24 minute read

A LEITURA DO LIVRO

A leitura do livro infantil para crianças bem pequenas possui, em nossa experiência didática, três eixos fundamentais: a leitura do texto escrito, a leitura da narrativa visual (as ilustrações) e o momento de conversação. É muito importante levar em conta esses três eixos no planejamento da leitura, considerando o que se pode fazer antes, durante e após a sua realização. Decidir se o livro será trabalhado apenas no momento de leitura (as rodas de leitura) ou se será o ponto de partida para o desenvolvimento de uma ação maior (seja ela um projeto ou uma sequência de atividades) é outro fator importante a ser considerado. Para lá e para cá é um livro que abre inúmeras possibilidades, além da leitura literária. Por tratar de um tema tão importante para a primeira infância, o contato com a natureza, a sua leitura pode se desdobrar em ações mais amplas, envolvendo inclusive toda a família. As atividades apresentadas nesse tópico são sugestões sobre como a leitura de Para lá e para cá pode ser realizada em meio a contextos mais amplos, com atividades a serem realizadas antes, durante e depois envolvendo educadores e familiares. Vale destacar, porém, que mesmo o trabalho com o livro apenas no momento da roda de leitura já representará uma experiência literária intensa para as crianças bem pequenas, que se encantarão em descobrir o mundo ao seu redor.

Antes da leitura

O ideal é que o momento da leitura ocorra em lugar calmo, arejado e iluminado, tornando a leitura ainda mais prazerosa. E que as crianças estejam confortáveis. A escolha de quando e onde a leitura será realizada pode ser parte do planejamento do/da educador/educadora, antes que a leitura do livro ocorra.

Outro ponto interessante é ler o livro antes de apresentá-lo às crianças, preparar a leitura em voz alta, decidir o que e quando será destacado. A entonação, o ritmo e a velocidade podem ser ensaiados pelo leitor mediador que, assim, imprimirá a sua marca, o seu modo de ler, à leitura do livro. Com relação às crianças, é importante que elas saibam que existe um momento de leitura na rotina da creche e que agora, pouco a pouco, elas já sabem o que acontecerá e o que se espera que elas façam. Para aquelas que recém ingressam na creche, será todo um aprendizado inicial. Por isso mesmo é importante que, antes da leitura, o leitor mediador antecipe o que acontecerá: “agora vou ler um livro; é importante prestar atenção, ouvir o que eu estou lendo, esperar a vez para falar”. Essas são pistas que orientam a criança bem pequena que, sem dúvida, com o passar do tempo compreenderá o que fazer nos momentos de leitura. A organização do espaço e do tempo para a atividade que ocorrerão na sequência da leitura do livro também é muito importante. Assim, leitura e ação ocorrerão com maior fluidez e as crianças se sentirão bem orientadas. Importante ainda planejar como será a interação do livro com as famílias, envolvendo-as na leitura da obra e também na reflexão do tema que ela apresenta.

Lendo Com O Corpo

Por vezes, as crianças podem interromper a leitura, apontar ou comentar sobre uma ilustração que gostam e interagir com a narrativa ao oferecer exemplos e comparações com as suas próprias vivências. Isso é ótimo! Ainda que essas ações possam interromper o andamento da leitura, tais atitudes por parte das crianças significam que elas estão interessadas e se sentindo estimuladas a participar. Vale lembrar que as crianças bem pequenas praticamente “leem com o corpo”, ou seja, expressam suas reações à leitura não apenas por meio de palavras mas também com movimentos. É interessante acolher essa movimentação, compreendendo que ela faz parte do desenvolvimento infantil.

Durante a leitura

A leitura começa pela capa. Se possível, comece mostrando às crianças onde, na capa do livro, encontram-se as informações sobre o nome dos autores, o título da obra e o nome da editora. É interessante que as crianças bem pequenas saibam o que faz o autor do livro e também o ilustrador. Informe-lhes sobre o trabalho deles na produção de um livro e quem participa dessa produção:

L o autor é quem teve a ideia do texto e depois o escreveu;

L o ilustrador é quem desenhou os personagens, elementos e cenários do livro – muitas vezes é o autor do texto quem dá as dicas sobre o que desenhar para o ilustrador; L a editora é a empresa que faz o livro chegar até o leitor.

Aponte para a sonoridade e também para o significado do título, pergunte para as crianças se elas sabem o significado das palavras “lá” e “cá” e como essas palavrinhas já demonstram uma noção de movimento. Comente sobre a ilustração: as crianças gostam? Instigue a curiosidade delas, perguntando sobre o que pode ter na história desse livro, será que as crianças já fizeram a mesma coisa que o bebê que está na capa? Faça a leitura da história em voz alta e com clareza, em uma velocidade que as crianças acompanhem con fortavelmente e mostre as páginas com calma para que elas possam observar todas as ilustrações. Não há problema caso a criança interrompa a leitura para fazer uma pergunta ou apontar algo na imagem, pelo contrário, é sinal que ela está interessada e que há inte ração com o momento.

Depois da leitura

É interessante que as crianças manuseiem o livro, folheiem as páginas e, após a leitura, revejam os pontos que mais gostaram trocando ideias e impressões entre si. Finalizar a leitura perguntando qual foi a parte favorita na história e o porquê também inclui a criança e faz com que ela se sinta parte do momento de leitura. É importante que ela compartilhe o seu gosto pessoal e seja estimulada a argumentar sobre as suas escolhas e percepções, pois além de reforçar a atividade e memória do que lhe foi apresentado, ela também sente que a sua opinião é importante e relevante, que é ouvida e respeitada. Algumas perguntas também podem ser feitas nesse momento após a leitura, questões simples que façam as crianças relembrarem as ilustrações e o texto.

L Quem é esse personagem do livro? Vocês conhecem um bebê como ele? Será que ele estuda em nossa creche ou é um amigo da família?

L O que ele foi fazer na praça?

L Qual brincadeira você acha que ele gosta mais? E a sua brincadeira favorita?

L Qual é o nome do cachorro que aparece na história? Você gosta de cachorros? Tem um bichinho de estimação? Qual?

L Quantas formigas ele viu caminhando para o formigueiro?

L Quando o bebê foi brincar na praça, estava dia ou já era noite? Por que você acha isso?

L Onde será essa praça que ele foi brincar? Você já brincou em uma pracinha também? Onde ela fica, perto da sua casa ou da creche?

L O bebê dividiu um caqui com a irmã na hora do lanche. Você conhece essa fruta? Qual é a sua fruta favorita? Por quê? Qual é a cor dela? É a sua cor favorita?

Caso o livro seja lido em casa, juntamente com a família, as perguntas podem ser encaminhadas para os responsáveis, para que eles possam conversar com as crianças após a leitura e assim, também, criar o hábito de falar sobre as leituras compartilhadas. A seguir, há algumas atividades para serem feitas com as crianças após a leitura, enfatizando o trabalho com o livro em sala de aula, mas com proposições que também podem ser passadas às famílias.

O livro, página a página

As indicações apresentadas na sequência são como uma palavra da autora ao educador/educadora, revelando suas intenções e desejos ao produzir o conteúdo de cada uma das páginas do livro. São sugestões que podem estimular a criança a localizar, antecipar, inferir e extrapolar o conteúdo do texto e da ilustração, adquirindo uma maior consciência de sua percepção e interpretação da história. Um guia para as conversas que surgirão de forma espontânea ou estimulada pelo educador/educadora. Vale lembrar que ler para a criança bem pequena é conversar para compartilhar aquilo que compreendeu, lembrou e emocionou cada um dos leitores, estreitando os laços de afeto e consolidando a primeira comunidade de leitores da qual eles irão participar e, durante a sua escolarização, vivenciarão de outras inúmeras formas.

Nesse momento, ao se preparar para ler o livro, o educador e a educadora poderão decidir se realizarão inicialmente toda a leitura do livro, sem interrupção, voltando a ler novamente dessa vez fazendo comentários e dialogando com as crianças. Ou o contrário, se será realizada uma primeira leitura comentada para posteriormente realizar outras em situações de diálogo. Ambos os encaminhamentos são importantes, sempre lembrando que é a diversidade de situações que ajuda a criança a construir os procedimentos para participar de um momento de leitura: ouvir, prestar atenção, permanecer em silêncio, refletir, esperar a sua vez para falar.

Lendo Com A Ponta Do Dedo

Apontar o texto ou a ilustração com a ponta do dedo indicador é um recurso simples, mas de grande valia para as crianças bem pequenas. Esse gesto corriqueiro para os adultos é um importante instrumento de localização, de identificação do sentido e da direção da leitura (a linearidade do texto) e de reconhecimento entre aquilo que se fala quando se lê em voz alta e aquilo que está escrito no texto (relação fonema/grafema, início do processo de conscientização fonológica que as crianças podem começar a desenvolver, mesmo quando ainda muito pequenas). Com o livro em suas mãos ou com ele apoiado em uma superfície, é fundamental que o leitor mediador use esse recurso ao ler para crianças.

A leitura de um livro começa pela capa. Ou melhor, pela 1ª capa. Aqui, há importantes informações textuais como o título da obra, o nome dos autores e da editora, que podem ser compartilhadas com as crianças. No caso do livro ilustrado, é a arte da capa que já começa a contar a história. Quem ali aparece? Quem será esse bebê? O que ele está fazendo? Qual é o nome desse brinquedo? O que esse brinquedo faz? O que mais você vê na ilustração da capa? Essa exploração é muito importante, pois ela fornecerá pistas sobre o texto que será lido na sequência. Vale destacar que o pequeno desenho ao pé da página é o logo da editora, um elemento gráfico que traz imagem e texto que se repete em outras passagens da obra: na 4ª capa e na página 2, no expediente.

A capa é formada pela 1ª capa e também pela 4ª capa, o verso do livro. Geralmente, aqui se encontra a sinopse da obra. Uma breve resenha que pode e deve ser lida para as crianças. A ilustração também deve ser observada: o que aparece ali? É interessante comentar que nessa capa aparecem outros personagens, enquanto na capa há apenas a ilustração do bebê. Nessa imagem, há uma demonstração de carinho e afeto entre o bebê protagonistas e duas personagens que, durante a leitura, os leitores descobrirão ser a mãe e a irmã do bebê. Aqui há um QRCode que linka com o site da editora e dali para as redes sociais. Para o/a educador/educadora, há diversas informações complementares sobre esta obra e sobre a leitura na primeira infância que podem ser interessantes.

A primeira página do livro, chamada de “rosto’ ou “front”, geralmente repete o conteúdo da capa, mas sem o mesmo trabalho gráfico. Essa é uma informação importante para o(a) educador(a), que poderá compartilhá-la com as crianças se julgar adequado. Que novidades essa página apresenta com relação à capa? Mostre às crianças o que se repete e o que muda entre uma e outra.

Esta página é chamada de expediente. É nela que a editora informa os dados da empresa, tais como o endereço e as redes sociais. É no expediente que também estão os dados do livro, a sua ficha de identificação, informações sobre o nome dos autores e o ano de publicação, tamanho do livro e o número de páginas. Nela, também consta o número do ISBN, que é a identificação da obra. Trata-se de um número internacional, válido no mundo todo, como se fosse o número da carteira de identidade de uma pessoa. Vale lembrar que mostrar a estrutura de um livro para uma criança bem pequena tem como principal objetivo aproximá-la desse objeto cultural e suas características. Não é necessário de modo algum que ela “decore” ou entenda as informações sobre a obra.

Nesse livro, a página 3 traz uma apresentação à leitura, uma frase de motivação para despertar a curiosidade das crianças pelo texto. Trata-se de um momento de pré-leitura, no qual as crianças podem ser convidadas para falar sobre o que acham que verão no livro: o texto fala de um bebê, quem será ele? Quem será que vai com ele? Será que encontraremos bichinhos pelo caminho? Você sabe qual som do bichinho que estamos vendo nesta página? Ao compartilhar os seus conhecimentos prévios, as crianças reforçam os seus vínculos enquanto leitores, construindo certa cumplicidade para a leitura que se realizará na sequência.

Aqui, há o bebê chegando com a mãe e uma menina na praça. O texto nos mostra esse bebê, que narra o livro em primeira pessoa, já comentando sobre suas impressões sensoriais: ele fala sobre as lindas flores brancas que vê e também percebe o seu perfume. Logo, a visão e o olfato já são explorados aqui, convidando o próprio leitor a observar as flores da página e imaginar o seu perfume. A mãe também apresenta uma informação nova para ele: o bebê aprende que o nome da flor é jasmim.

A ilustração traz muitos elementos cheios de significado: as crianças poderão conhecer a flor branca que o texto cita, o bebê narrador que está no carrinho e a mãe. Além desses dois personagens, há também uma menina um pouco mais velha, que carrega um brinquedo. Quem será ela? Será que as crianças sabem responder quem pode ser essa menina? Qual brinquedo ela carrega? Qual é a cor desse brinquedo? Mais tarde, as crianças saberão que a menina é a irmã do bebê.

Antes da leitura, se possível, permita que as crianças observem a ilustração: será que está frio ou calor nesse dia? Será que esse passeio está acontecendo à tarde ou à noite? As roupas que eles estão usando podem revelar se nesse dia está frio ou calor? A ilustração, de modo geral, mostra que essa família esta chegando em um lugar que possui muita natureza. Como a menina está segurando uma bola, a ilustração denota que eles estão indo em algum lugar para brincar.

Após a leitura, é interessante comentar com as crianças sobre esse passeio e quantas coisas ainda poderão ser vistas no livro, criando uma expectativa. Essa dupla de páginas apresentou uma flor branca, que agora eles já sabem que se chama jasmim e que é cheirosa. Se possível, comente com as crianças sobre o que eles se lembram que possui um cheiro bom, evocando a sua memória e também despertando a consciência olfativa. Caso eles não deem nenhuma resposta de início, algumas sugestões podem ser oferecidas, não necessariamente algo ligado à natureza, podendo também evocar a sua rotina: o sabonete que eles usam no banho, uma comidinha gostosa, entre outros exemplos.

O texto dessa página já traz uma informação sobre outro sentido muito importante, mas que nem sempre é lembrado: o bebê percebe a necessidade de se equilibrar! O equilíbrio é um sentido fundamental nesse momento da vida, pois a criança já anda, mas ainda não possui tanta segurança e firmeza quanto o adulto. A visão é igualmente explorada, já que o bebê comenta sobre as folhas que voam com o vento e que lhe chamam a atenção. A ilustração representa perfeitamente o texto. O bebê aparece apoiado em apenas um pé, o que reforça a sensação de que ele está buscando o equilíbrio, enquanto as folhas estão voando, aumentando o seu tamanho gradualmente conforme vão se aproximando do final da página, ou seja, do próprio leitor. Um elemento muito importante a ser observado nessa página também é o cachorro, que está junto de uma pessoa no canto da página. Antes da leitura, permita que as crianças observem todos esses elementos da dupla de páginas, pois eles são carregados de sentido. Não é possível ilustrar o vento, mas será que as crianças conseguem percebê-lo na ilustração? Como? Comente com eles sobre as folhas soltas nas páginas.

Depois da leitura, é interessante comentar com as crianças que a natureza pode estar em todos os lugares e em todos os tamanhos: sejam as folhas das grandes árvores ou as pequenas folhas de uma planta de um pequeno vaso, tudo é importante.

O texto, nessa dupla de páginas, nos apresenta quem é o cãozinho visto na página anterior: é o Quindim! Através da narrativa, o bebê demonstra o seu afeto pelo animal e o convida a brincar com ele, interagindo com o bichinho.

A ilustração deixa em evidência o tamanho e a pelagem do cachorro, que é amarelada, fazendo referência ao seu nome. O bebê parece pequeno atrás do cão, sendo possível ver apenas o seu rosto e as mãos que acariciam o animal. A técnica da aquarela permite uma visão que desperta a nossa sensação – o pelo do Quindim parece muito macio!

Antes de ler o texto, convide as crianças a pensarem na sensação do toque no cachorro: será que elas já fizeram carinho em um cãozinho? Qual será a sensação ao tocar o pelo do cachorro, é macio e quentinho ou duro e gelado? O fato de a ilustração evidenciar sobretudo o cão convida o leitor a ter quase uma experiência sensorial, despertando os sentidos do tato e da visão, além de mexer com o imaginário. Após a leitura, se possível, permita que as crianças toquem a página e façam carinho no bichinho ilustrado. Elas terão o contato físico com o papel, mas serão, nessa hora, convidadas a imaginar o toque em um cachorro real, de pelo macio e quentinho. É interessante, também, oferecer um objeto nessa hora que possa causar um efeito de comparação: que tal oferecer um pedaço de algodão ou um pouco de lã às crianças, será que elas também vão considerá-los macios?

O texto mostra uma hora gostosa da rotina das crianças: o momento do lanche. Aqui, o bebê convida a irmã a se sentar e compartilhar uma fruta com ele, reforçando a importância de se dividir o que se tem com os outros, a alimentação saudável e também mostra como é agradável partilhar momentos do dia a dia com outras pessoas. A fruta escolhida para o texto é o caqui, fruta bem brasileira, reforçando ainda mais o conceito do livro de apresentar o que se há de melhor e mais identitário às crianças. A ilustração retrata as crianças em um banco grande, deixando-as pequenas. Essa é justamente a visão de uma criança bem pequena quando se senta em um banco de praça e é esse o efeito que a imagem pretende causar, já que a criança é a leitora e é com as sensações e o imaginário dela que o livro pretende mexer. Também é perceptível visualizar que a boca do bebê e da irmã estão sujas, pois a fruta possui muito sulco e é normal que as crianças se sujem ao realizar as refeições sozinhas, no processo de desenvolvimento da autonomia e independência. Antes da leitura, permita que as crianças observem a ilustração atentamente. Será que elas sabem que fruta os personagens estão comendo? Qual é a fruta favorita das crianças? Que cor essa fruta? Ela é doce? Essa dupla de páginas propõe estimular o sentido do paladar, não somente apresentando a fruta com os quais os personagens estão se alimentando, mas também despertar a consciência do sabor da fruta favorita da própria criança, além de também estimulá-la a pensar nas cores e formas de seus alimentos favoritos.

Após a leitura, vale reforçar a importância da higiene pessoal antes das refeições, como lavar os alimentos e as mãos, e depois, lavando as mãos novamente e escovando os dentes.

O texto revela que os irmãos estão alimentados e que agora eles estão brincando juntos, mas em um determinado momento a bola se perde após subir muito, muito alto. Aqui, o texto propõe oferecer a consciência espacial à criança, comentando sobre o fato de a bola ter subido muito alto. O texto termina com uma pergunta: onde a bola foi parar? A questão desperta a curiosidade e atenção do leitor, deixando-o concentrado para descobrir a resposta. Já a ilustração mostra a imagem em uma perspectiva diferente de até então. Agora, é possível ter uma visão a partir de baixo, como se fosse um retrato de baixo para cima. As crianças olham para o alto e acompanham o movimento da bola, que parece alcançar a copa das árvores, o que dá uma sensação ainda maior da altura. Se possível, antes de ler o texto, questione as crianças se elas gostam da brincadeira de bola e qual a sua brincadeira favorita. Será que elas sabem o que é alto e baixo?

No caso da ilustração, parece que a bola está no alto ou embaixo? Ela subiu em direção ao céu ou desceu em direção ao chão? Perguntas como essas, com opções e que fazem com que a criança observem novamente a ilustração para responder, igualmente despertam o interesse, fazendo com que a criança se aproprie de cada detalhe que o texto e ilustração do livro podem oferecer. Após a leitura, vale a representação prática, levantando e abaixando os braços ou mostrando objetos na sala que estejam no alto ou embaixo, exemplificando os conceitos para as crianças e convidando-as a observarem o que há ao seu redor e as posições de cada objeto, novamente explorando a visão da criança.

O texto oferece a resposta sobre o paradeiro da bola: ela foi parar ao lado de um formigueiro! É notável como o formigueiro prendeu a atenção do bebê, que observa o movimento das formigas, comentando que elas andam de modo ligeiro. As formigas também são representantes da natureza aqui e o bebê mostra respeito ao não mexer com o curso dos pequenos insetos, tampouco com a sua “casa”; ele apenas observa e descobre como elas trabalham.

A ilustração reflete a atenção do bebê para o formigueiro e dão detalhes do espaço da cena: é possível ver que o bebê está abaixando e parece muito grande perto do formigueiro, revelando às crianças que o habitat das formigas é realmente bem pequeno. Ele segura firmemente a bola e olha o andar das formigas, que podem ser também utilizadas, aqui, para uma contagem.

Será que as crianças sabem contar quantas formigas há na página? Que tal contarem todos juntos? As crianças já viram um formigueiro antes? Permita que elas observem atentamente todos os detalhes da ilustração, que evoca o sentido da visão. Comente com as crianças que algumas formigas estão carregando pedacinhos de folhas até maiores do que ela. Essas folhas servirão de alimento para todo o formigueiro.

Após a leitura, convide as crianças a ficarem na mesma posição que o bebê do livro ficou para observar o formigueiro. Elas perceberão que precisarão utilizar outro sentido já visto no início do livro: o equilíbrio, já que não é uma posição natural. Se possível, coloque pequenos objetos perto delas para que tenham a mesma sensação de observar algo pequeno perto delas.

Essa dupla de páginas traz muitas sensações. O texto, mesmo curto, apresenta muitas informações: o bebê está em uma brincadeira coletiva, compartilhando a diversão com outras crianças, e juntos encontram uma caixa de areia. O texto também evoca uma sensação gostosa: a areia entrou na meia do bebê, lhe fazendo cócegas. A ilustração faz com que os leitores quase adentrem à caixa de areia com os personagens, já que vemos a caixa de areia a partir de uma visão superior, preenchendo toda a página. As crianças parecem estar concentradas, divertindo-se muito, enquanto exploram de diferentes formas o lugar em que estão: uma pega areia com as mãos para fazer um montinho, a outra enche um caminhão de brinquedo enquanto o bebê, conforme o texto, está concentrado na sensação causada pela areia em outra parte do corpo – o pé – retratando a consciência corporal de cada personagem.

Antes da leitura, se possível, pergunte para as crianças se elas gostam de brincadeiras coletivas, principalmente na caixa de areia. Será que elas se lembram da sensação de ter areia nas mãos e pés? Conseguem descrever? Aqui, o tato é uma sensação extremamente explorada pelos personagens do livro. Após a leitura, convide-os a pensar na sensação de carinho e de cócegas. Como é ter algo de textura diferente em contato com a sua pele? Se possível, permita que as crianças mexam em objetos de diferentes texturas nesse momento. Se houver uma caixa de areia no parque da creche, leve-os para brincar após a leitura, trabalhando com eles a consciência corporal e o resgate da sensação que o bebê teve, lembrando-os da leitura.

No texto, o bebê mostra a consciência de que, nesse momento, a brincadeira dele é diferente da irmã e que tudo bem, pois conforme as crianças crescem, vão adquirindo novas habilidades. Da mesma maneira, ele se diverte no chão, explorando o ambiente e fazendo uma comparação à minhoca, animal pequeno e rastejante. A ilustração mostra esse bebê brincante de modo muito próximo, engatinhando e observando uma borboleta, enquanto a irmã anda de bicicleta ao longe. A paleta de cores do céu já muda ligeiramente, o que revela a passagem de tempo, e a natureza também é registrada em muitos detalhes: as flores próximas, as abelhas, as árvores.

Antes da leitura, é interessante apontar para essa mudança de cores na ilustração do céu, comentando com eles sobre a passagem do tempo. Com relação ao cenário, é importante pontuar que tudo ali é a representação da natureza, independente do tamanho: as árvores, as flores, as folhinhas, a abelha... cada um desses elementos tem importância e contribui de alguma forma para o meio ambiente. Da mesma forma, também é importante apontar que essa dupla de páginas mostra que há diversas formas de brincar: sozinho, com um brinquedo, em posições diferentes e que também é muito divertido explorar tudo o que há ao nosso redor! Depois da leitura, comente com as crianças sobre a comparação que o bebê fez: ele falou que faz como a minhoca, que brinca no chão. Como é a minhoca, grande ou pequena? De qual cor? Qual movimento ela faz? Com essas respostas, convide as crianças a também imitarem uma minhoquinha, com certeza, será muito divertido!

O texto fala sobre o brincar na chuva, algo que muitas vezes acontece durante os passeios ao ar livre, tomando de surpresa a crianças e adultos.

A ilustração apresenta uma grande transformação: as cores da paisagem mudam, sobretudo do céu que agora está cinza. Antes de ler o texto, é possível perguntar às crianças o que elas observam de diferente na ilustração e o que será que vai acontecer. Onde estão os personagens e quem são eles são outras duas questões interessantes de se fazer, estimulando o reconhecimento dos personagens no tempo e espaço da narrativa. O que será que vai acontecer e como será que os personagens vão reagir são questões que estimulam a capacidade de inferir e antecipar das crianças que, certamente, encontrarão muitas pistas na ilustração para respondê-las. Ou, ainda, elas poderão extrapolar o texto e comentar sobre temas que já se referem à sua interpretação: o que muda na paisagem quando a chuva cai, os cheiros e sensações de frio e umidade que a chuva nos provoca. Incentive-as a justificar as suas hipóteses, conectando as informações do livro com suas experiências de vida. Após a leitura do texto, conversar sobre a chuva pode ser algo bem estimulante. Nessa faixa etária, algumas crianças ainda se assustam com a chuva e têm medo das nuvens cinzentas e dos raios e trovões. Outras podem compartilhar experiências positivas, como o brincar nas poças d´água que se formam após a chuva. Aqui, cabe ao educador e à educadora escolher os rumos dessa conversa que poderá, inclusive, tratar da importância da água para todos os seres vivos.

E se acontecer de chover em um dia em que as crianças estão na creche, que tal dar uma paradinha para observar como a chuva cai, o que acontece no ambiente, com as pessoas e os demais animais? Certamente será uma interessante transposição da história para as vivências das crianças. A elaboração de um desenho dessa manhã (ou tarde) chuvosa dará ainda mais significado à essa observação e as experiências individuais poderão ser compartilhadas de modo a reforçar o sentimento de pertencimento a essa comunidade leitora ativa e curiosa.

O texto nessa dupla de páginas traz muitos verbos, que representam as ações e movimento do bebê protagonista, que também são muito conhecidos pelas crianças.

A ilustração traz a representação do bebê em diferentes posições: várias brincadeiras que fazem com que o bebê conheça mais o seu próprio corpo e as suas habilidades. A falta de elementos ou cores no fundo da ilustração ressalta ainda mais o protagonismo do bebê, que ora brinca com a bola, interage com a natureza ao brincar com a borboleta e com a flor, mas que também se descobre e percebe o quanto pode ser divertido explorar as suas habilidades!

Antes de ler o texto, é interessante perguntar às crianças se elas também gostam de brincar e qual é a sua posição favorita. Perguntas que as motivem a explorar seus corpos também podem tornar esse momento muito divertido: quem gosta de pular bem alto? Quem consegue pegar na pontinha do pé? E ficar em um pé só? Aqui, as crianças aliam a observação da ilustração com a possibilidade de reproduzir seus movimentos favoritos na prática, extrapolando a leitura. Também é interessante a observação de que as crianças podem, em um momento de descontração e diversão, explorar o equilíbrio, considerado o sexto sentido e que é tão importante para o desenvolvimento e coordenação.

Após ler o texto, as crianças saberão que o bebê já brincou bastante e agora deseja voltar para casa e tomar um banho. É interessante comentar o quanto é divertido brincar, mas como é bom podermos voltar para casa e descansar! Afinal, o descanso e a nossa higiene pessoal são tarefas muito importantes da nossa rotina diária. Se possível, comente com a família sobre a leitura feita na creche e as temáticas abordadas no decorrer da narrativa. O adulto pode, na hora do banho, lembrar a criança que o bebê do livro queria tomar um banho, será que o banho dele era tão quentinho e gostoso quanto o da criança? Qual é a sensação que a criança sente depois do banho, está se sentindo limpa? O banho foi refrescante ou a aqueceu? Conversar sobre essas sensações após a experiência prática do banho vai fazer com que a criança se recorde da leitura e perceba ainda mais o bem-estar e as sensações que o banho vão lhe causar.

O texto mostra a passagem do tempo, já que comenta que a família chegou em casa ao pôr do sol. O bebê observa os pássaros voando ao longe e entende que eles também vão descansar, assim como ele e a família, já que a noite está chegando. A espécie escolhida para o texto, a maritaca, é mais uma homenagem a fauna típica do Brasil, além de a sonoridade do nome também despertar a curiosidade dos leitores. A audição, aliás, é um sentido explorado nessa dupla de páginas, pois o bebê presta atenção no som que as maritacas fazem ao longe.

A ilustração reflete muito bem essa passagem do tempo, já que o céu, diferente das outras páginas, está supercolorido, retratando o lindo pôr do sol. A textura da aquarela faz com que a sensação seja justamente de poder tocar as nuvens. Como as maritacas estão longe, elas são ilustradas em tamanho bem pequeno, o que traz ainda mais a noção de perspectiva.

Antes de ler o texto, comente com as crianças sobre esse céu: quantas cores! O bebê e sua irmã estão admirando as cores do céu, além de terem trazido um pouquinho da natureza para casa: será que as crianças perceberam que o bebê e a irmã estão com uma flor cada? Se possível, comente com as crianças que devemos respeitar e cuidar bem da nossa flora, e que com certeza, o bebê e a irmã cuidarão muito bem dessa florzinha.

Após a leitura, vamos olhar o céu pela janela da sala? Como está o céu nesse momento da leitura? Azul, cinza? Há muitas nuvens? Será que conseguimos ver um pássaro ou um avião? É interessante que as crianças possam também ter experiência de observação e que se sintam interessadas em compartilhar as suas impressões.

Nessa última dupla de páginas, há um bebê que se expressa, que comenta que está cansado, e que também se sente feliz e seguro ao lado do pai, que lê uma história para o filho dormir. Aqui, há a reunião de dois sentidos, os quais estão sendo trabalhados pelas crianças no momento da leitura: assim como elas, o bebê do livro também está vendo um livro cheio de imagens e ouvindo uma história. É uma relação divertida: as crianças estão vendo e ouvindo uma história de um livro que tem um bebê que também ouve e vê uma história em um livro.

Com relação à ilustração, é possível muitos elementos: o céu escuro que representa a noite, os brinquedos do bebê, a cama colorida com o cobertor, o pai que também está de pijama. As cores mais cálidas e azuladas dão a sensação de penumbra, mostrando um ambiente calmo e propício para o sono.

Antes de ler o texto, se possível, comente com os alunos: será que o bebê vai fazer uma soneca à tarde ou já é noite? Por que elas acham isso? Será que está frio ou calor? Será que podemos sentir a sensação de que o bebê está quentinho em sua cama? É interessante evocar essas sensações nas crianças, fazendo comparações com o que elas estão sentindo no momento. Agora, no momento da leitura, está frio ou calor? Elas estão quentinhas ou estão usando roupas frescas para o verão? ser compartilhadas com as crianças. É muito importante que elas aprendam que um livro é resultado do trabalho de alguém, que geralmente estuda e passa horas se dedicando à sua produção.

Após a leitura, as crianças podem comentar também sobre o seu espaço e a sua própria rotina: os responsáveis também leem para ela? Como é o ambiente em que ela dorme, tem um bercinho ou uma cama? Alguém compartilha o quarto com ela? É interessante permitir que a criança faça inferências entre o que ela viu na narrativa até o momento com a sua realidade.

Página com dicas para a formação do leitor na primeira infância, um texto a ser compartilhado com os familiares em momentos de reunião pedagógica e a ser debatido em situações coletivas entre os educadores na creche, junto à coordenação.

Essa dupla de páginas traz um paratexto informativo sobre a obra, conteúdo interessante para o leitor adulto que poderá conhecer as intencionalidades da autora e da editora e se informar sobre como a leitura desse livro pode ser instigante para a criança bem pequena.

Há uma ilustração que evoca muito carinho, o bebê no colo da mãe e abraçado com a irmã! Ilustração excelente para abordar a temática “sentimentos” com as crianças. É muito bom compartilhar demonstrações de afeto! Essa capa também traz um pequeno texto, uma sinopse do conteúdo do livro.

Esta seção traz informações sobre a autora e a ilustradora, que podem de

This article is from: