A aventura de caminhar (GUIA - 5º ano - Ligações.Itinerário de educação à Fé)

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Tens nas mãos o guia do 5º ano de catequese do Ligações. Itinerário de educação à Fé.

Este ano, vais conduzir o teu grupo pela descoberta do Antigo Testamento e dos Atos dos Apóstolos. Os encontros de catequese centram-se na descoberta de personagens bíblicos que nos precederam na fé. Assim, será mais fácil aos catequizandos identificarem-se com a mensagem do texto bíblico. Este ano culmina com a entrega do Credo. É recitando esta oração que recordamos toda a nossa história de salvação. Tudo aquilo que Deus fez e faz por nós. Tudo aquilo em que acreditamos enquanto cristãos. O itinerário que propomos vai organizar-se em 3 grandes blocos: 1. Da criação ao Rei David: a “primeira parte” da história do povo de Deus 2. De David ao Exílio na Babilónia: descobrir os profetas 3. Os Atos dos Apóstolos: o nascer da Igreja de Cristo

a aventura de caminhar

Pega no bastão… é tempo de caminhar!

GUIA

a r u t n r e av inha a

m ca

de

UISTA Q E T DO CA

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Esta aventura vai desenvolver-se em encontros semanais, com a duração de uma hora. Pedimos-te que orientes cada encontro com alegria e gratidão. A tua Fé vai contagiar os catequizandos. Juntos irão sentir-se entusiasmados por descobrir as raízes da nossa história e o chamamento que Deus nos faz. Calça as sandálias que vais começar a aventura de…caminhar!

GUIA DO CATEQUISTA

de

n a gra m u ja… e s o n ste a e e u Q

! a r u t n ave

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Itinerário de educação à Fé

Rua Duque de Palmela, 11 4000-373 Porto Tel.: 22 53 657 50 editora@edicoes.salesianos.pt www.edisal.salesianos.pt

Ligações Itinerário de educação à Fé


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Ficha técnica: © Edições Salesianas, 2019 Rua Duque de Palmela, 11 • 4000-373 Porto Tel. 225 365 750 editora@edicoes.salesianos.pt www.edisal.salesianos.pt Publicado em julho de 2019

Ilustração de Capa: MasaruHorie - www.christiancliparts.net Capa: Paulo Santos Paginação: João Cerqueira Coordenação: Elsa Almeida, Rui Alberto, Sofia Fonseca Impressão: Totem ISBN: 978-989-8982-05-6 Depósito Legal: 459180/19


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Introdução 5º ano Caro/a catequista: aqui tens o Guia do “A aventura de caminhar”. É a proposta que te oferecemos para fazeres catequese com os pré-adolescentes do 5º ano. Faz parte do projeto Ligações. Itinerário de educação à fé, que os Salesianos estão a desenvolver, como um serviço e em comunhão com toda a Igreja. “Caminhar” é um verbo adequado para descrever a história do povo de Deus. Deus chama um povo (Israel, no Antigo Testamento e a Igreja no Novo Testamento) a pôr-se a caminho.

Ligações Chamámos “Ligações” a este itinerário de educação à fé, porque ele quer estabelecer várias ligações felizes: Entre Deus que Se revelou plenamente em Jesus de Nazaré e cada um dos ­catequizandos; Entre a comunidade cristã, tornada presente por ti e pelos outros catequistas, que bebem do Evangelho a sua força, e os desafios colocados pela vida real dos catequizandos, das suas famílias, dos seus contextos; Entre os vários catequizandos que são convidados a experimentar já o que é ser Igreja, comunidade dos que querem seguir Jesus e o seu Evangelho; Entre a situação atual de cada catequizando e o crente maduro e feliz que Deus está a chamar; Entre a Igreja e as famílias que pedem para os seus filhos uma boa educação na fé. Este itinerário de educação à fé surge no caminho de renovação evangelizadora dos últimos anos. A Igreja, a nível universal com o magistério e a animação dos Papas, e a nível nacional com os documentos recentes dos bispos portugueses sobre a melhoria da catequese, incentiva todos a um maior entusiasmo por levar a alegria do Evangelho às pessoas concretas de hoje. Alinhados com esse esforço, oferecemos o contributo da tradição espiritual, educativa e pastoral salesiana ao esforço de renovação e qualificação da catequese em Portugal. Num mundo plural, complexo e cheio de contradições como é este século XXI, é uma bênção a existência de propostas diferenciadas.

Elaborar uma primeira síntese orgânica de fé Ao longo deste percurso de fé em que acompanhamos as crianças e adolescentes dos 6 aos 18 anos, muita coisa muda nos catequizandos: a nível físico, a nível psicológico, a nível social, a nível de fé. Por isso, organizámos este itinerário em quatro fases de três anos cada. Cada uma delas faz uma escolha dos conteúdos, objetivos e metodologias que melhor se adaptam à idade e que mais contribuem para a finalidade da catequese. Estamos agora na segunda fase. Ela tem como meta ajudar os pré-adolescentes a elaborar uma primeira síntese de fé. Esta fase ajuda o catequizando a contactar com as fontes da fé: a Bíblia e o Credo.

Indicadores de avaliação No final deste caminho, gostaríamos que os catequizandos estivessem confortáveis com um conjunto de atitudes. Eis os indicadores de sucesso para cada uma das seis tarefas da catequese:

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Fase 2: Fazer escolhas e comprometer-se com a fé Favorecer o conhecimento da fé

O catequizando conhece os principais personagens, episódios e atitudes da história da salvação e sente-se parte dessa história.

A educação litúrgica

O catequizando celebra regularmente, com autonomia motivacional, os sacramentos da reconciliação e da Eucaristia.

A formação moral

O catequizando reconhece em Jesus o modelo na relação com Deus e com os outros e uma fonte para a alegria e o serviço.

Ensinar a rezar

O catequizando relaciona-se com Deus a partir da categoria de amizade, onde Ele está perto dos problemas do quotidiano.

A educação para a vida comunitária

O catequizando assume o seu protagonismo no grupo de catequese e na família como experiências de Igreja.

A iniciação à missão

O catequizando dá testemunho dos seus valores cristãos na escola e no seu círculo de amigos.

Entrega do credo Desde os anos 90 do século XX, a catequese em Portugal recuperou algumas boas tradições dos primeiros séculos. Uma delas é a prática da traditio-reditio, ou seja de entregar aos catequizandos os documentos e riquezas da Igreja (Pai nosso, Bíblia, Credo…) para que eles o assimilem e o possam “devolver” à comunidade. Depois de, ao longo do 4º e do 5º ano, ter descoberto a riqueza da Bíblia e da história de salvação que narra, queremos entregar aos catequizandos o Credo. Este documento é uma síntese elaborada pela Igreja da nossa fé. De algum modo, conta a história da salvação e conta-nos a nós dentro dessa história. No final do 6º ano, os catequizandos poderão fazer a sua profissão de fé, isto é, apresentarem-se diante da comunidade para dizer: esta é a nossa fé! Recomenda-se que esta entrega do credo seja feita mais no final do ano. No site de apoio ligações. net encontram-se várias propostas para dar solenidade a este ritual.

Os tempos Neste 5º ano, cada catequese ocupa um encontro semanal. Este é o modelo a que muitos catequistas estão habituados. O catequista (ou o grupo de catequistas) deve fazer uma boa planificação, para que nos 60 minutos disponíveis para o encontro: se possam realizar as atividades previstas, haja um clima sereno e rico de relações entre o grupo e dos catequizandos com o catequista, aconteça o cruzamento entre a vida e o Evangelho.

5º ano: o caminho a fazer Nos primeiros anos de catequese os catequizandos tiveram um contacto inicial com Jesus e a experiência da fé. Nesta segunda fase (do 4º ao 6º ano) queremos oferecer-lhes uma familiaridade maior com as fontes da fé. No 4º ano puderam conhecer os evangelhos com mais profundidade. Agora, queremos partir à descoberta do que está “antes” dos evangelhos (o Antigo Testamento) e “depois” (os Atos dos Apóstolos). O Antigo Testamento é um conjunto muito grande de livros. Estudaremos aqueles livros e episódios bíblicos mais importantes para a nossa identidade de fé, para a liturgia que celebramos todos os Domingos e para um bom enquadramento da ação e Palavra de Jesus. São textos mais antigos do que os dos evangelhos. Foram escritos numa sociedade, numa cultura, numa mentalidade, muito 4


diferentes das nossas, hoje. Pode ser difícil perceber a sua mensagem. Por isso, demos prioridade aos textos de forma narrativa. Começaremos com os relatos da Criação (Catequese 1) e da Queda (Catequese 2). A partir daí, seguimos a história deste povo que Deus chamou: Abraão (Catequese 3), José (Catequese 4), Moisés (Catequeses 5, 6 e 7), Gedeão (Catequese 8), David (Catequese 9). Damos preferência aos personagens, porque assim se torna mais fácil para os catequizandos a identificação e atenção ao texto bíblico e à sua mensagem. Na genealogia de Jesus proposta por S. Mateus, há um primeiro “bloco” de 14 gerações que leva de Abraão ao rei David (Mt 1, 17). De algum modo, esta escolha de personagens apresenta esta “primeira parte” da história do povo de Deus. A seguir propomos o contacto com vários profetas pré-exílicos: Jonas (Catequese 10), Elias (Catequese 11) e Isaías (Catequese 12). A catequese 13 apresenta um dos episódios mais traumáticos para a experiência de fé dos antigos israelitas: a destruição do templo de Jerusalém e o exílio do povo para Babilónia (Catequese 13). E assim chegamos ao segundo “bloco” proposto por S. Mateus: de David até ao exílio da Babilónia. Continuamos com dois profetas maiores, ambos exilados em Babilónia: Daniel (Catequese 14) e Ezequiel (Catequese 15). Terminamos a nossa viagem no Antigo Testamento com uma catequese sobre a oração em Israel (Catequese 16). O último bloco de catequese põe os catequizandos em contacto com o segundo livro que S. Lucas escreveu: os Atos dos Apóstolos. Apresentamos o Pentecostes (Catequese 17), veremos como os apóstolos Pedro e João continuam a missão de Jesus (Catequese 18) e como são metidos na prisão e sofrem perseguição (Catequese 19). A catequese 20 vai-nos familiarizar com os “sumários” de Lucas, pequenos textos em que o autor tenta resumir o ideal de vida da Igreja nascente. Já no 4º ano conhecemos os 12 apóstolos; a catequese 21 apresenta-nos um novo grupo: os 7 diáconos. Na catequese 22 acompanhamos Estêvão, um desses 7 diáconos; ele será o primeiro a dar testemunho de Jesus até ao sangue. Na catequese 23 somos apresentados a Paulo (Saulo, como se chamava antes) e na catequese 24 acompanhamo-lo nas suas viagens missionárias. Muitos personagens interessantes, muitos belos textos ficaram de fora. Esta foi a seleção de textos e personagens que nos pareceu adequada e possível para os catequizandos do 5º ano.

Para ler o Antigo Testamento A Bíblia está composta de duas partes: o Antigo e o Novo Testamentos. Esta expressão é infeliz. “Testamento” está associado à morte. Na realidade, “Testamento” traduz a palavra hebraica “berith”, que significa Aliança. Aliança fala de pacto, de casamento, de festa. Os livros do Antigo Testamento são memória viva da Primeira Aliança que Deus fez com a humanidade e com o seu povo eleito. Ainda hoje encontramos cristãos “desconfiados” em relação ao Antigo Testamento. Dizem que, para nós, a verdade está toda no Novo Testamento, que o Antigo está ultrapassado, que nos mostra um Deus vingativo e cruel. Alguns catequistas até se convenceram que estes conteúdos são vistos como uma “seca” pelos catequizandos. Mas a verdade é que Cristo e os apóstolos leram, rezaram e exprimiram a sua fé com o Antigo Testamento. Como cristãos, discípulos de Jesus, não podemos nem queremos prescindir do Antigo Testamento. Como Jesus, devemos conhecer e escutar o Antigo Testamento, para poder captar melhor a presença de Deus nas nossas vidas.

Os géneros literários Para dizer as nossas experiências usamos diferentes formas de comunicação, diferentes géneros literários. Uma história de amor pode ser dita com um livro de história, com uma peça de teatro, um poema, uma sinfonia, uma pintura… Todas estas diferentes formas expressivas são legítimas e cada uma tem as suas caraterísticas próprias.

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O povo de Israel quis transmitir a experiência de encontrar Deus na sua vida. E para o conseguir foi usando variados recursos literários: o mito, a lenda, a narração histórica, o poema, a oração, as leis, a reflexão, o discurso, as cartas… Quando lemos os textos da primeira parte da Bíblia, escritos há milénios, temos de ter a lealdade de perceber qual o género literário que cada texto usa, para poder perceber bem qual o seu sentido.

Três famílias A tradição judaica divide os livros do Antigo Testamento em três grandes grupos: o Pentateuco, os profetas e os “escritos”. O Pentateuco inclui os cinco primeiros livros da Bíblia: Génesis, Êxodo, Números, Levítico e Deuteronómio. Acompanham a história da salvação desde a criação até à entrada do povo na Terra Prometida. Os Profetas incluem quer os livros dos profetas, quer livros de tipo histórico (Josué, Juízes, 1º e 2º de Samuel, 1º e 2º dos Reis, 1º e 2º das Crónicas). Os Escritos incluem o resto da literatura sapiencial e de oração. Uma distribuição mais moderna fala de livros históricos, proféticos e sapienciais. Os livros históricos têm este nome porque se apresentam como um relato do que sucede com o povo. Apresentam-nos Deus como companheiro de viagem da humanidade. Deus chamou Abraão e os patriarcas para fazer deles um povo escolhido. Quando o povo estava oprimido pelos egípcios, libertou-o e conduziu-o até a Canaã. Ao fim de algum tempo, o povo formou dois reinos: Israel e Judá. Estes livros contam a história dos reis e do povo, que se deixa guiar (umas vezes mais, outras menos) pela bondade providente de Deus. Esta história diz-se com muitas formas literárias: lendas de antepassados, narrações folclóricas, listas administrativas, anais da corte, listas geográficas, genealogias… Os livros proféticos mostram-nos Deus como amigo da humanidade. Deus faz um pacto de aliança com o seu povo, compromete-se com ele e espera que o povo, por sua vez, viva de maneira coerente esta amizade: adorando a Deus e cultivando a justiça nas relações entre as pessoas. Os profetas são pessoas apaixonadas por Deus e pela sua causa. A partir da sua fé intensa, desafiam as pessoas do seu tempo a serem fiéis à aliança com Deus. Transmitem a sua mensagem com oráculos de salvação ou de castigo, acusam ou exortam, fazem gestos simbólicos ou têm visões fantásticas… Tudo isso, para criar impacto nos seus ouvintes e atraí-los de novo à aliança com Deus. Os livros sapienciais apresentam-nos um Deus oculto que Se revela na vida de cada dia. Deus é o Criador do cosmos e ordenou tudo quando existe: montanhas e mares, noite e dia, ventos e chuvas. Ele rege o cosmos e tudo se realiza segundo a sua vontade. O crente, ao observar essa ordem na natureza, consegue perceber a mensagem de Deus. É na vida de cada dia, com a sua normalidade, onde Deus Se revela. É verdade que a vida diária está cheia de sofrimento e de coisas absurdas. Os sábios de Israel procuram perceber a mensagem de Deus por detrás de tudo isto. Os ditos e provérbios, os enigmas, as reflexões… servem para exprimir a experiência de Deus na vida quotidiana de Israel.

Para ler os Atos dos Apóstolos Depois de ter escrito a sua versão do evangelho (no final dos anos 70, início dos 80 do século I), Lucas escreve este livro dos Atos dos Apóstolos. Tem uma mensagem clara: mostrar que, depois da morte e ressurreição de Jesus, nada acabou. A obra por Ele começada, continua. Com este livro, Lucas quer narrar como homens e mulheres como nós continuam a ação de Jesus. Lucas é um homem com formação científica (era médico) e com atenção ao rigor histórico. Mas move-o sobretudo um interesse religioso. Por detrás do que acontece, ele vê sempre a força do Espírito Santo em ação. Ao iniciar o seu livro, ele relata a efusão do Espírito Santo no Pentecostes. Mas o Espírito está sempre presentes; Lucas fala d’Ele 41 vezes. É Ele quem conduz, aconselha, fortifica e precede os apóstolos. Neste livro, Lucas faz muitas comparações entre a ação de Jesus e a dos apóstolos. No Evangelho, Jesus, antes de começar a sua missão, retira-se 40 dias para o deserto; nos Atos, o Pentecostes é 6


precedido de um tempo de oração comunitária: “E todos unidos pelo mesmo sentimento, entregavam-se assiduamente à oração, com algumas mulheres, entre as quais Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos de Jesus” (Act 1, 14).

Fazer catequese com a Bíblia A Sagrada Escritura é a fonte donde brota a mensagem da catequese. Ela não é um acrescento facultativo. Como catequistas, é obrigatório termos algumas ideias claras sobre a forma de ler a Bíblia. A Bíblia é a Palavra que Deus nos comunica. Mas é também literatura. Por isso reconhecemos os diferentes géneros literários e procuramos captar a beleza e profundidade das imagens e figuras literárias que usa. A Bíblia é uma confissão de fé. Ela vale principalmente por isso e não tanto pela informação histórica ou cultural que nos oferece. A Bíblia é um livro cristão. Uma boa parte da Bíblia (o Antigo Testamento, que vamos trabalhar neste ano) foi escrita antes de Jesus. Mesmo assim interessa-nos. Mas lemos o Antigo Testamento interpretando-o à luz de Jesus e do seu Evangelho. Temos sempre como ponto de referência a Cristo. A Bíblia é um livro eclesial. Ela é fruto da fé da Igreja e só tem sentido pleno quando lida no seio da fé eclesial. A leitura pessoal da Escritura é importante, mas ela só adquire o seu sentido quando lida em comunidade, em clima de fé e de escuta, em sintonia com a Igreja universal de ontem, de hoje e de sempre. A Bíblia é um livro difícil. Foi escrito há muito tempo, num mundo muito diferente do nosso. A sua leitura pode tornar-se difícil e, até, pesada. Não pode ser lida literalmente; deve ser interpretada. A Bíblia é um livro para hoje. Esta biblioteca de livros inspirados por Deus não é uma enciclopédia de informação religiosa; são livro de fé, escritos para alimentar a nossa fé. Podemos aprender muito com a fé dos grandes crentes. A Bíblia ilumina a nossa fé, interpela a nossa vida, orienta-nos no caminho, alenta a nossa esperança. A Bíblia é um livro para rezar. Abraão, Moisés, David, Daniel, Pedro, Estêvão, Paulo… são pessoas muito diferentes. Mas todos eles têm em comum o saberem ler a presença de Deus nas suas vidas. Foram grandes orantes. A Bíblia é um livro de fé que deve ser acolhido em atitude de oração: rezando com as suas orações, rezando a partir do conteúdo dos seus relatos, rezando com as mesmas atitudes dos grandes crentes bíblicos. A Bíblia é um livro para viver. A Bíblia não nos deixa indiferentes. Em cada uma das suas páginas está um desafio: pôr em prática o seu conteúdo, empenhar-nos em viver segundo o projeto de vida a que Deus nos convida. A Bíblia não acaba na leitura, mas, passando pela oração, leva-nos à ação. A Bíblia foi escrita não tanto para ser lida, mas para ser vivida.

Os catequizandos A maior parte dos catequizandos, com idades de 10 e 11 anos, estão no 5º ano de escolaridade. A entrada no 2º ciclo é um grande momento, cheio de transformações. Muitos mudaram de escola. A escola mudou também: muitos professores, mais disciplinas, horários diferentes, escolas ­maiores…

Desenvolvimento inteletual Estas mudanças ocorrem num momento de estabilidade emocional e sexual, com pouco interesse pelo outro sexo. É uma etapa tranquila e feliz. Em termos afetivos são algo frios. Mostram certa resistência às manifestações externas de carinho, sobretudo em público. Os catequizandos desta idade vivem e exprimem o seu mundo interior através da atividade, do jogo e do movimento. Isto torna-os abertos e desejosos de aventuras. O jogo e a aventura, nestas idades, não são apenas um 7


“entretenimento” antes das “coisas sérias”; são a estratégia preferida para aprender conteúdos sérios e para exprimir o desejo interior de crescimento. Em termos inteletuais, aumenta a capacidade de abstração, porém, partindo do concreto. É a idade das perguntas: sobre si mesmos, sobre os acontecimentos sociais, a natureza, a Bíblia, o mundo, a ciência. Fazem perguntas porque querem dar significado a tudo o que os rodeia. Na sua relação com os outros manifestam-se sinceros, naturais, espontâneos. São capazes de admirar e idealizar os adultos significativos pelos valores que vivem (pais, professores, catequistas…). As suas opiniões sobre os acontecimentos e o mundo que os rodeia depende bastante da opinião dos pais e outros adultos significativos. Ainda têm muita dificuldade com o tempo histórico e em situar os acontecimentos no passado. Para isso, ao trabalhar com acontecimentos e relatos da Bíblia, o catequista deve fazer um esforço para os relacionar com a realidade atual, para que sejam significativos.

A experiência religiosa Nesta fase de desenvolvimento, inicia-se uma aproximação mais objetiva ao que sucede à sua volta. Persiste ainda algum egocentrismo de anos anteriores que se manifesta na visão antropomórfica, animista ou mágica da realidade. Estes três traços de religiosidade influenciam a imagem que faz de Deus. Deus está em função ou ao serviço do seu egocentrismo. Os conteúdos que vão aprendendo na catequese e na liturgia ajudam a superar essa visão egocêntrica, mas ficam com uma visão muito “nocional” e fria de Deus. A frieza afetiva desta idade (não gostam de expressões externa de carinho) diminui o caráter afetivo ou sentimental da sua relação com Deus. O ambiente religioso da família influi, positiva ou negativamente, na sua experiência religiosa. Certas formas de não-crença (superficialidade, materialismo, hedonismo) eclipsam a sua disponibilidade para a fé. O testemunho cristão credível de pessoas próximas (educadores, catequistas, pais) é uma influência positiva. A dificuldade que têm em lidar com o tempo histórico torna difícil a aproximação a Jesus. A pressão social para abandonar a catequese é forte. Na sociedade portuguesa é tradicional a ligação entre catequese e infância; por isso é natural que, já no 5º ano, se abandone a catequese. Continua ainda arraigada a ideia que a catequese “serve” para fazer a primeira comunhão; feita esta, deixa de fazer sentido andar na catequese. Muitos centros de catequese experimentam uma queda na frequência depois da primeira comunhão ou no fim do 1º ciclo.

Desenvolvimento moral Esta idade traz consigo uma certa autonomia moral: o “certo” ou “errado” vem da bondade ou maldade dos atos e não só da lei ou da proibição dos adultos. Começam a personalizar o sentido de culpa (pecado) como ofensa aos outros e como ruptura de uma ordem moral, relacionada com Deus. São mais sensíveis aos valores da relação com os outros: responsabilidade, lealdade, veracidade. Percebem quando os outros agem justa ou injustamente com a sua pessoa. Além dos valores da colaboração e do serviço aparecem também sentimentos de rivalidade e competição. A falta de sintonia com a pessoa de Jesus como pessoa histórica dificulta a identificação com os valores da sua vida.

A relação com os outros Nesta idade é detetável um certo distanciamento em relação aos pais. Começam a ter deles uma visão mais realista, são menos dependentes. Isto leva ao apreço por outros adultos significativos.

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O grupo de companheiros possibilita uma boa socialização fora da família. Estes grupos informais, muitas vezes instáveis, permitem alguma autoafirmação e segurança. Aceitam como líder o colega que reúne certos requisitos: independência, decisão, inteligência prática. A Igreja é vista como um grande grupo ligada à iniciação sacramental. Alguns começam a vê-la como lugar para agir e fazer coisas interessantes: participar no coro, escuteiros, ser acólito. Quando o grupo de catequese é sentido como um espaço onde podem potenciar os seus interesses, aumenta a sua motivação pela catequese. As pessoas mais associadas à religião (sacerdotes, religiosas…) são vistas de forma algo misteriosa ou mágica. Os seus defeitos podem causar crise da religiosidade.

Como fazer catequese? As opções Encontros semanais Quando se pensa em catequese, pensa-se quase automaticamente nos encontros semanais em que um grupo, acompanhado por um catequista adulto, faz um conjunto de tarefas para crescer na fé. Não é o único momento da catequese, mas é realmente importante. Nesta segunda fase, seguimos a tradição mais habitual que faz corresponder cada catequese a um encontro semanal, com uma hora de duração. A nível nacional, depois do 3º ano e da primeira comunhão, assiste-se a uma diminuição da assiduidade à catequese. Há zonas onde isso é muito forte e outras em que isso mal se nota. É importante que cada catequista, e a paróquia como um todo, sejam capazes de comunicar às famílias e aos catequizandos a importância e as vantagens de participar na catequese. Esta comunicação não deve assentar na obrigação (“tens de vir à catequese porque sim”; “vais à catequese porque eu também lá andei e eu é que mando”) nem na troca ( “é preciso andar na catequese para fazer o crisma”). Não nos envergonhamos de propor uma caminhada de fé de vários anos que acompanha os catequizandos ao longo das diferentes fases do seu crescimento. Mas acreditamos que as crianças gostarão de estar na catequese pelo prazer de aprender, pela possibilidade de saborear mais em profundidade a amizade com Jesus, pela criação de um grupo saudável.

A relação dentro do grupo A grande experiência social das crianças desta idade continua a ser a turma da escola. Mas muitos deles têm a possibilidade (ou a obrigação) de estar em outros grupos: atividades de tempos livres, prática desportiva, escolas de música, escuteiros… Em quase todas esta atividades, a responsabilidade pertence aos adultos. O que se espera destas crianças é que participem, fazendo aquilo que os adultos lhes pedem. A catequese é vista ainda como um espaço dos adultos, em que são os catequistas e os catecismos a “mandar”, a determinar o que acontece. As crianças não se “revoltam” mas, de algum modo, têm consciência que há uma diferença entre estas propostas tuteladas pelos adultos e outras em que elas podem agir mais livre e espontaneamente. Será possível criarmos na nossa catequese um grupo diferente? Onde o facto de estarmos juntos, de fazermos atividades interessantes, de nos respeitarmos uns aos outros… é atraente para os catequizandos? Acreditamos que sim. O grupo de catequese deve ser diferente de outras pertenças pelas possibilidade que oferece de fazer coisas diferentes, divertidas, enriquecedoras, profundas. Mas também pela possibilidade de ser grupo, onde todos se respeitam e são aceites. Onde não é preciso competir. Onde há convergência entre as propostas dos “adultos” (catequista + catecismo) e os interesses das crianças.

A relação catequista-catequizandos Para termos na catequese do 5º ano um grupo atraente, onde dá gosto participar, o catequista tem uma tarefa essencial. Antes de ser alguém que prepara bem as catequeses, o catequista quer ser 9


um adulto próximo das crianças. Sereno e alegre. Responsável e criativo. Capaz de propor atividades fascinantes e disponível para escutar cada um. Capaz de amar a todos por igual, sem preferências, mas com um coração especialmente atento aos mais frágeis ou mais feridos. Ser catequista destas crianças é empenhar-se em estabelecer com todas elas (mesmo com as mais arredias) uma relação de respeito e de confiança. Elas precisam de um catequista disponível para dialogar e que as ensine a dialogar umas com as outras. Na maneira como o catequista se relaciona com os catequizandos, estes têm de conseguir “ver” a bondade e a alegria do próprio Jesus. É um desejo ambicioso… mas possível..

Momentos do ato catequético No Ligações. Itinerário de educação à fé, seguimos uma maneira de fazer catequese já clássica e inspirada na prática de Jesus. Propomos que uma catequese aconteça em três momentos: a experiência humana, o anúncio da Palavra e a expressão de fé. Experiência humana: A catequese começa com a vida real dos catequizandos, a partir das suas experiências, sonhos e problemas de cada dia. A tua experiência de vida é diferente da dos teus catequizandos. Muitos dos seus dramas e desejos podem-te parecer coisa pouca ou fútil. Para seres um bom catequista, tens de fazer como Jesus que Se abeirava dos homens e mulheres do seu tempo com profundo respeito pela sua experiência. Anúncio da Palavra: Uma boa catequese não se fica na reflexão sobre a experiência de vida. Propomos a Palavra de Deus, convencidos de que só ela é capaz de iluminar e resgatar a vida. É a Palavra de Deus que está no centro da catequese. A preocupação não deve ser “explicar” a Palavra, mas ajudar os catequizandos a apropriarem-se dela. Tu, como catequista, já fizeste experiência de como é bom ter a Palavra amorosa de Deus no centro da tua vida, no teu coração. O teu papel é ajudar os teus catequizandos a descobrir como a Palavra de Deus pode dar um novo e melhor sabor às suas vidas. Expressão de fé: A Palavra que Deus dirigiu aos catequizandos pede uma resposta. Especialmente nesta fase do itinerário de fé e nesta idade, é importante responder generosamente aos apelos de Deus. Na catequese, esta expressão de fé assume três formas principais. É oração, vontade de estar com o Deus que nos falou. É mudança de atitude, vontade de agir mais segundo o Evangelho. É reforço da comunidade, vontade de se sentir mais parte desta Igreja que Jesus chamou e onde Ele está presente.

Aprender fazendo É difícil saber andar de bicicleta só a ver vídeos do youtube; é impossível saber nadar ouvindo histórias de grandes nadadores. Aprende-se, fazendo. Em quase tudo na vida e também na vida de fé. Temos como tarefa e conteúdo principal deste ano a descoberta do Antigo Testamento e dos Atos dos Apóstolos. É fácil e tentador imaginar um ano de catequese em que o catequista “explica” estes livros da Bíblia, em que os catequizandos se limitam a uma aprendizagem passiva de conteúdos. Mas não era assim que Jesus anunciava a Palavra nem é assim que queremos organizar a catequese. Com uma boa escolha de atividades, fazendo apelo ao empenho dos catequizandos, descobrir a Bíblia vai ser uma aventura excitante e enriquecedora. Os catequizandos vão descobrir os conteúdos, vão sentir-se entusiasmados por acompanhar o povo de Deus em movimento, através do que lhes propomos fazer e experimentar.

Recursos de apoio Para enriquecer a comunicação dentro da catequese, este guia vai fazer uso de vários recursos. Cartazes e fotografias: elemento visual que ajuda a dar forma aos conteúdos que se estão a trabalhar. Estão disponíveis na pasta de apoio, vendida em separado. Cantos: usados como documento de estudo ou como recurso para a oração. Estão disponíveis na pen multimédia, vendida em separado. O catequista deve prever umas colunas adequadas à dimensão do grupo. 10


Áudio: além dos cantos, algumas catequeses fazem recurso a música de fundo, ou a textos gravados. Estão também disponíveis na pen multimédia, em formato mp3. Vídeo: Os vídeos são documentos de trabalho para a catequese; não um entretenimento. É importante prever as condições adequadas para o seu visionamento. Também os vídeos estão disponíveis na pen multimédia, antes referida. Site de apoio: em ligações.net, estão disponíveis materiais complementares e alternativas ao que está proposto neste guia. Neste site de apoio, o catequista poderá acrescentar as suas próprias atividades, dar resposta aos catequizandos e aos pais, ver qual a participação dos catequizandos.

Livro do Catequizando Neste ano, o Livro do Catequizando assume o formato A4. Contém os recursos necessários para a realização dos encontros de catequese. Sabendo que nada substitui a experiência do encontro de catequese, ela pode ser prolongada na vida quotidiana. A pensar nisso, criámos um conjunto de desafios complementares, que surgem no Livro do Catequizando. Em todas as catequeses, há pistas e propostas complementares, que o participante pode aproveitar. Aventuras na Bíblia: O Manuel e a Teresa são primos. Andam no 5º ano, na mesma turma na escola e também estão juntos na catequese. Conseguem viajar pelo espaço e pelo tempo até ao encontro com os personagens da Bíblia. E contam, com a mentalidade de quem tem 10, 11 anos aquilo que o texto bíblico nos diz. Esta narração é uma reelaboração bem disposta dos textos da Bíblia. Não quer nem deve substituir a leitura na primeira pessoa do texto bíblico. Falo contigo: Palavras para rezar com o coração. Cantoria: As letras das canções que usamos na catequese. Cá por casa: Atividades giras para fazer em casa, com o resto da família. Saber a potes: Curiosidades para saber mais. Põe-te à prova: Perguntas para testar os conhecimentos. Troca-tintas: Usar as mãos com actividades giras relacionadas com o que aprendemos na catequese. Pica miolos: Exercícios e jogos para gente inteligente! Anexos: Dentro do Livro do Catequizando vai uma folha em cartolina com 24 raspadinhas. Esta folha fica em casa, em lugar de destaque no quarto do catequizando ou num espaço familiar. Tem 24 imagens, correspondentes a cada um dos 24 encontros de catequese. Depois de cada encontro de catequese, o catequizando, acompanhado da família, risca a raspadinha e lê com atenção a proposta feita. Há também um marcador com os Dez Mandamentos. Ele deve ser entregue pelo catequista na catequese 7.

Catequese e Sacramentos A maioria dos catequizandos já fez a primeira comunhão. Na planificação que se faz, é importante motivar os catequizandos para uma celebração saborosa da Eucaristia e da Reconciliação. A relação com as famílias é importante para conseguir isto. Mas é decisiva a palavra oportuna do catequista e a forma alegre e profunda como a comunidade celebra a ceia do Senhor todas as semanas.

A Bíblia debaixo do braço No 4º ano, os catequizandos fizeram a sua festa da Palavra e receberam um exemplar da Bíblia. Em cada encontro de catequese, além do livro do catequizando, devem trazer sempre a sua Bíblia. Os textos da Bíblia que estudamos, meditamos e rezamos não estão no livro do catequizando. Quase sempre devem ser lidos a partir da Bíblia. 11


Este esforço ajuda-os a familiarizarem-se com o texto bíblico e habitua-os a uma leitura pessoal da Palavra de Deus. Durante a catequese o acesso aos textos da Bíblia faz-se a partir da leitura dessas bíblias. Algumas vezes, propomos a escuta de uma gravação do texto bíblico ou o visionamento de um vídeo. Muitas vezes o texto será lido. Em algumas catequeses, pode ser um dos catequizandos a ler em voz alta a Palavra; noutras convém que seja o catequista. Ao longo deste ano, os textos bíblicos que propomos são mais longos do que no 4º ano. Por isso, é importante que a leitura, feita pelos catequizandos ou pelos catequistas, seja cuidada e de qualidade.

Para usar o guia do catequista O material referente a cada catequese está dividido em duas partes: Para o Catequista Desenvolvimento “Para o Catequista” inclui algum material para a tua leitura, para te ajudar a preparar bem a catequese. Começa com uma Apresentação, onde se faz uma breve motivação à catequese. Os Objetivos indicam os “resultados” que devem aparecer nos catequizandos, ao final da catequese. Os Conteúdos fazem a lista dos vários tipos de conteúdos com que vamos trabalhar ao longo da catequese. Podem ser de tipo cognitivo (Conceitos), comportamental (Procedimentos) ou Atitudinal (Valores). O Esquema mostra numa tabela o que pretendemos fazer ao longo da catequese. A primeira coluna à esquerda apresenta os três momentos da catequese: Experiência humana, Anúncio da Palavra e Expressão de fé. A segunda coluna faz a lista de cada uma das atividades previstas. Na terceira coluna, a seguir ao nome da atividade, está a duração prevista dessa atividade (em m ­ inutos). Por fim, na quarta coluna, está o grau de dificuldade que atribuímos à atividade. As estrelas podem ir de uma a cinco, sendo as cinco estrelas sinal de dificuldade máxima. Esta classificação não é uma indicação absoluta; mas é uma ajuda para o catequista estar mais atento na preparação e na execução das atividades mais difíceis. Do Catecismo ou Do Magistério oferece um pequeno texto tirado do Catecismo da Igreja Católica ou do ensino dos Papas que ajuda o catequista a situar-se perante o património de fé da Igreja. É sempre um convite a ler os números seguintes. A Síntese de conteúdos oferece, num texto que se quer breve, algumas informações para enriquecer as competências do catequista. Podem ser de tipo pedagógico ou doutrinal. São textos que apresentam ao catequista o tema e os conteúdos que irão ser trabalhados com o grupo. É importante que o catequista (ou o grupo de catequistas) leia o texto com calma. Que tome posição. Que identifique as “novidades”. Que tome nota daquilo que não entende. Para cresceres é um pequeno apontamento para a reflexão e oração pessoal do catequista. É importante que cada catequista se possa confrontar pessoalmente com os mesmos conteúdos que os catequizandos. O Desenvolvimento contém as indicações para orientar cada um dos encontros de catequese. Indica-se sempre o número do encontro e em que momento do ato catequético nos encontramos. O Material faz a lista dos materiais que vão ser necessários ao longo do encontro. Quase todos eles estão disponíveis na pasta de apoio, na pen multimédia ou no site de apoio. Segue-se a Atividade. Cada uma tem um nome específico. Na linha seguinte está a duração prevista para o todo da atividade.

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As atividades estão divididas em Etapas. As Etapas estão numeradas e indica-se a duração prevista para cada uma delas. Nalguns casos, antes de apresentar as Etapas da Atividade, pede-se uma Preparação: algo que o catequista tem de ter previamente preparado antes de iniciar a atividade.

Para programar uma catequese Muitos documentos da Igreja descrevem a catequese como um caminho: parte-se da vida concreta dos catequizandos, tem-se uma ideia clara da meta onde chegar, fazem-se algumas ações que aproximam os catequizandos dessa meta. Dentro desta imagem do caminho, aparece a tarefa de programar, de definir, com o rigor possível, os caminhos a percorrer, os tempos a usar, os recursos humanos e materiais necessários. Há quem reaja à necessidade de programar com uma atitude espiritualista; sentem que essa atenção aos processos educativos esvazia a ação de Deus no processo de fé. Numa postura oposta estão os tecnicistas, convencidos que o rigor de programação é suficiente para assegurar o sucesso da catequese. Revemo-nos numa estrada mista, mais equilibrada, capaz de conjugar as exigências de uma e outra tendência. As propostas que incluímos neste Guia são, já em si mesmas, uma forma de programação. Mas é importante ter em conta as tuas características como catequista, a dimensão do teu grupo, a ­reação habitual dos teus catequizandos. Para programar uma catequese, deves começar por ler com atenção as indicações do Guia. Repara como se articula o que se diz no “Para o Catequista” com o “Desenvolvimento”. Pergunta-te se as propostas feitas no “Desenvolvimento” servem realmente para atingir os objetivos, se ajudarão os catequizandos do teu grupo concreto a assimilar e experimentar os conteúdos propostos. Verifica se dispões dos recursos previstos pelo guia: vídeo, música, espaços para a oração. Se não dispões deles, pensa, em primeiro lugar, se os consegues encontrar. Se concluíres que não os podes encontrar, terás de modificar a nossa proposta e alterar as atividades propostas. Programar é também prestar atenção aos tempos. Num projeto de catequese como este, damos muita importância à comunicação dentro do grupo, à partilha, ao aprender fazendo. Ora isso torna mais variável a duração das atividades. Com o conhecimento que tens do teu grupo, verifica se os tempos que indicámos são realistas. No caso de preveres que as atividades durarão mais do que o previsto, tens de decidir o que fazer. Decides que algumas atividades vão durar mais tempo e reduzes o tempo dedicado a outras? Há alguma atividade que desistes de fazer? Se ao programar, tiveres de eliminar alguma atividade, evita a tentação de eliminar as mais difíceis (aquelas classificadas com mais estrelas); pode ser que elas sejam as mais importantes.

Para programar o ano Além de programar cada uma das catequeses em sequência, o catequista deve programar as suas intervenções ao longo do ano todo. Em primeiro lugar, trata-se de assinalar no calendário as datas de todas as catequeses e encontros semanais. Mas devemos ir mais além. Que atividades extra se quer propor ao grupo (passeios, celebrações penitenciais, atividades nos tempos fortes…)? Há propostas feitas a nível de paróquia, vigararia/arciprestado, diocese em que seria interessante os catequizandos participarem? Como vamos assinalar os tempos fortes da liturgia? Quase sempre, esta programação anual deve ser feita em diálogo com os outros catequistas e até com outras pessoas da paróquia.

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O bastão do grupo Propomos que o grupo use um bastão como símbolo. É um símbolo bom para a tarefa de caminhar. Demos a este ano o nome “a aventura de caminhar”; vamos acompanhar tantos personagens em movimento. Quando Deus chama, os homens e as mulheres de fé respondem, deixando de lado a sua terra, as suas rotinas. A resposta na fé é, tantas vezes, pôr-se a caminho. E os peregrinos e caminhantes, de ontem e de hoje, depressa percebem que um bastão, um cajado, é uma ajuda preciosa para superar os obstáculos. Mais: o bastão torna-se um símbolo da ajuda que Deus é. Convidamos cada grupo a ter o seu bastão. Neste guia só o referimos explicitamente nas catequeses 1 e 24. Mas era bom que o catequista ajudasse o grupo a valorizar este símbolo. Na decoração do espaço de catequese, o bastão deveria estar bem visível. Uma outra possibilidade seria escrever no bastão (se for de madeira) os nomes dos personagens que vamos descobrindo. Pode-se ainda nomear, em cada semana, um dos catequizandos como “guardião do bastão”: deve levá-lo para sua casa, guardá-lo com cuidado e trazê-lo para o próximo encontro de catequese.

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Criados por amor

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1 Para o Catequista

Apresentação Quem somos? De onde vimos? Para onde vamos? São perguntas que todas as pessoas fazem. Em todos os tempos. Com palavras complicadas, com canções ou com histórias. A Bíblia propõe uma bela narração para responder e nos desafiar.

Objetivos Interpretar os relatos da criação a partir da fé e não como afirmação científica. Descobrir que toda a realidade provém do amor de Deus criador.

Conteúdos Conceitos: yy Criação: conceito teológico e não científico yy Humanidade criada plural: homem/mulher yy Toda a Humanidade é criada e amada por Deus e tem igual dignidade yy O caráter simbólico dos relatos da Criação propostos pelo livro do Génesis Procedimentos: yy Rezar com o corpo o “Glória ao Pai…” Atitudes: yy Apreço pela criação: “Tudo é bom” yy A diferença (étnica, sexual) coexiste com a comunhão

Material Bastão Leitor de mp3 e colunas Áudio “Gen 2, 4b-9.15-25” (Relato da Criação); (disponível na pen multimédia) Balões (um por participante, incluindo o catequista); Marcadores de acetato de várias cores Canto “Cantemos nós também” (disponível na pen multimédia)

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Esquema Experiência humana

Anúncio da Palavra

Expressão de fé

Atividade: Ao caminho!

5’

*

Atividade: ABC das maravilhas

10’

**

Atividade: E o Homem transformou-se num ser vivo…

15’

***

Atividade: … tão bom!

20’

****

Atividade: Com o meu corpo, louvo-Te

5’

***

Canto: Cantemos nós também

5’

**

Do Catecismo 282. A catequese sobre a criação reveste-se duma importância capital. Diz respeito aos próprios fundamentos da vida humana e cristã, porque torna explícita a resposta da fé cristã à questão elementar que os homens de todos os tempos têm vindo a pôr-se: «De onde vimos?» «Para onde vamos?» «Qual a nossa origem?» «Qual o nosso fim?» «Donde vem e para onde vai tudo quanto existe?» As duas questões, da origem e, do fim, são inseparáveis. E são decisivas para o sentido e para a orientação da nossa vida e do nosso proceder.

Síntese de conteúdos O tema da Criação não é fácil. Alguns cristãos tentam ler estes relatos do livro do Génesis como se fossem uma reportagem num jornal ou uma teoria científica. Outros, ignoram-nos. Mas a Igreja viva sempre afirmou: “creio em um só Deus, Criador do céu e da terra…”

Perguntar pela origem Em todas as culturas, em todas as latitudes e épocas, a Humanidade pergunta-se: de onde vimos? De onde vem o mundo? O que é que estamos aqui a fazer? A ciência diz-nos que há 15 mil milhões de anos aconteceu o Big Bang, o começo do universo, como o conhecemos, e que há 4 ou 5 mil milhões de anos surgiu o sistema solar. Mas a ciência não responde às perguntas mais profundas. Somos fruto do acaso ou fruto do amor? A vida tem um sentido e um valor ou é apenas um agregado de átomos e moléculas? A ciência diz-nos como chegámos até aqui. Continuamos à procura da resposta ao porque é que chegámos aqui e para onde vamos.

Boa literatura O livro do Génesis é o primeiro livro da Bíblia e começa descrevendo a Criação. Este livro foi composto com muita arte e fé a partir de fontes literárias diferentes. O primeiro relato da Criação vem da fonte Sacerdotal (elaborada depois da conquista de Israel pelos babilónios em 587 a.C.) e é um poema: Gen 1, 1 – 2, 4a. É um texto solene que descreve a Criação, começando pelas coisas e culminando no Homem. O segundo relato (Gen 2, 4b – 25) é mais antigo; vem da tradição Javista (século X a.C.). É um relato que começa com a Criação da Humanidade à qual se acrescenta a dos seres vivos. Neste segundo relato (o mais antigo), Deus é apresentado de forma muito próxima (Ele é jardineiro, oleiro…), em diálogo com a Humanidade. 17


Ambos os relatos - escritos num tempo, num espaço e numa cultura diferentes dos nossos - são portadores da revelação de Deus que exprime o seu amor oferecendo-nos este mundo grande e belo. São palavras verdadeiras sobre a nossa origem (nascemos das mãos de um Deus amoroso) e sobre a nossa meta (estamos chamados a viver em intimidade com esse Deus). Não faz sentido ler estes textos como se fossem concorrentes das verdades da astronomia ou da biologia evolucionista. Eles são resposta à pergunta pelo sentido da vida.

Um retrato e um sonho Se tivermos a sabedoria e a coragem de ler os relatos da Criação em linha com a mais antiga e profunda tradição da Igreja, podemos descobrir coisas bem importantes e concretas sobre Deus, sobre nós e sobre o que estamos chamados a fazer neste mundo. A primeira ideia é que toda a Humanidade sai das mãos de Deus: “Deus formou o homem do pó da terra e insuflou-lhe pelas narinas o sopro da vida, e o homem transformou-se num ser vivo.” (Gen 2, 7). Há aqui um trocadilho interessante. Em hebraico, diz-se que Deus formou Adam (Homem, Humanidade) da adamah (o húmus, o barro, o pó da terra). Deus forma o humano do húmus! Mas o humano tem uma vida própria porque Deus soprou, deu-lhe o seu espírito. Esta Humanidade é muito plural: falamos línguas diferentes, temos cores diferentes, as nossas culturas são muito variadas… E, contudo, somos uma mesma Humanidade. Se acolhemos como verdadeiro este relato da Bíblia, torna-se inaceitável o racismo. Todos, sem qualquer distinção, nascemos do sopro de Deus! Uma segunda ideia é que esta Humanidade é formada por homens e mulheres. É curioso observar como só no versículo 23, praticamente no fim do relato, é que o homem fala. E fala quando encontra outro (a mulher) igual a si. Homens e mulheres somos diferentes, mas iguais: em importância, em dignidade, em responsabilidade. Quando as pessoas ou as culturas vivem a relação entre homens e mulheres como violência, competição ou domínio, estão a esquecer e negar o gesto criador de Deus. A terceira ideia é a bondade da Criação. Deus faz um paraíso. Os israelitas, os autores e primeiros ouvintes deste texto, vivem perto do deserto. A possibilidade de fome por causa da falta de água estava sempre próxima. Este relato da Criação decorre num “jardim”, rodeado de rios férteis. Mais do que um lugar geográfico, este paraíso é uma antecipação do futuro. O projeto de Deus para a Humanidade é uma vida feliz, cheia de sentido, em comunhão de amor com Deus. O mal não faz, neste plano original, parte do cenário. Há uma visão otimista da vida, da pessoa, do universo. Finalmente, temos uma quarta ideia: Deus confia o seu jardim ao homem para dele cuidar. A Humanidade está convidada a colaborar com Deus no cuidado pela sua Criação. Esta possibilidade que a Humanidade tem é um dom de Deus. Não é um poder, mas uma tarefa que Deus escolhe confiar ao ser humano e, por isso mesmo, nunca deve ser usada para destruir a Natureza.

Sabedoria para falar de um tema difícil Com os catequizandos, com as famílias, mesmo entre catequistas, este tema da Criação é incómodo. Se insistimos da sua verdade, somos vistos como retrógrados, ignorantes dos desenvolvimentos da ciência; se procuramos uma interpretação mais simbólica, somos acusados de esvaziar a força do texto bíblico. Muita gente, dentro e fora da Igreja, tem dificuldade em ler e interpretar os textos da Bíblia. Por ignorância ou má vontade, insistem em ler a Bíblia de forma literal. Mas a tradição viva da Igreja sempre percebeu que reduzir estes relatos da Criação a uma descrição “científica” da origem do mundo e do Homem seria desvirtuar o texto, pois deixava na sombra o essencial: a sua mensagem religiosa.

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Com os catequizandos pode haver dificuldades em propor esta leitura inteligente e religiosa da Criação. Com frequência, eles (e tantos adultos) tendem a simplificar: as coisas ou são verdadeiras ou falsas. E se a verdade está com o Big Bang e com a teoria da evolução (“o homem descende do macaco”), então, aquilo que a Bíblia diz está errado. Pode-se ajudar a superar este impasse, confrontando-nos com as fábulas. Se o catequista perguntar se a história do Capuchinho Vermelho é verdadeira ou falsa, os catequizandos desta idade tenderão a responder, com toda a sua “maturidade” que é falsa. Mas o catequista pode contrapor que ela é falsa a um certo nível (os lobos não falam, nem engolem as avozinhas), mas que a outro nível, o dos valores, é verdadeira. É importante que este tema da Criação não se esgote no debate com a ciência. É bom ir mais além e louvar a Deus pela beleza do universo que nos rodeia. É bom ir mais além e aceitarmos a tarefa que Deus nos deu de colaborar com Ele na transformação deste mundo num lugar mais acolhedor e aprazível para todos.

Para cresceres Tu és “pó da terra”. Estás feito/a de química, de biologia, de pessoas que se cruzaram contigo, que te amaram, que te ignoraram, que te magoaram. Mas estás também criado/a a partir das mãos amorosas de Deus. O relato do Génesis que vais propor na catequese não é algo factual, que sucedeu há muitos anos, lá atrás. É atual na tua vida. Deus mete mãos à obra, pega no teu pó da terra e sopra sobre ti, para que vivas, sintas, ames…

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1 Desenvolvimento

Nesta catequese, os catequizandos descobrirão que a criação saída das mãos de Deus é bela e maravilhosa e que as diferenças nela existentes são sinal de amor e riqueza, devendo ser apreciadas e cuidadas.

Experiência Humana Atividade: Ao caminho! Duração: 5 min. O catequista convida os catequizandos a sentarem-se em círculo. Depois do acolhimento inicial e da manifestação da alegria pelo reencontro, o catequista expõe o “Bastão do grupo”. Sublinha: «Este ano, entraremos n’ “A aventura de caminhar”. A viagem é longa… Começa nas origens, acompanha o povo pelo Antigo Testamento e viaja com os Apóstolos, no livro dos Atos. Não se trata de um caminho a sós. Podemos fazê-lo com Deus, que é o nosso verdadeiro bastão.» Ao longo do ano, com criatividade, sempre que entender oportuno, o catequista pode levar o grupo a personalizar o bastão (colagens, símbolos, palavras, etc.). Este deve ser um símbolo que acompanha o grupo ao longo da sua caminhada. Também é com ele que propomos o encerramento do ano.

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Atividade: ABC das maravilhas Duração: 10 min. O catequista convida o grupo a jogar ao ABC das maravilhas: «Hoje, vamos pensar nas coisas maravilhosas que a Natureza tem, usando as letras do alfabeto como guia. Vamos pensar em coisas que temos oportunidade de experimentar e que são absolutamente admiráveis e saborosas. Eu vou começar o jogo, dizendo “A natureza é maravilhosa porque existe a/o Água”. Enquanto digo, vou ao centro e faço um gesto. Quando voltar ao meu lugar, a pessoa que está ao meu lado levanta-se, vai ao centro e diz “A natureza é maravilhosa porque existe a/o… (alguma coisa que comece com a letra “B”), enquanto faz o seu gesto. Continuamos até esgotarmos as letras do alfabeto. Se algum de nós ficar bloqueado, todo o grupo ajuda!». Possivelmente, o grupo tem menos participantes que o número de letras do alfabeto, devendo cada catequizando participar quantas vezes forem necessárias até chegar à letra “Z”. Caso o número de participantes seja superior ao número de letras do alfabeto, pode reiniciar-se em “A” e prosseguir, até que todos tenham enunciado uma maravilha da Natureza.

Anúncio da Palavra Atividade: E o Homem transformou-se num ser vivo… Duração: 15 min. Etapa 1 Duração: 5 min. Com o grupo sereno, o catequista prossegue, dizendo: «Acabámos de nomear imensas coisas que existem à nossa volta e que são maravilhosas. Quem terá criado todas estas maravilhas?» (O catequista dá espaço para que os catequizandos partilhem os seus palpites). Partindo de alguma resposta que possa ter surgido, o catequista confirma ou anuncia que foi Deus quem criou toda esta beleza. Sublinha: «Para os cristãos, Deus é um criador muito bondoso! No primeiro livro da Bíblia – chamado Génesis, que quer dizer “As origens” – aparecem-nos duas histórias poéticas, muito, muito bonitas, que foram escritas para nos fazer olhar com atenção para a beleza e a bondade de tudo o que foi criado. Os autores bíblicos não estavam nada preocupados em explicar “como” é que tudo foi criado. Isso é uma especialidade que compete à Ciência. Os autores bíblicos queriam era explicar, de um jeito muito belo, “porquê” e “por quem” tudo foi criado. Vamos escutar uma dessas histórias, a segunda. Prestem atenção porque tem pormenores muito curiosos.» Etapa 2 Duração: 5 min. O catequista convida o grupo a escutar atentamente a gravação áudio do texto Gen 2, 4b-9.15-25. Quando o Senhor Deus fez a Terra e os céus, e ainda não havia arbusto algum pelos campos, nem sequer uma planta germinara ainda, porque o Senhor Deus ainda não tinha feito chover sobre a terra, e não havia homem para a cultivar, e da terra brotava uma nascente que regava

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toda a superfície, então o Senhor Deus formou o homem do pó da terra e insuflou-lhe pelas narinas o sopro da vida, e o homem transformou-se num ser vivo. Depois, o Senhor Deus plantou um jardim no Éden, ao oriente, e nele colocou o homem que tinha formado. O Senhor Deus fez brotar da terra toda a espécie de árvores agradáveis à vista e de saborosos frutos para comer; a árvore da Vida estava no meio do jardim, assim como a árvore do conhecimento do bem e do mal. O Senhor Deus levou o homem e colocou-o no jardim do Éden, para o cultivar e, também, para o guardar. E o Senhor Deus deu esta ordem ao homem: «Podes comer do fruto de todas as árvores do jardim; mas não comas o da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque, no dia em que o comeres, certamente morrerás.» O SENHOR Deus disse: «Não é conveniente que o homem esteja só; vou dar-lhe uma auxiliar semelhante a ele.» Então, o Senhor Deus, após ter formado da terra todos os animais dos campos e todas as aves dos céus, conduziu-os até junto do homem, a fim de verificar como ele os chamaria, para que todos os seres vivos fossem conhecidos pelos nomes que o homem lhes desse. O homem designou com nomes todos os animais domésticos, todas as aves dos céus e todos os animais ferozes; contudo, não encontrou auxiliar semelhante a ele. Então, o Senhor Deus fez cair sobre o homem um sono profundo; e, enquanto ele dormia, tirou-lhe uma das suas costelas, cujo lugar preencheu de carne. Da costela que retirara do homem, o Senhor Deus fez a mulher e conduziu-a até ao homem. Então, o homem exclamou: «Esta é, realmente, osso dos meus ossos e carne da minha carne. Chamar-se-á mulher, visto ter sido tirada do homem!» Por esse motivo, o homem deixará o pai e a mãe, para se unir à sua mulher; e os dois serão uma só carne. Estavam ambos nus, tanto o homem como a mulher, mas não sentiam vergonha. Etapa 3 Duração: 5 min. Depois de escutado o texto bíblico, o catequista ajuda o grupo a aprofundar a Palavra, sublinhando as seguintes ideias: Nesta segunda história, contam-se várias coisas bonitas: yyno começo, aparece o Senhor Deus a criar o ser humano, pegando na terra e dando-lhe forma, modelando-a com as suas próprias mãos – é como se Deus fizesse, cheio de arte, a sua obra-prima; yyem seguida, o texto conta que, com o ser humano nas mãos, o Senhor Deus soprou sobre ele e ele ganhou vida – é como se Deus, carinhosamente, atirasse, num sopro, um beijo com que faz o ser humano viver; yycriado o ser humano, conta-se que o Senhor Deus não sossegou enquanto não lhe construiu um paraíso: um jardim, chamado Éden, onde havia beleza, alimento, água; 21


yysó que quem está só nunca vive um paraíso! – Então, o Senhor Deus deu ao ser humano dois lados: homem e mulher, para que se acompanhassem; yyneste relato, conta-se que o Senhor Deus colocou o ser humano num paraíso e ensinou-lhe como viver nele para sempre: o ser humano só tinha de cultivar o jardim, cuidar dele e não querer ser Deus.

Atividade: … tão bom! Duração: 20 min. Etapa 1 Duração: 10 min. O catequista entrega um balão a cada catequizando, pedindo-lhes que os encham e atem. Vai, naturalmente, auxiliando no que for necessário. Assim que todos tenham o seu balão devidamente enchido e atado, o catequista explica que cada balão representa uma figura humana. O objetivo é que, cada um deles personalize o seu balão. O catequista também deve construir a sua figura humana, procurando que as suas escolhas possam favorecer a discussão da atividade na etapa seguinte. Ou seja, sugere-se que o catequista coloque apenas um olho na sua figura humana ou que opte por uma mão com menos dedos, por exemplo. Etapa 2 Duração: 10 min. Quando todos tiverem a sua figura humana pronta, o catequista propõe que se faça um desfile. Desafia os participantes a, à vez, irem ao centro exibir o seu balão, como se estivessem a desfilar numa passerelle. O catequista também participa no desfile. Depois de todos terem desfilado com as suas criações, o catequista abre espaço ao diálogo e pede que os catequizandos façam a análise do que viram, convidando-os a elencar as semelhanças e as diferenças das várias figuras humanas. Durante a reflexão, ajuda-os a constatar as diferenças entre todos os balões, nos mais diversos elementos (cabelo, olhos, nariz, boca, orelhas, mãos e pés). Sublinha que todos somos diferentes – uns do sexo feminino, outros do masculino; uns mais altos, outros mais baixos; uns com olhos claros, outros com olhos escuros; uns com cabelos compridos, outros com cabelos curtos; uns com cinco dedos numa mão, outros só com quatro; uns com pele clara, outros com morena –, mas que todos somos igualmente especiais e portadores do mesmo valor. Acrescenta que toda a Humanidade é criada e amada por Deus e que a diversidade de etnia, de sexo, de cultura, de pensamento é sinal de uma grande riqueza e beleza.

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Expressão de fé Atividade: Com o meu corpo, louvo-Te Duração: 5 min. O catequista convida, agora, os participantes a louvarem Deus Pai, criador, por meio da oração do Glória ao Pai. Com todos de pé e com o respetivo Livro do Catequizando aberto à sua frente, o catequista orienta a aprendizagem da oração e dos gestos associados.

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Canto: Cantemos nós também Duração: 5 min. Para terminar o encontro em clima de alegria e louvor pela beleza da criação, o catequista convida o grupo a escutar e a aprender o canto “Cantemos nós também”. Canto “Cantemos nós também” (Original: Voz de Júbilo Kids, Cantemos nós também, ACEDA / Voz de Júbilo)

Este é o dia, o dia do Senhor, toda a sua criação Lhe rende louvor. Desde o céu ao fundo do mar a natureza a louvar o Senhor. Cantemos nós também, poderoso és. Cantemos nós também, ao grande sol. Pois só Ele é digno de louvor Cantemos nós também, majestoso rei. Cantemos nós também, grande é o poder. Mesmo fraco n’Ele forte sou seu amor me conquistou n’Ele sou mais que vencedor. A cada luta uma vitória, o nome santo de Jesus, Aquele que nos chamou das trevas para a sua gloriosa luz. A luz que aponta para a cruz, a cruz do sacrifício que nos salvou.

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Índice Introdução.......................................................................................................................................................................................3 Catequese 1 - Criados por amor........................................................................................................................................15 Para o Catequista.............................................................................................................................................................16 Apresentação................................................................................................................................................................................................ 16 Desenvolvimento..............................................................................................................................................................19 Catequese 2 - Dizer não a Deus.........................................................................................................................................25 Para o Catequista.............................................................................................................................................................26 Apresentação................................................................................................................................................................................................ 26 Desenvolvimento..............................................................................................................................................................28 Catequese 3 - Abraão em viagem.....................................................................................................................................35 Para o Catequista.............................................................................................................................................................36 Apresentação................................................................................................................................................................................................ 36 Desenvolvimento..............................................................................................................................................................39 Catequese 4 - José perdoa os irmãos.............................................................................................................................47 Para o Catequista.............................................................................................................................................................48 Apresentação................................................................................................................................................................................................ 48 Desenvolvimento..............................................................................................................................................................50 Catequese 5 - Moisés: salvo das águas..........................................................................................................................57 Para o Catequista.............................................................................................................................................................58 Apresentação................................................................................................................................................................................................ 58 Desenvolvimento..............................................................................................................................................................60 Catequese 6 - A primeira Páscoa: um Deus que liberta.........................................................................................65 Para o Catequista.............................................................................................................................................................66 Apresentação................................................................................................................................................................................................ 66 Desenvolvimento..............................................................................................................................................................68 Catequese 7 - Dez palavras para viver feliz................................................................................................................73 Para o Catequista.............................................................................................................................................................74 Apresentação................................................................................................................................................................................................ 74 Desenvolvimento..............................................................................................................................................................76 Catequese 8 - Gedeão: a coragem de lutar por Deus.............................................................................................81 Para o Catequista.............................................................................................................................................................82 Apresentação................................................................................................................................................................................................ 82 Desenvolvimento..............................................................................................................................................................84 Catequese 9 - David: pastor, poeta e rei.......................................................................................................................91 Para o Catequista.............................................................................................................................................................92 Apresentação................................................................................................................................................................................................ 92 Desenvolvimento..............................................................................................................................................................94 Catequese 10 - Jonas na baleia e na cidade...............................................................................................................99 Para o Catequista..........................................................................................................................................................100 Apresentação.............................................................................................................................................................................................100 Desenvolvimento...........................................................................................................................................................102 Catequese 11 - Elias: o fogo e a brisa.........................................................................................................................107 Para o Catequista..........................................................................................................................................................108 Apresentação.............................................................................................................................................................................................108 Desenvolvimento...........................................................................................................................................................110 Catequese 12 - Isaías: profeta de esperança...........................................................................................................117 Para o Catequista..........................................................................................................................................................118 Apresentação.............................................................................................................................................................................................118 Desenvolvimento...........................................................................................................................................................121

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Catequese 13 - A queda de Jerusalém........................................................................................................................127 Para o Catequista..........................................................................................................................................................128 Apresentação.............................................................................................................................................................................................128 Desenvolvimento...........................................................................................................................................................130 Catequese 14 - Daniel na cova dos leões..................................................................................................................135 Para o Catequista..........................................................................................................................................................136 Apresentação.............................................................................................................................................................................................136 Desenvolvimento...........................................................................................................................................................138 Catequese 15 - Ezequiel: a promessa do futuro.....................................................................................................145 Para o Catequista..........................................................................................................................................................146 Apresentação.............................................................................................................................................................................................146 Desenvolvimento...........................................................................................................................................................148 Catequese 16 - IsraeL reza...............................................................................................................................................153 Para o Catequista..........................................................................................................................................................154 Apresentação.............................................................................................................................................................................................154 Desenvolvimento...........................................................................................................................................................156 Catequese 17 - Pentecostes: o começo da Igreja..................................................................................................161 Para o Catequista..........................................................................................................................................................162 Apresentação.............................................................................................................................................................................................162 Desenvolvimento...........................................................................................................................................................164 Catequese 18 - Levanta-te e anda!...............................................................................................................................169 Para o Catequista..........................................................................................................................................................170 Apresentação.............................................................................................................................................................................................170 Desenvolvimento...........................................................................................................................................................173 Catequese 19 - Os apóstolos na prisão......................................................................................................................179 Para o Catequista..........................................................................................................................................................180 Apresentação.............................................................................................................................................................................................180 Desenvolvimento...........................................................................................................................................................182 Catequese 20 - Comunidade: lugar de encontro e serviço................................................................................191 Para o Catequista..........................................................................................................................................................192 Apresentação.............................................................................................................................................................................................192 Desenvolvimento...........................................................................................................................................................194 Catequese 21 - Os Doze e os Sete................................................................................................................................199 Para o Catequista..........................................................................................................................................................200 Apresentação.............................................................................................................................................................................................200 Desenvolvimento...........................................................................................................................................................202 Catequese 22 - Estêvão: mártir de Jesus..................................................................................................................207 Para o Catequista..........................................................................................................................................................208 Apresentação.............................................................................................................................................................................................208 Desenvolvimento...........................................................................................................................................................210 Catequese 23 - Paulo: testemunha de Jesus...........................................................................................................215 Para o Catequista..........................................................................................................................................................216 Apresentação.............................................................................................................................................................................................216 Desenvolvimento...........................................................................................................................................................219 Catequese 24 - Paulo em viagem..................................................................................................................................225 Para o Catequista..........................................................................................................................................................226 Apresentação.............................................................................................................................................................................................226 Desenvolvimento...........................................................................................................................................................228

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Tens nas mãos o guia do 5º ano de catequese do Ligações. Itinerário de educação à Fé.

Este ano, vais conduzir o teu grupo pela descoberta do Antigo Testamento e dos Atos dos Apóstolos. Os encontros de catequese centram-se na descoberta de personagens bíblicos que nos precederam na fé. Assim, será mais fácil aos catequizandos identificarem-se com a mensagem do texto bíblico. Este ano culmina com a entrega do Credo. É recitando esta oração que recordamos toda a nossa história de salvação. Tudo aquilo que Deus fez e faz por nós. Tudo aquilo em que acreditamos enquanto cristãos. O itinerário que propomos vai organizar-se em 3 grandes blocos: 1. Da criação ao Rei David: a “primeira parte” da história do povo de Deus 2. De David ao Exílio na Babilónia: descobrir os profetas 3. Os Atos dos Apóstolos: o nascer da Igreja de Cristo

a aventura de caminhar

Pega no bastão… é tempo de caminhar!

GUIA

a r u t n r e av inha a

m ca

de

UISTA Q E T DO CA

5

Esta aventura vai desenvolver-se em encontros semanais, com a duração de uma hora. Pedimos-te que orientes cada encontro com alegria e gratidão. A tua Fé vai contagiar os catequizandos. Juntos irão sentir-se entusiasmados por descobrir as raízes da nossa história e o chamamento que Deus nos faz. Calça as sandálias que vais começar a aventura de…caminhar!

GUIA DO CATEQUISTA

de

n a gra m u ja… e s o n ste a e e u Q

! a r u t n ave

5

Itinerário de educação à Fé

Rua Duque de Palmela, 11 4000-373 Porto Tel.: 22 53 657 50 editora@edicoes.salesianos.pt www.edisal.salesianos.pt

Ligações Itinerário de educação à Fé


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