Viver a Quaresma (reimpressão 2019)

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PEDROSA FERREIRA

Viver Subsídios pastorais Celebrações . Orações . Retiros

Edição



Pedrosa Ferreira

VIVER A QUARESMA SubsĂ­dios pastorais


Ficha técnica: © Edições Salesianas, 2018 Rua Duque de Palmela, 11 4000-373 Porto Tel. 225 365 750 editora@edicoes.salesianos.pt www.edisal.salesianos.pt 2ª Edição publicada em Dezembro de 2018 Capa: Paulo Santos Paginação: João Cerqueira Impressão: PrintGroup ISBN: 978-972-690-363-5 DL: 448688/18


APRESENTAÇÃO O acontecimento central do Ano Litúrgico é a celebração da Morte e Ressurreição de Jesus, que é precedida pelo tempo quaresma. Durante estes quarenta dias, todas as comunidades entram num clima especial, como quem está em retiro espiritual. De facto, só haverá uma celebração autêntica da Páscoa se as pessoas estiverem em sintonia com Cristo e com o seu projecto sobre nós e sobre o mundo. Os textos litúrgicos já têm muito material: as leituras para cada dia, os salmos da Liturgia das Horas. Mas há ainda lugar para subsídios que ajudem as pessoas de todas as idades a viver a Quaresma como uma verdadeira caminhada para a Páscoa. Apresentamos alguns, muito práticos e simples, a adaptar conforme as circunstâncias. É como que uma caixa de ferramentas oferecida ao animador pastoral. No primeiro capítulo, sugerimos breves celebrações familiares, a realizar ao longo das semanas da Quaresma. No segundo, temos seis celebrações penitenciais, a fazer em comunidade nas várias semanas. No terceiro, propomos um retiro com jovens, que pode fazer-se um fim-de-semana. N o quarto, apresentamos vinte e cinco orações para serem recitadas na Eucaristia ou em momentos de oração. No último capítulo sugere-se que um pequeno grupo de jovens celebre o Tríduo Pascal numa comunidade. Resta-nos desejar que este livro contribua para que os cristãos façam do tempo quaresmal um tempo forte, durante o qual renovam a sua opção de vida por Jesus Cristo, que morre e ressuscita por nosso amor e para nossa salvação. 3


Dinamizados por este acontecimento central do cristianismo, farĂŁo da vida uma passagem constante da dĂşvida para a fĂŠ, da tristeza para a alegria, da morte para a vida. A vida em plenitude, sem fim.

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QUARESMA Desde o início do seu ministério que Jesus vai dizendo: «Ainda não chegou a minha hora» (Jo 2, 4: 7, 6). No termo da sua vida mortal poderá dizer: «Chegou a hora em que o Filho do Homem vai ser glorificado» (Jo 12, 23). Escreverá o discípulo amado: «Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que tinha chegado a hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim» (Jo 13, I). A hora de Jesus é a hora da sua morte, ressurreição e glorificação. Jesus, perseguido e condenado, entrega ao Pai a vida por amor e o seu Pai aceita-a. Nele, Deus e Homem, acontece o mistério da redenção da humanidade. Com a morte, ressurreição e glorificação de Jesus nasce o Povo da Nova Aliança. Jesus, de uma vez para sempre, reconcilia o mundo com o Pai e dá início a uma nova humanidade. Um acontecimento central na história. A Igreja recebeu, como missão específica, celebrar ininter­ ruptamente a Páscoa do Senhor, até que esta se realize em plenitude. Já morremos e ressuscitámos com Jesus, mas ainda não se manifestou o que há-de acontecer quando Cristo vier no final da história. Pelo Baptismo já entrámos em processo de ressurreição, mas continuamos num tempo de peregrinação a caminho da ressurreição final e gloriosa. Se a Páscoa é o acontecimento central da vida de Cristo e da Igreja, é normal que a Quaresma tenha sentido como caminho para a Páscoa. Toda ela deve ser entendida como uma caminhada progressiva em direcção a uma meta, que é a noite das noites, quando se celebra Cristo ressuscitado dos mortos. A Quaresma é um tempo sério mas não triste. A missão da Quaresma é a de preparar as pessoas para esta festa das festas.

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O importante é a Páscoa, que depois será prolongada durante cinquenta dias. Ao longo do tempo quaresmal já se vão antecipando e saboreando os bens pascais. Na verdade, Cristo já ressuscitou e está vivo.

1. AS TRÊS ETAPAS DA QUARESMA Este tempo começa com a quarta-feira de cinzas. São impostas as cinzas na cabeça dos crentes, que assumem assim a condição de penitentes, necessitados de conversão. Escutam o apelo de Jesus: «Arrependei-vos e acreditai no Evangelho». As leituras da Eucaristia diária, sobretudo as leituras dominicais, dão-nos a conhecer o sentido da Quaresma. Nelas podemos descobrir três etapas na caminhada para a Páscoa. Primeira etapa: a Quarentena Esta etapa corresponde à primeira e segunda semanas da Quaresma. O número quarenta é um número simbólico. É a multiplicação por dez do número quatro, que é o número próprio da estrutura cósmica (terra, água, fogo e ar). Indica acontecimento importante. No primeiro domingo o tema é a quarentena de Jesus. Esteve no deserto quarenta dias a orar e, durante este tempo, foi tentado pelo Diabo. Também o povo de Israel em caminhada no deserto foi tentado a rejeitar o Deus vivo e verdadeiro, para se voltar para os ídolos dos pagãos. No segundo domingo é-nos apresentada a Transfiguração, na qual Jesus aparece no monte Tabor rodeado de Moisés e de Elias, dois homens da Quarentena: o primeiro 40 anos com o povo a caminho da Terra Prometida e o segundo 40 dias a caminho do Horeb, o monte de Deus. Também se faz referência a Noé (40 dias de dilúvio) durante o ciclo B.

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Por conseguinte, durante esta primeira etapa deve ter-se em conta o significado desta Quarentena, tendo em conta o que para a Bíblia significa o deserto. a) Tempo de conversão. Durante os quarenta anos em que o povo de Israel caminhou no deserto, foi descobrindo o amor misericordioso de Deus e se converteu a este amor, estabelecendo com ele uma aliança. Também os 40 dias do dilúvio tiveram em vista a conversão do povo. b) Tempo de provação. Durante quarenta anos o povo de Israel foi posto à prova, chegando a cair na tentação de se voltar para os ídolos dos pagãos. Mas Deus foi sempre fiel e não se cansou de perdoar. Também Jesus durante 40 dias no deserto foi posto à prova, tendo resistido ao Diabo. c) Tempo de graça. Para o povo de Israel, os 40 anos foram um tempo em que sentiu o amor de Deus. Deus conduziu-o em forma de uma coluna de nuvem através do deserto, alimentou a sua fome com o maná, fez brotar água da rocha para matar a sua sede, fez dele o seu povo predilecto. Manifestou que é eterno o seu amor. Esta etapa da Quaresma é, por conseguinte, para ser vivida pelo povo cristão como um tempo de deserto. Faz-se deserto, mesmo estando no ruído da cidade, para que aconteça conversão, resistência às tentações, experiência do amor de Deus. Por outras palavras: somos convidados a seguir Jesus orante que no deserto vence as tentações, e a segui-lo também na sua subida ao monte Tabor onde vai rezar ao Pai. O deserto e a montanha são dois bons símbolos para o cristão em tempo quaresmal.

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Segunda etapa: o Baptismo As semanas terceira, quarta e quinta retomam os grandes temas baptismais. Os catecúmenos, que se preparam para ser baptizados na Vigília Pascal, aprofundam o que significa renascer pelas águas baptismais. E os que já são baptizados avivam o que o sacramento do baptismo tem de dom e de empenho. Isto está patente, por exemplo, nas leituras dominicais do ano A, onde aparece o tema da água (a Samaritana), da luz (a cura do cego de nascença) e da passagem da morte para a vida (ressurreição de Lázaro). Os símbolos da água e da luz fazem parte do belo rito baptismal. O Concílio Vaticano 11 recordou que a Quaresma é um tempo baptismal por excelência e que, por conseguinte, se devem utilizar com mais abundância os elementos baptismais próprios da liturgia (SC 109). Terceira etapa: a Paixão A terceira etapa equivale ao sexto domingo, chamado domingo da Paixão ou de Ramos. Este domingo é, fundamentalmente, domingo da Paixão: as três leituras falam exclusivamente dela, escutando-se sempre um relato da paixão do Senhor. E a entrada na grande semana que tem por centro o Mistério Pascal de Cristo. Neste dia há o rito da bênção dos ramos e da procissão, um rito que, vindo directamente da Igreja de Jerusalém, se estendeu a todo o mundo cristão. Nos três dias seguintes que precedem o Tríduo pascal são lidos, respectivamente, o primeiro, o segundo e o terceiro cântico do Servo de Javé, personagem misteriosa que identificamos com Jesus sofredor a caminho da glorificação.

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2. OS GRANDES TEMAS QUARESMAIS Antes de elencar alguns dos temas fortes da Quaresma, é oportuno dizer que há um grande tema que envolve toda esta ­caminhada para a Páscoa: é a escuta da palavra de Deus. O leccionário oferece leituras abundantes e bem escolhidas. São proclamados, ao domingo e durante a semana, os textos mais importantes das Escrituras, a fim de que os fiéis cristãos se alimentem desta Palavra. Jesus, no primeiro domingo da Quaresma, citando a Sagrada Escritura, diz ao Tentador: «Nem só de pão vive o homem, mas de toda a Palavra que sai da boca de Deus» (Mt 4, 4). Frase oportuna para os homens deste tempo, que parecem saciar-se apenas com os bens de consumo. Além disso, sugere-se que no tempo quaresmal nas missas com afluência de povo seja feita a homilia todos os dias, a fim de que toda esta riqueza doutrinai chegue às pessoas e alimente a sua fé, esperança e caridade. Os grandes temas quaresmais que se podem encontrar facilmente na palavra de Deus são os seguintes: Páscoa, Sacramentos, Deserto, Aliança e Conversão. Páscoa Desde o principio que ela está presente nas celebrações. As cartas de Paulo, ao longo dos domingos, sublinham que Jesus morrendo destruiu a morte e ressuscitando restaurou a vida. Cada pessoa é convidada a aceitar com fé renovada esta certeza que nos chegou através do testemunho dos Apóstolos. No segundo domingo proclama-se sempre o relato da transfiguração, no qual já aparece como que em antecipação a Páscoa: Jesus glorioso. A luz e a brancura são sinais desse mundo novo dos ressuscitados que não podemos descrever com palavras dos nossos dicionários. No terceiro domingo a ressurreição é anunciada profeticamente, sob os sinais da reedificação do Templo de Jerusalém. 9


Jesus referia-se ao seu corpo: do seu corpo mortal iria surgir um corpo espiritual, para nunca mais morrer. Nos domingos seguintes está sempre presente que a caminhada de Jesus para Jerusalém, a fim de entregar a vida livremente, terá como meta a Páscoa. Cumpriu a vontade do Pai; chegou a hora de ser glorificado e constituído Senhor dos homens e do mundo. A Quaresma é tempo de cada cristão assumir a Páscoa como o acontecimento central da fé e fazer dela o seu programa de vida: passar cada dia do pecado à vida nova de ressuscitado. Sacramentos Na Quaresma estão em primeiro plano os sacramentos do Baptismo e da Reconciliação. Somos convidados a lavar-nos nas águas do baptismo e com as lágrimas da penitência. O Baptismo, como já ficou dito, ocupa sobretudo a terceira, quarta e quinta semanas da Quaresma. O povo de Israel atravessou as água do mar Vermelho a caminho da liberdade. Estas águas eram apenas um sinal que anunciava as águas baptismais, nas quais os catecúmenos afogam nas águas o «homem velho» para delas renascerem como «homens novos», livres para viverem como Jesus viveu. A Penitência ou Confissão está presente a cada momento. Num dos domingos é proclamada a parábola do Filho Pródigo, como convite a que cada cristão abandone os caminhos do mal e do pecado e corra ao encontro do Pai, que é Deus misericordioso, sempre de portas abertas para perdoar aos que querem recuperar a paz e a alegria. Também se proclama o encontro de Jesus com a mulher pecadora: «Eu não te perdoo. Vai e não tornes a pecar» (Jo 8, 11). A Quaresma é tempo de nos interrogarmos acerca do que fizemos das promessas do nosso Baptismo, e de recebermos

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com alegria o perdão dos pecados através sobretudo do Sacramento da Penitência ou Reconciliação. Deserto O povo de Israel, saindo do Egipto, viveu errante no deserto durante quarenta anos. Nas leituras quaresmais aparece esta experiência fundamental do Antigo Testamento. Foi no deserto que este povo rebelde se encontrou com Deus, escutou a sua palavra e prometeu obedecer aos seus mandamentos. E foi também no deserto que este povo, outrora disperso e desunido, se sentiu povo santo de Deus, povo eleito. Este tempo que os nossos antepassados passaram no deserto foi um tempo de caminhada nem sempre fácil, que os conduzia à Terra Prometida. É a meta a alcançar e que Moisés apenas viu ao longe antes de morrer. A Quaresma é para ser vivida como tempo de deserto, como tempo de caminhada para a Páscoa. Trata-se de cada qual fazer silêncio, libertar-se de coisas supérfluas e meditar em Deus, escutando o que ele tem para nos dizer. E também um tempo para sentir a vida como uma caminhada pelo deserto do mundo, entre alegrias e tristezas, a caminho da Páscoa eterna , da glorificação com Cristo. Somos peregrinos. Esta não é a nossa pátria definitiva. Aliança O cristão é uma pessoa familiarizada com esta palavra. A Antiga Aliança teve o seu ponto mais alto no Monte Sinai, onde se concluiu um pacto de amor entre Deus e o povo hebreu: Deus prometeu amar o seu povo para sempre e o povo prometeu obedecer aos mandamentos de Deus. Deus disse: «Eu sou o vosso povo e eu serei o vosso Deus».

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O povo nem sempre foi fiel a esta Aliança, como o denunciaram os profetas, mas Deus foi sempre fiel, perdoando e sendo fiel no amor. Esta Aliança preparou a Nova e Eterna Aliança realizada por Jesus. Com Jesus, que é Deus e Homem, acontece a reconciliação. A Quaresma é o tempo em que os cristãos se aliam a Deus, por Jesus, isto é, renovam o seu pacto de amor que aconteceu no dia do Baptismo. E tempo de adquirirem um coração novo, um espírito novo (Cf. Ez 37, 14) e de se empenharem em viver em aliança. Conversão Este chamamento de Deus está expresso nos textos litúrgicos da Quaresma de muitas maneiras. Esta conversão significa um modo de viver diferente: ­trata-se de inverter a marcha pelos caminhos do pecado, do egoísmo, do ódio, da violência e de tudo o que é maldade, da mesma forma que um condutor deixa um caminho errado para seguir outro. O caminho a seguir é o caminho das bem-aventuranças. Utiliza-se a palavra «metanóia» para expressar esta mudança de critérios de vida. Se fomos salvos por Jesus Cristo, que para nossa salvação viveu, morreu e ressuscitou, devemos viver conforme esta dignidade de filhos adoptivos de Deus. A conversão permanente, exercitada sobretudo na Quaresma, faz-nos viver de uma forma parecida à de Jesus Cristo: pobres, misericordiosos, simples, pacíficos, solidários, justos, verdadeiros. Numa palavra: santos. A Quaresma é, pois, o tempo em que, renunciando às t­ revas, devemos viver como filhos da luz, como novas criaturas. A conversão permanente acontece durante toda a vida. Porém, é no tempo quaresma(que escutamos de um modo mais forte o apelo à santidade de vida. 12


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A QUARESMA EM FAMÍLIA O povo de Israel, no tempo de Jesus, celebrava a Páscoa em família. juntavam-se à volta da mesa em festa e preparada com as iguarias necessárias. O pai exercia o papel de «sacerdote». Celebravam com alegria a passagem da escravidão para a liberdade. Por que não celebrar também em família esta caminhada pascal? Sugerimos que a família, no dia e na hora mais convenientes, talvez no sábado à noite, se reúna à volta da mesa e faça a pequena celebração que propomos. É uma para cada semana da Quaresma.

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1ª semana PALAVRA DE VIDA Na mesa um candelabro com sete velas. Se não há candelabro, substitui-se com um recipiente cheio de areia, onde estão as sete velas. A Bíblia aberta em lugar de destaque.

INTRODUÇÃO Pai: A primeira vela que vamos acender é sinal de que, neste tempo da Quaresma e sempre, queremos caminhar à luz de Cristo. Um dos filhos acende uma vela. No final a aclamação. Filho: Glória a Cristo, Luz eterna do Deus vivo. Todos: Glória a Vós, Senhor.

PALAVRA Leitor: Evangelho segundo S. Mateus (4, 3-4). O Diabo aproximou-se e disse a Jesus: «Se és Filho de Deus, diz a estas pedras que se transformem em pães». Mas Jesus respondeu-lhe: «Está escrito: Nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus».

GESTO SIMBÓLICO Mãe: No tempo da Quaresma, que está a começar, somos convidados a alimentar-nos mais da Palavra de Deus. Escutá-la com mais atenção e lê-la individualmente. Estarmos disponíveis para que ela nos interpele e nos faça mudar de atitudes. Para manifestarmos este desejo de amar mais a Palavra de Deus, cada um de nós beijará o livro da Sagrada Escritura, a Bíblia. Todos fazem o gesto.

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ORAÇÃO Pai: Oremos. Senhor Jesus Cristo, acabámos de entrar na Quaresma. Ficai connosco ao longo destes quarenta dias, que a vossa Palavra seja uma luz na nossa vida e que tenhamos a coragem necessária para a seguir. Vós que viveis com o Pai na unidade de Espírito Santo. Todos: Amen. Pai: Bendigamos ao Senhor. Todos: Graças a Deus. Pode escutar-se um cântico apropriado em música gravada.

2ª semana TRANSFIGURADOS O candelabro tem uma vela acesa. Uma pedra preparada para cada um dos participantes.

INTRODUÇÃO Pai: A segunda vela que vamos acender é sinal de que, nesta Quaresma e sempre, queremos caminhar à luz de Cristo. Um dos filhos acende a segunda vela. A primeira está acesa desde o princípio. Segue-se a aclamação. Filho: Glória a Cristo, luz eterna do Deus vivo. Todos: Glória a vós, Senhor.

PALAVRA Leitor: Evangelho segundo S. Lucas (9, 28 ss.). Naquele tempo, tomou Jesus consigo Pedro, Tiago e João e subiu ao monte para orar. Enquanto orava, tornou-se-lhe dife15


rente o aspecto do rosto e as suas vestes ficaram de uma brancura resplandecente.

GESTO SIMBÓLICO Mãe: Vou entregar a cada um uma pedra. (Entrega as pedras). Reparai: a pedra é fria, dura, talvez cortante. Por vezes, os nossos corações são frios e duros porque lhes falta o amor e a capacidade de perdoar. Como Jesus se retirou a um monte para orar e se transfigurou, isto é, mudou de figura, também nós nesta Quaresma oremos ao Senhor pedindo que nos transfigure, nos dê um coração novo. Pai: Cada um de nós, um de cada vez, coloca a pedra junto da Bíblia, e diz: Dai-me, Senhor, um coração novo.

ORAÇÃO Mãe: Oremos. Senhor Jesus Cristo, orastes ao Pai com confiança filial. Ensinai-nos a rezar bem, para que a oração nos transfigure e faça com que a nossa vida resplandeça com boas obras. Vós que viveis com o Pai na unidade do Espírito Santo. Todos: Amen. Mãe: Que o Senhor nos abençoe, nos livre do mal e nos dê a vida eterna. Todos: Amen.

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3ª semana ÁGUA VIVA O candelabro tem duas velas acesas. Preparar um recipiente com água.

INTRODUÇÃO Pai: A terceira vela que vamos acender é símbolo de que nesta Quaresma e sempre queremos caminhar à luz de Cristo. Um filho acende a terceira vela. As outras duas já estão acesas. Filho: Glória a Cristo, luz eterna do Deus vivo. Todos: Glória a vós, Senhor!

PALAVRA Leitor: Evangelho segundo S. João (4, 14). Naquele tempo, Jesus chegou a uma cidade da Samaria chamada Sicar, perto da fazenda que Jacob tinha dado a seu filho José. Era ali o poço de Jacob. Jesus, cansado da caminhada, sentara-se. Jesus disse à mulher samaritana: «Todo aquele que bebe desta água voltará a ter sede. Mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede».

GESTO SIMBÓLICO Mãe: Jesus apresenta-se à samaritana como a água viva que mata a sede para sempre. Nós temos sede de felicidade, de esperança, de paz, de alegria, de vida eterna. Seguindo Jesus seremos saciados. Teremos mais alegria de viver e a esperança de que viveremos felizes para sempre.

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Para significar o nosso desejo de seguir Jesus Cristo como água viva, cada um de nós, um de cada vez, molha os dedos nesta água e faz o sinal da cruz. Todos fazem o gesto indicado.

ORAÇÃO Pai: Oremos. Senhor Jesus Cristo, sois para nós como uma água viva. Fazei que Vos procuremos como a fonte verdadeira, e rejeitemos outras águas que nos podem ser propostas mas que não conduzem à vida plena e abundante do Céu. Vós que viveis com o Pai na unidade do Espírito Santo. Todos: Amen. Pai: Desça sobre nós a bênção de Deus, que é Pai, Filho e Espírito Santo. Todos: Amen.

4ª semana O ENCONTRO E A FESTA O candelabro tem três velas acesas. Preparar uma grande fita colorida.

INTRODUÇÃO Pai: A quarta vela que vamos acender significa que nesta Quaresma e sempre queremos seguir a Jesus Cristo como nossa luz. Um filho acende a quarta vela. As outras três já estão acesas. Filho: Glória a Vós, Cristo, Luz eterna do Deus vivo. Todos: Glória a Vós, Senhor!

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PALAVRA Leitor: Evangelho segundo S. Lucas (15, 11 ss.). O filho pródigo, ao regressar a casa do pai, disse-lhe: «Pai, pequei contra o céu e para contigo. Já não sou digno de me chamar teu filho». Mas o pai disse aos criados: «Trazei depressa o melhor traje e vesti-lho. Comamos, façamos uma festa, porque este meu filho estava morto e voltou à vida, estava perdido e encontrou-se». E deram início à festa.

GESTO SIMBÓLICO Mãe: Escutámos apenas uma parte da parábola já conhecida do filho que saiu de casa do pai e viveu uma vida sem sentido. A um certo momento, sentiu o desejo de regressar a casa do pai. O pai recebeu-o com alegria e fez uma festa. Este pai representa Deus misericordioso e o filho arrependido somos nós. Que nunca nos separemos do amor de Deus. E que nunca nos separemos uns dos outros, isto é, que reine entre nós o amor. Para significar o desejo de vivermos sempre unidos uns aos outros no amor, perdoando-nos mutuamente sempre que necessário, vamos fazer um gesto de união. Agarrando todos nesta fita colorida e atada, formando um círculo, recitemos o Pai nosso. Todos recitam o Pai nosso.

ORAÇÃO Pai: Oremos. Senhor Jesus Cristo, que nos falastes do amor de Deus, fazei o amor que existe entre nós e nos mantém unidos seja no mundo sinal visível desse imenso amor divino. Vós que viveis com o Pai na unidade do Espírito Santo. 19


Todos: Amen. Pai: Terminemos a nossa oração com o sinal do cristão. Façamos o sinal da cruz. Todos: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amen.

5ª semana O GRÃO DE TRIGO O candelabro tem quatro velas acesas. Preparar grãos de trigo e um recipiente com terra.

INTRODUÇÃO Pai: A quinta vela que vamos acender é sinal de que nesta Quaresma queremos caminhar à luz de Cristo, luz do mundo. Um filho acende a quinta vela. As outras já estão acesas. Filho: Glória a Cristo, Luz eterna do Deus vivo. Todos: Glória a Vós, Senhor!

PALAVRA Leitor: Evangelho segundo S. João (12, 20-23). Naquele tempo disse Jesus: «Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo cair na terra e não morrer, fica só; mas, se morrer, dá muito fruto. Quem tem amor à vida, perde-a, e quem detesta a sua vida neste mundo, conservá-la-á para a vida eterna».

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Índice APRESENTAÇÃO....................................................................................... 3 QUARESMA ............................................................................................... 5 1. As três etapas da quaresma.............................................................. 6 2. Os grandes temas quaresmais........................................................... 9 1 - A QUARESMA EM FAMÍLIA 1ª semana: Palavra de vida................................................................. 14 2ª semana: Transfigurados ................................................................ 15 3ª semana: Água viva......................................................................... 17 4ª semana: O encontro e a festa......................................................... 18 5ª semana: O grão de trigo................................................................. 20 Domingo de ramos:A Paixão.............................................................. 22 Domingo de páscoa: Ressuscitou! Aleluia!......................................... 23 2 - CELEBRAÇÕES PENITENCIAIS A palavra é alimento ......................................................................... 28 Confissões.......................................................................................... 33 Páscoa é passagem ............................................................................. 34 O nosso baptismo ............................................................................. 38 Os dias do deserto ............................................................................. 44 Aliança nova e eterna ........................................................................ 50 Conversão ......................................................................................... 57 3 - RETIRO COM JOVENS ..................................................................... 63 4 - EM ORAÇÃO 1. Tempo da passagem....................................................................... 88 2. Ao serviço da vida.......................................................................... 88 3. Passar à luz.................................................................................... 89 4. A terra da promessa....................................................................... 90 5. Ao encontro do irmão.................................................................... 91 6. Boa nova........................................................................................ 92 7. O deus vivo.................................................................................... 92 143


8. Cura............................................................................................... 93 9. Vida nova....................................................................................... 94 1O. Está comigo................................................................................. 95 11. Jejum............................................................................................ 96 12. Bons frutos................................................................................... 97 13. Sede santos................................................................................... 97 14. Vem, senhor jesus......................................................................... 98 15. Crescer......................................................................................... 99 16. Ser profeta.................................................................................. 100 17. Ser feliz...................................................................................... 101 18. O tempo de deus........................................................................ 102 19. Os olhos no céu.......................................................................... 103 20. Tempo de conversão.................................................................. 104 21. Deus e homem............................................................................ 105 22. Encontros................................................................................... 106 23. Uma oração que compromete..................................................... 107 24. Libertai-nos, senhor................................................................... 107 25. Ressuscitou o senhor.................................................................. 108 5 - TRÍDUO PASCAL COM JOVENS Quinta-feira santa............................................................................ 113 Sexta-feira santa............................................................................... 123 Sábado santo.................................................................................... 130

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O acontecimento central do ano litúrgico é a celebração da morte e ressurreição de Jesus, que é precedida pelo tempo quaresmal. Durante estes quarenta dias, as comunidades entram num clima especial de oração e encontro com a Palavra. Neste livro encontram-se diversos materiais que ajudaram a comunidade a viver a Quaresma como uma verdadeira caminhada para a Páscoa.

O livro divide-se em 5 capítulos: 1. A Quaresma em família Uma celebração para cada semana 2. Celebrações penitenciais Seis propostas 3. Retiro Para adolescentes, um fim de semana de retiro 4. Em oração 25 textos variados para momentos de meditação 5. Tríduo Pascal com jovens Um retiro ao ritmo das celebrações pascais

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