: O catequisa pode recolher outras mais recentes ou mais interessantes. Notícia 1 Quando a última loja da McDonalds encerrou na Islândia, em 2009, H. Smárason comprou um hambúrguer e um pacote de batatas fritas. Mas não o comeu. Depois de ter guardado o hambúrguer na garagem durante três anos, Smárason decidiu doá-lo ao Museu Nacional da Islândia. Mas foi só depois de um especialista dinamarquês ter dito à equipa do museu que não era possível preservar algo do género – o que Smárason contrariou, uma vez que o hambúrguer se “preserva a si mesmo” – que este foi levado para uma estalagem dos amigos do homem que decidiu comprar o último cheeseburguer com selo McDonald’s do país. (notícia “Não há McDonalds na Islândia. Último hambúrguer é peça de museu” in Diário de Notícias, 02 de novembro de 2019 (adaptado) https://www.dn.pt/mundo/nao-ha-mcdonalds-na-islandia-ultimo-hamburguer-e-peca-de-museu-11473645.html)

Notícia 2 O dono de um bed & breakfast encontrou no seu estabelecimento um diário bastante antigo intitulado “Razões porque gosto de salada”. O diário continha 40 páginas onde estavam descritas as diversas razões pelas quais a salada era algo absolutamente incrível. (notícia “As histórias (mais loucas e insólitas) de empregados de hotel” in Sapo Lifestyle, 8 de agosto de 2016 (adaptado) https://lifestyle.sapo.pt/vida-e-carreira/noticias-vida-e-carreira/fotos/as-historias-mais-loucas-e-insolitas-de-empregados-de-hotel)

Notícia 3 Walt Disney, criador do rato mais famoso do mundo e de um império de entretenimento infantil, está, há 52 anos, congelado à espera do momento em que os avanços científicos permitirão devolvê-lo à vida. (notícia “Walt Disney foi congelado: a origem de uma mentira que convenceu meio mundo” in El País (Brasil), 15 de dezembro de 2019 (adaptado) https://brasil.elpais.com/icon/2019-12-15/walt-disney-foi-congelado-a-origem-de-uma-mentira-que-convenceu-meiomundo.html)

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Notícia 4 Drogba, um ex-futebolista marfinense, pôs fim à guerra civil da Costa do Marfim, que ocorreu entre 2002 e 2007. No final de uma partida de futebol, durante as eliminatórias da Copa de 2006, Drogba e os seus colegas pediram publicamente, e pela televisão, o fim do conflito, e, depois disso, houve um cessar-fogo. A partida seguinte foi disputada numa cidade controlada pelos rebeldes, que convidaram o Governo para ajudar a manter a ordem durante o evento. (notícia “Algumas histórias pessoais que parecem mentira e são verdade (sério)” in El País (Brasil), 27 de setembro de 2014 (adaptado) https://brasil.elpais.com/brasil/2014/09/27/tecnologia/1411843717_873255.html)

SOLUÇÕES: verídicas: 1, 2 e 4; falsas: 3 Etapa 2 Duração: 4 min. O catequista apresenta uma caixa embrulhada. Na realidade, dentro da caixa estão alguns saborosos bombons, mal embrulhados. Mas o catequista, com manha, vai convencendo os participantes que há dentes de alho. O catequista pergunta: “O que haverá dentro desta caixa?”. Com criatividade, suscita a curiosidade dos catequizandos. Pode acrescentar: “É algo de que gostam muito de comer”. Vai dando resposta às perguntas que possam aparecer: encontra-se no supermercado, na feira, na cozinha, serve para temperar, é bom para a saúde (combate a gripe, fortalece os ossos, protege o coração, controla a glicose do sangue), etc… Se, entretanto, os participantes não chegarem à palavra ALHO, o catequista dá a resposta. Nota para o catequista: o catequista nunca diz que são rebuçados. Etapa 3 Duração: 6 min. Com a caixa tapada em cima da mesa, o catequista diz “Tendo em conta as caraterísticas do ALHO, quem se oferece para desembrulhar o presente, retirar um dente de alho e comê-lo?”. Se vários participantes se voluntariarem, escolhe um. Se ninguém se voluntariar, a tarefa será realizada pelo catequista. Depois de comer o rebuçado, diz: “Não viram como é bom o alho, mas, mesmo assim, vou distribuir apenas um, aposto que irão querer mais”. (Esperar para ver a reação de alguém). Pede que cada um venha à caixa tirar um alho (neste caso, o rebuçado). Nota importante: quando a caixa for aberta pelo voluntário, ter o cuidado que os restantes participantes não vejam o seu conteúdo. Se os restantes participantes se aperceberem, o catequista deverá comunicar ao voluntário para mostrar o alho mas, quando voltar a colocar as mãos na caixa, ao invés de descascar o alho deverá desembrulhar um rebuçado e comê-lo. Etapa 4 Duração: 5 min. O catequista pede a todos que abram as suas bíblias em Jo 20, 24-29 e pede um voluntário para ler a passagem. Tomé, um dos Doze, a quem chamavam o Gémeo, não estava com eles quando Jesus veio. Diziam-lhe os outros discípulos: «Vimos o Senhor!» Mas ele respondeu-lhes: «Se eu não vir o sinal dos pregos nas suas mãos e não meter o meu dedo nesse sinal dos pregos e a minha mão 26


no seu peito, não acredito.» Oito dias depois, estavam os discípulos outra vez dentro de casa e Tomé com eles. Estando as portas fechadas, Jesus veio, pôs-se no meio deles e disse: «A paz seja convosco!» Depois, disse a Tomé: «Olha as minhas mãos: chega cá o teu dedo! Estende a tua mão e põe-na no meu peito. E não sejas incrédulo, mas fiel.» Tomé respondeu-lhe: «Meu Senhor e meu Deus!» Disse-lhe Jesus: «Porque me viste, acreditaste. Felizes os que crêem sem terem visto!» No final da leitura, o catequista pergunta que relação encontram entre o texto bíblico que escutámos e a dinâmica do bombom/alho. A resposta é óbvia: em ambas as situações, acreditar (em Jesus; que o que se iria comer era bom) traz consigo um risco. Tudo indicava que Jesus continuava morto; tudo indicava que o alimento oferecido era desagradável. Pergunta ao(s) voluntário(s) o que o(s) levou a ter coragem para arriscar, sabendo que o(s) outro(s) não o fizeram. Depois, conclui dizendo: “Nesta passagem vimos algo semelhante ao que aconteceu com a caixa de alho e rebuçados. S. Tomé, mesmo conhecendo Jesus, não acreditou no que os discípulos disseram. Da mesma forma como Tomé precisou de ver para acreditar, tu precisaste de ver a caixa para ver que continha, também, algo muito saboroso”.

Atividade: Rezar a fé Duração: 20 min. Etapa 1 Duração: 5 min. O catequista pede aos participantes que abram o livro do catequizando, página 16, para acompanharem a canção “Meu tudo”. Canção “Meu tudo” (L: Beata Teresa de Calcutá, Pe. Marco Luís e Henrique Medeiros da Silva; M: Ana Júlia e Henrique Medeiros da Silva; CD Meu tudo, Terceira Margem)

Há muito que Te conheço entraste na minha vida grande dom que não mereço, mas Te canto agradecida. Os de longe e os de perto perguntam quem és, Senhor Canto que és a Verdade, quem dá a vida e cura a dor. Pois só em Ti eu encontro o que tem mais valor. É a tua paz, é o teu Amor. Eu nunca pensei ser tão feliz assim. Já não sou eu que vivo, és Tu que vives em mim. Em tudo, Jesus és o meu tudo Dizer quem és Tu, Senhor leva-me a ficar mudo e olhando para Ti digo: “Tu és o meu tudo!” Pois só em Ti eu encontro o que tem mais valor. É a tua paz, é o teu Amor. Eu nunca pensei ser tão feliz assim. Já não sou eu que vivo, és Tu que vives em mim. 27


Em tudo, Jesus és o meu tudo No trabalho e na escola: Jesus és o meu tudo até no que pede esmola: Jesus és o meu tudo em quem ri e em quem chora: Jesus és o meu tudo no amigo que me consola: Jesus és o meu tudo. Em tudo, Jesus és o meu tudo Etapa 2 Duração: 4 min. O catequista convida cada participante a escolher e sublinhar a frase que melhor descreve a sua situação de fé. Etapa 3 Duração: 6 min. Cada participante deverá ler a frase que escolheu, justificando a sua opção caso se sinta à vontade para tal. Etapa 4 Duração: 5 min. Para concluir o encontro, o catequista pede aos participantes que abram o livro do catequizando, página 16, para rezarem, em conjunto, a oração “Eu creio”. Oração “Eu creio” Deus, Pai, santo eu acredito em Ti e sei que me amas.

Espírito de amor eu me entrego a Ti e sei que me dás força e coragem. Amen.

Jesus, filho amado, eu confio em Ti e sei que me ajudas a amadurecer.

NOTA: o catequista pede aos participantes que, para o próximo encontro, tragam a vela e as vestes do seu batismo.

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3º encontro Anúncio da palavra Esta relação amorosa com Deus, a fé, ajuda-nos a construir uma identidade renovada.

Material 1 apito Cartões A5 com palavras relacionadas com o batismo (alicerce, graça, crescimento, vida, nova, libertos, filhos, água, mergulhar, nascimento, luz, nascente, fontes, purifica, revestir, caminho, iniciação, branco, fé…) a preparar pelo catequista. 1 folha de papel A4 (por participante) Cartões A6 sobre o batismo (disponíveis na pasta de apoio) 1 caneta (por participante) Alfinetes Post-its coloridos Cópias do guião de oração (atividade “Renovar as promessas do batismo”); pdf disponível no site de apoio ligacoes.net Água benta na pia batismal Símbolos baptismais: óleos santos, água, vela, veste branca

Atividade: O meu nome é crist...ão Duração: 50 min. Preparação O catequista prepara a sala afastando mesas e cadeiras, criando um amplo espaço livre. Debaixo de algumas das cadeiras esconde os cartões com frases sobre o batismo. Etapa 1 Duração: 5 min. O catequista convida os participantes a circular livremente pela sala, sem se juntarem, e sussurrando o seu nome. Quando ouvirem o apito deverão estar atentos ao número de sons produzidos: 1. Ao som de 1 apito, parar e ficar em silêncio; 2. Ao som de 2 apitos, continuar a movimentar-se pela sala, dizendo o seu nome, cada vez mais alto. Os movimentos deverão seguir o ritmo das sílabas que compõem o seu nome. Este movimento deve abranger todo o corpo: braços, cabeça, ombros, mãos, anca, pernas, etc; 3. Ao som de 3 apitos, prosseguir com os gestos do seu nome, mas, desta vez, sem qualquer ruído. Antes de começar, o catequista exemplifica.

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Etapa 2 Duração: 4 min. O catequista diz: “Todos temos direito a um nome, a sermos nós mesmos. Mas hoje há multidões que não têm nome. São doentes, idosos, menores da rua, drogados… que, apesar de terem nome, são vistos como se o não tivessem. Não existem para a cultura dominante, que só reconhece o nome a quem produz e tem sucesso. E depois há tantas outras pessoas que optaram por não ter identidade. Até podem ter um nome no cartão de cidadão! Mas perderam as suas raízes, deixaram de querer construir a sua história. Optaram porque fossem outros a controlar o seu nome. Diante desta situação, nós escutamos a leitura que Deus faz destes factos.” Convida os catequizandos a abrir as suas bíblias em Isaías 43, 1 e pede um voluntário para ler em voz alta. E agora, eis o que diz o Senhor, o que te criou, ó Jacob, o que te formou, ó Israel: «Nada temas, porque Eu te resgatei, e te chamei pelo teu nome; tu és meu. Etapa 3 Duração: 6 min. O catequista explica: “O nosso nome faz parte da nossa história. Desde pequenos que nos habituamos a responder sempre que chamam pelo nosso nome. Na Bíblia, todos os nomes têm um significado. Por exemplo, Jesus quer dizer ‘Deus salvador’, João é ‘Deus favorável’…” De seguida, entrega a todos os participantes uma folha de papel A4 e uma caneta e ­pede-lhes que façam um desenho que represente o significado que gostariam que o seu nome tivesse. Por exemplo: Solange = “sol que brilha”; Marcos = “marcador de golos”. Quando todos tiverem terminado, o catequista afixa os desenhos, de modo que todos possam ver os nomes dos companheiros e o seu significado. Etapa 4 Duração: 10 min. Depois de terem visto os desenhos dos colegas, os participantes recolhem a sua folha e penduram-na ao peito. Enquanto isso, e num lugar central, o catequista coloca pequenos cartões escritos com palavras ligadas ao batismo. Deve ser uma quantidade elevada e, se possível, sem repetições. Cada catequizando escolhe um dos cartões e junta-o à folha com o seu nome. Depois, deverão organizar-se, de modo a formarem frases e raciocínios com sentido, envolvendo os seus nomes (com os significados que lhes atribuíram) e as palavras escritas nos cartões. Apresentam as suas “frases” ao grupo grande. Etapa 5 Duração: 15 min. Com o grupo serenado e todos os participantes sentados, o catequista diz: “O batismo faz a ponte entre a questão da fé e a questão da identidade, do nosso nome. Além de ­recebermos o nosso nome próprio, recebemos um outro nome, o de cristãos. Passamos a ser um Cristo grande. É em nome de Jesus Cristo que somos ungidos e batizados.” De seguida, informa que há um conjunto de outras afirmações sobre o Batismo que estão escondidas debaixo das cadeiras da sala e pede aos participantes que as encontrem. 30


Quando os seis cartões com informações sobre o Batismo tiverem sido encontrados, deverão ser lidos e comentados em grande grupo. Cartões 1. O Batismo é o primeiro sacramento. É o sacramento que nos abre para uma vida nova em Cristo. Os baptizados são gente nova “revestida de Cristo” (Gal 3, 27). 2. O Batismo concede-nos o Espírito Santo. Nós, como Jesus no seu batismo, recebemos o Espírito para realizar hoje a mesma missão de Jesus. É o Espírito que revela a Jesus a sua identidade profunda, o seu projeto de vida, a sua missão (Lc 4, 14). 3. O Batismo é um sacramento de comunidade. Por meio dele todos fazemos parte da comunidade que é a Igreja (1Cor 12, 13). 4. O Batismo é o sacramento da fé. Pela fé, aderimos de forma livre e consciente a Deus e ao seu projeto (Act 2, 41). 5. O sacramento do Batismo faz de cada cristão um sacramento, um sinal, de Deus, onde quer que estejamos. Viver como batizados é assumir uma identidade totalmente comprometida com o projeto de Deus. Somos pedras vivas do templo de Deus: testemunhas vivas que constroem justiça, solidariedade, fraternidade, alegria em todos os ambientes onde estamos (1Pe 2, 1-10). 6. O Batismo associa-nos à tarefa missionária da Igreja (Mt 28, 19-20). Etapa 6 Duração: 5 min. O catequista pede aos participantes que se agrupem em pares e dá um post-it e uma caneta a cada par. De seguida, convida-os a explicar, por palavras suas, e de forma muito simples, em que consiste este sacramento, imaginando que o estão a explicar a um colega que não seja (muito) praticante e que não tenha a mesma formação que eles. Etapa 7 Duração: 5 min. À vez, cada par apresenta o que escreveu nos seus post-it.

Atividade: Renovar as promessas do batismo Duração: 35 min. Preparação O ideal é fazer esta atividade na igreja, junto à pia baptismal. Ali estarão alguns símbolos batismais: óleo, água, vela e veste batismal. No encontro anterior foi pedido aos participantes para trazerem a vela e a veste branca do seu baptizado. Que haja tantas cadeiras quanto o número de participantes. É importante ensaiar bem os leitores. Etapa 1 Duração: 5 min. O catequista pede aos participantes que escolham uma cadeira e coloquem nela os objetos que trouxeram e o cartão com o seu nome. Depois, pede-lhes que abram o livro do catequizando, página 16, para recordarem e cantarem o canção do 2º encontro intitulado “Meu tudo”. 31


Etapa 2 Duração: 30 min. O catequista entrega a cada participante uma cópia do guão de oração. Guião de oração “Renovar as promessas do batismo” Leitor 1: A maioria de nós foi batizada sem ter tido voto na matéria. Os nossos pais e padrinhos resolveram partilhar connosco a sua fé. ­Tomaram essa decisão por nós para o nosso bem. Fizeram-no a respeito da fé como a respeito de tantas outras coisas fundamentais para a nossa qualidade de vida: o que comemos, o que vestimos, ir ao médico… Mas hoje, que somos responsáveis pelo rumo que damos à nossa vida, pela identidade que queremos assumir, é inevitável a pergunta: queremos assumir pessoalmente a decisão que, no passado, outros tomaram em nosso nome? Catequista: No dia do vosso batismo fostes marcados com o sinal da cruz como profecia da fé que iria crescer em nós. Hoje começamos esta celebração com o mesmo sinal da salvação e da fé. É um sinal poderoso. Que liga o nosso nome, o nosso ser, ao ser de Deus. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Todos: Ámen. Catequista: O Senhor que nos chamou à vida e à fé esteja convosco. Todos: Ele está no meio de nós. Leitor 2: Evangelho segundo S. João (Jo 3, 1-16) Entre os fariseus havia um homem chamado Nicodemos, um chefe dos judeus. Veio ter com Jesus de noite e disse-lhe: «Rabi, nós sabemos que Tu vieste da parte de Deus, como Mestre, porque ninguém pode realizar os sinais portentosos que Tu fazes, se Deus não estiver com ele.» Em resposta, Jesus declarou-lhe: «Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer do Alto não pode ver o Reino de Deus.» Perguntou-lhe Nicodemos: «Como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura poderá entrar no ventre de sua mãe outra vez, e nascer?» Jesus respondeu-lhe: «Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus. Aquilo que nasce da carne é carne, e aquilo que nasce do Espírito é espírito. Não te admires por Eu te ter dito: ‘Vós tendes de nascer do Alto.’ O vento sopra onde quer e tu ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem nem para onde vai. Assim acontece com todo aquele que nasceu do Espírito.» Nicodemos interveio e disse-lhe: «Como pode ser isso?» Jesus respondeu-lhe: «Tu és mestre em Israel e não sabes estas coisas? Em verdade, em verdade te digo: nós falamos do que sabemos e damos ­testemunho do que vimos, mas vós não aceitais o nosso testemunho. Se vos falei das coisas da terra e não credes, como é que haveis de crer quando vos falar das coisas do Céu? Pois ninguém subiu ao Céu a não ser aquele que desceu do Céu, o Filho do Homem. Assim como Moisés ergueu a serpente no deserto, assim também é necessário que o Filho do Homem seja erguido ao alto, a fim de que todo o que nele crê tenha a vida eterna. Tanto amou Deus o mundo, que lhe entregou o seu Filho Unigénito, a fim de que todo o que nele crê não se perca, mas tenha a vida eterna. 32


Breve momento de silêncio. Catequista: Agora queremos recordar os sinais do nosso batismo. Fazemo-lo na presença do Senhor, pedindo-Lhe que nos ajude a assumir uma identidade marcada pela fé, em cada um dos nossos dias. À medida que vai referindo os diferentes ritos e objetos, o catequista vai-os mostrando. yyO nome. Na cerimónia do batismo, perguntaram aos nosso pais qual era o nosso nome. E o nosso nome cruzou-se com o de Jesus (que quer dizer “Deus salva”). E trazemos para aqui o nosso nome, a nossa identidade. yyO sinal da cruz. Os nossos pais e padrinhos fizeram na nossa testa o sinal da cruz. Fomos marcados com este sinal do grande amor de Deus. yyO óleo: o sacerdote que nos batizou ungiu-nos com o óleo do crisma para que pudéssemos escutar e anunciar a palavra de Deus. A unção que recebemos é sinal da força de Cristo que nos ajuda a libertar de todas as manipulações que nos impedem de assumir a nossa verdadeira vocação e identidade. yyA água: é o símbolo da pureza, da vida nova que Deus nos deu em Jesus o seu Filho. yyA vela: quando fomos batizados os nossos pais acenderam a vela no círio pascal, símbolo de Cristo ressuscitado. Por isso a nossa vida é um caminho de crescimento iluminado pela luz da fé. Mas é também um apelo a que a nossa vida seja transparência dessa luz de Cristo nos nossos gestos e nas nossas palavras. yyA veste branca: no final do batismo recebemos uma veste branca. É um sinal que desde o batismo estamos revestidos de Cristo. N’Ele nos tornamos uma nova criatura, cheios da sua beleza e da sua verdade. Breve momento de silêncio. Se necessário ou conveniente, pode-se dialogar sobre algum destes gestos e sinais do batismo. Catequista: Com o batismo associamos as nossas vidas ao mistério pascal de Cristo: fomos sepultados com Ele na morte e com Ele renascemos para uma vida nova. Hoje renovamos as promessas do nosso batismo. Renunciamos ao mal e às suas obras e apostamos em viver a fé na companhia dos nossos irmãos que fazem a Igreja. Catequista: Renuncias a Satanás? Todos: Sim, renuncio. Catequista: E a todas as suas obras? Todos: Sim, renuncio. Catequista: E a todas as suas seduções? Todos: Sim, renuncio. Catequista: Acreditas em Deus, pai omnipotente, criador do céu e da terra? Todos: Sim, acredito. Catequista: Acreditas em Jesus Cristo, seu único filho, nosso Senhor, que nasceu da Virgem Maria, morreu e foi sepultado, ressuscitou dos mortos e está à direita do Pai? 33


Todos: Sim, aacredito. Catequista: Acreditas no Espírito Santo, na Santa Igreja Católica, na comunhão dos santos, na remissão dos pecados, na ressurreição da carne e na vida eterna? Todos: Sim, acredito. Catequista: Esta é a nossa fé. Esta é a fé da Igreja que nós temos orgulho em professar em Jesus Cristo nosso Senhor. Todos: Ámen. Catequista: Façamos um momento de silêncio e oração individual por forma a tomarmos consciência da dignidade e responsabilidade que é ser batizado. Catequista: Professemos a nossa Fé. Cada um deve aproximar-se da água e exprimir, em voz alta, a sua profissão de fé, mergulha a mão na água e fazendo o sinal da cruz, à medida que diz o texto que se encontra no livro do catequizando, página 18: yyEu, NN, hoje afirmo diante de vós a minha fé e agradeço ao Senhor por ter sido batizado em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. No final, todos juntos dizem: Todos: Somos mais do que diz o nosso cartão de cidadão. Somos até mais do que os nossos sonhos, projetos, fracassos e ­sucessos. O nosso eu verdadeiro, a nossa identidade renovada, é que somos filhos de Deus. Filhos como Cristo e filhos em Cristo. Amados pelo Pai na totalidade do que somos. Animados com o fogo enérgico do Espírito Santo. Ámen. Pode-se terminar com o Canção “Meu tudo” que se encontra no livro do catequizando, página 16.

4º encontro Expressão de fé O que é que isso do batismo importa? Como podemos viver em cada dia a experiência de sermos amados e transformados?

Material Computador, colunas Áudio “Meditações guiadas para jovens - Baptismo” (disponível na pen multimédia) 3 cartolinas brancas 6 tiras de papel com cada uma das perguntas da atividade “O batismo de Jesus” Post-it (6 por participante) Música de fundo “fundo02” (disponível na pen multimédia) 1 tubo de cola 1 almofada para carimbos

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Atividade: O batismo de Jesus Duração: 55 min. Etapa 1 Duração: 4 min. O catequista convida os participantes a uma atitude de escuta orante com estas palavras: “Nos últimos encontros temos falado e pensado sobre temas importantes: a identidade, a fé, o batismo… Hoje queremos fazer a síntese do caminho feito. Não nos interessa uma síntese de ideias, teórica. Queremos encontrar uma harmonia interior, no nosso coração, entre a construção da nossa identidade e a experiência da fé. Para isso, podemos ler o nosso batismo à luz do batismo de Jesus.” Depois convida-os a abrirem o livro do catequizando, página 19, para iniciarem o encontro com uma oração conjunta: Oração “Ajuda-nos a escutar o chamamento do nosso baptismo” Senhor Jesus, estamos aqui, numa atitude orante para sentirmos como Tu sentiste o que é ser filho amado por Deus. Para descobrir que a nossa identidade mais verdadeira é a mesma que a tua. Ajuda-nos a escutar o chamamento do nosso batismo. Ajuda-nos a viver em cada dia como batizados, como filhos animados pelo amor do Pai. Ámen. Etapa 2 Duração: 6 min. O catequista convida os participantes cada um a fazer silêncio e a dispor-se a uma escuta acolhedora da Palavra de Deus. Pede que abram as suas bíblias em Mateus 3, 1-17 e distribui a leitura por 3 leitores: Leitor 1: Mt 3, 1-6 Naqueles dias, apareceu João, o Batista, a pregar no deserto da Judeia. Dizia: «Convertei-vos, porque está próximo o Reino do Céu.» Foi deste que falou o profeta Isaías, quando disse: Uma voz clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas. João trazia um traje de pêlos de camelo e um cinto de couro à volta da cintura; alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre. Iam ter com ele os de Jerusalém, os de toda a Judeia e os da região do Jordão, e eram por ele batizados no Jordão, confessando os seus pecados. Leitor 2: Mt 3, 7-12 Vendo, porém, que muitos fariseus e saduceus vinham ao seu batismo, disse-lhes: «Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da cólera que está para vir? Produzi, pois, frutos dignos de conversão e não vos iludais a vós mesmos, dizendo: ‘Temos por pai a Abraão!’ Pois, digo-vos: Deus pode suscitar, destas pedras, filhos de Abraão. O machado já está posto à raiz das árvores, e toda a árvore que não dá bom fruto é cortada e lançada no fogo. Eu batizo-vos com água, para vos mover à conversão; mas aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu e não sou digno de lhe

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descalçar as sandálias. Ele há-de batizar-vos no Espírito Santo e no fogo. Tem na sua mão a pá de joeirar; limpará a sua eira e recolherá o trigo no celeiro, mas queimará a palha num fogo inextinguível.» Leitor 3: Mt 3, 13-17 Então, veio Jesus da Galileia ao Jordão ter com João, para ser bptizado por ele. João opunha-se, dizendo: «Eu é que tenho necessidade de ser baptizado por ti, e Tu vens a mim?» Jesus, porém, respondeu-lhe: «Deixa por agora. Convém que cumpramos assim toda a justiça.» João, então, concordou. Uma vez batizado, Jesus saiu da água e eis que se rasgaram os céus, e viu o Espírito de Deus descer como uma pomba e vir sobre Ele. E uma voz vinda do Céu dizia: «Este é o meu Filho muito amado, no qual pus todo o meu agrado.» Etapa 3 Duração: 20 min. O catequista faz escutar o áudio “Meditações guiadas para jovens – Batismo”. Guião do áudio: Hoje, vais entrar no sossego do teu espaço interior e encontrar Jesus na tua imaginação. Primeiro, vamos começar com alguns exercícios respiratórios. Quando eu disser, tenta inspirar e expirar pelo nariz muito suavemente. Fecha os olhos e coloca-te numa posição confortável. A seguir, vais relaxar o teu corpo por inteiro. Inspira profundamente... retém o ar... expira lentamente, deixando sair o ar totalmente. Inspira profundamente... sustém a respiração... deita fora o ar lentamente, completamente. Começa por descontrair os pés e os tornozelos. Agora, relaxa as pernas... agora as ancas. Não te esqueças de manter o mesmo ritmo de respiração. Relaxa os músculos do a ­ bdómen... agora o tórax... Relaxa. Sente os braços a ficarem pesados... descontrai os pulsos... as mãos... agora os dedos... Continua a respirar profundamente e lentamente. Agora, descontrai os ombros. Liberta os ombros de toda a tensão... Relaxa o pescoço... agora os músculos do rosto... a testa... e agora as pálpebras... Descontrai-te. Inspira profundamente... retém o ar... expira lentamente, deita fora o ar todo. (Pausa.) Estás sentado, descalço, na margem relvada de um rio. O sol brilhante que ilumina tudo à tua volta aquece-te. O céu é de um azul forte. Há umas nuvens bonitas lá longe. Estás deitado de costas. Durante um bocado vês as nuvens a flutuar, vagarosamente. Isto aqui é muito pacífico. Fechas os olhos e sentes o calor do sol na tua cara. Ouves o som da corrente de água a descer com força. Consegues ouvir também alguns pássaros a piar. Descontrais-te ao sentires a relva verde debaixo dos teus pés descalços. Um barulho perto de ti acorda-te e leva-te a abrir os olhos. Sentas-te e proteges os olhos do sol. Começas a ver a figura calma, paciente de um homem em pé não muito longe de ti. Reconheces aquela barba e aqueles olhos simpáticos e percebes que aquele homem é Jesus. Ele sorri à medida que se aproxima e se senta perto de ti. Ele parece divertido com a cara de surpresa que fazes quando Ele te saúda pelo teu

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nome. Escuta a tua voz a responder à sua saudação. Repara em como te sentes ao estar com Jesus. Ouve-O dizer-te que está contente por ter este tempo contigo e que há coisas que Ele quer conversar contigo. Olhas para Jesus quando Ele vira o olhar para o rio. Ele diz-te que a água lhe lembra o seu primo João que o batizou no rio Jordão. Há ternura na sua cara e na sua voz quando Ele fala de João. Ouve Jesus falar-te do seu próprio batismo e de aonde o batismo O levou. Ouve Jesus partilhar contigo alguns dos pontos altos da sua vida... e de como ele respondeu ao chamamento do seu batismo... de como o renascer pela água e pelo Espírito o levou a arriscar a sua vida em favor de outros. (Pausa.) Agora, Jesus olha para os teus olhos com uma enorme esperança e confiança em ti. E ­ scuta-O pedir-te para renovares os teus compromissos batismais. Confia n’Ele à medida que Ele te recorda que estará sempre contigo. Juntos dialogam sobre o que significa viver o batismo a sério. Tu falas de aspectos da tua vida que estão a precisar de mudança ou de melhorias. Talvez fales das tuas relações com os outros... ou de coisas que fizeste e de que não estás orgulhoso... ou de coisas que poderias ter feito e não fizeste... Partilha com Jesus tudo aquilo que te impede de viver a sério como um cristão comprometido. (Pausa.) Agora, Jesus pergunta-te que coisas de valor fizeste recentemente. Ele pede-te que Lhe fales das vezes em que O seguiste verdadeiramente. (Pausa.) Escuta Jesus agradecer-te pela tua bondade. Ouve-O quando Ele te fala de todo o bem que podes fazer em seu nome. Repara nos teus sentimentos quando Jesus te diz isto. (Pausa.) Jesus pede-te que digas os nomes das pessoas que te podem ajudar a aprofundar a tua fé e a segui-lO mais de perto. Fala a Jesus das pessoas na tua vida a quem podes pedir apoio espiritual. Escuta a resposta de Jesus a respeito das tuas escolhas e o empenho que Ele põe em que te tornes um membro activo na tua comunidade. (Pausa.) Jesus levanta-se e inclina-se para te estender uma mão. Ele puxate para ficares de pé ao lado d’Ele. Repara na tua reacção quando Jesus te convida a entrar na água para seres renovado. Segue Jesus. Ao aproximares-te do rio, começas a sentir a areia debaixo dos teus pés. Sorriem um ao outro quando sentes o primeiro impacto da água fria a ­correr entre os tornozelos. Avanças até aos joelhos e paras. Jesus coloca as suas mãos em forma de cálice, dobra-se e mergulha as suas mãos na água. Os seus olhos brilham de entusiasmo enquanto derrama a água fresca sobre a tua cabeça. Ele reza por ti. Ouve-O a rezar. (Pausa.) Há uma pausa quando Jesus termina a sua oração. Jesus não se mexe. Parece estar à espera que algo aconteça. A sua cabeça continua curvada. Então, uma voz, potente mas gentil, enche o ar. A voz fala diretamente para ti e parece rodear-te por todos os lados quando proclama: “Este é o meu filho amado, em quem pus o meu amor.” Fica quieto. Deixa que esta palavra te penetre. Foi uma palavra dirigida a ti, sobre ti. (Pausa.) Jesus coloca as suas mãos sobre a tua cabeça. Sente o peso das suas mãos enquanto Ele te abençoa. Despedem-se um do outro. Recorda o que Jesus te diz enquanto tu te preparas para partir. Jesus vira-te

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para a margem. Ficas surpreendido ao ver pessoas à espera que saias da água. São pessoas que te amam e que se preocupam com a tua fé. É com elas que podes contar para te ajudarem a viver o teu compromisso batismal. Olha para os seus rostos. Estás surpreendido por ver alguém ali? (Pausa.) Voltas-te para olhar para Jesus, que está a sorrir para ti. Os seus ­braços rodeiam os teus ombros. Calmamente, ele diz o teu nome e “Eu amo-te”. Responde às suas palavras. (Pausa.) Agora vai ter com as pessoas que estão à tua espera com o seu apoio. Gasta algum tempo a saudá-las e a agradecer-lhes pelo que são na tua vida. (Pausa.) Inspira profundamente... retém o ar... expira lentamente, deitando o ar para fora completamente. Outra vez... Inspira profundamente... retém o ar... deita fora o ar lentamente, completamente. Quando te sentires preparado, podes abrir os olhos. Etapa 4 Duração: 15 min. O catequista pede aos participantes que se sentem em meia lua e entrega 6 post-it a cada um. À sua frente estarão afixadas as 3 cartolinas divididas em 2 colunas cada (sem as ­perguntas). O catequista terá consigo as 6 perguntas em tiras individuais, lê a pergunta 1. E, enquanto os participantes escrevem as suas respostas, deverá colá-la na respetiva coluna. Depois pede que cada um partilhe com o grupo a sua resposta e a cole na coluna respetiva. Procedem de igual forma para as restantes perguntas. Perguntas: 1. O que senti quando Jesus me pediu para renovar o meu compromisso batismal? 2. Que áreas da minha identidade estão a precisar de uma qualidade renovada para viver com fidelidade o meu Batismo? 3. Quais foram as pessoas que eu indiquei a Jesus que me poderiam ajudar a viver a minha vida e a minha fé com mais qualidade? 4. O que senti quando Jesus me levou até ao rio? 5. O que disse Jesus na sua oração quando derramava água sobre a minha cabeça? 6. O que senti quando escutei a voz que dizia “és o meu filho amado…”? Exemplo das cartolinas (sem as perguntas, pois serão colocadas à medida que são ditas) O que senti quando Jesus me pediu para renovar o meu ­compromisso ­batismal?

Que áreas da minha identidade estão a p­ recisar de uma ­qualidade renovada para viver com ­fidelidade o meu Batismo?

Quais foram as ­pessoas que eu ­indiquei a Jesus que me poderiam ajudar a viver a minha vida e a minha fé com mais ­qualidade?

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O que senti quando Jesus me levou até ao rio?

O que disse Jesus na sua oração quando derramava água sobre a minha cabeça?

O que senti quando escutei a voz que dizia “és o meu filho amado…”?


Etapa 5 Duração: 10 min. O catequista convida a fazer uma oração em grupo. Faz ouvir música de fundo que ajude ao recolhimento. O catequista explica que irá começar com uma frase (por exemplo: “Fomos batizados em teu nome, Senhor”). Quem quiser, continua a oração começando com a última palavra do anterior (exemplo: “Senhor, tu és o meu refúgio”; “Refúgio onde me abrigo…”). O catequista sublinha que o importante é rezarmos juntos. Que cada um coloque o seu coração em comunhão com Deus e não se preocupe com o cumprimento das regras ou o uso das palavras “certas”. Não se pretende rapidez.

Atividade: O meu novo C.C. Duração: 26 min. Etapa 1 Duração: 10 min. O catequista relembra a atividade “Autor de mim” realizada no 1º encontro, sobre o Cartão de Cidadão. Para isso, pede aos participantes que recordem (de forma breve) as respostas dadas às questões “O que é necessário para descrever a identidade de uma pessoa?” e “O que falta nesta lista para mostrar quem somos realmente?”. Depois, e tendo em conta os temas desenvolvidos ao longo dos encontros anteriores (Identidade, Fé e Batismo), o catequista promove um diálogo a partir das seguintes questões: 1. Depois das experiências e partilhas que temos feito ao longo desta catequese, o que é que aprendemos de fundamental? Ou, dito de outra forma, se pudéssemos refazer o nosso cartão de cidadão, como o faríamos? 2. Em particular, quais os desafios e recursos que identificámos para assumirmos uma identidade de cristãos a sério?” Etapa 2 Duração: 8 min. De seguida, o catequista convida a ler, no livro do catequizando, página 19, o que o Papa Francisco disse: «(...) o amor é o bilhete de identidade do cristão, é o único «documento» válido para sermos reconhecidos como discípulos de Jesus. O único documento válido. Se este documento perde a validade e não se volta a renová-lo, deixamos de ser testemunhas do Mestre. Por isso vos pergunto: Quereis acolher o convite de Jesus para ser seus discípulos? Quereis ser seus amigos fiéis? O verdadeiro amigo de Jesus ­distingue-se essencialmente pelo amor concreto; não um amor «nas nuvens», não; o amor concreto que brilha na sua vida. O amor é sempre concreto. Quem não é concreto e fala de amor, faz uma telenovela, um romance televisivo. Quereis viver este amor que Ele nos dá? Quereis ou não? Procuremos então frequentar a sua escola, que é uma escola de vida, para aprender a amar. E este é um trabalho de todos os dias: aprender a amar.» Papa Francisco (in homilia do Jubileu Extraordinário da Misericórdia – Jubileu dos Adolescentes 2016)

Depois, pede aos participantes que abram o seu livro do catequizando, página 20, e completem individualmente o seu CC = CARTÃO DO CRISTÃO 39


Etapa 3 Duração: 8 min. O catequista pede aos participantes que partilhem os seus C.C.. Depois das partilhas, o catequista pede que cada um coloque o seu dedo indicador na almofada para carimbos e, no espaço dedicado à impressão digital, deverão fazer um coração pressionando o dedo em 2 direções distintas, e dizendo: Eu, NN, hoje afirmo diante de vós a minha fé em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Etapa 4 Duração: 4 min. Para finalizar o encontro, o catequista pede aos participantes que abram o seu livro do catequizando, página 21, e escutem e cantem a canção “Ser mais”: Canção “Ser mais” (Original: Banda Jota, CD Amen, Edições Salesianas)

Faz-te pequeno para amar na humildade, vais notar que o amor mais amor faz-te mais forte faz-te

ser mais, mais luz ser mais, mais perdão ser mais, ser Jesus ser irmão (bis) … faz-te pequeno para amar

Para avaliar Alguns dos catequizandos têm receio de enfrentar o tema da identidade e de se sentir protagonista da sua própria vida? Ao longo da catequese apareceram relatos de conflitos com a paróquia sobre o acesso ao sacramento do batismo? Quais as maiores dificuldades que apareceram nas propostas de oração? 40


Índice Introdução.......................................................................................................................................................................................3 CATEQUESE 1: Viver de Fé....................................................................................................................................................13 Para o Catequista.....................................................................................................................................................................14 Apresentação................................................................................................................................................................................................................... 14 Desenvolvimento.......................................................................................................................................................................17 1º encontro - Experiência humana.................................................................................................................................................... 17 2º encontro - Anúncio da palavra....................................................................................................................................................... 22 3º encontro - Anúncio da palavra....................................................................................................................................................... 29 4º encontro - Expressão de fé.............................................................................................................................................................. 34 CATEQUESE 2: Confirmados e enviados.........................................................................................................................41 Para o Catequista.....................................................................................................................................................................42 Apresentação................................................................................................................................................................................................................... 42 Desenvolvimento.......................................................................................................................................................................46 1º encontro - Experiência humana.................................................................................................................................................... 46 2º encontro - Anúncio da palavra....................................................................................................................................................... 50 3º encontro - Expressão de fé.............................................................................................................................................................. 55 4º encontro - Expressão de fé.............................................................................................................................................................. 60 CATEQUESE 3: Uma sexualidade segundo os critérios do Reino.......................................................................65 Para o Catequista.....................................................................................................................................................................66 Apresentação................................................................................................................................................................................................................... 66 Desenvolvimento.......................................................................................................................................................................70 1º encontro - Experiência humana.................................................................................................................................................... 70 2º encontro - Anúncio da palavra....................................................................................................................................................... 73 3º encontro - Anúncio da palavra....................................................................................................................................................... 78 4º encontro - Expressão de fé.............................................................................................................................................................. 83 CATEQUESE 4: E depois?........................................................................................................................................................89 Para o Catequista.....................................................................................................................................................................90 Apresentação................................................................................................................................................................................................................... 90 Desenvolvimento.......................................................................................................................................................................94 1º encontro - Experiência humana.................................................................................................................................................... 94 2º encontro - Anúncio da palavra....................................................................................................................................................... 98 3º encontro - Anúncio da palavra....................................................................................................................................................106 4º encontro - Expressão de fé...........................................................................................................................................................110 CATEQUESE 5: Responsáveis e solidários..................................................................................................................117 Para o Catequista..................................................................................................................................................................118 Apresentação................................................................................................................................................................................................................118 Desenvolvimento....................................................................................................................................................................121 1º encontro - Experiência humana.................................................................................................................................................121 2º encontro - Anúncio da palavra....................................................................................................................................................124 3º encontro - Anúncio da palavra....................................................................................................................................................129 4º encontro - Expressão de fé...........................................................................................................................................................136 CATEQUESE 6: O amor nos salva....................................................................................................................................143 Para o Catequista..................................................................................................................................................................144 Apresentação................................................................................................................................................................................................................144 Desenvolvimento....................................................................................................................................................................146 1º encontro - Experiência humana.................................................................................................................................................146 2º encontro - Anúncio da palavra....................................................................................................................................................149 3º encontro - Anúncio da palavra....................................................................................................................................................155 4º encontro - Expressão de fé...........................................................................................................................................................160 CATEQUESE 7: Voltar ao Pai.............................................................................................................................................167 Para o Catequista..................................................................................................................................................................168 Apresentação................................................................................................................................................................................................................168 Desenvolvimento....................................................................................................................................................................171 1º encontro - Experiência humana.................................................................................................................................................171 2º encontro -. Anúncio da palavra...................................................................................................................................................179 3º encontro - Anúncio da palavra....................................................................................................................................................183 4º encontro - Expressão de fé...........................................................................................................................................................188

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CaminhoComprometerSe12_GUIAcat-CAPA_TOTEM.pdf 1 21-10-2020 08:50:01

Começa um novo caminho… um caminho para te comprometeres! Tens nas mãos o guia do 12º ano de catequese do Ligações. Itinerário de educação à Fé.

Este ano, propomo-nos a conduzir o grupo a um maior compromisso com a proposta de Jesus. Aceitando o amor à maneira de Jesus como critério decisivo para uma vida de qualidade, poderão enfrentar o futuro com esperança. C

M

Y

CM

MY

CY

Pedimos-te que orientes cada encontro num estilo dialogante. A tua capacidade de escuta e de aproximação ajudarão a criar no grupo um clima de confiança recíproca. O teu coração bondoso e generoso ajudarão neste caminho para comprometer-se.

Caminho para

COMPROMETER-SE

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Cada catequese desenvolve-se em quatro encontros. Cada um destes encontros tem uma duração de 90 minutos. É uma opção de qualidade que permite mais tempo para as experiências, para o diálogo e para a partilha.

Caminho para COMPROMETER-SE

Ligações. Itinerário de educação à Fé Projeto de catequese inovador que ajuda crianças e jovens de hoje a conhecer, celebrar e viver a Fé.

CMY

K

GUIA DO CATEQUISTA

Rua Duque de Palmela, 11 4000-373 Porto Tel.: 225 365 750 editora@edicoes.salesianos.pt www.edisal.salesianos.pt

Ligações. Itinerário de educação à Fé

GUIA do

catequista


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