Claudine Pinheiro
Canções para rezar com a Bíblia
Edições Salesianas
© Claudine Pinheiro. 2008 www.myspace.com/claudinepinheiro © Edições Salesianas. 2008 Rua Dr. Alves da Veiga, 124 4022-001 Porto Tel. 225 365 750 Fax. 225 365 800 www.edisal.salesianos.pt edisal@edisal.salesianos.pt ISBN: 978-972-690-576-9 D.L.: 279817/08 Capa: Paulo Santos Paginação: rAP Impressão: Humbertipo
Apresentação Quem fez um mínimo de caminho no seguimento de Jesus e do seu Evangelho, já se deu conta, dolorosamente, que o percurso é atraente mas difícil. A beleza da Palavra de Jesus atrai-nos intensamente. Mas parece haver algo em nós que nos faz fechar os olhos diante da luz profunda que nos vem de Deus. O nosso amor diante de Jesus e da sua causa está cheio de muitos “mas...” Por causa do ambiente que nos rodeia, por causa das nossas opções erradas, por causa de tantas coisas acabamos, tantas vezes, vezes demais, por permanecer sentados à beira do caminho, em vez de nos fazermos à estrada seguindo as pegadas do Mestre. Acabamos por viver uma vidinha medíocre em vez da “Vida em abundância” que Ele nos ofereceu. Acabamos enredados nas nossas dúvidas e hesitações em vez de acolher a sua verdade que liberta. E, contudo, a memória da Igreja, a experiência de fé feita por tantos irmãos e irmãs ao longo destes vinte séculos prova que as coisas podem ser diferentes. Somos pecado, hesitação, negação. Mas mesmo quando nos afastamos da Voz que nos , permanece em nós o desejo de um amor grande como o de Deus que tudo cure. Mesmo longe sentimos que só Cristo pode encher de esperança e alegria as nossas vidas. E essa é a boa notícia. Não somos apenas o somatório dos nossos egoísmos. Não somos apenas o resultado estatístico da evolução biológica. Não somos apenas marionetas nas mãos dos media. Somos amados por Deus. Chamados por Ele ao encontro. Por Ele criados por amor. Criados capazes de acolher a sua Palavra. Capazes de nos levantarmos da nossa miséria, capazes de regressar
à casa onde o Pai nos espera de braços abertos. Capazes de empres tar a nossa voz Àquele que é a Palavra viva. É a descoberta espantada que fizeram os cristãos dos primeiros séculos. Somos frágeis, inconstantes e incapazes de muita coisa. Mas pela força criadora e redentora de Deus... somos capazes de Deus. É esta perspectiva optimista que dá título e unidade a este livro-CD. As palavras e as melodias dizem, em linguagem de hoje, a memória viva da nossa comunidade de fé: somos capazes de Ti. Somos capazes de acolher os teus convites, Senhor. Somos capazes de acolher a tua bondade. A tua vontade de vir ao nosso encontro foi mais forte que as nossas trevas. Pe. Rui Alberto sdb
Temas e autores 1. Com tudo o que sou. L: David Teixeira; M: Nuno Pereira 2. No teu colo de mãe. L: David Teixeira; M: Marta Figueira 3. Espírito, vem. L/M: Valter Silva 4. Vem, chamo-te a ti. L/M: Brotes de Olivo
Versão original: Vem, te llamo a ti (You soy, 1989)
5. O Senhor é meu pastor. L/M: Nico Montero 6. Lembrar-me-ei. L: David Teixeira, C. Pinheiro; M: C. Pinheiro 7. Tua morada. L: Miguel Cardoso; M: Tarcízio Morais 8. Tu és o meu bem. L/M: Claudine Pinheiro 9. Na minha fraqueza. L/M: Brotes de Olivo
Versão original: En mi debilidad (Como te podré pagar, 2002)
10. Só Deus faz crescer. L/M: Claudine Pinheiro 11. Levantar-me-ei. L/M: Brotes de Olivo
Versão original: Me levantaré (You soy, 1989)
12. Recolher. L/M: Claudine Pinheiro
Ficha técnica Produção Executiva: Claudine Pinheiro Coordenação Editorial: Rui Alberto Comentários: Rui Alberto Orações: Claudine Pinheiro Propostas de Grupo: C. Pinheiro / R. Alberto Produção Musical: David Neutel Estúdios: Sounds of Heaven Músicos:
Guitarras Nylon, Guitarra Portuguesa: Carlos Lopes
Percussão: Manu e David Neutel
Contrabaixo e Baixo Acústico: Miguel “M”
Piano: David Neutel
Cordas:
1º Violino – Alexander Mladenov
2º Violino – Witold Dziuba, Ventzislaw Grigorov, Gueor- gui Dimitrov
Arranjos e Direcção de Cordas: David Neutel
O livro contém vários recursos que podem ser usados em múltiplos contextos: • As letras com os acordes. • Meditação. Um pequeno texto que ajuda a ligar a canção e o seu tema à vida quotidiana. • Oração pessoal. As indicações para momentos de qualidade apoiados pela Palavra de Deus e pela canção. • Proposta de grupo. Sequência de indicações para o catequista ou animador de grupo ajudar as pessoas a aprofundarem um tema importante. A canção é mais um dos recursos nesse itine rário pastoral.
Com tudo o que sou Letra: David Teixeira / Música: Nuno Pereira La- 9
Re-7
Recebe-me, Senhor, La-9
SolSus
com tudo o que sou… Fa
Do9
Re
mesmo até com o que não sou capaz de oferecer-Te. Fa
Sol7
La-
Recebe-me tal como Tu me vês.
Fa
10
Sol/La
Recebe-me com as minhas alegrias Sol7
Do
e as esperanças que me fazem avançar, Re-7
Sol
com as certezas que são o meu norte Do
Lam
La-7/Sol
Fa#
e os frutos dos teus dons em mim.
La-9
Sol
Do Mi7
Recebe-me com a minha miséria, Senhor, Sol
Fá
Ré-7
Mi7
os pecados que são a minha vergonha, Dó
Sol
Lám
e com a lamentação da minha cruz, Fa#
Mi
La-9
com as minhas dúvidas e silêncios.
Recebe-me, Senhor, com tudo o que sou, mesmo até com o que não sou capaz de oferecer-Te. Recebe-me tal como Tu me vês.
Re
Fa
Mi7
Recebe-me com as minhas limitações, Fa
Re
Com os meus muitos desejos inquietos, Re-7
Sol
com a minha força e a minha vontade Do
La-
Fa
Sol
e este coração que me deste capaz, capaz de Ti. Recebe-me, Senhor, com tudo o que sou, mesmo até com o que não sou capaz de oferecer-Te. Recebe-me tal como Tu me vês, Senhor. Recebe-me, Senhor, com tudo o que sou, mesmo até com o que não sou capaz de oferecer-Te. Recebe-me tal como Tu me vês, Senhor, com tudo o que sou.
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Meditação
“Parte uma pedra e encontrarás Deus” diz a tradição hebraica. Deus está presente em toda a sua Criação. Não há barreiras entre sagrado e profano: tudo é santo, tudo é de Deus porque d’Ele tudo provém. Também a vida de cada um de nós. Oferecer a Deus o que somos faz-nos retomar a consciência do nosso lugar na Criação. Também nós fomos criados com amor e dedicação por Deus. A atitude de nos oferecermos a Deus vem sempre acompanhada de agradecimento por Ele nos ter criado e amado. Podemos tomar consciência que é “n’Ele que vivemos, nos movemos e existimos” (Act 17, 28). Podemos renunciar às frases fortes de hoje: “Quero”, “Dá-me”, “É meu”.
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E então a oferta de nós mesmos leva ao louvor, cura-nos dos lamentos por causa das misérias e fracassos pessoais, torna-nos mais disponíveis para os outros. Oferecer-se a Deus é deixá-Lo agir na nossa história e cumprir a nossa parte do seu projecto. Esta opção de entrega a Deus, por nos abandonarmos nas suas mãos, leva à paz de coração e à serenidade profunda. Às vezes andamos zangados, nervosos, tensos. A atitude de oferta ajuda o quotidiano e as suas preocupações a serem iluminados pela presença do Senhor.
Oração Pessoal
Coloca-te diante de Deus, em silêncio. Diante de Deus, não precisamos de falar muito para uma boa comunicação. Ele vê-nos, protege‑nos e ama-nos. Quanto mais silêncio e serenidade trouxeres ao coração, mais fácil te será seres tocado pela Sua presença. Sente a tua respiração. Inspira e expira suavemente. Sente a tua pulsação. Quando te sentires totalmente tranquilo, diz ao Senhor: Recebe-me, Senhor, tal como Tu me vês; Recebe-me Senhor, com tudo o que eu sou; Recebe-me, Senhor. Escuta a canção e acompanha a letra. No final, diz ao Senhor tudo aquilo que a canção despertou em ti. Volta a dizer-lhe “Recebe-me, Senhor…” completando as frases com aquilo que te brotar do coração. Compromisso: Na Eucaristia, no momento do ofertório, diz ao Senhor: “Recebe o meu coração, e transforma-o em alimento para os que têm fome e sede de Ti.”
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Proposta de Grupo Apresenta a letra da canção, como se se tratasse de um poe ma. Chama a atenção para o facto de o texto repetir a palavra “Recebe-me”.
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Individualmente, ou em grupo, sugere que se substitua o verbo “receber” por um dos sinónimos presentes na listagem abaixo, procurando não repetir nenhuma das opções. 1) aceitar (o que é oferecido, dado ou enviado) 2) cobrar ( o que é devido) 3) adquirir por transmissão 4) apanhar 5) admitir 6) sofrer 7) acolher 8) ser informado de É natural que o grupo tenha dificuldade em não repetir nenhum verbo, porque as únicas opções que se adequam são a 1) e a 7). Mesmo sendo sinónimos de “receber”, explora as limitações dos outros verbos. Procura que o grupo explique por que é que não faz sentido dizer “Adquire-me com as minhas limitações” ou “Apanha-me com as minhas alegrias”. Que imagem de Deus nos daria um poema que usasse estes verbos? Para aprofundar a imagem de Deus divide os elementos em subgrupos ficando cada um destes com uma das citações abaixo. Cada uma delas fala de Deus usando uma linguagem plástica. 2 Sm 22, 2-3 Is 49, 13-16
Is 61, 10 Os 11, 1 Lc 15, 4-7 Jo 10, 9-10 Para explorar a citação, cada subgrupo deverá representá-la artisticamente. Para isso, disponibiliza cartolinas, cola, tesouras, marcadores e revistas (para colagens). Este trabalho será para ser apresentado na oração final. Outra hipótese passa por sugerir que o texto seja trabalhado a partir do corpo. Explica que mais do que tentar traduzir as palavras em gestos, a expressão corporal significa expressar com movimentos os sentimentos que o texto provoca em nós. Começa por revelar que o poema foi musicado e propõe a escuta da canção, em silêncio. Pede a cada grupo que faça a sua apresentação (imagem ou expressão corporal). No final de cada apresentação, pode cantar-se o refrão de um canto adequado. Termina sublinhando que o esforço por caracterizar Deus nasceu com o homem. Mas porque usamos as nossas palavras para expressar o que é divino, o nosso discurso é, muitas ve zes, pobre e limitado. Da mesma forma que a nossa fé se exprime em acções concretas (“Porque tive fome e destes-me de comer, tive sede e destes-me de beber, era peregrino e recolhestes-me, estava nu e destes-me que vestir, adoeci e visitastes-me, estive na prisão e fostes ter comigo” Mt 25, 35-36) também a grandeza de Deus é revelada pela bondade dos seus gestos. A expressão máxima da gratuidade do amor de Deus encontra-se em Jesus Cristo. É Ele quem nos fala de um Pai a favor do homem. É Ele que nos ensina a dirigirmo-nos a Deus como “Pai”, um pai que nos conhece, ama, aceita e recebe nos seus braços. (Lc 11, 13 ; Mt 7, 9-11)
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No teu colo de mãe Letra: David Teixeira / Música: Marta Figueira Re
Si-
Do9
Como criança no teu colo de mãe (ah-ah) Sol/Si
No Teu colo de mãe. Re
Si-
Do9
Como criança no teu colo de mãe ah-ah Sol/Si
Do/Fa#
No Teu colo de mãe. Sol
Mi-7
Mi7
Que o meu coração não seja orgulhoso, 16
Re
Fa#7
si-7
nem os meus olhos altivos. mi-7
La7
Que não corra atrás de grandezas Fa#7
Do9
La7
Do9 La7
nem de coisas superiores a mim. Como criança no teu colo de mãe (ah-ah) No Teu colo de mãe. Como criança no teu colo de mãe ah-ah No Teu colo de mãe.
Que saiba ficar sossegado e tranquilo, como criança no colo da mãe; Que o meu coração espere em Ti, sempre nos maus e bons momentos. Como criança no teu colo de mãe (ah-ah) No Teu colo de mãe. Como criança no teu colo de mãe (ah-ah) No Teu colo de mãe. Como criança no teu colo de mãe (ah-ah) No Teu colo de mãe. Como criança no teu colo de mãe (ah-ah) No Teu colo de mãe. No Teu colo de mãe. No Teu colo de mãe. Inspirado no Salmo 131
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É difícil dizer em palavras quem é Deus. Não serve de nada a exactidão da ciência nem o rigor da economia. Que frustração sentir este amor tão intenso, tão trepidante e não ter como o dizer aos outros que ainda não o experimentaram!
Meditação
Talvez o melhor seja deixar de lado os raciocínios e procurar as experiências do dia-a-dia mais parecidas com a experiência de Deus.
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Sem medo de perder a auto-suficiência dos adultos, podemos aceitar que Deus é um pai, uma mãe que nos leva ao colo, que nos acaricia, que se alegra por estarmos aqui. Não estamos habituados a deixar que Deus nos aconchegue. Que Ele nos ame com um amor tão forte que nos devolve a segurança de saber que nenhum mal nos afastará dos seus braços. Com um amor daqueles que não infantiliza mas que faz crescer, ser mais. Com um amor daqueles que dá gosto tratar os outros da mesma forma.
Oração Pessoal
Lê o Salmo 131. É uma oração que nasce de uma grande confiança no Senhor. Procura sintonizar-te com os sentimentos do salmista. Relê o versículo 2 e pensa como fica uma criança quando está no colo da mãe. Também tu te sentes assim tranquilo e seguro na presença do Senhor? De que alimentos (espirituais) precisas para te sentires saciado? Escuta a canção que transforma o salmo numa súplica ao Senhor. Termina pedindo a Deus que te conceda um coração livre de orgulho. Compromisso: Organiza ou associa-te a uma recolha de alimentos e/ou outros bens de primeira necessidade para oferecer a institui ções de apoio à infância.
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Proposta de Grupo Distribui pelo grupo uma folha com duas listas: O que me alimenta o ego: Desejo de ter sempre razão Desejo de ser o centro das atenções Desejo de ser rico Desejo de ser bonito Desejo de dominar Desejo de ter as melhores notas
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... completa com outras ideias que se adaptem à realidade do grupo. O que me dá tranquilidade: Dormir Ouvir música clássica Ler Ver televisão Sair com os amigos Ir à missa ... completa com outras ideias que se adaptem à realidade do grupo.
Individualmente, cada um deverá assinalar as frases com que se identifica, ou completar a lista com outras. Se houver confiança no grupo, convida à partilha. Apresenta o Salmo 131 como uma oração em que a relação com Deus é descrita como vivência de grande serenidade. Sublinha a imagem apresentada no segundo versículo: comparação da relação com Deus como a de uma criança alimentada e saciada no colo da sua mãe. Conduz a reflexão para as seguintes interrogações: como des crevo a minha relação com as coisas, com os outros, com Deus? Aquilo que nos deixa saciados, tranquilos, é de facto importante? Após a partilha e o diálogo espontâneo, propõe a leitura individual de Jo 4, 31-34, onde Jesus também fala de alimento. Convida a que cada um escreva num postal uma oração a partir da sua reflexão. Em clima de oração, propõe a escuta da canção e a partilha de postais.
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Índice Apresentação................................................................................................. 5 Temas e autores............................................................................................ 7 Ficha técnica.................................................................................................. 8 Com tudo o que sou..................................................................................10 No teu colo de mãe ..................................................................................16 Espírito, vem!..............................................................................................22 Vem, chamo-te a ti.....................................................................................28 O Senhor é meu pastor............................................................................34 Lembrar-me-ei.............................................................................................38 Tua morada..................................................................................................44 Tu és o meu bem........................................................................................49 Na minha fraqueza....................................................................................54 Só Deus faz crescer....................................................................................60 Levantar-me-ei............................................................................................66 Recolher........................................................................................................73
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