Escritos

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iç 6ª Ed

ESCRITOS

Comunidade Católica Shalom



Moys茅s Louro de Azevedo Filho

ESCRITOS

Comunidade Cat贸lica Shalom


Coordenação Geral: Filipe Cabral Coordenação Editorial: Carolina Fernandes Organização e Revisão: Maria Emmir Oquendo Nogueira Revisão: Amanda dos Reis Cividini Diagramação: Daniel Garcia da Silva Capa: Secretaria de Criação

Edições Shalom

Estrada de Aquiraz - Lagoa do Junco CEP: 61.700-000 – Aquiraz/CE | Tel.: (85) 3308.7405 www.edicoesshalom.com.br n suportecomercial@comshalom.org

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora.

ISBN: 978-85-7784-064-9 © EDIÇÕES SHALOM, Aquiraz, Brasil, 2012. 6ª edição


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APRESENTAÇÃO

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o ensejo da comemoração dos 30 anos da Comunidade Católica Shalom, as Edições Shalom nos presenteiam com a edição especial dos Escritos, Regras e Históricos, da autoria de seu fundador Moysés Azevedo Filho, com comentários de sua cofundadora, Maria Emmir Oquendo Nogueira. Além dos Escritos já publicados, este volume comemorativo traz o Escrito “Conselhos” e “Coordenações”, reportagens históricas e detalhada cronologia. Trata-se de um volume de indiscutível valor histórico para todos os que amam essa Comunidade e desejam haurir da inspiração de Deus para sua espiritualidade e vivência. Em tudo seja louvado o nome do Senhor que inspira e sustenta seus filhos com sua graça para o bem da Igreja e de toda a humanidade. Filipe Cabral Coordenador Geral das Edições Shalom

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INTRODUÇÃO

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ocê tem em mãos os preciosos textos que, juntamente com os Estatutos, formam a base da Espiritualidade Shalom e revelam a identidade do Carisma e o espírito do fundador: os Escritos da Comunidade Católica Shalom. Atendendo ao pedido de alguns irmãos estudantes da história e espiritualidade do nosso Carisma, incluímos o texto Conselhos e Coordenadores que, por se aplicarem diretamente à estrutura administrativa da época em que foram escritos, haviam sido retirados da edição original dos Escritos. Sua inclusão deve-se ao momento histórico em que vivemos e ao fato de trazerem traços preciosos da mentalidade e do espírito do fundador, ainda que a estrutura administrativa a que se refiram se tenha modificado ao longo do tempo. O ensejo dos 30 anos inspirou-nos, igualmente, a incluir anexos com artigos publicados na Revista Shalom Maná e uma linha do tempo, de autoria dos irmãos Carmadélio Sousa, José Ricardo Bezerra e Rafael D’Aqui. Em suas entrelinhas percebese os feitos da Divina Providência em nossa história. A parte principal deste volume são os assim chamados Escritos do Fundador. Eles trazem em sua forma mais antiga a 7


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inspiração inicial do Carisma e da Comunidade. Suas datas exatas não foram preservadas. Segundo o que se sabe, foram redigidos em 1984, 1986 e 2005. 1984: Obra Nova; Amor Esponsal; Pobreza Entre 1984 e 1985: Estados de Vida e No Coração da Obra, em Unidade com o Carisma; a Profissionalização e ainda o texto Conselhos e Coordenadores. 1986: Shalom 2005: Carta à Comunidade 2005 Os Escritos de 1984 foram redigidos na cidade de Queluz, no interior de São Paulo, na então casa de formação da Comunidade Canção Nova, onde Moysés Azevedo Filho, incentivado por Pe. Jonas Abib recolheu-se com a finalidade de escrevê-los. Na ocasião, foram também escritas as Regras, hoje substituídas pelos Estatutos. Os Escritos de 1984 e 1985 foram redigidos em tempos desafiantes aos quais Moysés Azevedo refere-se na Carta à Comunidade, 2005. Naqueles primeiros tempos, fazia-se imperativo deixar claros os principais fundamentos do Carisma, o que foi feito nos Escritos de 84 de forma impressionante pela profundidade admirável em um jovem de 25 anos; espantoso pela profecia, que hoje apenas começamos a decifrar e ver concretizar-se quer em nosso dia a dia quer na confirmação do Magistério da Igreja. Além dos textos preservados, foi escrito ainda outro, também sobre os fundamentos do Carisma que, infelizmente, foi perdido. Um dos Escritos de 1984/85, No Coração da Obra em Unidade com o Carisma, foi originalmente elaborado utilizando 8


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termos inexatos com relação ao que hoje denominamos Obra, o Carisma e a Vocação. Sem contato com a literatura sobre o assunto, então inexistente no Brasil, não conhecíamos os termos apropriados a conceitos tão novos para nós. Utilizamos o que sabíamos na época. Nesta edição dos Escritos, de comum acordo com o autor, atualizamos estes termos de acordo com o significado adotado pelo Magistério com relação a Carisma e Vocação e aplicando ao substantivo Obra seu significado mais amplo de Obra Nova interior e exterior, conforme o item III do Preâmbulo dos Estatutos. Em 1986, surgiu a necessidade de deixar claro o que era Shalom e o resultado foi um escrito sobre o que é evangelização para nós e como levar o Shalom do Pai aos corações dos homens. Nele foi cunhada a frase tão cara para nós: Somos a voz do Ressuscitado. Em 2005, foi escrita a Carta à Comunidade, precioso e rico resumo da espiritualidade do Carisma após 23 anos de vivência, guia seguro para a Vocação e conteúdo revelador do espírito do fundador. Escrita em Roma durante os dias que se seguiram à páscoa de João Paulo II, ela nos certifica de que, quer na Eucaristia celebrada na visita a Fortaleza, quer em sua passagem para o Céu, o amado Beato toca as cordas mais profundas do coração do nosso fundador e do nosso Carisma. A Carta, pérola única, parece escrita a quatro mãos; soa como apelo uníssono dos dois corações unidos em única entrega no ano de 1980, a gerar uma nova vocação. Ao lê-la, tem-se a impressão de ouvir, em um mesmo timbre, a voz de dois pais que, 25 anos depois do nascimento dos filhos, voltam a orientá-los e a falar-lhes de coração a coração. 9


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A segunda parte traz os três históricos redigidos por Moysés Azevedo até hoje. Neles há dados preciosos da história da Comunidade e da evolução gradual da inspiração fundante, além de dados importantes sobre o espírito do fundador e a radicalidade evangélica que somos chamados a viver desde os primórdios. Bendito seja o Senhor pela inexaurível riqueza desses textos fundantes do nosso Carisma e pelo imenso bem que fazem a todos da Obra Shalom ao inflamar nossas almas de Amor Esponsal e norteá-las segundo a vontade de Deus para nós. Maria Emmir Oquendo Nogueira Diaconia, 17 de outubro de 2012 Santo Inácio de Antioquia

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Obra Nova



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Obra Nova “Eis que vou fazer obra nova, a qual já surge: não a vedes? Vou abrir uma via pelo deserto, e fazer correr arroios pela estepe. Dar-me-ão glória os animais selvagens, os chacais e as avestruzes, pois terei feito jorrar água no deserto, e correr arroios na estepe, para saciar a sede do meu povo, meu eleito; o povo que formei para mim contará meus feitos” (Is 43,19-21)

01. O Senhor nosso Deus, que merece todo amor do mundo, realiza uma obra no meio de nós: uma obra nova, um caminho novo. Este caminho é real e cada dia que passa eu a sinto concretizar-se mais fortemente em meu coração. É algo novo, é algo maravilhoso. Sinto como Deus querendo presentear ao mundo mais uma manifestação de Seu poder criador. Deus quer ardorosamente abrir uma nova vereda pelo deserto e assim formar um povo, um povo eleito, formado por suas mãos para atravessá-la, percorrêla, assumi-la em seu viver. Nós somos este povo. Deus nos chamou a esta magnífica vocação. É um caminho de e para a felicidade. Este caminho, no entanto, é como o caminho de Jesus: exige coragem, sacrifício, renúncia, pois é caminho de cruz para que a cada dia possamos colher a Ressurreição. É 15


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um caminho de felicidade, mas nem por isto deixará de ter barreiras, dificuldades, sofrimento. Diria até que, exatamente por ser um caminho de felicidade, tudo isto irá existir. Para trilhá-lo, deveremos ter três grandes graças: CORAGEM, RENÚNCIA E DISPOSIÇÃO. 02. Ao escrever isso, lembro-me da seguinte passagem: “Ouve, Israel. Ides hoje combater: que vossa coragem não desfaleça! Não temais, nem vos perturbeis, nem vos deixeis amedrontar por eles. Porque o Senhor, vosso Deus, marcha convosco para combater contra os vossos inimigos e para vos dar a Vitória. Os oficiais dirão ao povo: “Há alguém medroso e de coração tímido? Que esse volte para casa, não suceda que o coração de seus irmãos desfaleça como o seu” (Dt 20,2b-4 e 8). 03. Realmente é isso. Para trilhar este caminho novo precisamos crer neste novo1, abraçar este novo com todo o nosso coração, desejá-lo em nossas vidas e decididamente caminhar para o colocarmos a cada dia, a cada passo, em nosso viver. Precisamos ter coragem, muita coragem para isto, precisamos renunciar ao que é velho e ter a verdadeira disposição de caminhar do velho para o novo, com todo ardor e fervor, sabendo que o Senhor nos dá a VITÓRIA! Caso isto não exista, é melhor não aventurar-se para que não se destrua a si próprio e aos outros, e não se seja pedra de tropeço naquilo que com tanto amor Deus está construindo. 1. “Novo” como substantivo – neologismo muito caro ao autor; indica a novidade do Carisma, a graça sempre renovada de Deus e a prioridade que ela deve ter em nossas vidas.

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04. Às vezes fico perguntando ao Senhor como irei passar este novo que Ele me deu para aqueles que o Senhor ajuntar. Como poderei transmitir tudo isto que o Senhor colocou em meu coração? Não pode ser na lei, pois a lei mata. 05. Tem que ser de dentro para fora, tem que ser no amor, tem que transbordar. Sei também que aqueles que Deus ajuntar ao meu redor terão em si o germe, a semente de tudo isto. Para desenvolver, porém, é preciso trabalhar, regar, deixar crescer. Isto não acontece sem trabalho, sem disposição, sem desejo. É necessário, antes de mais nada, que cada pessoa que o Senhor coloque diante deste chamado tenha desejo, queira, se disponha, se coloque como um formando, como alguém que quer crescer, que se deixa formar, que deixa fazer brotar a semente e a árvore que existem dentro de nós para compor o novo jardim do Senhor. 06. É preciso ter consciência de que se precisa ser podado em seus galhos velhos, ou até naqueles aparentemente verdes, mas que não dão frutos, para assim produzir os verdadeiros frutos. E isto não é fácil. É árduo e difícil! Por isso precisamos da humildade e do desejo de nos deixarmos formar. 07. O único caminho que poderei dar para ser trilhado é o caminho que o Senhor me deu, e este caminho novo, este novo, só pode transbordar em nós - o plano de Deus só pode acontecer em nós, completar-se em nossas vidas - se estas estiverem enraizadas na oração profunda. 08. Não haverá novo se não houver uma profunda vida de oração em cada um de nós! A cada dia isto se torna mais real para mim. A Rainha da Paz (Medjugorje) que fale por nós! A profunda vida de oração pessoal e comunitária será a força impulsionadora de todo o novo em nós! Ela é o ponto 17


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de partida, é o impulso. Sem ela não se chega à vitória, ao novo que Deus tem preparado para nós. 09. Para viver este novo, é necessário estarmos dispostos a fazer morrer o velho que existe em nós, e que com facilidade disfarçamos de novo, e até de nossa identidade - dizemos que nós somos assim mesmo e etc. Porém, se é velho, Deus não quer que continue em nós. Se se contrapõe ao novo, seria Deus incoerente nos chamando a vivê-lo? Precisamos na verdade, com coragem e disposição, matar o velho que há em nós e deixar o novo florescer; deixar Jesus (na oração e através da vida, do contacto com os irmãos, na formação) nos libertar. 10. É fundamental não nos enganarmos e reconhecermos o velho em nós, que não é, na verdade, aquilo que Deus quer para nós, mas sim fruto do pecado, dos nossos pecados (orgulho, vaidade, rebeldia, inveja, gula, falta de autodomínio, impurezas, paixões, partidos, ciúmes, briga, inimizades, rancor, ambição, etc.) frutos da má educação na qual muitos fomos formados e dos nossos traumas, feridas, etc. E assim, reconhecendo esse velho, com o poder de Jesus, deixar o novo, a nossa verdadeira vocação florescer, crescer e vencer em nós! 11. Esse novo deve brilhar em todos os aspectos do nosso ser, do nosso viver, do nosso trabalho, no nosso trabalho, nos nossos relacionamentos, no nosso vestir, no nosso comer, no nosso falar, nas nossas posturas, no nosso silêncio, na nossa alegria, na nossa educação, no nosso estado de vida, nos nossos relacionamentos afetivos, no caminho para eles, nas nossas posses, na Obra, em tudo deve brilhar o novo de Deus. 18


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12. Por isso Deus quer nos formar, quer edificar em nós. Precisamos deixá-lo fazer isto em cada uma destas áreas e nas outras não citadas. Seu poder brota na oração, mas concretiza-se, transborda e manifesta-se na vida, no dia a dia, nos relacionamentos, deixando aqueles que têm a missão de ser Seus instrumentos para nos formar executarem sua missão e, com disposição, assumir tudo isto em nossas vidas. Não é tarefa fácil, mas se Deus nos chama, é a nossa alegria e felicidade. Com nossos corações cheios de desejo, devemos responder dizendo: “Sim, Pai, não é fácil, mas eu desejo, eu quero, eu vou. Amém!”.

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