1942
Atentado ao Brasil
JosĂŠ Martiniano dos Santos Jr.
1942
Atentado ao Brasil
SĂŁo Paulo 2012
Copyright © 2012 by Editora Baraúna SE Ltda Capa Aline Benitez Projeto Gráfico Tatyana Araujo Revisão Daniel de Souza
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ ________________________________________________________________
F235m
Santos Junior, Jose Martiniano dos 1942 : atentado ao Brasil / José Martiniano dos Santos Jr. - São Paulo : Baraúna, 2012. Índice ISBN 978-85-7923-468-2 1. Guerra Mundial, 1939-1945 - Brasil. 2. Guerra Mundial, 1939-1945 - Operações navais alemãs. 3. Guerra Mundial, 19391945 - Operações navais - Submarinos. 4. Naufrágios - Brasil - História. I. Título. II. Título: Mil novecentos e quarenta e dois : atentado ao Brasil. 12-0658.
CDD: 940.545981 CDU: 94(100)"1939/1945"
03.02.12 08.02.12
032996
________________________________________________________________ Impresso no Brasil Printed in Brazil DIREITOS CEDIDOS PARA ESTA EDIÇÃO À EDITORA BARAÚNA www.EditoraBarauna.com.br Rua Januário Miraglia, 88 CEP 04547-020 Vila Nova Conceição São Paulo SP Tel.: 11 3167.4261 www.editorabarauna.com.br www.livrariabarauna.com.br
Dedico este livro a Paula e a Divaneide, pelo apoio, a dedicação e o entusiasmo resultante.
Agradecimentos
Sou grato aos meus professores Sergio Sobreira, Dóris Pinheiro e Cristina Damasceno, que desde a apresentação do TCC me incentivaram a publicar o livro. Agradeço a todos os funcionários do setor de Periódicos Raros da Biblioteca Pública do Estado da Bahia que me deram apoio irrestrito no acesso aos jornais da época.
Apresentação
Agosto no aforismo popular é o mês do desgosto, e não é por menos, em 15 de agosto de 1942, às 19h 10min, o navio de cabotagem Baependi foi torpedeado próximo da costa brasileira. Era a primeira das cinco embarcações vítimas do submarino alemão U-507. Este ataque contra a nossa navegação costeira matou em três dias mais brasileiros do que a campanha da Força Expedicionária Brasileira (FEB), em combates na Itália. Foram 670 mortos em 72 horas e durante a campanha italiana perdemos 451 militares, incluindo oito oficias da FAB (Força Aérea Brasileira). A população já manifestara a sua fúria contra os torpedeamentos de navios brasileiros em águas estrangeiras, mas desta vez os navios eram de navegação costeira, levavam passageiros civis e militares. A proximidade do ataque significava que a flotilha de submarinos
do III Reich estava a poucas horas das capitais da Bahia e de Sergipe. Os acometimentos ocorreram, inicialmente, a 13 milhas do litoral norte da Bahia, na divisa com o Estado de Sergipe, na foz do rio Real. Nesta região, tivemos três paquetes torpedeados que faziam a rota sul/ norte. Em seguida, ao sul da Bahia, em frente ao Morro de São Paulo, mais dois navios afundados. No dia 22, o U-507 abordou e atacou com o seu canhão de 105 mm a barcaça Jacira, desta vez sem vítimas. Então, o Alto Comando Alemão ordena que o U-507 retorne à base, pois houve uma enorme repercussão negativa vinda dos outros países da América Latina, principalmente da Argentina e do Chile, considerados simpáticos ao nazismo. Quando se dirigia para Lorient (sua base na França ocupada), o U-507 localiza e torpedeia um cargueiro Sueco, matando cinco marujos. Os soteropolitanos ficaram assustados quando perceberam a dimensão e a ousadia do ataque, o sentimento de raiva foi mais forte e gerou vários protestos e manifestações populares, com ou sem autorização da polícia e a turba raivosa passou a atacar os “súditos do eixo”, apesar da proibição de manifestações pelo Interventor Federal. Muitos sergipanos morreram no navio Aníbal Benévolo que vinha de Ilhéus para Aracaju; nesta capital, a revolta foi mais violenta. Alguns livros publicados que fazem referência ao ataque o descrevem de maneira superficial e raramente tínhamos informações sobre os sobreviventes e seus dramas pessoais. Com a finalidade de reconstruir este fato histórico, baseado nos depoimentos dos náufragos vincu-
lados pelos cinco jornais da época – A Tarde, Diário da Bahia, O Imparcial, Diário de Notícias, Estado da Bahia – busquei humanizar e dar uma identidade aos personagens envolvidos diretamente no acometimento, para edificar o percurso da narrativa deste trabalho, cujo objetivo é corroborar aos leitores sobre este fato. Portanto, este livro é uma visita aos nossos antepassados por meio de seus periódicos e apesar de serem fragmentos de um cotidiano, a sua conexão resultou em uma narrativa integral, um guia luminoso em um túnel escuro de uma história fadada ao esquecimento. O autor
Sumário
Capítulo 1 Capítulo 2 Capítulo 3 Capítulo 4 Capítulo 5 Capítulo 6 Capítulo 7 Capítulo 8 Capítulo 9
A Alemanha renasce das cinzas. . . . 15 O fascismo nos trópicos. . . . . . . . . . 23 A causa raiz de uma tragédia . . . . . 37 U-507 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 O ataque. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 O submarino dirige-se para o sul . . 67 Cadáveres na praia. . . . . . . . . . . . . . 87 O povo vai às ruas. . . . . . . . . . . . . . . 91 A declaração de guerra . . . . . . . . . 101
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105 Referências dos Periódicos . . . . . . . . . . . . . 111 Anexos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
Capítulo 1 A Alemanha renasce das cinzas
Um breve histórico do nazismo O fascismo surgiu em oposição ao bolchevismo. Após a Revolução Soviética de 1917, houve um aumento alarmante do movimento bolchevista e, consequentemente, uma violenta reação das classes médias e, principalmente, dos pequenos burgueses que viam com pavor o avanço do “perigo vermelho”. O Fascismo não é um movimento de aspecto revolucionário, mais sim de revolta. A ideologia fascista consiste basicamente no nacionalismo em contraposição ao movimento proletário. Mussolini, juntamente com o Fascismo, representou a revolta da classe média e da burguesia agrícola e industrial. Na Itália, em 28 de outubro de 1922, após vários movimentos no interior do país contra os comunistas, 1942 – Atentado ao Brasil
•
15