Preparo o sacramento da Reconciliação

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Preparo

o sacramento da Reconciliação Texto Marie-Paule Mordefroid com uma equipa de catequistas Ilustrações Christelle Fargue

www.editora.salesianos.pt


É difícil amar Nós procuramos amar aqueles com quem vivemos: os nossos pais, os nossos irmãos e irmãs, os nossos colegas, mas há momentos em que é muito difícil. Acontece-nos desobedecer aos nossos pais, implicar com os colegas, mentir ou dizer asneiras e coisas desagradáveis. Nessas ocasiões ficamos tristes; nós sentimos que o amor de Deus já não mora no nosso coração. Às vezes, é a Deus que nós não amamos. Não queremos responder ao Seu amor e vivemos como se Ele já não existisse. Alguns dias, recusamos rezar-Lhe, na missa não nos esforçamos por estar atentos. Quando recusamos fazer aquilo que agrada a Deus, nós cometemos um pecado, nós voltamos as costas ao Seu amor. Mas Deus, o nosso Pai, não nos deixa sós com o nosso pecado. Ele continua a amar-nos apesar das nossas faltas, e só deseja que nós voltemos para Ele.

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Jesus come com os pecadores.

“Vim chamar os pecadores ao arrependimento”. Lucas 5, 32

Jesus perdoa os pecados.

“Os teus pecados te são perdoados”. Lucas 7, 48

Mas Jesus desejava que todos os homens compreendessem a misericórdia de Deus por cada um deles... A misericórdia de Deus, é o amor cheio de ternura que Ele tem por todo o homem, um amor que ama sempre sem se cansar, que perdoa todas as faltas. ... Então Jesus conta a parábola do filho pródigo. 7


A parábola do filho pródigo Lucas 15, 11-32

Um homem tinha dois filhos. O mais novo disse para o pai: “Pai, dá-me a parte da riqueza que me compete”. E o pai reparte os seus bens. 8


Poucos dias depois, o filho mais novo junta a sua fortuna e parte para uma terra distante. Ali, gasta todo o seu dinheiro levando uma vida de desordem.

Foi então que chegou uma grande fome e ele começa a ter muitas necessidades. Foi colocar-se ao serviço de um habitante dessa região: este mandou-o guardar os porcos nos campos. Ele bem desejaria encher a barriga com as alfarrobas que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava. 9


Caderno para separar

Preparo

o sacramento da Reconciliação A primeira preparação para o sacramento da Reconciliação é um acontecimento importante na vida da criança, tanto sob o ponto de vista espiritual como sob o ponto de vista da vida humana. A maneira como a criança for preparada para receber este sacramento, a relação que ela estabelecer com Deus de uma forma nova para esta ocasião, marcarão a sua vida por muito tempo. É por isso necessário que os pais ou os catequistas comprometidos na preparação do sacramento da Reconciliação vivam também eles este sacramento de uma maneira positiva a fim de poder falar dele às crianças com muita fé e delicadeza. Encontrareis neste destacável: • A reconciliação na história da salvação (p. II a IV) • Conselhos aos pais e aos catequistas (p. VII) • Comentários sobre cada página do livro (p. VIII a X) • Uma bibliografia (p. XII) • Textos de referência (p. V-VI-XI) I


A reconciliação na história da salvação Considerar o mistério da reconciliação de Deus com os homens através do desenrolar da história da salvação, permite esclarecer três aspectos importantes deste mistério: • ele é de iniciativa de Deus • ele resulta do ministério da Igreja • ele supõe necessariamente a resposta do homem

Iniciativa de Deus Na origem da reconciliação está o AMOR DE DEUS. Porque Ele é amor, Deus criou os homens à Sua imagem, chamando-os a viverem na Sua intimidade, e a serem irmãos uns dos outros, filhos de um mesmo Pai. Apesar da atitude do homem, Deus manteve-Se fiel ao Seu desígnio. Com efeito, o homem preferiu virar costas a Deus, procurando obter por si mesmo a sua própria felicidade, de preferência a recebêII

‑la do seu Criador. Esta recusa do amor de Deus provocou grandes desordens: no interior do próprio homem, entre o homem e a mulher, entre os homens e o universo. Mas Deus não renunciou à Sua bondade para com o homem, pois manifestou a Sua misericórdia enviando o Seu Filho Jesus Cristo. Este, ao aceitar morrer na cruz, trouxe aos homens a salvação: por Ele, Deus reconciliou-Se com o homem.


Ministério da Igreja São Paulo: “Deixai-vos reconciliar com Deus” “Tudo vem de Deus que nos reconciliou consigo por Cristo e nos confiou o ministério da reconciliação. Porque na verdade era Deus que em Cristo reconciliava o mundo consigo próprio, não colocando as suas faltas na conta dos homens, e colocando em nós a palavra de reconciliação. É em nome de Cristo que nós somos mensageiros; e por nós, é o próprio Deus que, de facto, vos dirige um apelo. Em nome de Cristo, nós vos suplicamos, deixai-vos reconciliar com Deus. Aquele que não conheceu o pecado, Ele, por nós, se identificou com o pecado, a fim de que, por Ele, nós nos tornemos justiça de Deus”. Segunda carta aos Coríntios (5, 18 a 21)

Depois da Sua ressurreição, Jesus dá aos Apóstolos o poder de perdoar os pecados, e envia‑lhes o Espírito Santo para que a Boa Notícia da salvação seja proclamada e acolhida em toda a terra. (Jo 20, 19 a 23) No dia de Pentecostes, a Igreja, pela boca de Pedro, proclama o perdão dos pecados pelo Baptismo. A partir de então, ela não parou de chamar os homens à conversão e de manifestar a vitória de Cristo sobre o pecado. Ao celebrar os sacramentos, a Igreja permite aos homens receberem o perdão dos seus pecados e de viver uma vida reconciliada com Deus. Os sacramentos do Baptismo, da Eucaristia e da Reconciliação manisfestam cada um aspectos diferentes desta reconciliação de Deus com o homem. O Baptismo é o primeiro sinal do perdão dos pecados: imersão na morte de Cristo, III

ele sepulta o homem velho; novo nascimento, ele faz-nos entrar na vida de amor de Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Mas os baptizados correm ainda o risco de pecar, e o sacramento da Reconciliação permite-lhes serem perdoados dos pecados cometidos depois do seu Baptismo. A Eucaristia é o dom do amor de Deus pelos cristãos que vivem da Sua graça. Em consequência disso, a Igreja pede que aquele que tiver um pecado grave na consciência não comungue senão depois de ter recebido o sacramento da Reconciliação, porque o pecado grave é recusa e desobediência a Deus, é ruptura de comunhão. A Eucaristia é também memorial do sacrifício de Cristo: ela faz-nos beneficiar seja pessoalmente seja comunitariamente da Reconciliação adquirida por Cristo.


Alguns conselhos aos pais e aos educadores da fé... A atitude dos pais e dos educadores é importante para favorecer a caminhada das crianças. Temos de as encorajar com muita compaixão e prepará-las num clima de confiança no amor misericordioso do Senhor. Todos quantos preparam crianças para a Reconciliação têm de dar mostras de um grande respeito pela consciência destas crianças; temos de as ajudar com muita dis-

crição. Ao ajudar a criança a progredir no seu conhecimento do bem e do mal, devemos evitar “moralizar” e utilizar abusivamente o sacramento face a dificuldades que se possam apresentar na vida da criança. Finalmente, não atribuamos a mesma gravidade a todos os actos de uma criança: há uma diferença entre uma acção feita por impulsividade e outra feita com plena consciência.

Confissão e Primeira Comunhão das crianças

A criança que chegou ao uso da razão tem o direito, na Igreja, de receber os dois sacramentos. Seria uma discriminação ilógica e injusta não a preparar e só a admitir à comunhão; seria violar a sua consciência. E não vale dizer que ela tem o direito de se confessar se este direito não é exercido. Quando as crianças estão suficientemente instruídas e estão conscientes da natureza dos dois sacramentos, não terão dificuldade em se aproximarem em primeiro lugar ao sacramento da Reconciliação que desperta nelas de forma elementar mas fundamental a consciência do bem e do mal moral, e que as prepara para o grande encontro com Jesus duma forma mais consciente e responsável. Esta convicção pessoal e viva da necessidade de uma purificação o mais profunda possível para receber dignamente a Eucaristia, se ela for dada desde a Primeira Comunhão e se ela for posta em prática prudentemente e convenientemente, acompanhará certamente as crianças ao longo da sua vida. Ela conduzi-las-á a terem uma maior estima pelo sacramento da Reconciliação, bem como a recebê-la mais frequentemente e melhor. Extraído dos “Actas da Sé Apostólica” 1977

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Sugestões para a utilização do livrinho  Deus é amor, Ele é o nosso Pai - p. 2 e 3 O objectivo desta primeira etapa é ajudar as crianças a aprofundar a descoberta do amor de Deus-Pai por cada uma delas. Este amor manifesta-se concretamente: • pela natureza que as rodeia • pela vida que lhes é dada • pelo amor dos seus pais e dos seus amigos • pelos desejos de beleza e de verdade que há no seu coração A descoberta de que tudo isso vem de Deus leva as crianças à oração de acção de graças e permite-lhes compreender que são chamadas a partilhar com os outros esse amor que recebem. O mais belo presente que receberam, foi a vida de filho de Deus dada pelo Baptismo. O sacramento da Reconciliação vai-lhes voltar a dar esta vida de amor com Deus que foi enfraquecida pelo pecado.

 É difícil amar - p. 4 e 5

Face ao amor de Deus e às Suas exigências, a criança começa a tomar consciência de que é pecadora, quer dizer, que ela nem sempre faz a vontade de Deus. Diferentes aspectos devem ser postos em evidência nesta tomada de consciência da existência do pecado: • Partindo de exemplos concretos da vida quotidiana, podemos mostrar às crianças que, com a sua consciência, são capazes de saber o que é bem e o que é mal, e que, apesar disso, elas escolhem em certas alturas não fazer o bem ou, até, fazer o mal. • Pode-se também mostrar-lhes que ao recusarem amar os outros, elas ofendem a Deus que é Criador e Pai de todos. VIII


Celebração do sacramento da Reconciliação Ele levantou-se e foi ter com o seu pai.

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Tu apresentas-te diante do sacerdote que faz as vezes de Jesus: É em Seu nome que ele te acolhe. Fazes o sinal da Cruz bem feito e dizes:

- Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amen. O sacerdote encoraja-te a ter confiança em Deus:

2 Tu dizes ao sacerdote a Palavra de Deus que mais te ajudou durante a preparação do sacramento:

- Receba-te o Senhor Jesus: Ele não veio a chamar os justos mas os pecadores. Tem confiança n'Ele.

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