Arriscar com os outros (GUIA - 8º ano - Ligações.Itinerário de educação à Fé)

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Tens nas tuas mãos o guia do 8º ano de catequese do Ligações. Itinerário de Educação à Fé. Este ano, o foco principal estará na atenção aos outros e nas relações interpessoais. Depois de um trabalho inicial sobre a importância de sermos capazes de nos relacionarmos uns com os outros, será tempo de (re)descobrir a figura de Jesus Cristo. Aqui, sublinharemos as facetas que fará crescer nos catequizandos a vontade de O imitar. O terceiro bloco faz a ligação entre os dois anteriores. Cruza a figura de Jesus com a dimensão relacional dos adolescentes. Onde? Na Igreja!

GUIA do catequista

É preciso arriscar… Arriscar com os outros!

Nesta etapa, cada catequese será desenvolvida em dois encontros. Isto permite mais tempo para a interação dentro do grupo, para o diálogo, para a partilha, para o convívio, para uma oração serena.

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Rua Duque de Palmela, 11 4000-373 Porto Tel.: 22 53 657 50 editora@edicoes.salesianos.pt www.edisal.salesianos.pt

Arriscar com os outros 8

Pedimos-te que orientes cada reunião num estilo dialogante. Os catequizandos chegam ao encontro semanal depois de uma semana cheia de eventos na escola, na família, nas redes sociais e, muitas vezes, não tão motivados para a catequese quanto tu. O teu entusiasmo será fundamental para que arrisquem uns com os outros!

LIGAÇÕES. Itinerário de educação à Fé


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Ficha técnica: © Edições Salesianas, 2019 Rua Duque de Palmela, 11 • 4000-373 Porto Tel. 225 365 750 • editora@edicoes.salesianos.pt www.edisal.salesianos.pt Publicado em Agosto 2019 2ª edição: junho de 2020

© Imagem de capa: Dreamstime Capa: Paulo Santos Paginação: João Cerqueira Coordenação: Rui Alberto, Vera Fernandes, Vera Silva Impressão: Totem ISBN: 978-989-8982-07-0 Depósito Legal: 470702/20


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Introdução Caro/a catequista, tens nas mãos o Guia do “Arriscar com os outros”. É a proposta que te oferecemos para fazeres catequese com os adolescentes do 8º ano. Faz parte deste projeto Ligações. Itinerário de educação à fé, que os Salesianos elaboraram como um serviço a toda a Igreja e com ela em sintonia e comunhão.

Ligações Chamámos “Ligações” a este itinerário de educação à fé, porque ele quer estabelecer várias ligações felizes: Entre Deus que Se revelou plenamente em Jesus de Nazaré e cada um dos catequizandos; Entre a comunidade cristã, tornada presente por ti e pelos outros catequistas, que bebem do Evangelho a sua força, e os desafios colocados pela vida real dos catequizandos, das suas famílias, dos seus contextos; Entre os vários catequizandos que são convidados a experimentar já o que é ser Igreja, comunidade dos que querem seguir Jesus e o seu Evangelho; Entre a situação atual de cada catequizando e o crente maduro e feliz que Deus está a chamar; Entre a Igreja e as famílias que pedem para os seus filhos uma boa educação na fé. Este itinerário de educação à fé surge no caminho de renovação evangelizadora dos últimos anos. A Igreja, a nível universal com o magistério e a animação dos Papas, e a nível nacional com os documentos recentes sobre a melhoria da catequese, incentiva todos a um maior entusiasmo por levar a alegria do Evangelho às pessoas concretas de hoje. Alinhados com esse esforço, oferecemos o contributo da tradição espiritual, educativa e pastoral salesiana ao esforço de renovação e qualificação da catequese em Portugal. Num mundo plural, complexo e cheio de contradições como é este século XXI, é uma bênção a existência de propostas diferenciadas. O recente (2018) sínodo dos bispos sobre os jovens e os apelos do Papa Francisco a sermos uma Igreja mais sinodal e mais proactiva na tarefa de evangelizar os mais novos motivam-nos e estimulam-nos a procurar novos caminhos.

Viver o desafio de mudar amparados pela fé Ao longo deste percurso de fé em que acompanhamos as crianças e adolescentes dos 6 aos 18 anos, muita coisa muda nos catequizandos: a nível físico, a nível psicológico, a nível social, a nível de fé. Por isso, organizámos este itinerário em quatro fases com três anos de duração. Cada uma delas faz uma escolha dos conteúdos, objetivos e metodologias que melhor se adaptam à idade e que mais contribuem para a finalidade da catequese. Este 8º ano está colocado na 3ª fase. Ela tem como meta ajudar os adolescentes a viver o desafio das mudanças típicas da adolescência amparados pela fé. Este momento da vida é um tempo intenso onde a infância e as suas sínteses (também aquelas da fé) ficam para trás. É um tempo marcado por mudanças e novas vivências. Queremos ajudar os adolescentes a viver este tempo de forma serena, alegre, contando sempre com a força que a fé em Deus nos traz. Há muitas dúvidas,

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muitas incertezas, muitos desafios a superar… Queremos descobrir que o Evangelho é mesmo Alegre Notícia. Deus não nos deixa sozinhos e está do nosso lado em todas estas mudanças e desafios.

Indicadores de avaliação No final do caminho dos três anos desta fase, gostaríamos que os catequizandos estivessem confortáveis com um conjunto de atitudes. Eis os indicadores de sucesso para cada uma das seis tarefas da catequese:

Fase 3: Viver o desafio de mudar amparados pela fé Favorecer o conhecimento da fé

A educação litúrgica

A formação moral

O catequizando sente e está consciente de que a relação com Deus o ampara neste tempo de mudança. O catequizando articula a sua experiência de fé com outras fontes de saber. O catequizando vive os desafios de construir a sua identidade amparado pela força do batismo, da eucaristia e da reconciliação. O catequizando acompanha a comunidade na vivência dos diferentes tempos litúrgicos. O catequizando avalia criticamente a sua vida e o ambiente que o rodeia, a partir dos valores do Evangelho e da relação com Jesus. Aqui, encontra as forças para a construção da sua personalidade.

Ensinar a rezar

O catequizando assume um ritmo diário de oração e articula com autonomia a Palavra de Deus e as suas vivências pessoais.

A educação para a vida comunitária

O catequizando empenha-se numa relação positiva, num diálogo sincero, na partilha de valores, no grupo e em família.

A iniciação à missão

O catequizando, inserido no grupo, participa com empenho nas ações de solidariedade propostas.

Algumas novidades Nesta 3ª fase, seguimos o esquema habitual para a adolescência de ter dois encontros para cada catequese. Isto permite mais tempo para a interação dentro do grupo, para o diálogo, para a partilha, para o convívio, para uma oração serena.

Desafios complementares O Livro do Catequizando deve ser valorizado pelo catequista. Além de alguns materiais necessários à catequese (imagens, textos, letras dos cantos), este inclui uma série de recursos complementares que o catequizando pode usar em casa, sozinho, com os amigos ou em família. O catequista encoraja o grupo a usar estes recursos e, com naturalidade, promove a partilha desse trabalho. Sempre que sentir ser adequado, o catequista pode integrar estes desafios no decorrer dos encontros de catequese. Biblifica-te!: A Bíblia na vida Aquele date!: Momentos de oração com Deus Selfie: Mini-teste atitudinal Os (não) estranhos lá de casa: Desafios sobre e com a família Para esmiuçares: Para pensar e ir mais além Frase XPTO: Frases que vale a pena gravar 3, 2, 1… Partida!: Atuar concreto

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Conhecer os adolescentes Todos nós, catequistas, passámos pela adolescência. Com maior serenidade ou dificuldades, foi um tempo importante. Ao fazermos catequese com os adolescentes de hoje, temos de resistir à tentação de imaginar ingenuamente que os adolescentes do nosso grupo são como os do “meu tempo” ou que reagem a este período como eu o fiz. Nem sequer são iguais aos da década passada! O esforço de perceber o que se passa na adolescência é obrigatório para conseguir uma boa catequese.

O dever de conhecer melhor Este estudo não é fácil. Mesmo entre os especialistas, há opiniões variadas e contraditórias. E entre os educadores, persiste vários mitos. O mais comum é definir a adolescência como um tempo problemático, um tempo de “tempestade e pressão”. É antes um tempo com muitos desafios, mas a forma como cada adolescente o vive é muito diferente; alguns vivem uma adolescência conflituosa e outros uma mais serena. Um segundo mito muito comum é reduzir a adolescência a um processo biológico e às suas consequências. É evidente que a puberdade traz consigo imensas mudanças na pessoa, contudo os contextos familiares e educativos têm alta importância para o desenvolvimento. É mais interessante ver a adolescência como um processo de mudança e crescimento plural, onde há mudanças físicas, psicológicas, sociais, e onde cada um destes aspetos influencia os outros. Cada adolescente é bastante “plástico”, isto é, capaz de se moldar de forma criativa às suas circunstâncias. Não faz sentido ver o adolescente como um robot dominado pelos comandos das suas hormonas.

Muitos já na puberdade A puberdade é uma das transições biológicas e sociais mais intensas que ocorre na nossa vida. Começa com mudanças subtis nos processos cerebrais e endócrinos, que alteram a concentração de hormonas e as características físicas e morfológicas, para culminar na maturidade reprodutiva. A puberdade é uma experiência biológica intensa. Além da maturação sexual, há uma série de mudanças sexuais secundárias: aparecimento de pelos na zona púbica e nas axilas, aumento dos seios nas raparigas, aumento do tamanho dos testículos e mudança na voz dos rapazes. Há uma aceleração do crescimento em altura e aumento da massa muscular. Além destes aspetos biológicos, há mudanças nos comportamentos, nas emoções e na inteligência. Os níveis mais elevados de testosterona nos rapazes levam a um aumento do comportamento antissocial; eles tornam-se mais agressivos, menos tolerantes, mais irritáveis. Há menos estudos sobre a relação entre os estrogénios e a agressividade nas raparigas, mas parecem sugerir que se passa algo semelhante. Esta época da vida é emocionalmente muito intensa. A presença de uma alta carga de hormonas, a rapidez do crescimento físico e a novidade de toda a situação, levam a níveis elevados de stress. Estes adolescentes tendem a sentir-se estranhos com o seu próprio corpo. Este mal-estar emocional é mais frequente e intenso nas raparigas. O amadurecimento cognitivo resulta mais da idade do que propriamente da puberdade. É nesta idade que eles se tornam capazes de raciocínio hipotético-dedutivo. A forma como cada adolescente vive estes anos depende muito dos seus contextos: família, amigos, escola, vizinhança. A maneira como a família prepara os mais novos para a chegada da puberdade e a estabilidade das relações entre os pais são muito importantes para uma vivência mais serena deste período. É comum que os pais, ao darem-se conta da maior maturidade dos filhos, tentem aumentar o controlo; isto é visto com pouco agrado pelos filhos. Os amigos começam a ganhar uma importância que não tinham antes: no tempo passados juntos, na imitação, na possibilidade de terem alguém da sua idade com quem se podem comparar.

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A relação com os amigos tem algo de misterioso. Eles tendem a dar-se com colegas parecidos com eles: nos valores, nos hábitos… Nem sempre se consegue explicar se cada adolescente escolhe os seus amigos em função dos interesses partilhados ou se é o facto de se darem com um certo conjunto de amigos que os influencia a assumir um conjunto de comportamentos e atitudes. Pais e amigos são parceiros importantes para o adolescente. Claro que há uma certa “concorrência”. Os pais vão perdendo o monopólio de atenção que tinham na infância. Mas os adolescentes não querem anular o papel dos pais na sua vida. Preferem os pais para resolver as suas necessidades mais “públicas” (escola, valores éticos, carreira profissional…), mas preferem os amigos para alimentar as suas necessidades de contacto interpessoal.

Nativos digitais Tudo isto que se disse sobre a entrada na adolescência é válido para os adolescentes das últimas décadas. Mas esta geração tem as suas especificidades (como as tiveram as que vieram antes dela). Esta geração, nascida entre 1995 e 2010, foi a primeira a ter acesso, desde os mais tenros anos, à internet e aos dispositivos móveis. A verdade é que mesmo os estudiosos ainda não compreendem muito bem como “funciona” esta geração de adolescentes de hoje. Ainda assim, deixamos aqui alguns apontamentos. Talvez o que mais impressione um adulto seja a “obsessão” que os adolescentes têm com o digital. Estão sempre de telemóvel na mão a jogar, a falar uns com os outros… ao mesmo tempo que fazem pouco exercício físico e que falam ainda menos com pessoas de carne e osso. A realidade que lhes interessa é a das redes sociais. Ali fazem amigos, ali socializam, ali namoram. Ali são monitorizados pelos pais e ali aprendem a fugir ao controlo dos pais. Ao estarem sempre sujeitos à “avaliação” dos amigos das redes sociais, tendem a apresentar maiores taxas de depressão. É uma geração com menos gente e a maior parte dos adolescentes são filhos únicos. Muito amados (ou apaparicados) por pais e avós. Um bom número deles não vive com os dois pais, já que a taxa de divórcios em Portugal é altíssima. É uma geração que não sobe às árvores, que começa a beber álcool mais tarde, que fuma menos e que o começa a fazer mais tarde. De algum modo, é uma geração que, em alguns aspetos, fica debaixo da tutela dos pais até mais tarde. Alguns dos comportamentos mais “perigosos” da adolescência são evitados, mas à custa de uma maior imaturidade e falta de autonomia.

A fé ao entrar na adolescência Calcula-se que cerca de 50% das crianças portuguesas anda na catequese entre os 6 e os 8 anos. Sabemos também que a percentagem de pais que vai à missa ao Domingo está abaixo dos 15%. Este conjunto de pais, não muito praticante, está motivado para assegurar uma educação de fé aos seus filhos por um conjunto diversificado de razões: alguma fé pessoal, expectativas sociais, a ideia que há uma relação forte entre infância e religião, acolhimento de alguma influência dos avós. Ao entrar na adolescência, muitos destes factores perdem força. Os pais tendem a dar mais autonomia aos filhos e desistem da educação na fé. O acesso a outras fontes de saber (na escola, nos media tradicionais ou nas redes sociais) lança muitas dúvidas à fé da infância. Começa a dar “mau aspeto” ter fé, andar na catequese, ir à Igreja. Se a fé era algo imposto pelos pais e não sentido pessoalmente, a maior autonomia leva-os a desistir dela. Ao mesmo tempo, eles estão mais conscientes de si mesmos. Começam a “pensar pela sua própria cabeça”. Se a experiência religiosa que fazem não lhes diz nada, se não é capaz de dar resposta aos desafios que a vida lhes coloca, é “normal” que a deixem de lado.

Bons apoios para crescer na fé Apesar destes fatores de corrosão da fé da infância, podemos observar algumas opções que ajudam os adolescentes a crescer na fé: ver como uma fé feliz faz a diferença (para melhor) em algum familiar; o apoio de um grupo onde se descobre a fé como experiência que ajuda a crescer; 6


a presença de um catequista próximo que acompanha na descoberta que a “fé da Igreja” pode ser também a “minha fé”.

O caminho a fazer Ao longo deste ano de catequese continuamos a convidar os catequizandos ao risco. “Arriscar” dá o nome às nossas propostas para o 7º, 8º e 9º ano. Neste ano, queremos “arriscar com os outros”. Esta atenção aos outros vai ser o foco principal. Propomos um primeiro bloco de 4 catequeses centradas nas tarefas de relação que os adolescentes têm de enfrentar. Estas catequeses são mesmo catequese! Não são um curso de desenvolvimento pessoal nem de relações humanas. Queremos colocar o adolescente concreto, com os seus recursos e desafios, em diálogo com a proposta de humanização plena que o Evangelho traz. No caminho para serem cristãos maduros, os catequizandos têm de ser pessoas capazes de relação com os outros. Para isso, queremos ajudá-los a serem pessoas disponíveis para partilhar com os outros o seu mundo interior (“Uma luz cá dentro”), a serem pessoas que se realizam na relação com os outros e não isoladamente (“Sou com os outros”), pessoas capazes de criar relações positivas, de cooperação, com os outros (“Construir pontes e comunhão”) e pessoas que gerem os conflitos duma forma positiva e que são capazes de perdoar (“Gerir conflitos”). Num segundo bloco de 4 catequeses convidamos os catequizandos a redescobrir a figura de Jesus Cristo. É claro que toda a catequese, em qualquer idade, é descoberta desse Jesus. Mas aqui selecionamos 4 aspetos da vida e identidade de Jesus que muito podem ajudar ao desenvolvimento harmonioso dos catequizandos. Apresentamos Jesus fortemente comprometido com a missão que o Pai Lhe dera (“Eu vim para…”), capaz de resistir de forma coerente e fiel aos desafios que Lhe aparecem (“Fiel até ao fim”), numa forte e constante relação com Deus (“Em relação com o Pai”) e como pessoa orante (“A oração de Jesus”). Este retrato de Jesus quer fazer crescer nos catequizandos o desejo de imitar este Jesus, com a sua personagem equilibrada, madura e decidida. O terceiro bloco como que faz a ponte entre os dois anteriores. Cruza a figura de Jesus com a dimensão relacional dos adolescentes. Onde? Na Igreja! Propomos 4 catequeses sobre a Igreja, para que os catequizandos a descubram como espaço onde podem viver a fé em Jesus e crescer como pessoas. Não nos interessa fazer “publicidade à Igreja nem enriquecer as informações teóricas que eles possam ter sobre a Igreja. Queremos ajudá-los a viver a fé em Jesus com os outros, em Igreja. Começamos por propor a Igreja como um grupo de discípulos convocado por Jesus (“Ser um grupo com Jesus”), convidamo-los a viver em Igreja de acordo com o estilo relacional que Jesus propõe aos seus discípulos (“As regras do jogo”), propomos que este grupo, a Igreja, não viva fechado dentro de si mas colabore com Jesus na transformação do mundo (“Fermento na massa”) e convidamos a pensar e sentir a Igreja como corpo de Cristo (“Um só corpo”).

Festa da vida Um momento importante da caminhada catequética deste 8º ano é a festa da vida. Quando arriscamos com Jesus, a vida sai transformada… para melhor! Nas últimas décadas associou-se a festa da vida ao 8º ano. É uma bela intuição. Quando o desejo de vida dos adolescentes se encontra com o Senhor Jesus, que é caminho, verdade e vida, que veio para trazer vida e vida em abundância, só podemos esperar coisas boas. Não faltam propostas concretas sobre como organizar estas festas. Mas aqui, queremos sublinhar, algumas opções. A primeira é que este momento deve ser assinalado com solenidade. O caminho de fé feito pelos adolescentes deve encontrar uma forma ritual exterior que os envolva, bem como às suas famílias, os catequizandos de outros grupos e o todo da comunidade cristã. Uma segunda opção é que esta festa deve ser preparada. Em termos organizativos é bom que os adolescentes possam sentir-se protagonistas. Que eles possam, em diálogo com os adultos, fazer as suas sugestões, ser criativos. Tudo para que a festa seja deles e seja sentida como relevante. Mas a preparação deve ser também espiritual. É importante que eles possam responder, a partir do coração: Jesus e 7


o Evangelho fazem bem à minha vida? Quero viver a minha vida ao ritmo de Jesus? Muitos grupos organizam um pequeno retiro de preparação para este momento, onde não falta o sacramento da reconciliação. Uma terceira opção de qualidade é que a festa não tem de ficar “reduzida” à liturgia. Alguns grupos fazem um passeio, organizam um almoço ou lanche conjunto, vão juntos ao cinema. Sem desvalorizar a centralidade da Eucaristia neste dia de festa, é importante que o rito encontre forma também nos lugares e processos onde a vida dos adolescentes acontece.

Como fazer catequese? As opções Não é este o momento de escrever um livro sobre a arte de fazer catequese. Ainda assim, queremos sublinhar algumas opções mais relevantes para o êxito desta proposta.

Os encontros semanais Os encontros semanais são o momento em que a catequese tradicionalmente acontece. São um momento importante: este guia dá ao catequista as ferramentas para fazer deles um sucesso. Tem sido habitual para a catequese de adolescentes usar mais de um encontro. É a solução que o Ligações. Itinerário de educação à fé usa nesta 3ª fase (entre o 7º e o 9º ano). Ao dispor de mais tempo para cada catequese, o catequista tem mais flexibilidade para propor atividades criativas, os catequizandos têm mais ocasião para dialogar e o grupo torna-se mais coeso. Neste itinerário de fé, o calendário da catequese tende a seguir o calendário escolar: de setembro ao início de junho. Algumas vozes criticam essa “dependência” da catequese em relação ao mundo da escola. Convém recordar que não é só a escola que segue esse calendário: também os ritmos de trabalho, da economia e até da política o fazem. É verdade que causa algum escarcéu que, nos tempos de celebração mais intensa (Natal e Páscoa), não haja reuniões de catequese, mas, cada vez mais, se aproveitam esses tempos de férias escolares para outros momentos de intervenção no processo de catequese: retiros, preparação ativa das cerimónias litúrgicas…

Catequese em grupo Para o Ligações e, especialmente com os adolescentes, o grupo é uma opção essencial para aprofundar a experiência de ser Igreja e se estabelecerem relações significativas. O grupo de catequese não é uma turma da escola. Numa escola tradicional, o centro está nos conteúdos (o programa) e no professor (que transmite o programa); o papel dos alunos é essencialmente passivo (escutam e assimilam o programa). É comum transpor este modelo para a catequese: os conteúdos seriam os do catecismo, o professor seria o catequista e os alunos, essencialmente passivos, seriam os catequizandos. Aqui, os catequizandos, reunidos em grupo, têm um papel ativo no acolhimento e na apropriação da mensagem catequética. Por isso, cuidar do grupo e animá-lo enquanto comunidade viva de catequizandos é uma tarefa essencial para o catequista. Quanto ao número de elementos num grupo destas idades, a investigação e a experiência ­dizem-nos que o número ideal está entre os 8 e os 12 catequizandos. É possível descer até aos 5 e é ­possível subir até aos 15. Fora destes parâmetros, o grupo perde funcionalidade. Claro que “o ótimo é inimigo do bom”. Muitas vezes, não há catequistas preparados em número suficiente e é necessário ter grupos maiores.

Um bom clima no grupo O grupo oferece aos adolescentes um bom espaço para estarem com colegas da mesma idade, com mais liberdade e autonomia. Mas nem sempre é fácil para eles esta experiência de grupo. Sentem-se inseguros quanto à maneira como são vistos, têm dificuldade em gerir os seus próprios sentimentos e expectativas. Por vezes, há conflitos, desinteresse, más interpretações do que se diz e faz… O papel do catequista é também cuidar da boa qualidade das relações dentro do grupo.

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O estilo do catequista O sucesso desta proposta depende do estilo dialogante do catequista. Este tem de estabelecer um diálogo sincero com os adolescentes, aceitando que está numa experiência de enriquecimento recíproco. Para alguns, esta capacidade de comunicação pessoal é um dom natural, mas para a maioria de nós ela consegue-se com exercício, esforço de escuta, aproximação dos adolescentes, pedindo a Deus um coração bondoso e generoso.

O espaço da catequese Se possível, o grupo deve reunir-se sempre no mesmo local, que deve ser limpo, bem iluminado e bem arejado. A sala deve dispor de um local onde afixar, sem grande dificuldade, cartazes, fotografias e outros elementos em papel, usados e produzidos ao longo das catequeses. Como está previsto o visionamento de vídeos, deve haver condições para utilizar um écran ou projetor de vídeo. Nesta proposta, damos bastante importância aos momentos de oração. A disposição das cadeiras e a decoração que se usa devem ser tidas em conta para garantir uma experiência de qualidade.

Acolhimento Os catequizandos chegam ao encontro semanal, depois de uma semana cheia de eventos na escola, na família, nas redes sociais, e, muitas vezes, não tão motivados para a catequese quanto tu. Ao começá-la, é importante que privilegies um momento de acolhimento, em que os ajudas a fazer a transição entre o “lá fora” e o “cá dentro”. Isso pode ser feito com uns cumprimentos, com um diálogo descontraído e breve sobre os acontecimentos da semana, com um bans que ajude o grupo a sentir-se presente.

Momentos do ato catequético No Ligações. Itinerário de educação à fé, seguimos uma maneira de fazer catequese já clássica e inspirada na prática de Jesus. Uma catequese acontece em três momentos: a experiência humana, o anúncio da Palavra e a expressão de fé. Experiência humana: A catequese começa com a vida real dos catequizandos, a partir das suas experiências, sonhos e problemas de cada dia. A tua experiência de vida é diferente da dos teus catequizandos. Muitos dos seus dramas e desejos podem-te parecer coisa pouca ou fútil. Para seres um bom catequista, tens de fazer como Jesus que se abeirava dos homens e mulheres do seu tempo com profundo respeito pela sua experiência. Anúncio da Palavra: Uma boa catequese não se fica na reflexão sobre a experiência de vida. Propomos a Palavra de Deus, convencidos de que só ela é capaz de iluminar e resgatar a vida. É a Palavra de Deus que está no centro da catequese. A preocupação não deve ser “explicar” a Palavra, mas ajudar os catequizandos a apropriarem-se dela. Tu, como catequista, já fizeste experiência de como é bom ter a Palavra amorosa de Deus no centro da tua vida, no teu coração. O teu papel é ajudar os teus catequizandos a descobrir como a Palavra de Deus pode dar um novo e melhor sabor às suas vidas. Expressão de fé: A Palavra que Deus dirigiu aos catequizandos pede uma resposta. Especialmente nesta fase do itinerário de fé e nesta idade, é importante responder generosamente aos apelos de Deus. Na catequese, esta expressão de fé assume três formas principais. É oração, vontade de estar com o Deus que nos falou. É mudança de atitude, vontade de agir mais segundo o Evangelho. É reforço da comunidade, vontade de se sentir mais parte desta Igreja que Jesus chamou e onde Ele está presente.

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Recursos de apoio Para enriquecer a comunicação dentro da catequese, este guia vai fazer uso de vários recursos. Cartazes e fotografias: elementos visuais que ajudam a dar forma aos conteúdos que se estão a trabalhar. Estão disponíveis na pasta de apoio. Cantos: usados como documento de estudo ou como recurso para a oração. Estão disponíveis numa pen multimédia, em straming (spotify: Ligações Arriscar com os outros) ou juntamente com os vídeos em https://vimeo.com/ondemand/arriscarcomosoutros . O catequista deve prever umas colunas adequadas à dimensão do grupo. Áudio: além dos cantos, algumas catequeses fazem recurso a música de fundo, ou a textos grava­ dos. Estão também disponíveis na pen multimédia ou no site de apoio (ligacoes.net). Vídeo: disponíveis na pen multimédia ou em https://vimeo.com/ondemand/arriscarcomosoutros são documentos de trabalho para a catequese; não um entretenimento. É importante prever as condições adequadas para o seu visionamento. Site de apoio: em ligações.net, estão disponíveis materiais complementares e alternativas ao que está proposto neste guia.

Reunir os pais No período da adolescência, é muito comum passar-se de um extremo ao outro: enquanto, durante a infância, se procura um contacto frequente com os pais, nesta fase, pode cair-se no erro de separar os pais da catequese, como se deixassem de aí ter lugar. É certo que os catequizandos são crescidos e é importante que sintam que os tratas com respeito e os responsabilizas. Mas os pais continuam a ser parte da sua vida. Se reparares bem, uns e outros continuam a valorizar muito a presença nos momentos mais marcantes da vida do adolescente. Se é assim, também faz sentido que continuem a ser integrados no que respeita à vivência da fé. De modo diferente, certamente. Mas, como catequista, podes convidá-los, conversar com eles, escutá-los, sem fazer dos vossos encontros uma invasão da privacidade do grupo nem um ralhete com hora marcada. Prepara-te bem. Não te preocupes se reúnes muitos ou poucos; constrói com os pais momentos surpreendentes e significativos, em que aprofundem o seu próprio crescimento enquanto pais e crentes.

Outros momentos de intervenção Tradicionalmente, a catequese acontece em encontros semanais, mas vai crescendo em muitos ambientes de Igreja a ideia que pode e deve haver outros momentos onde fazer acontecer catequese. Eucaristia semanal: A participação alegre na Eucaristia com a comunidade é um momento essencial neste caminho de fé, porque a experiência de acolher a Palavra e o Corpo de Cristo muda o coração de cada um de nós e faz-nos ser mais e melhor Igreja. Felizmente, muitas comunidades têm já uma certa atenção aos mais novos na forma como preparam as celebrações (tipo de monições, cantos, homilia…). O papel dos catequistas é trazer ao sacerdote e aos outros responsáveis da celebração a sensibilidade dos mais novos e motivar os seus catequizandos a participar na celebração. Convivências de grupo: São encontros mais alargados (de meio dia a um dia inteiro) onde se aprofunda um tema, onde há mais espaço para tentar coisas novas e para prestar mais atenção à melhoria das relações dentro do grupo. Participam os membros do grupo ou podem juntar-se vários grupos da mesma paróquia (ou zona). Retiros: São momentos mais dedicados à reflexão e à oração. Duram de um a três dias. Normalmente, fazem-se fora de casa. Continuam a ter um estilo juvenil, a valorizar as linguagens simbólicas, mas o essencial é trabalhar a dimensão espiritual e a qualidade da relação com Deus. Os tempos fortes do Advento e da Quaresma, a semana das vocações, a preparação para a festa são ocasiões habituais para os retiros. Jornadas de grupo: Momentos destinados a criar mais grupo. Pode ser o aniversário do grupo. Pode ser o aniversário de um membro do grupo ou um acontecimento relevante para um deles 10


(mudou de escola, vive uma situação de doença). O grupo junta-se, mostra-se presente aí onde a vida acontece. É sempre bom haver um pequeno momento de oração. Acampamento/Acantonamento: Organizados só com o grupo ou juntando vários grupos, servem para viver uma experiência de convívio, reflexão e celebração que sirva de síntese do caminho de fé feito ao logo do ano. Alguns grupos valorizam mais a dimensão do serviço em campos de trabalho, onde os participantes se empenham em algum projeto de serviço ao longo de uma semana. Grandes convocatórias: São encontros onde o trunfo é o grande número de participantes de origens muito diversas. O clima de festa, respeito, espiritualidade vivido por tanta gente ao mesmo tempo resulta do caminho de fé já feito, mas funciona também como encorajamento para um maior compromisso com a fé. Exemplos são as jornadas mundiais ou diocesanas da juventude, os encontros ligados a algum movimento, as peregrinações a Fátima, Santiago ou Taizé… Acompanhamento pessoal: É importante que cada catequizando possa encontrar-se pessoalmente com um adulto para personalizar a sua caminhada de fé. Este adulto pode ser um sacerdote, dentro ou fora do sacramento da reconciliação, ou um leigo. Pode ser o catequista ou outra pessoa. Qualquer tema, circunstância pessoal ou do grupo são um bom pretexto para um diálogo sobre a vida de fé. É sempre recomendável programar estes encontros de forma periódica. Neste acompanhamento pessoal, fala-se sobre o caminho que o adolescente vai fazendo e especialmente sobre os aspetos da catequese que pedem uma maior personalização (a vivência das seis tarefas da catequese, o projeto pessoal, o discernimento vocacional…). O objetivo é ajudar a elaborar e seguir o projeto pessoal de vida e discernir a própria vocação na sociedade e na Igreja.

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Uma luz cá dentro

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C

1 Para o Catequista

Apresentação Começamos nesta catequese um bloco sobre a relação com os outros. E partimos propondo aos catequizandos a descoberta que têm dentro de si um grande valor, que pode e deve ser partilhado com os outros.

Objetivos Descobrir que Deus nos chama a partilhar com os outros a nossa riqueza interior. Crescer na aceitação pessoal.

Conteúdos Conceitos: yy Descobrir que Deus nos chama a partilhar com os outros a nossa riqueza interior. Procedimentos: yy Exercícios de autoconhecimento e partilha. Atitudes: yy Melhoria da autoimagem; yy Aceitação pessoal; yy Comunicação assertiva.

Esquema Experiência humana 1º encontro Anúncio da Palavra

Expressão de fé

2º encontro

Atividade: Nome e Gesto

5’

**

Atividade: Quem são os teus vizinhos?

10’

**

Atividade: Caraterísticas sentadas

10’

**

Atividade: Apaga a vela

10’

***

Palavra: A luz da Palavra

15’

***

Oração: Dá força à minha luz

10’

**

Atividade: Minha voz, meu humor

25’

****

Atividade: Conversamos com as mãos

15’

**

Atividade: Há um herói

10’

**

Oração: Deixa brilhar a tua luz

10’

**

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Do Magistério Ele está em ti, Ele está contigo e nunca se vai embora. Por mais que tu te afastes, lá está o Ressuscitado, chamando-te e esperando-te para recomeçar. Quando te sentires envelhecido pela tristeza, pelos rancores, pelos medos, pelas dúvidas ou pelos fracassos, Ele estará presente para te devolver a força e a esperança. (Francisco, Cristo vive, 2)

Síntese de conteúdos Para os adolescentes, descobrir que a sua vida interior, tantas vezes confusa ou ferida, tem valor aos olhos de Deus, torna-se uma boa notícia, uma experiência sentida do que é o Evangelho.

Construir a identidade: entre fechamento e abertura aos outros Já sabemos que a construção da identidade pessoal é a grande tarefa que os adolescentes têm em mãos. É uma tarefa amíude inconsciente, mas, mesmo assim, real. O adolescente tende a sentir-se pressionado: pelos pais, que, muitas vezes, ainda o olham como criança e desejam que seja cada vez mais o filho modelo; pela escola, que insiste para que se “porte bem” e tenha bons resultados, pelos media e pelas ofertas de consumo, que pressionam seduzindo e tentando convencer o adolescente que será feliz consumindo isto e aquilo; pelos amigos e companheiros, que fazem pressão para que ele seja igual a todos os outros. Esta série de pressões, umas bem, outras mal-intencionadas, empurra o adolescente para um dilema: ou presto atenção ao que me dizem de fora e sou o que querem fazer de mim, ou, para ser fiel a mim mesmo, tenho de me fechar e isolar das pressões e propostas que me chegam de fora, dos “outros”. As atividades desta catequese querem ajudar os catequizandos a superar este (falso) dilema. É na relação com os outros que se constrói uma identidade feliz e integrada. Para isso, damos um primeiro passo: reconhecer que dentro de nós há um mundo de riqueza que deve ser partilhado.

Uma grande riqueza interior Os adolescentes de hoje, tal como o resto dos adultos, são levados a acreditar que o seu valor advém do que produzem, do que têm ou do que aparentam. E, nesta lógica, os adolescentes pouco valem. Até podem produzir o que as diferentes instituições esperam deles, podem colecionar roupas, telemóveis, maquilhagens, podem aparentar ser felizes… Mas aquilo que está no cerne do ser adolescente (o esforço por construir uma identidade autêntica), não “presta”. Não produz: é tentativa e erro, é experimentação, mais do que o resultado esperado por este ou por aquele. Não possui: é da ordem do ser, do construir e não do comprar. Não aparenta: é trabalho interior. Mas, à luz da fé, nós acreditamos que o mundo interior de cada adolescente tem grande valor. Um observador isento e distante pode espreitar para o coração dos adolescentes e detetar apenas confusão, futilidade, feridas, insegurança, arrogância, ingenuidade… Mas, se escolhermos observar a partir do olhar terno de Deus que Jesus nos mostrou, veremos de outra forma. Veremos com admiração: “Deus, vendo toda a sua obra, considerou-a muito

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boa.” (Gen 1, 31). Cada adolescente, com o seu mundo interior, por contraditório e confuso que seja, é uma grande riqueza.

Mudar a perspetiva Para os adolescentes reconhecerem que trazem dentro de si uma grande luz, que podem viver a tarefa de construir a identidade como uma bênção e não como castigo e que é possível e bom partilhar com os outros o seu mundo interior, não basta que os adultos (como o catequista) o digam, por mais entusiasmadas e convincentes que sejam as suas palavras. Esta mudança de atitude face a si mesmo acontece mais facilmente quando se fazem pequenas experiências que antecipam esse resultado. Por isso, quer na experiência humana, quer na expressão de fé, propomos um conjunto de exercícios e dinâmicas que reforçam a mensagem central da catequese.

Dinâmicas para crescer e não para entreter Ao usarmos com abundância técnicas e dinâmicas de animação estamos a fazer uma opção pela qualidade. Acreditamos que estas atividades podem ajudar à transformação das ideias e das atitudes. São mediações úteis para que os adolescentes toquem com suas próprias mãos a beleza do Evangelho. Normalmente, os catequizandos apreciam estas dinâmicas porque lhes permitem comunicar e exprimir-se com profundidade, de forma acessível. O catequista não pode perder de vista esta intenção educativa e catequética das técnicas e dinâmicas de grupo. Elas não são um passatempo, nem um entretenimento. São divertidas, sim. Mas têm uma intenção: ajudar a descobrir o Evangelho. Elas pedem preparação e entrega por parte do catequista.

… para que vejam a luz Nesta catequese damos destaque a uma curta frase de Jesus: Ninguém acende uma candeia para a cobrir com um vaso ou para a esconder debaixo da cama; mas coloca-a no candelabro, para que vejam a luz aqueles que entram (Lc 8, 16). Jesus diz estas palavras aos seus discípulos, àqueles que acolhem as suas palavras e a sua causa, àqueles que estão disponíveis para apostar a sua vida com Ele. E a todos eles Jesus convida a ser luz, a deixar brilhar a força do Evangelho vivido. A vida de cada um de nós, seguidor apaixonado de Jesus, é como uma luz acesa por Deus. E esta luz está posta no meio desta terra como um farol de esperança. Os seguidores de Jesus não são perfeitos. Têm dúvidas, muitos dos seus gestos estão desalinhados do Evangelho, carregam tantas contradições. E, contudo, o convite de Jesus continua a entusiasmar-nos: ser luz, partilhar com aqueles que nos rodeiam a beleza do Evangelho. Esta experiência alegre de ser portadores da luz e do amor que vem de Deus, pode também ser assumida pelos nossos adolescentes. A palavra de Jesus é um encorajamento a saírem do seu fechamento, a sentirem-se valorizados, a aceitarem-se como dignos de comunicação e encontro.

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Para cresceres És uma pessoa adulta na fé. A comunidade cristã, convidou-te para este serviço da catequese. É certo que estás consciente dos teus medos, dos teus hábitos velhos. Tens dúvidas e às vezes perguntas-te se é mesmo possível viver uma vida feliz e plena só apoiada na fé em Jesus. Mas és também uma pessoa que descobriu a luz. Que viste como a beleza de Jesus e do seu Evangelho é incomparável. Tens consciência que a tua fé está longe de ser perfeita e que, demasiadas vezes, os teus gestos e atitudes não são coerentes com o Evangelho. E, contudo, arriscas ser um dedo que aponta para as estrelas. Tu sentes-te confiante e acreditas que as outras pessoas levantarão o olhar para o céu e se alegrarão, sem perder tempo a criticar o teu dedo.

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1 Desenvolvimento 1º encontro Experiência humana e Anúncio da Palavra

Neste encontro, os catequizandos vão poder experimentar a alegria de (se) comunicarem e acolher o convite da Palavra a abrirem-se mais aos outros.

Material Leitor de Mp3, colunas Cadeiras (uma por participante) Fósforos Vela (uma por participante) Copo com água (um por participante); em alternativa, um balde com água para todos Fio / cordel (um por participante) - medir da cintura até ao joelho do participante Folha de papel A5 (uma por participante) Música instrumental “fundo 01“ (disponível na pen multimédia) Cartaz nº 1 (disponível na pasta de apoio)

Experiência humana

Atividade: Nome e gesto Duração: 5 min. O catequista dá as boas-vindas ao grupo e convida os participantes a sentarem-se em círculo. O participante que está ao seu lado direito deverá dizer o seu nome, acompanhando-o com um gesto (por exemplo, “Eu sou a Maria e bato palmas.”). O segundo participante, sentado à direita do primeiro, deve começar por apresentar o primeiro: diz o nome dele, repete o gesto; e, de seguida, apresenta-se acompanhando, também, o seu nome com uma ação diferente da primeira. 17


O terceiro participante deve apresentar o primeiro e o segundo e, ainda, deve apresentar-se fazendo um gesto diferente dos anteriores, e assim sucessivamente até ao último participante, que deve tentar lembrar-se de todos os nomes e fazer todos os gestos. (Sugestão: para terminar, todos dizem o nome e fazem os gestos, desde o primeiro até ao último participante). Variantes: o gesto pode representar algo da maneira de ser do participante. Em alternativa, cada um diz o seu nome, acompanhado de um gesto e todo o grupo repete o gesto efetuado pelo participante. Para tornar esta modalidade mais divertida, o grupo repete o nome e o gesto três vezes, uma devagar, outra rápida e a terceira muito rápida.

Atividade: Quem são os teus vizinhos? Duração: 10 min. Preparação Todos estão sentados em círculo. O catequista é o primeiro voluntário desta atividade, colocando-se no meio do círculo, mas sem cadeira. Cada um deve, à partida, saber o nome dos colegas que tem à sua direita e à sua esquerda. O catequista, ao centro, dirige-se a um dos membros do grupo e pergunta-lhe: “Como se chamam os teus vizinhos?”. O participante que não responder corretamente terá de abandonar a sua cadeira e ir para o centro; assume o papel que era do catequista na condução desta dinâmica. Se o participante responder corretamente, o voluntário pergunta-lhe: “Queres novos vizinhos?”. Se responder afirmativamente, todos mudam rapidamente de sítio. O catequista procura conseguir uma cadeira para si. Isto deixará um dos participantes sem lugar sentado; este ocupa o lugar no centro e faz o papel do catequista. Se responder negativamente, a pergunta será “E quais os vizinhos que queres mudar?”. A esta pergunta o participante responde com dois nomes e, enquanto estes dois trocam de sítio, o catequista procura ocupar a cadeira de um deles. Quem ficar sem cadeira, será o próximo escolhido para ficar no centro.

Atividade: Caraterísticas sentadas Duração: 10 min. Todos continuam sentados em círculo. O catequista convida um dos catequizandos a dizer algo que goste, algo que sente que lhe faz bem ou uma outra caraterística sua. Todos os que se sentirem identificados com o que foi afirmado por este participante, levantam-se e sentam-se em cima de quem falou. Cada participante, à medida que lhe vai ocorrendo, diz uma caraterística e os outros sentam-se ao seu colo. O catequista observa as reações e atitudes do grupo.

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Anúncio da Palavra

Atividade: Apaga a vela Duração: 10 min. Preparação Esta atividade deverá realizar-se num espaço exterior e amplo, onde os participantes possam mover-se de um lado para outro. Etapa 1 Duração: 3 min. O catequista entrega, a cada participante, o fio/cordel e a folha de papel. Pede que cada um faça uma bola com a folha de papel e a aperte numa das pontas do fio/cordel, atando a outra ponta à cintura (da parte de trás). Enquanto os participantes realizam esta tarefa, o catequista coloca, no lado oposto ao qual se encontram, um copo com água por participante (ou um balde de água para todos). Etapa 2 Duração: 5 min. De seguida, o catequista entrega uma vela acesa a cada participante. Deverão colocá-la no chão, onde se encontram. Colocadas as velas, o catequista explica que terão de ir ao lado oposto, onde se encontram os copos/o balde com água, molhar a bola de papel e regressar à sua vela para a apagarem. É importante ressaltar que, para apagá-la, só podem usar a bola de papel molhada. No caso de soprarem ou utilizarem as mãos serão desclassificados. Etapa 3 Duração: 2 min. No final, o catequista comenta, brevemente: Este jogo é mais difícil do que parece. Apagar esta luz custa mais do que poderia parecer. Às vezes, a nossa vida é como este jogo: tentamos apagar a luz que nós próprios somos. Mas será que isso faz sentido? Vamos escutar o que Jesus tem para nos dizer a este respeito.

Palavra: A luz da Palavra Duração: 15 min. Etapa 1 Duração: 5 min. Com o grupo serenado, o catequista pede aos catequizandos que abram as suas bíblias em Lc 8, 16. Quando todos tiverem encontrado a passagem, o catequista ou um participante proclama o texto, enquanto todos acompanham.

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A luz da Palavra Ninguém acende uma candeia para a cobrir com um vaso ou para a esconder debaixo da cama; mas coloca-a no candelabro, para que vejam a luz aqueles que entram. Após a leitura da Palavra, o catequista faz um breve comentário: Esta luz de que Jesus fala é a sua Palavra, a sua mensagem de amor, de vida e de esperança; Ela foi dita para ser comunicada, não para ficar escondida; Mas esta luz é também a vida de cada um de nós; A nossa vida está aí para ser comunicada, não para ficar escondida; Claro que cada um de nós tem o seu temperamento, as suas inseguranças e medos; Às vezes, custa colocar “cá fora” o nosso mundo interior. Etapa 2 Duração: 10 min. O catequista convida os catequizandos a preencherem individualmente o questionário que está no Livro do Catequizando, páginas 8 e 9. A MINHA LUZ: ESCONDIDA OU À MOSTRA N.º

Pergunta

Sim

1

Fico embaraçado(a) ao contar que passei as férias em casa a ­ajudar os meus pais?

2

Habitualmente, digo a verdade, mesmo se isso me traz problemas?

3

Em caso de necessidade, consigo olhar de frente quem quer que seja e mentir calmamente?

4

Algumas vezes, evito partilhar as minhas ideias com receio que os outros não gostem delas?

5

Sou reservado(a) à hora de revelar os meus sentimentos?

6

Dizem que sou uma pessoa que gosta de fazer as coisas à sua maneira?

7

Consigo esquecer-me dos aborrecimentos e preocupações sempre que quero?

8

Deverei moderar a minha tendência a ajudar os outros a resolver os seus problemas?

9

É difícil admitir os meus erros?

10

Há alturas durante o dia em que quero estar só com os meus pensamentos, sem ser interrompido(a) por ninguém?

11

Agrada-me ser simpático(a) com os outros mesmo quando não me ­apetece?

12

Se uma ideia minha que eu acho acertada não é tida em consideração, procuro propô-la de novo?

13

Há alturas em que não me apetece ver ninguém?

14

Com uma pessoa pouco conhecida, prefiro falar de nós?

20

Não

Mais ou menos


Pontuação Na tabela, procura a pontuação correspondente a cada uma das tuas respostas às 14 perguntas. Soma os pontos obtidos em cada linha. Pergunta

1

2

3

4 5 6 7 8 9 10 11

12

13 14

Sim Não Mais ou menos

0 2 1

2 0 1

0 2 1

0 1 2 1 1 1 1 2 0 0 0 1 2 0 1 2 2 1

2 0 1

0 2 1

2 0 1

0 1 2

TOTAL

1 1 1

Chave de leitura De 6 a 11 pontos: Provavelmente, estás a esconder a tua luz. Podes crescer em confiança e abrir-te mais aos outros. De 12 a 18 pontos: Sentes-te bem contigo mesmo(a). Não precisas de esconder pensamentos, sentimentos, comportamentos. És sociável e, no relacionamento com os outros, aceitas a crítica. De 19 a 25 pontos: És sincero(a) e espontâneo(a). És tolerante. Tens confiança em ti e mostras a tua luz.

Oração: Dá força à minha luz! Duração: 10 min. Etapa 1 Duração: 3 min. O catequista afixa o cartaz nº 1 e convida a observá-lo. A seguir, pergunta o que a imagem do cartaz tem a ver com as experiências feitas ao longo deste encontro de catequese. Não interessa aprofundar muito esta ligação.

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Etapa 2 Duração: 3 min. O catequista pede aos participantes que abram o Livro do Catequizando, página 10, e convida-os a uma atividade individual onde vão pedir ao Senhor que os ajude a ­compreender e aceitar a tarefa de serem luz brilhante para não ficarem na comodidade ou serem discípulos anónimos, que tapam a sua luz e não a levam aos outros. Para tal, e em silêncio, deverão ler a oração proposta, concluindo-a com um pedido pessoal que escreverão nas linhas disponíveis. O catequista coloca música instrumental. Senhor, ser cristão nos dias de hoje é um desafio. Nos tempos em que tenho de lutar, sou tentado(a) a esconder a minha luz, para permanecer no anonimato, mantendo-me calado por vergonha. Senhor, eu Te peço: quando a chama da minha candeia enfraquecer e se apagar fortalece o seu brilho para que eu seja, novamente, um portador de luz, um guia de esperança para todos aqueles com quem me cruzo diariamente. Etapa 3 Duração: 4 min. Assim que todos os participantes terminarem a etapa anterior, o catequista desafia-os a levantarem-se e explica que recitarão juntos a oração até “(…) com quem me cruzo diariamente”, em conjunto e em voz alta; chegados a essa parte, cada um, de forma livre e aleatória, apresentam a sua oração individual. Todos devem apresentar a sua oração. A etapa termina com a oração do Glória, rezada em conjunto e voz alta.

2º encontro Expressão de fé Neste segundo encontro, são propostos alguns exercícios que ajudam os catequizandos a exprimir o seu mundo interior.

Material Computador, projetor multimédia, colunas Vídeo “Quero partilhar a luz que sou” (disponível na pen multimédia) Canção “Hero” de Mariah Carey, (disponível no youtube) Canção “Inunda este lugar” (disponível na pen multimédia)

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Atividade: Minha voz, meu humor Duração: 25 min. Etapa 1 Duração: 3 min. O catequista introduz a atividade referindo que, quando falamos, a mensagem que transmitimos não depende apenas do significado das palavras que dizemos, mas também da forma como as dizemos. A nossa voz pode ser tranquila e doce, dura e severa, insegura ou decisiva. O tom da minha voz dá indicações a quem me escuta sobre o meu humor e as minhas intenções. Etapa 2 Duração: 1 min. O catequista desafia os participantes a circularem pela sala e a fazerem algumas experiências com a sua voz. Para tal, cada um deverá dizer algumas palavras ou frases aos colegas que for encontrando. Deverão estar atentos ao som produzido pela sua voz. Etapa 3 Duração: 1 min. O catequista introduz uma variação à etapa anterior: dá indicações aos participantes para que agora utilizem um tom terno e suave, à medida que pronunciam frases que estejam em consonância com esse tom, como por exemplo, “gosto muito de ti”, “sinto-me feliz”, etc. Enquanto falam, deverão prestar atenção à forma como reage o pescoço. Etapa 4 Duração: 1 min. O catequista desafia agora os participantes a falarem com voz dura e dolorosa e, também aqui, deverão pronunciar frases que estejam em consonância com esse tom: “estou aborrecido, zangado, chateado”, “não quero saber mais de ti”, etc. Também aqui deverão prestar atenção à forma como reage o pescoço. Etapa 5 Duração: 1 min. O catequista convida todos os participantes a formarem um círculo. Cada um deverá falar sobre alguém que não está na sala e de quem gostam muito. Deverão prestar atenção ao tom da sua voz e à forma como reage o pescoço. Todos falam ao mesmo tempo. Etapa 6 Duração: 1 min. Para finalizar, o catequista convida todos os participantes a expressarem-se sobre alguém de quem não gostam nada. Deverão prestar atenção ao tom da sua voz e à forma como reage o pescoço. Todos falam ao mesmo tempo.

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Etapa 7 Duração: 5 min. Nesta etapa, o catequista pede a cada participante que expresse o que sentiu. Poderá recorrer às seguintes questões: O que vos chamou mais a atenção nestas tarefas? Conseguistes expressar com o tom da voz os vossos diversos estados de ânimo? Verificastes como o pescoço também reagia de forma diferente às diferentes formas de falar? Etapa 8 Duração: 1 min. Após o diálogo em grupo, o catequista pede, que cada participante escolha um companheiro. Etapa 9 Duração: 1 min. Depois de escolhido o companheiro, o catequista pede que observem qual dos dois é o maior. O maior falará com voz firme e decidida, enquanto o menor usará um tom tímido e melancólico. Falarão de qualquer tema, mas deverão observar o que acontece. Etapa 10 Duração: 1 min. Agora o catequista pede que troquem de papéis; o maior falará com tom melancólico, enquanto o menor falará com voz energética e clara. Podem falar de qualquer tema. Etapa 11 Duração: 1 min. Seguidamente, o catequista pede que procurem outro companheiro e, também aqui, devem verificar qual é o maior. O maior falará com voz monótona e inexpressiva, enquanto o menor falará com ênfase. Escolher o tema de que desejam falar. Etapa 12 Duração: 1 min. Para concluir, o catequista pede que troquem, novamente, de papéis. Etapa 13 Duração: 7 min. O catequista pede que partilhem, com o grupo todo, algumas ideias sobre a sua experiência… Poderá orientar a discussão a partir das seguintes questões: No dia a dia: Alguma vez usastes o tom melancólico? Quando falais com decisão? Em que altura vos sai uma voz mais fria e metálica e quando vos sai uma voz mais quente e apaixonada?

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Entre as pessoas que conheceis, quem tem o tom de voz especialmente duro? E quem tem a voz doce e suave? A que tons de voz prestais mais atenção? Os outros prestam atenção ao vosso tom de voz? Quem tem uma voz que vos agrada? Quem tem um tom de voz que vos deixa nervosos(as)? O que aprendestes com esta atividade? Daqui para a frente, quereis comportar-vos de outra forma? Como vos sentis agora?

Atividade: Conversamos com as mãos Duração: 15 min. Etapa 1 Duração: 10 min. O catequista pede aos participantes que escolham um companheiro. Deverão deitar-se no chão ou ficar sentados, costas com costas, de forma a que as cabeças se toquem. A partir deste momento, deverão falar apenas com as mãos que levantarão sobre a cabeça para poder tocar as mãos do companheiro. Ao comando da catequista, deverão executar a tarefa pedida: 1. Quero que as vossas mãos digam “Bom dia!”. Conversai um pouco com o vosso companheiro através das mãos. 2. Como são as mãos do vosso companheiro? Finas? Ásperas? Alegres? O que notais nelas? 3. Gostaria que as vossas mãos dançassem juntas… Corram juntas… Deem um passeio… Saltem juntas… 4. Dizei, agora, que vos sentis felizes… tristes… furiosos… cansados. 5. E agora descansai juntos. 6. Que quereis dizer, ainda, às mãos do vosso companheiro? Tratai de descobrir o que querem dizer-vos as mãos dele. 7. Agora as vossas mãos vão despedir-se (10 segundos). 8. Levantai-vos (ou virai as cadeiras) e falai sobre a conversa que tivestes entre as vossas mãos: o que sentistes? Conseguistes entender-vos? Tereis 3 minutos para trocardes impressões. Etapa 2 Duração: 5 min. Concluída a etapa anterior, o catequista pede que todos os participantes formem um círculo e partilhem as conclusões que tiraram da atividade. Poderá recorrer às seguintes questões: Entendestes-vos bem quando comunicastes com as mãos? O que vos custou mais “dizer”? Para que usais as mãos, normalmente?

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As mensagens que enviais através das mãos são parecidas com as que fizestes nesta atividade? Conheceis pessoas que falam muito com as mãos? Que conclusões tirais?

Atividade: Há um herói Duração: 10 min. Etapa 1 Duração: 5 min. O catequista convida a ver o vídeo “Hero” de Mariah Carey. Podem acompanhar a letra em inglês e a sua tradução no Livro do Catequizando, página 10. Mariah Carey - Hero - https://www.youtube.com/watch?v=0IA3ZvCkRkQ HERO

HERÓI (adaptado para ser cantável)

There's a hero If you look inside your heart You don't have to be afraid Of what you are There’s an answer If you reach into your soul And the sorrow that you know Will melt away

Há um herói Se olhares dentro do teu coração Não precisas de ter medo Do que tu és Há uma resposta Se procurares dentro da tua alma E a tristeza que conheces Desaparecerá

And then a hero comes along With the strength to carry on And you cast your fears aside And you know you can survive So when you feel like hope is gone Look inside you and be strong And you'll finally see the truth That a hero lies in you

E então um herói virá Com a força para continuar E deixas os teus medos de lado Sabes que podes sobreviver E quando sentes que já não há esperança Olha dentro de ti e sê forte E finalmente verás a verdade Que existe um herói em ti.

It's a long road When you face the world alone No one reaches out a hand for you to hold You can find love If you search within yourself And the emptiness you felt Will disappear

É um longo caminho Quando enfrentas o mundo sozinho Ninguém te estende uma mão para segurares Podes encontrar amor Se procurares dentro de ti E o vazio que sentiste Desaparecerá

Lord knows Dreams are hard to follow But don't let anyone Tear them away (Just) Hold on There will be tomorrow In time You'll find the way

Deus bem sabe É difícil seguir os sonhos Mas não deixes que ninguém Os destrua Não desistas Haverá o amanhã Com o tempo O caminho encontrarás

That a hero lies in … you That a hero lies in … you

Que existe um herói em … ti. Que existe um herói em … ti.

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Etapa 2 Duração: 5 min. Depois de escutar a canção, os catequizandos devem sublinhar duas frases da letra da canção: a que melhor os descrevam e a que pouco tem a ver com eles. Com serenidade, o catequista convida cada um a partilhar as frases sublinhadas.

Atividade: Deixa brilhar a tua luz Duração: 10 min. Etapa 1 Duração: 5 min. O catequista convida a criar um clima de oração e serenidade. Todos devem estar sentados comodamente, sem nada que distraia as mãos. Sugere ainda que respirem com calma, profundamente, enquanto escutam a canção “Inunda este lugar”. A letra encontra-se no Livro do Catequizando, página 11, pelo que poderão acompanhar. Canto “Inunda este lugar” (Original: CD-Livro Quando estou conTigo - canções para rezar, Miguel Horácio, Edições Salesianos)

Vem inunda-me (6x) Inunda este lugar do Teu Espírito, Senhor Que eu possa respirar Teu amor e Teu perdão (bis) Vem, inunda todo o meu ser de Ti Vem e muda tudo em mim por Ti Inunda este lugar do Teu Espírito, Senhor Que eu possa respirar Teu amor e Teu perdão (bis) Vem, inunda todo o meu ser de Ti Vem e muda tudo em mim por Ti (bis) Vem inunda-me (6x) Etapa 2 Duração: 5 min. O catequista projeta o vídeo “Quero partilhar a luz que sou” e convida os catequizandos a rezarem alto as frases escolhidas. Se não for possível a projeção vídeo, pode-se pedir a um leitor que leia o guião (disponível no Livro do Catequizando, página 13) e ao resto do grupo que responda com a frase “Hoje, quero partilhar a luz que sou.” Guião do vídeo Com confiança, venho a Ti, meu Deus, para que me ajudes a aceitar-me. Gasto muito tempo a criticar-me. Tantas vezes, não gosto do que vejo ao espelho. Sinto-me mal comigo mesmo. Fecho-me aos outros e até desconfio que nem Tu me aprecias. Todos: Hoje, quero partilhar a luz que sou.

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Ajuda-me a estar bem comigo, a ver-me como Tu me vês. Ajuda-me a aceitar o meu corpo, com a sua beleza e as suas imperfeições. Dá-me a tua sabedoria para eu recordar sempre como o teu amor é maior do que os meus medos. Ajuda-me a ser sempre autêntico, verdadeiro e honesto. Todos: Hoje, quero partilhar a luz que sou. Eu bem sei que Tu me amas. É o teu amor que me dá confiança, que me faz superar o medo de ser rejeitado. É no teu amor que eu descubro que já não preciso de viver escondido e a fingir. Todos: Hoje, quero partilhar a luz que sou. Tu estás sempre comigo. Por isso, deixo de ter medo de fazer escolhas, de assumir as minhas responsabilidades, de dar o primeiro passo para comunicar com os outros. Tu estás sempre ao meu lado, mesmo nos momentos de fracasso e dificuldade. ConTigo, não desespero, não desanimo. Todos: Hoje, quero partilhar a luz que sou. Hoje, vou deixar brilhar a luz que puseste em mim. Ajuda-me a amar-Te acima de tudo, a amar os outros e a trata-los com dignidade. Ajuda-me a viver feliz e a não ter medo de me mostrar aos outros. Todos: Hoje, quero partilhar a luz que sou.

Para avaliar Além das rotinas habituais de avaliação ao final de cada catequese, sugerimos que tenhas atenção a estes tópicos: Há catequizandos novos no grupo? Como vês a sua integração? Há catequizandos em falta, em relação ao grupo do ano passado? Sabes porque não apareceram? Que se pode fazer para os contactar e motivar? Se és um catequista novo com este grupo, como avalias a relação que estabeleceste com eles? O que notas de diferente em cada catequizando em relação ao ano passado? Estás a lidar bem com o material pedido para a tua missão (pasta de apoio, pen multimédia, canções, vídeos, acesso ao site ligações.net)?

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Conteúdo Introdução............................................................................................................................................................................................................................. 3 Catequese 1: Uma luz cá dentro.......................................................................................................................................13 Apresentação................................................................................................................................................................................................................... 14 Para o Catequista......................................................................................................................................................................................................... 14 1º encontro - Experiência humana e Anúncio da Palavra................................................................................................... 17 2º encontro - Expressão de fé................................................................................................................................................................. 22 Catequese 2: Sou com os outros.......................................................................................................................................29 Apresentação................................................................................................................................................................................................................... 30 Para o Catequista......................................................................................................................................................................................................... 30 1º encontro - Experiência humana........................................................................................................................................................ 33 2º encontro - Anúncio da Palavra e Expressão de fé............................................................................................................. 36 Catequese 3: Construir pontes e comunhão................................................................................................................41 Apresentação................................................................................................................................................................................................................... 42 Para o Catequista......................................................................................................................................................................................................... 42 1º encontro - Experiência humana........................................................................................................................................................ 44 2º encontro - Anúncio da Palavra e Expressão de fé............................................................................................................. 48 Catequese 4: Pontes sobre os conflitos........................................................................................................................57 Apresentação................................................................................................................................................................................................................... 58 Para o Catequista......................................................................................................................................................................................................... 58 1º encontro - Experiência humana........................................................................................................................................................ 61 2º encontro - Anúncio da Palavra e Expressão de fé............................................................................................................. 68 Catequese 5: Eu vim para.....................................................................................................................................................75 Apresentação................................................................................................................................................................................................................... 76 Para o Catequista......................................................................................................................................................................................................... 76 1º encontro - Experiência humana........................................................................................................................................................ 78 2º encontro - Anúncio da Palavra e Expressão de fé............................................................................................................. 81 Catequese 6: Fiel até ao fim................................................................................................................................................93 Apresentação................................................................................................................................................................................................................... 94 Para o Catequista......................................................................................................................................................................................................... 94 1º encontro - Experiência humana........................................................................................................................................................ 96 2º encontro - Anúncio da Palavra e Expressão de fé..........................................................................................................100 Catequese 7: Em relação com o Pai..............................................................................................................................107 Apresentação................................................................................................................................................................................................................108 Para o Catequista......................................................................................................................................................................................................108 1º encontro - Experiência humana.....................................................................................................................................................110 2º encontro - Anúncio da Palavra e Expressão de fé..........................................................................................................113 Catequese 8: A oração de Jesus.....................................................................................................................................123 Apresentação................................................................................................................................................................................................................124 Para o Catequista......................................................................................................................................................................................................124 1º encontro - Experiência humana.....................................................................................................................................................126 2º encontro - Anúncio da Palavra e Expressão de fé..........................................................................................................130

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Catequese 9: Ser um grupo com Jesus.......................................................................................................................137 Apresentação................................................................................................................................................................................................................138 Para o Catequista......................................................................................................................................................................................................138 1º encontro - Experiência humana.....................................................................................................................................................140 2º encontro - Anúncio da Palavra e Expressão de fé..........................................................................................................145 Catequese 10: As regras do jogo....................................................................................................................................155 Apresentação................................................................................................................................................................................................................156 Para o Catequista......................................................................................................................................................................................................156 1º encontro - Experiência humana e Anúncio da Palavra................................................................................................158 2º encontro - Expressão de fé..............................................................................................................................................................161 Catequese 11: Fermento na massa...............................................................................................................................167 Apresentação................................................................................................................................................................................................................168 Para o Catequista......................................................................................................................................................................................................168 1º encontro - Experiência humana e Anúncio da Palavra................................................................................................170 2º encontro - Expressão de fé..............................................................................................................................................................175 Catequese 12: Um só corpo..............................................................................................................................................181 Apresentação................................................................................................................................................................................................................182 Para o Catequista......................................................................................................................................................................................................182 1º encontro - Experiência humana.....................................................................................................................................................184 2º encontro - Anúncio da Palavra e Expressão de fé..........................................................................................................187

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Tens nas tuas mãos o guia do 8º ano de catequese do Ligações. Itinerário de Educação à Fé. Este ano, o foco principal estará na atenção aos outros e nas relações interpessoais. Depois de um trabalho inicial sobre a importância de sermos capazes de nos relacionarmos uns com os outros, será tempo de (re)descobrir a figura de Jesus Cristo. Aqui, sublinharemos as facetas que fará crescer nos catequizandos a vontade de O imitar. O terceiro bloco faz a ligação entre os dois anteriores. Cruza a figura de Jesus com a dimensão relacional dos adolescentes. Onde? Na Igreja!

GUIA do catequista

É preciso arriscar… Arriscar com os outros!

Nesta etapa, cada catequese será desenvolvida em dois encontros. Isto permite mais tempo para a interação dentro do grupo, para o diálogo, para a partilha, para o convívio, para uma oração serena.

http://ligacoes.net

Rua Duque de Palmela, 11 4000-373 Porto Tel.: 22 53 657 50 editora@edicoes.salesianos.pt www.edisal.salesianos.pt

Arriscar com os outros 8

Pedimos-te que orientes cada reunião num estilo dialogante. Os catequizandos chegam ao encontro semanal depois de uma semana cheia de eventos na escola, na família, nas redes sociais e, muitas vezes, não tão motivados para a catequese quanto tu. O teu entusiasmo será fundamental para que arrisquem uns com os outros!

LIGAÇÕES. Itinerário de educação à Fé


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