Jo茫o Ant贸nio Pinheiro Teixeira
Ficha técnica © João António Pinheiro Teixeira
© Edições Salesianas 2014 Capa: Paulo Santos Paginação: João Cerqueira Impressão: Edições Salesianas ISBN: 978-972-690-894-4 D.L.: 382777/14
Um pedido para começar Eu sei que os problemas não lhe têm dado tréguas e que as preocupações não lhe permitem qualquer descanso. Sei que a sua vida não tem sido fácil nos últimos anos. E sei também que as dificuldades se têm avolumado nos últimos tempos. Sei ainda que não fez todas as compras de Natal e o dinheiro já escasseia, mesmo contando com o subsídio extra. O seu rosto deixa antever um certo pesar. E, no fundo, o seu coração está bastante sofrido. Por isso, peço-lhe apenas dois ou três minutos por dia, durante alguns dias. Queria fazer-lhe sentir que todos os dias podem ser dias de Natal. Porque, afinal, é sempre Natal!
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Tudo começa com o comércio
Ainda não começou o Advento e já tanto se fala do Natal.
E nem sequer é nas igrejas. É, sobretudo, nas lojas comerciais.
Abundam sinais de Natal no exterior. Fazem falta sinais de Natal no interior. É no interior que Cristo renasce para nós e que nós renascemos para Ele. Será Natal todos os dias quando, em cada dia, deixarmos que o amor de Jesus aconteça em nós. E, por nós, contagie a humanidade!
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Deus também faz «comércio» O comércio toma a dianteira e, desde cedo, começa a p romover produtos alusivos à quadra natalícia. A impressão que fica é que o comércio surge, cada vez mais, como a preocupação dominante — para muitos, exclusiva — desta época. Mas o mais curioso é que os antigos também olhavam para o Natal a partir de um comércio. De um comércio que envolve não dinheiro, mas a vida. Os chamados Padres da Igreja, quando se referem à encarnação do Filho de Deus, utilizam, por vezes, a expressão «admirabile commercium» para sinalizarem a admirável permuta que, em Jesus Cristo, se verifica entre o divino e o humano. De facto, em Jesus, Deus humaniza-Se e diviniza-nos. Sto. Ireneu, por exemplo, afirma que «o Filho de Deus fez-Se o que nós somos para que nós possamos ser o que Ele é». Não espanta, assim, que, na Liturgia da Oitava do Natal, se cante: «Oh admirável permuta! O Criador do género humano, tomando corpo e alma, dignou-Se nascer duma Virgem; e, feito homem sem progenitor humano, tornou-nos participantes da Sua divindade!». Em suma, o Natal não é mais do que um comércio. Do que um admirável comércio!
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Advento para lá do Advento, Natal para lá do Natal
Nem só no Advento é Advento. Advento é vinda e Deus está sempre a vir até nós. Nem só no Natal é Natal. Natal é nascimento e Deus está sempre a (re)nascer em nós. Que seja, pois, Advento para lá do Advento e que seja Natal para lá do Natal. Que seja sempre Advento e que seja sempre Natal. Mas, já agora, que seja Advento também no Advento. E que seja Natal também no Natal. Vamos tentar encontrar o Advento neste Advento. E vamos procurar reencontrar o Natal neste Natal. Para que nunca deixe de ser Advento. E para que possa ser sempre Natal!
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Começa o Advento e já é Natal
No Advento já é Natal e no Natal continua a ser Advento.
É Natal no Advento porque, também no Advento, Jesus (re)nasce em cada um de nós. E é Advento no Natal porque o Natal celebra a grande vinda de Jesus à nossa história, à nossa vida.
Creio, Senhor, que, hoje como ontem, é na simplicidade que nos visitas e na humildade que nos encontras. Converte-nos à Tua bondade, inunda-nos com o Teu amor, afaga-nos na Tua paz. Obrigado, Senhor, pelo Teu constante Advento. Parabéns, Jesus, pelo Teu eterno Natal!
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Alguém que vem Queria que pensasse em alguém que veio ter consigo, com todos nós. Apareceu no mundo na mais absoluta humildade e no mais comovente despojamento. Não teve palácios, não ambicionou poder nem coleccionou glórias humanas. Preocupou-Se somente com os outros. Foi alguém muito humano, tão humano que só podia ser (também) divino. Ensinou-nos a magna lição da bondade e deixou-nos, como imperativo indelével, o mandamento do amor. Ele veio para ficar. Ele foi de ontem, é de hoje e será de sempre. Não perde actualidade. Está no seu coração, na nossa vida, no nosso mundo, no nosso tempo. Já sabe de quem se trata. É Ele mesmo. É de Jesus que lhe falo. Mas o Seu nome é também o seu nome. Ele nasceu há dois mil anos. Numa noite muito fria. Numa noite muito bela. Ele continua, porém, a renascer. Permanece na nossa história. E habita na nossa vida. Na sua também.
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