Histórias de Natal, Advento e Epifania

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Ficha Técnica:

Histórias de Natal de Advento e de Epifania Titulo Original: Storie di Natale d’Avvento e d’Epifania Esta edição foi publicada por acordo com a Editora: © 2001 Editrice Elledici - 10096 Leumann TO © 2001 Bruno Ferrero Copyright desta edição: © 2022 Salesianos Editora Rua Duque de Palmela, 11 4000-373 Porto | Tel: 225 365 750 www.editora.salesianos.pt geral@editora.salesianos.pt Tradução: Basílio Gonlçalves Revisão: António Gonçalves Capa: Paulo Santos Foto Capa: Dreamstime.com Paginação: João Cerqueira 1ª edição: Outubro 2022 ISBN: 978-989-9134-06-5 Depósito Legal.: 505303/22 Impressão e acabamento: Totem Reservados todos os direitos. Nos termos do Código do Direito de Autor, é expressamente proibida a reprodução total ou parcial desta obra por qualquer meio, incluindo a fotocópia e o tratamento informático, sem a autorização expressa dos titulares dos direitos.

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Bruno Ferrero

SALESIANOS EDITORA

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presentação

Uma vez os animais fizeram uma reunião. A raposa perguntou ao esquilo: «O que é para ti o Natal?». O esquilo respondeu: «Para mim é uma bela árvore com muitas luzes e muitos doces suspensos nos ramos para saborear».

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A raposa continuou: «Para mim, naturalmente, é um bom assado de ganso. Se não houver um belo assado de ganso, não há Natal». O urso interrompeu: «Bolo-rei! Para mim o Natal é um enorme e perfumado bolo-rei!». A pega interveio: «Eu diria: joias reluzentes e brinquedos cintilantes. O Natal é uma coisa brilhante!». Também o boi quis dizer a sua: «É o espumante que faz o Natal! Só eu beberia duas garrafas dele».

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O burro tomou a palavra com ímpeto: «Boi, estás doido? É o Menino Jesus o ser mais importante do Natal. Esqueceste isto?». Envergonhado, o boi baixou a grande cabeça e disse: «Mas as pessoas ainda sabem isso?». As histórias de Natal começaram quando os cristãos iniciaram a narrar o nascimento do Menino Jesus. O Evangelho de Lucas recorda que já em Belém os pastores contaram o que lhes tinha sido anunciado e «todos os que ouviram se admiravam do que eles diziam» (Lc 2, 18). As histórias são criadas precisamente para que as pessoas saibam.

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Com as histórias natalícias festejam o Menino da manjedoura, celebram a maravilha do milagre e procuram comunicar às crianças e a todos os que conservam dentro de si uma parte da sua infância a incrível notícia de um nascimento que mudou a vida das pessoas. As histórias de Natal neste livro servem para dar às crianças, e àqueles que continuaram a sê-lo por dentro, a alegria e o mistério que rodeiam o maior e mais importante acontecimento da história: o nascimento de Jesus. Não precisam de explicações: a muitas delas basta o silêncio e o respeito do segredo que cada um dos ouvintes experimentou e sentiu. Muitas outras deveriam ser narradas com um fundo musical durante uma celebração ou uma vigília; outras ainda esperam reviver numa récita ou num teatrinho. Todas precisam de um narrador que lhes dê um coração e um sentido e as faça tornarem-se expressão de amor a Jesus e a todos aqueles que querem ainda maravilhar-se com a sua encantadora e extraordinária história.

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Todos fazemos parte do grande evento

olho do carpinteiro

Era uma vez, há muito tempo, numa pequena aldeia, a oficina de um carpinteiro. Um dia, durante a ausência do proprietário, todas as suas ferramentas de trabalho fizeram uma grande assembleia.

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A sessão foi longa e animada, por vezes até impetuosa. Tratava-se de excluir da honrada comunidade das ferramentas um certo número de sócios. Um deles tomou a palavra: «Temos de expulsar a nossa irmã Serra, porque morde e faz ranger os dentes. Tem o feitio mais mordaz da terra». Outro interveio: «Não podemos ter entre nós a nossa irmã Plaina: tem um feitio cortante e meticuloso, que faz perder o pelo a tudo o que toca». «O irmão Martelo – protestou outro – tem um mau feitio pesado e violento. Defini-lo-ia como um espancador. É cho-

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cante o seu modo de rebater continuamente e dá cabo dos nervos a todos. Excluamo-lo!». «E os Pregos? Poder-se-á viver com gente assim picante? Que saiam! E também a Lima e a Grosa. Viver com elas é um atrito contínuo. E expulsemos também a Lixa, cuja única razão de vida parece ser o gosto de arranhar o próximo!». Assim discutiam, cada vez mais animadamente, as ferramentas do carpinteiro. Falavam todas ao mesmo tempo. O martelo queria expulsar a lima e a plaina, estas por sua vez queriam expulsar os pregos, o martelo, e assim por diante. No fim da sessão todas tinham expulsado a todas.

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A reunião foi bruscamente interrompida pela chegada do carpinteiro. Todas as ferramentas se calaram quando o viram aproximar-se do lugar de trabalho. O homem pegou numa tábua e serrou-a com a Serra mordaz. Aplainou-a com a Plaina que pela tudo o que toca. O irmão Machado que fere cruelmente, a irmã Grosa de língua áspera, a irmã Lixa que raspa e arranha, entraram em ação logo depois. O carpinteiro pegou depois nos irmãos Pregos de feitio agressivo e no Martelo que espanca e bate. Serviu-se de todas as suas ferramentas de mau feitio para fazer um berço. Um belíssimo berço para acolher um menino que estava para nascer. Para acolher a Vida.

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Deus veio procurar os seus filhos: é este o sentido do natal

príncipe exilado

O velho rei, sábio pela experiência e pelos anos, do alto das ameias do castelo observava o jovem príncipe a exercitarse com as armas. Combatia a sério e nos seus olhos lampejavam instantes de autêntica crueldade. O príncipe gostava de ­combater: para ele era uma alegria acertar no alvo, bater-se. Do alto do castelo, o rei suspirou. Não era assim, não era assim que imaginava o seu único herdeiro. Gostaria que fosse sábio e estudioso, respeitoso e generoso. Ao invés, crescia soberbo e prepotente, indolente e grosseiro. Um dia, o príncipe andava a cavalo numa aldeia de camponeses. Um pobre aproximou-se a coxear e a estender a mão cheio de esperança. O cavalo do príncipe fez um pequeno desvio. O jovem levantou a vergasta e bateu com raiva no rosto do pobre que caiu de bruços no pó. Com um grito, o príncipe esporeou o cavalo e afastou-se. A gente da aldeia queixou-se ao rei, que manifestou o seu profundo desgosto e mergulhou num silêncio amargo e pensativo.

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No dia seguinte, o rei convocou o Supremo Tribunal da Coroa e com voz grave anunciou: «O jovem príncipe Tancredo, nosso único filho e herdeiro da coroa, traiu as nossas expetativas. Não acreditamos que tenha as qualidades necessárias para ser um bom rei, justo e generoso. Por isso decretamos, ainda que isto nos despedace o coração, que seja exilado no extremo norte, na Terra dos Bárbaros e lá viva sem qualquer sinal da sua dignidade, sustentando-se com o trabalho das suas mãos».

Um mendigo andrajoso e só

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O príncipe foi abandonado, após dias e dias de viagem, numa clareira entre as gélidas montanhas que marcavam a fronteira norte do reino. Sem dinheiro, sem cavalo, sem armas. O pobre jovem permaneceu por muito tempo de bruços no chão. Não conseguia compreender o que lhe tinha acontecido. Depois, sentiu as mordeduras da fome. Bebeu num pequeno riacho e comeu algumas bagas selvagens e alguns frutos amargos. Tinha os olhos em lágrimas, mas, com um sobressalto de orgulho, continuou a caminhar. Começou assim a sua triste e desesperada peregrinação. Ao fim de alguns meses, já não se recordava de quantos cães furiosos o tinham perseguido, quantos rostos duros o haviam afugentado e insultado, de quantas pedradas atiradas violentamente se tivera que esquivar. Não lhe restava nem ponta do antigo orgulho. Um frio cruel, que lhe mordia os ossos, e uma fome lancinante eram os seus únicos companheiros de viagem. Um camponês compadecido ofereceu-lhe um trabalhito de pouca importância. Habituado à abundância da corte real, o jovem príncipe não sabia fazer absolutamente nada. Aprendeu a suportar as brincadeiras ferozes dos bêbados, as pancadas, os insultos, as troças, contanto que conseguisse algum pedaço de pão e palha para a noite. Passados alguns anos, não havia traços do aspeto

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principesco. Tancredo era um mendigo, maltrapilho e sujo, de olhos febricitantes e de voz lamurienta.

O embaixador Mas o velho rei não havia esquecido o filho exilado. A lembrança do jovem era uma ferida sempre aberta no seu coração. Por vezes, havia espreitado da torre mais alta, esperando ver o cabelo desgrenhado e o cavalgar impetuoso do jovem príncipe, mas sabia que da Terra dos Bárbaros era muito difícil regressar. Um dia, porém, tomou uma decisão. Chamou o capitão dos guardas, o mais destemido dos seus e confiou-lhe uma embaixada para o filho: «Diz-lhe que terá tudo o que deseja». O capitão deslocou-se com um destacamento de homens e chegou aos confins do reino. Encontrou o príncipe. A surpresa deixou-o sem palavras. O jovem tinha o cabelo e a barba incrustados de porcaria, e dormia num palheiro envolto em trapos. «Pede-me o que quiseres e dar-to-ei!», disse-lhe o capitão.

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O jovem fitou-o com os olhos febris, sem o reconhecer, e depois disse apenas: «Dá-me um pedaço de pão e um cobertor de lã, por favor». O capitão fez-lhe a vontade. Depois, juntamente com os seus homens, regressou ao rei, segundo as ordens que havia recebido.

A decisão do rei «Já não se recorda de ser o filho do rei! Não se recorda de que pode regressar aqui e viver como príncipe num palácio real! E vive como um mendigo», referiu o capitão ao rei. Os olhos do velho soberano encheram-se de lágrimas. O jovem príncipe havia pago duramente pela sua própria soberba. Certamente agora havia aprendido muito sobre a vida e sobre a natureza

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dos homens. Que podia fazer? «Irei eu!», decidiu. «E trá-lo-ei de novo para casa, se ele quiser». Com um destacamento de homens escolhidos, o rei chegou à Terra dos Bárbaros disfarçado de mercador. O capitão indicou-lhe o miserável leito onde o filho dormia. O rei quis aproximar-se sozinho. Tomou entre as mãos o rosto muito magro e sujo do príncipe e fitou-o longamente nos olhos com infinita ternura. Passados alguns instantes, o rosto do jovem pareceu iluminar-se. «Pai!», murmurou. «Vim para te levar de novo para casa», disse o rei. «És meu filho e não desisti de te amar. Vamos!». Juntos, pai e filho, regressaram ao palácio real. E as antigas crónicas referem que, quando subiu ao trono, o príncipe Tancredo governou como o mais sábio, bondoso e generoso dos reis. 10

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Índice Apresentação................................................................................................ 3 O olho do carpinteiro.................................................................................. 5 O príncipe exilado....................................................................................... 7 O jardim de Deus....................................................................................... 11 Os filhos mais inteligentes.......................................................................... 15 Em busca do Rei Escondido ...................................................................... 17 Misha......................................................................................................... 22 A estrela perdida........................................................................................ 24 A flauta do pastor...................................................................................... 29 O pacote de papel dourado ....................................................................... 32 O padeiro de Belém.................................................................................... 36 A mensagem do corvo................................................................................ 39 Roubaram o Menino Jesus......................................................................... 42 O presente do anjinho................................................................................ 46 Por que tocaram os sinos ........................................................................... 51

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Um papá para o Natal................................................................................ 55 A música do presépio................................................................................. 62 Benjamim................................................................................................... 67 Quando roubaram o Menino Jesus ........................................................... 71 O menino que não chegou a Belém............................................................ 78 Três Reis Magos e... meio.......................................................................... 82 O Industrial, o Manager, o Operário......................................................... 87 Onde ficaram o ouro, o incenso e a mirra?................................................. 90 O arbusto espinhoso ................................................................................. 95 O presente misterioso................................................................................. 99 O lobo de Belém ...................................................................................... 101 As três árvores ......................................................................................... 103 A pequena árvore de Natal....................................................................... 108 O Passarinho de natal.............................................................................. 116 O cântico dos anjos.................................................................................. 121

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A túnica de Ídris....................................................................................... 125 Sansão...................................................................................................... 129 O Pequeno Rei e a Estrela ....................................................................... 132 O Rei negro.............................................................................................. 140 O pajem dos Reis Magos ......................................................................... 142 A Viagem do quarto Rei........................................................................... 145 Chegaram só três...................................................................................... 150 Habacuc e Jeremias.................................................................................. 155 A lenda do pastor mau............................................................................. 159 A velhinha que esperava Deus.................................................................. 163 Um grito na noite..................................................................................... 165 Como um fio de palha.............................................................................. 167 A árvore de natal que regressou a casa..................................................... 170 Os sapatinhos de Natal............................................................................ 173 A lenda da estrela de Natal...................................................................... 177

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Os Reis Magos esquecidos....................................................................... 181 Pequena.................................................................................................... 184 A lenda de São Cristóvão......................................................................... 187 A lenda da árvore .................................................................................... 192 O presente da aranha............................................................................... 195 O Natal de Martin................................................................................... 197 Não há lugar na hospedaria .................................................................... 203 Por que estavam na gruta o burro e o boi ................................................ 206 O mais belo cântico de Natal................................................................... 208 Senhora, estamos a fechar........................................................................ 211 A história do tronquinho.......................................................................... 214 Os presentes na arrecadação.................................................................... 217 Os três cordeirinhos................................................................................. 219 O mais belo dos presentes........................................................................ 222 O presente de Fabrício............................................................................. 228 Babushka................................................................................................. 230

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