Via Sacra - o sorriso na cruz

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Maria Rita Scrimieri Pedriali

Via Sacra O sorriso na cruz

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Ficha Técnica © Maria Rita Scrimieri Pedriali © 2019 Edições Salesianas Rua Duque de Palmela, 11 4000-373 Porto Tel: 225 365 750 Fax: 225 365 800 www.edisal.salesianos.pt editora@edicoes.salesianos.pt Publicado em Janeiro de 2019 Capa: Paulo Santos Tradução: Pedrosa Ferreira Paginação: João Cerqueira Impressão e acabamentos: Printhaus ISBN: 978-989-8850-59-1 D.L.: 435069/17

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A Cristo, que na Eucaristia e na Igreja torna presente a sua paixão, morte e ressurreição, e a Maria, primeira e perfeita corredentora, com amor e gratidão.

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“Se soubesses o valor do teu sofrimento!” “Minha esposa amada, escola sublime de sofrimento e de ciência divina! Permite ao mundo vir ter contigo para aprender; que aprenda de ti a arte de bem sofrer, de amar loucamente e de me servir com toda a sabedoria. Eu sou mendigo; não te digo como à Samaritana: «Se soubesses quem te pede de beber,» porque o sabes: eu sou Jesus, o mendigo de amor, o preferido do teu coração. Mas digo-te: «Se soubesses o valor do teu sofrimento!» É o que te venho pedir, sou dela mendigo: dá-mo para as almas. Vai à tua cruz, esconde-a no teu sorriso.” (Diário da Alexandrina 6.1.1950) “Oferece-me o teu sofrimento oculto no sorriso e no amor. Sorri ao sofrimento, para que eu possa sorrir quando julgo os pecadores.” (Diário) Será verdadeiramente possível “sorrir” à dor? Será verdadeiramente possível esconder a própria cruz por detrás de um sorriso? A vida da Beata Alexandrina Maria da Costa, cooperadora salesiana, diz-nos que sim. O seu testemunho une-se ao de muitos outros testemunhos de que é rica a vida dos santos; neles a presença de Deus atravessou de tal modo as suas vidas que fez emergir e resplandecer nelas, como em reflexo, Cristo triunfador da dor e da morte. Nascida em Balasar (Portugal) a 30 de Março de 1904, aos 20 anos Alexandrina ficou paralisada na cama por causa de uma mielite na espinha dorsal, muito dolorosa. Foi causada 5

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por um salto feito aos 14 anos da janela da casa para fugir a três homens da povoação, que tinham entrado em casa violentamente e com más intenções. Com a ajuda da graça divina, Alexandrina fez do seu leito de dor o altar do amor por Jesus, que transformou a sua vida humanamente limitada numa vida espiritualmente rica e muito fecunda para a vida a salvação das almas. “Alexandrina, pequena do Evangelho, deu um sentido claro à sua vida. Voltou-se generosamente para Jesus na sua missão de Redentor universal. Transfigurada por Ele em tudo aquilo que podia parecer demasiado humano no seu amor, ela deixou-se envolver pelo amor incandescente do Verbo, Cordeiro Imaculado. Assim, numa modalidade em tudo extraordinária mas legítima, também ela ­participou, até ao heroísmo, naquele caminho de Fé, Amor, Solidariedade com os pecadores, próprio das almas vítimas, à frente das quais está Maria, a doce e impávida Mãe do Redentor. Alexandrina também fez isto por nós, como tantos outros desconhecidos irmãos que Jesus, na Igreja, continua a chamar, para que, percorrendo com Ele o caminho da cruz, façam resplandecer a verdade de Deus.” (Alessandro Galli, Un essere umano che sofrì, Ed. Nazareth) A vida de Alexandrina foi enriquecida por dois dons extraordinários. De 1938 a 1942, todas as sextas-feiras, das 12 às 15, viveu misticamente no seu corpo a Paixão do Senhor. Durante o êxtase da paixão, Alexandrina recuperava os movimentos do corpo e através dela tornavam-se visíveis os sofrimentos vividos por Jesus, do Getsémani ao Calvário. 6

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Com este dom extraordinário, o Senhor convida os homens quer à conversão, quer a manifestar o seu pedido de Consagração do mundo ao Coração Imaculado de Maria, feita chegar ao Papa pelo jesuíta Mariano Pinho, primeiro director espiritual de Alexandrina. Pio XII consagrou o mundo a Nossa Senhora, Rainha de todas as vitórias, em Outubro de 1942. A partir desse momento terminou a Paixão da Alexandrina através de manifestações do corpo, mas continuou a interior, com o sofrimento da alma. Contemporaneamente, manifestou-se o segundo dom extraordinário do Senhor: Alexandrina viveu apenas da ­Eucaristia durante os últimos 13 anos da sua vida. Não bebeu nem se alimentou até ao dia da sua morte, a 13 de Outubro de 1955. “Eu desejaria pintar num quadro todos os sofrimentos de Jesus que sinto na minha alma e pode-los gravar em todos os corações, para que sintam e compreendam aquilo que Jesus sofreu e assim não pequem mais, não O ofendam mais, mas apenas O amem, para que só o amor divino seja o fogo para os corações de toda a humanidade.” (Diário 18.10.1945) A partir da experiência viva que Alexandrina fez da Paixão de Jesus, primeiro nos êxtases e depois na participação interior, foram escolhidos os textos que constituem esta Via Sacra. Que percorrer o caminho do amor e da dor com Alexandrina nos ajude a encontrar o “sorriso” de Deus Pai, que nos olha através do Filho crucificado e através da dor da Mãe que a todos nos abraça no amor e na dor. Que o seu olhar nos cative e nos introduza sempre mais naquele espaço celeste, espaço da alma, para contemplarmos juntos o mistério do Filho no seu supremo acto de amor: morrer na cruz para restituir ao Pai a 7

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alegria de nos abraçar, a nós e aos nossos irmãos, na alegria plena da sua presença, no dom do Espírito Santo. Tornar-nos participantes neste mistério de amor e de salvação é o que torna ainda possível o sorriso na cruz. Maria Rita Scrimieri Pedriali

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GETSEMANI Jesus convida Alexandrina a amar e a sofrer com Ele para a salvação das almas “Era já noite escura quando senti como se alguém me pegasse pela mão e me guiasse para o Horto. Ao chegar ali, senti que Jesus uniu o seu rosto humano ao meu e, fazendo com que eu me prostrasse em terra com Ele, disse-me: – Este chão é muito duro, mas duros, muito mais duros, são os corações. Ajuda-me a penetrar neles: sofre comigo. Senti toda a dor de Jesus: Ele era luz e via apenas trevas; era vida e sentia apenas morte. O causador de tantas trevas e de tanta morte foi o pecado. Horto de tristeza, Horto de agonia! Senti todos os sofrimentos em antecipação. Tenho a visão do sangue que estou para derramar e ao mesmo tempo das flores que nascem deste sangue. De entre estas flores saem espinhos muito agudos, a maior parte banhados de sangue. Vejo o fruto e vejo a ingratidão. Vejo a glória e vejo a iniquidade. O coração amava mais que todas as feridas. O amor venceu. O amor resistiu ao suor de sangue, à visão da captura, dos tribunais, da coluna e da flagelação.”

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INTRODUÇÃO

Pres.: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Todos: Amen. Pres.: Oremos. Deus Pai, que no precioso sangue do vosso único Filho remistes todos os homens, guardai em nós a obra da vossa misericórdia para que, meditando na sua gloriosa paixão, obtenhamos os frutos da nossa redenção. Por Cristo, Senhor nosso. Todos: Amen. Leitor: “Quanto custou a Jesus a vida sobre a terra! Não foi o Horto e o Calvário, sofrimento de algumas horas: Toda a sua vida foi Horto e Calvário. Ele crescia em idade e sabedoria, e com Ele crescia também a cruz: Não se separou dela um só instante. Nela crescia, nela sofria, mas sempre com sorriso e bondade.” Todos: “Obrigado, Jesus, pelo vosso sorriso! Esteja sempre o sorriso nos meus lábios, a alegria na minha dor, a luz nas minhas trevas, a força no meu calvário.” Santa Mãe do Senhor, gravai dentro de nós as suas chagas dolorosas.

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JESUS É CONDENADO À MORTE Pres.:

Nós Vos adoramos e bendizemos, Senhor Jesus Cristo.

Todos: Que pela vossa santa cruz remistes o mundo. Leitor: “Vejo e ouço a grande multidão que, a uma só voz, sem piedade de Mim, grita pedindo que seja crucificado. Os meus ouvidos escutam os gritos: ‘Seja morto! Seja crucificado!’ Recebo a sentença de morte. O povo muito numeroso, como nas grandes festas, ficou para esperar pela sentença. Agora alegra-se, acolhe com entusiasmo a minha condenação à morte. 13

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Sinto a dureza de todos aqueles corações. Não se comovem ao ver-Me flagelado, coroado de espinhos, condenado… Inocente, não tenho nada a dizer a este povo! Sofro em silêncio. Aceito tudo, enquanto o meu coração ama, ama cada vez mais loucamente. Pilatos, terei compaixão da tua fraqueza de ânimo!” Todos: “Ó meu Jesus, meu Jesus, perdão! Perdão pelos meus pecados e pelos do mundo inteiro. É vossa a humanidade, vossos os pecadores! Sede misericórdia que não esquece mas que muito ama! Querida Mãe, Maria, fazei que eu chore rios de lágrimas pelos meus muitos pecados. Pedi por mim perdão a Jesus!” Pres.: Oremos. Olhai, Deus omnipotente, para a humanidade esgotada pela sua fraqueza mortal e fazei que retome vida pela paixão do Vosso Filho, Jesus Cristo, Senhor nosso. Todos: Amen.

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