Guia prático do cristianismo

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Paulo Costa

GUIA PRÁTICO DO CRISTIANISMO Coordenadas para (re)descobrir o caminho da Fé

Edições Salesianas


SUMÁRIO A Santíssima Trindade 1.

Vocabulário essencial da Teologia

2.

O mistério da Santíssima Trindade

3.

A profissão de Fé – Credo

4.

Os dons do Espírito Santo

5.

Os frutos do Espírito Santo

A Pessoa de Jesus Cristo 6.

Vocabulário essencial sobre Jesus Cristo

7.

Títulos de Jesus no Novo Testamento

8.

As parábolas de Jesus Cristo

9.

Os milagres de Jesus Cristo

10.

Os doze Apóstolos de Jesus Cristo

As Sagradas Escrituras - Bíblia 11.

A importância das Sagradas Escrituras

12.

Os conteúdos dos Livros Bíblicos

13.

As personagens essenciais da Bíblia

14.

As localidades fundamentais da Bíblia

15.

As Bem-aventuranças evangélicas

16.

Os valores humanos dos Evangelhos

A Doutrina da Igreja Católica 17.

O Catecismo da Igreja Católica 5


18.

Os mandamentos da lei de Deus

19.

Os dogmas da Igreja Católica

20.

As virtudes humanas e teologais

21.

As obras de misericórdia

22.

Os Pecados capitais e as Virtudes opostas

23.

Os novíssimos

A Missão da Igreja Católica 24.

Conceitos essenciais da Igreja Católica

25.

Vocabulário essencial da Catequese

26.

Os sacramentos da Igreja Católica

27.

Os preceitos da Igreja Católica

28.

Os documentos do Concílio Vaticano II

A Igreja no tempo e no espaço 29.

As diversas Igrejas Cristãs

30.

Datas importantes da História da Igreja

31.

Os primeiros e últimos Papas

32.

A organização geográfica da Igreja

33.

A hierarquia da Igreja Católica

34.

A constituição da Cúria Romana

35.

Principais locais de peregrinação cristã

Elementos fundamentais da Liturgia 36.

Vocabulário essencial da Liturgia

37.

O ano litúrgico

38.

As principais celebrações litúrgicas

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39.

O Ordinário da Missa

40.

A Liturgia das Horas

41.

A simbologia do Natal

42.

A simbologia da Páscoa

Algumas Orações relevantes 43.

A oração do Pai-Nosso

44.

Estações da Via-Sacra

45.

A Oração da Avé-Maria

46.

Os Mistérios do Rosário

Os Santos da Igreja Católica 47.

Os Santos da Igreja Católica

48.

Os Portugueses nos Altares

49.

Vocabulário essencial da Virgem Maria

50.

A Virgem Maria na Bíblia

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Abreviaturas das Sagradas Escrituras Abd: Profecia de Abdias Act: Actos dos Apóstolos Ag: Profecia de Ageu Am: Profecia de Amós Ap: Apocalipse de S. João Evangelista Br: Profecia de Baruc Ct: Cântico dos Cânticos Cl: Epístola de S. Paulo aos Colossenses Cor: 1ª e 2ª Epístolas de S. Paulo aos Coríntios Cr: 1º e 2º Livro das Crónicas Dn: Profecia de Daniel Dt: Livro do Deuteronómio Ecl: Eclesiastes Ef: Epístola de S. Paulo aos Efésios Esd: Livro de Esdras Est: Livro de Ester Ex: Livro do Êxodo Ez: Profecia de Ezequiel Fl: Epístola de S. Paulo aos Filipenses Flm: Epístola de S. Paulo a Filémon Gl: Epístola de S. Paulo aos Gálatas Gn: Livro do Génesis Hab: Profecia de Habacuc Heb: Epístola de S. Paulo aos Hebreus Is: Profecia de Isaías 8


Jdt: Livro de Judite Jr: Profecia de Jeremias Jl: Profecia de Joel Jo: Evangelho segundo S. João 1, 2, 3Jo: 1ª, 2ª e 3ª Epístolas de S. João Evangelista Jb: Livro de Job Jn: Profecia de Jonas Js: Livro de Josué Jd: Epístola Católica de S. Judas Tadeu Jz: Livro dos Juízes Lm: Lamentações de Jeremias Lc: Evangelho segundo S. Lucas Lv: Livro do Levítico Mac: 1º e 2º Livro dos Macabeus Mal: Profecia de Malaquias Mc: Evangelho segundo S. Marcos Mq: Profecia de Miqueias Mt: Evangelho segundo S. Mateus Na: Profecia de Naum Ne: Livro de Neemias Nm: Livro dos Números Os: Profecia de Oseias Pe: 1ª e 2ª Epístola de S. Pedro Apóstolo Pr: Livro dos Provérbios Rm: Epístola de S. Paulo aos Romanos Rs: 1º e 2º Livro dos Reis 9


Rt: Livro de Rute Sb: Livro da Sabedoria Sir: Livro de Ben Sirá Sm: 1º e 2º Livro de Samuel Sl: Livro dos Salmos Sf: Profecia de Sofonias Ts: 1ª e 2ª Epístolas de S. Paulo aos Tessalonicenses Tg: Epístola Católica de S. Tiago Tm: 1ª e 2ª Epístolas de S. Paulo a Timóteo Tt: Epístola de S. Paulo a Tito Tb: Livro de Tobias Zc: Profecia de Zacarias

Outras abreviaturas CIC: Catecismo da Igreja Católica

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Introdução O fenómeno religioso é parte integrante da cultura e da civilização humana. Na verdade, a religião constitui-se como uma realidade universal no espaço e no tempo. Em todos os recantos da Terra e desde sempre, encontramos manifestações religiosas. De uma forma ou de outra, numa ou outra fase da vida de todas as pessoas, torna-se mais ou menos evidente a consciência do transcendente, a procura do sobrenatural, a inquietação diante do divino. De alguma maneira e de forma misteriosa e inefável, todos acreditamos que há algo ou alguém para além do mundo material, sensível e finito. O essencial ultrapassa a nossa capacidade de compreensão racional. Há coisas que não se percebem à luz da inteligência humana. As realidades verdadeiramente importantes não se vêem com os olhos, não se tocam com os dedos das mãos, não se conhecem com a razão. O coração vê mais longe e mais profundamente e a consciência interpela e incomoda-nos de forma indelével. Ao longo do tempo, os povos sentiram necessidade de estabelecer rituais que expressassem, de forma mais formal, os seus sentimentos e as suas crenças. Tentaram institucionalizar gestos e palavras que fossem a manifestação cultual da sua fé. Nascem as religiões. Algumas são politeístas, como disso são expressão a religiosidade dos egípcios, gregos e romanos, por exemplo. Hoje, o Hinduísmo é uma religião que também acredita em vários deuses. Outras religiões seguiram uma linha monoteísta. Na esteira de Abraão, o Judaísmo, o Islamismo e o Cristianismo acreditam num só e único Deus. De todas as religiões brotam grupos dissidentes que, em algum momento histórico,

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por razões de discordância e conflitos formais ou funcionais, quiseram separar-se da instituição religiosa materna. Há aproximadamente dois mil anos nasceu em Belém da Judeia um homem que viria a mudar a história da humanidade. Apesar de ter nascido no seio de uma família e cultura marcadamente judaica no cumprimento da Lei de Moisés, a verdade é que apresenta ao mundo uma maneira diferente de viver a vida, de relacionar-se com os demais e de estar com Deus. O Povo de Israel via-se como o povo criado e eleito por Deus, libertado da escravidão do Egipto por intermédio de Moisés e conduzido rumo à terra prometida. Deus fizera com Israel uma Aliança e no Monte Sinai deu-lhe o Decálogo. Durante séculos, Deus enviou muitos profetas que, em nome de Deus, lembravam ao povo o pacto selado e denunciavam os comportamentos indignos e infiéis. Depois de Deus ter enviado os profetas, chegada a plenitude dos tempos, decidiu enviar o seu próprio Filho, nascido por obra do Espírito Santo no seio de uma mulher judia, de nome Maria. A salvação não era apenas para Israel mas para todos os povos. Até aos 30 anos, vive com José e Maria em Nazaré. Depois, sai de casa, escolhe doze discípulos e percorre toda a região a anunciar o Reino de Deus e a proclamar a Boa Nova, o Evangelho. Ensina a chamar a Deus de Pai e resume todas as leis e regras religiosas com o verbo ‘amar’. Fazia milagres e falava em parábolas e foi-se tornando incómodo para o Judaísmo e para os romanos que eram o império dominador e opressor. Os judeus, que esperavam o Messias que os salvasse, não O ­reconhecerem em Jesus, consideraram-n’O um blasfemo e fizeram tudo para O matar.

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Jesus Cristo fundou a Igreja, alicerçada nos seus apóstolos e dando o seu primado a Pedro a quem instituiu como seu sucessor. Após a sua morte e ressurreição, subiu aos céus e enviou o Espírito Santo à sua Igreja para que os seus seguidores, os cristãos, fossem fortes na graça de Deus, vivessem o Evangelho com fidelidade e baptizassem todas as nações em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. A Igreja Católica é a fiel depositária do Cristianismo criado por Jesus. Constituída por homens e mulheres, pessoas com as suas qualidades e defeitos, a Igreja Católica, apesar das muitas perseguições, tribulações, fragilidades e virtudes, chega até hoje chefiada pelo Papa de Roma. Apesar de ser de iniciativa divina, é uma instituição humana, precisando, por isso, de se organizar hierárquica, doutrinal e geograficamente, num inequívoco empenho em ser fiel aos ensinamentos do seu Fundador, Jesus Cristo, e no compromisso responsável com a história, o mundo e a humanidade. Portugal, apesar de constitucionalmente não ter uma religião oficial de estado, é um país tradicionalmente católico e a maioria da população foi baptizada na Igreja Católica. A influência e a importância da instituição Igreja são bem evidentes na sociedade portuguesa. O Cristianismo faz parte do nosso património e identidade e não podemos esquecer ou querer ignorar as marcas católicas da nossa civilização ocidental. Este trabalho que apresento não pretende ser, de forma alguma, um livro de Teologia. É o resultado da preocupação que muitas vezes sinto de encontrar, de forma breve e clara, a explicação de alguns princípios, conceitos, ideias, doutrinas da Igreja Católica. No meio de tanta e profunda literatura eclesial, nem sempre é fácil encontrar dados sintéticos e esquemáticos sobre as mais 13


variadas questões do Cristianismo em geral e da Igreja Católica em particular. Por isso, procurei, essencialmente a partir das Sagradas Escrituras e do Catecismo da Igreja Católica, criar 50 textos temáticos sobre alguns aspectos que julguei relevantes para perceber melhor a minha fé. É um trabalho que quero partilhar com quem o quiser aproveitar e um contributo simples para conhecer e perceber melhor a fé cristã. Por isso, o título que dei ao livro (Guia prático do cristianismo) quer ser isso mesmo: um guia bem prático para vivermos com entusiasmo e alegria a nossa experiência de cristãos.

Paulo Costa (Autor)

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1. Vocabulário essencial da Teologia Graças à assistência do Espírito Santo, a inteligência das realidades e das palavras da herança da fé pode crescer na vida da Igreja: - ‘Pela contemplação e pelo estudo dos crentes, que as meditam no seu coração’; e particularmente pela ‘investigação teológica, que aprofunda o conhecimento da verdade revelada’. (CIC 94) AGNOSTICISMO : Posição que não afirma nem nega a existência

do transcendente. ALIANÇA : Relação ou pacto de amizade entre Deus e o seu povo. ATEÍSMO : Negação prática e/ou teórica da existência de Deus

ou deuses. BÊNÇÃO : Sinal da protecção de Deus, a quem se louva e em

quem se confia. BÍBLIA : Sagradas Escrituras compostas pelo Antigo Testamento

e Novo Testamento. BLASFÉMIA : Manifestação injuriosa e ofensiva contra Deus ou

os santos. CÉU : Estado ou situação de felicidade plena em que se vive em

Deus. CRIAÇÃO : Acto e dom livre e amoroso de Deus, com cuja inter-

venção tudo começou. CRISTOLOGIA : Área da teologia dogmática que estuda a pessoa e

doutrina de Cristo. DECÁLOGO : Os dez mandamentos de Moisés que Jesus recorda

para a salvação. DOUTRINA : Conteúdo essencial do ensino da Igreja para viver

na comunidade cristã. 16


DOGMA : Verdades decretadas pela Igreja que formam o conjunto

seguro da fé. ECLESIOLOGIA : Tratado teológico que estuda a Igreja. ECUMENISMO : Movimento que procura a unidade de todos os

que seguem a Cristo. ENCARNAÇÃO : Mistério em que Deus em Jesus Cristo assume a

natureza humana. FÉ : Dom de Deus, para quem, de forma livre, acredita n’Ele e

confia na sua graça. FELICIDADE : Bem-estar existencial consigo e com os outros, com

e em Deus. FILIAÇÃO : Jesus Cristo é o Filho unigénito de Deus, de quem

somos filhos adoptivos. GENEALOGIA : Os Evangelhos procuram entroncar teologica-

mente o Messias. GENTIOS : São os pagãos dos inícios da Igreja. Hoje, fala-se de

descrentes. GRAÇA : Dom do acolhimento da revelação de Deus e da sua

acção salvadora. HERESIA : Posições doutrinais contrárias à fé reconhecida oficial-

mente pela Igreja. HIPOSTÁTICA : União das naturezas humana e divina de Cristo

numa só pessoa. HISTÓRIA DA SALVAÇÃO : Manifestação de Deus ao longo da

história dos homens. IDOLATRIA : Culto, veneração, adoração ou divinização de coisas

ou deuses falsos.

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IGREJA : Corpo de Cristo, assembleia e povo de Deus convocado

por Jesus Cristo. INFERNO : Estado de quem opta por viver egoisticamente sem

amor e sem Deus. JESUS CRISTO : O filho de Maria é o Salvador, o Ungido, o Messias,

o Filho de Deus. JUÍZO : O Filho do Homem julgará a vida e as decisões das pessoas. JUSTIFICAÇÃO : Em Cristo, Deus justo, bom e fiel, faz o homem

livremente justo. KAIRÓS : Tempo em que Deus intervém a favor do Homem e

acontece a salvação. KERIGMA: O primeiro, novo e alegre anúncio de fé sobre Jesus

morto e ressuscitado. KOINONIA : Comunhão, que é dom do Espírito e cuja fonte é o

amor de Deus. LAICISMO : Contraposição radical do mundo religioso às reali-

dades da vida civil. LEIGOS : Povo que, na Igreja, designa os que não são clérigos e

estão na vida social. LUGAR TEOLÓGICO: Ponto de partida para uma aproximação à

verdadeira fé. MISTÉRIO: Realidade e revelação de Deus feita a todos por meio

do seu Filho. MÍSTICA : Experiência de encontro profundo do homem com o

Deus pessoal. MONOTEÍSMO: Ao contrário do politeísmo, afirma-se a existência

de um único Deus.

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NATURALISMO : Redução do homem à simples natureza, rejei-

tando-se a graça. NATUREZA: Cristo tem duas naturezas: a essência humana e a

essência divina. NOVÍSSIMOS: Realidades novas e últimas da vida: morte, juízo,

inferno e glória. OMNIPOTÊNCIA: Poder absoluto e sem limites, exclusivo unica-

mente de Deus. OMNISCIÊNCIA: Capacidade de Deus de conhecimento perfeito e

total de tudo. ORTODOXIA: Profissão da verdadeira fé das Escrituras e da

Tradição da Igreja. PARÁCLITO: Cristo chama Paráclito ao Espírito que Ele enviará

de junto do Pai. PECADO: Decisão livre e consciente de desobediência à vontade

de Deus. PNEUMATOLOGIA: Área da Teologia que estuda o Espírito Santo. REDENÇÃO: Mistério da salvação e libertação do Homem por

Deus em Jesus Cristo. REINO DE DEUS: Realidade existencial baseada na vivência dos

valores de Cristo. REVELAÇÃO: Deus que Se dá a conhecer com linguagem e reali-

dades humanas. SACRAMENTOS: Sinais visíveis em que Cristo pela Igreja comunica

a sua graça. SALVAÇÃO: Acção de Deus na história culminada em Cristo

morto e ressuscitado.

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SECULARIZAÇÃO: Afirmação da justa autonomia das realidades

terrestres. TRADIÇÃO: Transmissão fiel e assegurada pelo Espírito da men-

sagem de Cristo. TRANSCENDÊNCIA: Deus é e está para além da experiência sensível

e material. TRINDADE: Um só Deus em três pessoas: Pai, Filho e Espírito

Santo. UNGIDO: Cristo significa ungido. Ele é o Messias que a Igreja

reconhece e proclama. UNIDADE: Cristo deseja que todos sejam um, num projecto de

uma só família cristã. UNIGÉNITO: Cristo é o Filho único de Deus, sendo da sua própria

natureza. VENERAÇÃO: Reverência a algo ou alguém que é sinal ímpar da

presença de Deus. VERBO DE DEUS: Deus feito Palavra e revelação no seu Filho Uni-

génito. VIDA: Dom de Deus a conservar e a realizar na relação e comu-

nhão com Deus.

2. O mistério da Santíssima Trindade O mistério da Santíssima Trindade é o mistério central da fé e da vida cristã. Só Deus pode dar-nos o seu conhecimento, revelando-Se como Pai, Filho e Espírito Santo. A Encarnação do Filho revela que Deus é o Pai eterno, e que o Filho é consubstancial ao Pai, quer dizer que n’Ele e com Ele é o mesmo e único Deus. A missão do Espírito Santo, enviado pelo Pai em nome do Filho e pelo Filho ‘de junto do Pai’, revela que Ele é, com 20


eles, o mesmo e único Deus. ‘Com o Pai e o Filho é adorado e glorificado’. (CIC 261-263) A formulação apostólica A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunicação do Espírito Santo sejam com todos vós. (Gl 13, 13) Há, pois, diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo; há diversidade de serviços, mas o Senhor é o mesmo; e há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. (1Cor 12, 4-6) Há um só corpo e um só Espírito, como existe uma só esperança no chamamento que recebestes. Há um único Senhor, uma única fé, um único baptismo. Há um só Deus e Pai de todos, que está acima de todos, actua por meio de todos e Se encontra em todos. (Ef 4, 4-6) A Trindade é una Nós não confessamos três deuses, mas um só Deus em três pessoas: ‘a Trindade consubstancial’. As pessoas divinas não dividem entre Si a divindade única; cada uma delas é Deus por inteiro: ‘O Pai é aquilo mesmo que o Filho, o Filho aquilo mesmo que o Pai, o Pai e o Filho aquilo mesmo que o Espírito Santo, ou seja, um único Deus por natureza’. ‘Cada uma das três pessoas é esta realidade, quer dizer, a substância, a essência ou a natureza divina’. (CIC 253) As pessoas divinas são realmente distintas entre si Deus é um só, mas não solitário’. ‘Pai’, ‘Filho’, ‘Espírito Santo’ não são meros nomes que designam modalidades do ser divino, porque são realmente distintos entre Si. ‘Aquilo que é o Filho não é o Pai e aquilo que é o Pai não é o Filho, nem o Espírito 21


Santo é o que é o Pai ou o Filho’. São distintos entre Si pelas suas relações de origem: ‘O Pai gera, o Filho é gerado, o Espírito Santo procede’. A unidade divina é trina. (CIC 254) As pessoas divinas são relativas umas às outras Uma vez que não dividem a unidade divina, a distinção real das pessoas entre Si reside unicamente nas relações que as referenciam umas às outras: ‘Nos nomes relativos das pessoas, o Pai refere-se ao Filho, o Filho ao Pai, o Espírito Santo a ambos. Quando falamos destas três pessoas, considerando as relações respectivas, cremos, todavia, numa só natureza ou substância’. Com efeito, n’Eles tudo é um, onde não há a oposição da relação. ‘Por causa desta unidade, o Pai está todo no Filho e no Espírito Santo; o Filho está todo no Pai e todo no Espírito Santo; o Espírito Santo está todo no Pai e no Filho’. (CIC 255) O Pai Tudo Me foi entregue por meu Pai, e ninguém conhece o Filho senão o Pai, como ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o filho o quiser revelar. (Mt 11, 27) Bendigo-Te, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos inteligentes e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, porque tudo isso foi do teu agrado. (Lc 10, 21) Jesus disse-lhe: ‘Não Me detenhas, porque ainda não subi para meu Pai; mas vai ter com os meus irmãos e diz-lhes que vou subir para meu e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus. (Jo 20, 17) O Filho E dos Céus veio uma voz: Tu és o meu Filho muito amado, em Ti pus toda a minha complacência. (Mc 1, 11) “Porque Deus amou de tal modo o mundo que lhe deu o seu Filho único, para que todo o que n’Ele crer não pereça, mas 22


APRESENTAÇÃO: Maria e José apresentam o Menino no templo

de Jerusalém. ANUNCIAÇÃO: O anjo Gabriel revela a Maria que foi escolhida

para ser a Mãe de Jesus. ASSUNÇÃO: Maria foi elevada à glória celeste em corpo e alma

no termo da sua vida. BELÉM: Cidade a 7 km de Jerusalém onde Maria deu à luz o

Filho de Deus. BÍBLIA: Sagradas Escrituras ou Palavra de Deus que Maria

medita e reza com fé. BODAS DE CANÁ: Pela intercessão de Maria, acontece o primeiro

milagre de Jesus. CONCEIÇÃO: Maria foi concebida sem pecado, em atenção aos

méritos de Cristo. COOPERAÇÃO: Maria contribuiu, em forma eminente, na Histó-

ria da Salvação. CRUZ: Maria estava junto à Cruz na qual Jesus realizou a Reden-

ção da humanidade. DEVOÇÃO: Maria era uma devota e religiosa mulher judia que

confiava em Deus. DISCÍPULA: Maria foi a primeira cristã que reconheceu e seguiu

Jesus como Mestre. DIVINDADE: Maria, sem ser uma deusa, colaborou com Deus de

forma singular. ENCARNAÇÃO: O Deus Trindade assume a natureza humana em

Jesus por Maria. ESPOSA: Maria consagra-se fielmente a Deus por amor, sendo

sua esposa na fé. 203


EVANGELHO: Maria viveu a Boa Nova, sendo evangelizada e

evangelizadora. FÉ: Virtude teologal, dom ou graça, vivida especialmente por

Maria na adesão a Deus. FEMININO: Maria é mulher e, como tal, é modelo e realização

perfeita do feminino. FIAT: Maria, na Anunciação, aceita o desígnio divino e responde

com fé ‘Faça-se…’ GRAÇA: Maria é bem-aventurada e cheia de graça porque nela

Deus Se fez homem. GLÓRIA: Maria, como pessoa, não viveu para si mas para a

maior glória de Deus. GRAVIDEZ: Maria concebeu pelo Espírito Santo para o Verbo

encarnar entre nós. HISTÓRIA: Maria possibilitou a encarnação na história e no

tempo do Verbo de Deus. HUMANIDADE : Maria é a realização perfeita e em plenitude da

realidade humana. HUMILDADE: Maria, apesar das maravilhas que Deus nela fez,

permanece humilde. IGREJA: Maria é mãe, modelo, tipo e imagem da Igreja que o

Filho fundou. IMACULADA: Maria é preservada do pecado por singular graça e

privilégio de Deus. IRMÃ: Maria, como mulher da raça humana, é irmã dos cristãos

e discípulos de Jesus. JERUSALÉM: Maria assiste à paixão e morte de Jesus e ao nasci-

mento da Igreja. 204


JESUS: Maria é a mãe humana de Jesus, o Salvador e Ungido de

Deus, o Emanuel. JOSÉ: Esposo de Maria, homem bom e justo, escolhido para pai

adoptivo de Jesus. LAICADO: Maria consagrou-se e casou-se como leiga e é modelo

de existência laical. LIBERDADE: Maria aderiu livremente ao projecto salvífico do

Deus libertador. LITURGIA: A oração oficial da Igreja celebra os dogmas essen-

ciais da Virgem Maria. MATERNIDADE: Chegada a plenitude dos tempos, Maria conce-

beu e deu à luz… MAGNIFICAT: Cântico de louvor mariano que S. Lucas apresenta

no seu Evangelho. MISTÉRIO: Maria deve ser entendida no contexto do mistério de

Cristo e da Igreja. NATIVIDADE: A 8 de Setembro, a Igreja celebra o nascimento de

Maria de Nazaré. NOME: Etimologicamente, ‘Maria’ significa mulher, senhora,

amada, excelsa, elevada. NOVA EVA: Se por Eva veio o pecado, por Maria veio a graça e

a salvação. OBEDIÊNCIA: Pela fé e em total liberdade, Maria aceita e cumpre

a vontade de Deus. OMINIPOTÊNCIA: Maria, como criatura humana, é sinal do poder

absoluto de Deus. ORAÇÃO: Maria é modelo de diálogo em amizade e amor com

o Deus pessoal. 205


PÁSCOA: Maria viveu singularmente a paixão, morte e ressur-

reição de Jesus. PENTECOSTES: Maria e os apóstolos, reunidos em oração, rece-

bem o Espírito. PROFECIA: Mulher profética e com missão profética, recebe a

profecia de Simeão. QUALIDADES: Maria é a cheia de graça, bendita entre as mulhe-

res, a Mãe de Deus. QUARESMA: Como Nossa Senhora das Dores, preparou-se para

a Páscoa de Cristo. QUIETUDE: Maria, com serenidade, conservava e meditava tudo

no seu coração. RAINHA: Maria é coroada Rainha dos anjos e dos santos e invo-

cada ‘Salve Rainha’. REDENÇÃO: Maria, pessoa perfeitamente redimida, é a mãe do

único Redentor. RELAÇÃO: Maria contribuiu de forma ímpar na aliança de Deus

com a humanidade. SACERDÓCIO: Maria participa do sacerdócio do Filho e é modelo

do povo sacerdotal. SANTIDADE: Maria é bem-aventurada e modelo de santidade

como cristã exemplar. SERVA: Maria diz ao anjo: ‘Eis aqui a serva do Senhor’, entre-

gando-se radicalmente. TEMPLO: Maria, templo de Deus, perde e encontra o Menino no

templo de Jerusalém. TÍTULOS: A piedade e devoção popular evoca Nossa Senhora

com muitos nomes. 206


TRINDADE: Maria está em comunhão íntima de amor com o Pai

e o Filho no Espírito. UNIÃO: Maria realizou a união entre as naturezas humana e

divina do Filho de Deus. UNIDADE: Maria concretiza no seu Filho a unidade entre Deus e

todos os seus filhos. UNIGÉNITO: Jesus é o Filho único de Deus e o único filho que

Maria gerou. VIDA: Maria é Mãe de Cristo, caminho, verdade e vida e mãe de

todos os viventes. VIRGINDADE: Maria concebeu pelo Espírito Santo, permane-

cendo sempre virgem. VISITAÇÃO: Maria visita em Judá a sua prima Isabel que vai dar

à luz João Baptista. 50. A Virgem Maria na Bíblia ‘Deus enviou seu Filho’. Mas, para Lhe ‘formar um corpo’, quis a livre cooperação duma criatura. Para isso, desde toda a eternidade, Deus escolheu, para ser a Mãe de seu Filho, uma filha de Israel, uma jovem judia de Nazaré, na Galileia, ‘virgem que era noiva de um homem da casa de David, chamado José. O nome da virgem era Maria’. Maria ‘é a primeira entre os humildes e pobres do Senhor, que confiadamente esperam e recebem a salvação de Deus. Com ela, enfim, excelsa filha de Sião, passada a longa espera da promessa, se cumprem os tempos e se inaugura a nova economia da salvação’. (CIC 488-489)

207


A figura feminina do Antigo Testamento Farei reinar a inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta esmagar-te-á a cabeça, ao tentares mordê‑la no calcanhar. (Gn 3, 15) Por isso, o mesmo Senhor por sua conta e risco, vos dará um sinal: Olhai: A jovem está grávida e dará um filho, pôr-lhe-á o nome de Emanuel. (Is 7, 14) A anunciação do anjo Gabriel Ao sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um homem chamado José, da casa de David, e o nome da virgem era Maria. Ao entrar em casa dela, o anjo disse-lhe: ‘Salve, ó cheia de graça, o Senhor está contigo (…) Não tenhas receio, Maria, pois achaste graça diante de Deus. Hás-de conceber no teu seio e dar à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus’. (Lc 1, 26-31) A visita à prima Isabel Por aqueles dias, pôs-se Maria a caminho e dirigiu-se à pressa para a montanha, a uma cidade de Judá. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. Ao ouvir a saudação de Maria, o menino saltou-lhe de alegria no seio e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Erguendo a voz, exclamou: ‘Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre’. (Lc 1, 39-42) Os receios de José Andando ele a pensar nisto, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos, e lhe disse: ‘José, filho de David, não temas receber Maria tua esposa, pois o que ela concebeu é obra do 208


BIBLIOGRAFIA Bíblia Sagrada, Difusora Bíblica, 13ª ed., Lisboa 1986. Concílio Ecuménico Vaticano II, 10ª ed., Editorial Apostolado da Oração, Braga 1987. Catecismo da Igreja Católica, Gráfica de Coimbra, Coimbra 1993. Dicionário Teológico O Deus Cristão, Editora Paulus, Apelação 1998. Liturgia das Horas, Gráfica de Coimbra, Coimbra 1991. Missal Popular Dominical, Gráfica de Coimbra, Coimbra 1994.

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