O Vale de Suicidas em Revista V Quinto Andar

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V QUINTO ANDAR DE

O VALE DE SUICIDAS EM REVISTA



V QUINTO ANDAR DE

O VALE DE SUICIDAS EM REVISTA ALBERTO KENUTSEN

São Paulo - 2018


Copyright © 2018 by Editora Baraúna SE Ltda.

Jacilene Moraes

Capa

Diagramação Áthila Pereira Pelá Revisão

Editora Baraúna

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Andreia de Almeida CRB-8/7889

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Kenutsen, Alberto V andar de o vale de suicidas em revista / Alberto Kenutsen. – São Paulo : Ed. Baraúna, 2018.

168 p.

ISBN: 978-85-437-0879-9

1. Filosofia e religião 2. Religião - Filosofia I. Título

18-1025 CDD 100

________________________________________________________________ Índices para catálogo sistemático: 1. Religião : Filosofia 201

Impresso no Brasil Printed in Brazil DIREITOS CEDIDOS PARA ESTA EDIÇÃO À EDITORA BARAÚNA www.EditoraBarauna.com.br Rua Sete de Abril, 105 – Cj. 4C, 4º andar CEP 01043-000 – Centro – São Paulo - SP Tel.: 11 3167.4261 www.EditoraBarauna.com.br Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio, sem a expressa autorização da Editora e do autor. Caso deseje utilizar esta obra para outros fins, entre em contato com a Editora.


SUMÁRIO

01 - A BÍBLIA ASIÁTICA ........................................................ 7 02 - VÍCIOS DE CONFORMAÇÃO .................................... 10 03 - O DESAFIO DE GOLIAS ...............................................13 04 - O TRABALHO DOS ANTIGOS ................................... 16 05 - PORTUGAL, ALGARVE E BRASIL .............................. 19 06 - OS DISCURSOS DA SABEDORIA .............................. 22 07 - A ESTÁTUA DE NABUCODONOSOR ....................... 25 08 - A PEDAGOGIA DO SOFRIMENTO ........................... 28 09 - AS FILHAS DE BAAL .................................................... 31 10 - OS FILISTEUS DERROTAM ISRAEL .......................... 34 11 - NÃO TEREMOS SOMENTE PÃO    PARA COMER ............................................................... 37 12 - O REI ACAB CONSEGUE DUAS VITÓRIAS ............. 40 13 - AS VIÚVAS DA BABILÔNIA ........................................ 43 14 - AS FESTIVIDADES DOS TABERNÁCULOS .............. 46 15 - AS ARCAS NOS TABERNÁCULOS .............................. 49 16 - AS RUÍNAS DE BABILÔNIA ........................................ 52 17 - DÚVIDAS FUNDAMENTADAS EM SIÃO ................. 55 18 - AS RELIGIOSAS DE JERUSALÉM ............................... 58 19 - AS VIRGENS NÃO SE DIVORCIAVAM ...................... 61 20 - A LIBERTAÇÃO ESTÁ PRÓXIMA ............................... 64 21 - A CONDUTA DAS MULHERES ................................. 67 22 - O REI É O NOSSO DEUS ............................................ 70 23 - OS REIS DA TERRA ..................................................... 73


24 - AS FORTIFICAÇÕES DE TÂNIS    E HANIS ...................................................................... 76 25 - A REVOLUÇÃO NO JUDICIÁRIO ........................... 79 26 - DEPOIS DO DILÚVIO ............................................... 82 27 - A ARCA DAS ALIANÇAS ............................................ 85 28 - AS BACIAS DE BRONZE ............................................ 88 29 - OS ARTÍFICES DE TABERNÁCULOS ....................... 91 30 - A GRANDE CEIA ........................................................ 94 31 - O DIREITO DOS REIS ............................................... 97 32 - A LEI DOS CASAMENTOS ...................................... 100 33 - O ALARIDO DAS CRIANÇAS ................................. 103 34 - A OPINIÃO DE HERODES ...................................... 106 35 - SETENTA ANOS DE CATIVEIRO .......................... 109 36 - OS DIREITOS DE PRIMOGENITURA .................. 112 37 - A ROTA DOS DESCOBRIMENTOS ....................... 115 38 - AS MULHERES DE JERUSALÉM ........................... 118 39 - SEM ESTRADAS E SEM TETO ............................... 121 40 - UMA CRONOLOGIA HISTÓRICA ........................ 124 41 - OS SERVIÇOS SOCIAIS NAS INDÚSTRIAS ......... 127 42 – O TESOURO ESCONDIDO ................................... 130 43 - A TRADIÇÃO DOS ANTIGOS ................................ 133 44 - A VIRGINDADE DAS ANTIGAS ............................. 136 45 - A BUSCA FUNDAMENTAL ..................................... 139 46 - AS TRES CLASSES SOCIAIS ................................... 142 47 - NAS OLARIAS DE TOFET ....................................... 145 48 - UMA NOVA ALIANÇA É ESPERADA ..................... 148 49 - A MEIA UNIDADE ENTRE O EGO E O ID ........... 151 50 - O DECÁLOGO PARABÓLICO ................................ 154 51 - NA FRONTEIRA DA TERRA PROMETIDA ........... 157 53 - A CONDUTA DA HUMANIDADE ......................... 160 54 - A ARTE REVOLUCIONÁRIA .................................. 163 55 - A SOCIEDADE POR UM FIO .................................. 166


01 - A BÍBLIA ASIÁTICA

Perto de Bagdad viviam três irmãos; Dimas, Dumas e Samir. Os dois primeiros se destacavam pela eloquência inconfundível, própria dos comerciantes e guias que nas horas de folga trocam idéias sobre detalhes topográficos em permanentes mudanças. Os desertos arábicos recomendavam sempre concentração em torno dos sinais rochosos mais evidentes que se cobriam de areia nas dunas e nas estepes. Caminhavam em silêncio. Mas Dimas e Dumas além de criarem ovelhas e camelos possuíam também uma pequena loja e indústria de couro. Sabiam manter uma conversação por horas a fio sem repetirem palavras e eram mestres no arranjo dos detalhes com a visão de conjunto. Casavam perfeitamente as particularidades de caráter feminino com o panorama observado pelos homens. Encaixavam com per feição os traços masculinos com o sentido feminino e familiar das mulheres. Muçulmanos, todos viviam rodilhados de netos em feliz algazarra, principalmente quando se punham a estudar o Alcorão; a bíblia dos asiáticos, aberta ao entendimento, como ocorreu com Maomé e os dois beduínos do de7


serto. A dupla era uma expressão de harmonia. Samir, entretanto, tinha um temperamento um pouco diferente. Economizava as palavras e era mais atento com a posição das estrelas durante as marchas noturnas. Era um pensador natural, e não raro se via procurado pelos irmãos quando divergiam em algum assunto. Poderíamos entender-los como a voz da multidão irracional segundo Sigmund Freud (1856-1939) buscando equilíbrio com as particularidades, numa visualização descoberta por Maomé (570-632); as manobras muçulmanas feitas na busca de entendimentos progressivos indispensáveis no encontro de opiniões diversas. Um marco acertado na formação de orientações, e modelo para a manutenção de palestras em torno da comunhão de interesses afetivos ou não. Nasceu com isto o islamismo, movimento teocrático que reuniu não apenas o povo árabe mas toda a humanidade. A pregação pública que se deu em 616 nas praças de Meca terá reunido os muitos deuses, indivíduos divinizados pela morte e conhecidos por El Shaday, Eloim, Ibraim, Jeová e muitos outros que ajudaram o rei Joaquim na defesa de Judá (século VI a. Cesar) contra os persas e assírios. Depois da morte de Nabucodonosor II (605-562 a. Cesar) seu filho Baltazar oficializou o costume religioso judeu que levou todos a crerem na existência de um rei adjunto e oculto, que o auxiliava nas decisões. Esses deuses seriam inatingíveis pelos detratores, como hoje ainda é difícil não falar-se deles, como não poderia deixar de acontecer. Somente a dialética muçulmana voltada para o bem-querer familiar pode oferecer-nos uma fórmula humana de corrigir interesses em volta dos atra8


tivos políticos e nacionais como os que foram vistos pelos seguidores do Islamismo. A expansão árabe dos séculos VII e VIII registra-se na conquista política vista no sul da Mesopotâmia, da Peninsula Ibérica até a Ásia Menor, acrescentando-se que a causa principal do movimento foi a unifica ção de tribos nômades aos detalhes do aculturamento árabe presente em todas nacionalidades, a despeito das diferenças religiosas e políticas que distanciam indivíduos e populações, embora se possa acreditar que todos somos iguais perante as legislações.

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02 - VÍCIOS DE CONFORMAÇÃO

Cedo se descobre a formação dos fatos. Sem embargo, o grande rei persa dominou a Babilônia e grande parte da Ásia Ocidental. A sua bravura em campo de batalha porém, só foi superada pela inteligente administração política exercitada sobre os povos conquistados. Respeitava sempre a orientação religiosa dos vencidos e acatou logo o monoteísmo proposto por Baltasar na Babilônia. Um rei adjunto, onipotente, oniciente e sempre presente mas invisível seria uma vitória diplomática permanente. Com Dario (550-486 a. Cesar) organizou-se o reinado dividindo-o em províncias ou satrápias promovendo um sistema de correios administrado para o conhecimento do rei sobre todo o espaço nacional, impossível de privatizar-se com interesses particulares. Depois de Moisés no tempo de Ramsés III (século XIII a. Cesar) Dario tornou-se o maior legisla dor do Oriente. O Código de Hamurabi dos babilônicos permaneceu intocável como um permanente instrumento político dos governos. Viu-se aí pois uma estratégia insuperável de governar-se e esse adjunto do rei permaneceu vivo em todas as nações. O mono10


teísmo estatal foi adotado, para não falar-se no antigo absolutismo quando os governados não participavam das decisões do governo nem possuem nenhum controle sobre êle. Nota-se, portanto, que quando o Brasil se desvinculou do Algarve e passou a ostentar o título de Império, D. Pedro I, sob influência árabe na maçonaria, ficou sendo conhecido como o protetor permanente dos brasileiros. Entretanto, algumas correntes filosóficas de Bizâncio interferiram e o Absolutismo dos reis passou a ser estudado co mo sendo o poder do rei sempre presente, oniciente e onipotente, criador de todas as coisas sem a tecla da transformação que conhecemos. Passou-se então a indagar sobre a natureza do Absoluto, e neste caso, o absoluto adjetivo passou a ser observado co mo sujeito. O “Espírito Absoluto” de Georg Wilhelm Hegel (1770-1831) e o “Inconsciente” de Sigismund Freud (1856-1939) traduziram o mesmo criador. O primeiro ainda preso à escolástica medieval e este colocando o indivíduo particular como o criador de si mesmo, divinizado ao reunir a visão de conjunto dos homens com os detalhes de cunho feminino. A modificação da mente e do corpo, daí para a frente, apoiou-se nas atitudes particulares de cada indivíduo, e se para alguns as mudanças soam como castigo, para outros é troféu de vitória. Então Baltasar nomeou a Daniel como ministro do rei adjunto a Joaquim; um soberano poderoso e invisível conforme acreditava Nabucodonosor II. E depois que Daniel disse obedecer a um rei vivo, os estrangeiros ficaram ainda mais confusos diante do rei mostrado pelos antigos (Daniel 14: 42). Quando a Caldéia foi reunida ao Imperio 11


Persa em 538 a. Cesar, Nabuco Donosor II ainda não era o seu rei e só depois de Baltasar foi que as solenidades palacianas desprovidas de interesses políticos pasaram a chamar-se de “Festim de Baltasar”. Os manifestos populares no Brasil ou na França acalmaram o coração de muitos, gregos e troianos sorriram, mas deixaram entrever aí uma esperança incerta. Todo este alarido de politização e assaltos a bancos trazem uma declaração se não de independência, pelo menos um manifesto assemelhado ao “Festim de Baltasar”, tanto como um salão no palácio da alvorada tenha recebido o nome de Juscelino Kubitschek.

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03 - O DESAFIO DE GOLIAS

Diga-se que se viu no século VIII a. Cesar grandes fortunas serem gastas nos reinos dos assírios, caldeus, egípcios e persas de onde se destacaram Israel no norte e Judá ao sul de Jerusalém. A natureza do solo, todavia, cheio de dunas dificultava o transporte e o comércio do gado ovino e caprino pela inexistência de estradas de fácil percurso. O risco de caminharem em círculos tornava preciosa a presença dos guias de caravanas numa aventura particular. Os guias eram temidos e procurados ao mesmo tempo entre as cidades arábicas separadas por estepes imensas. Um nome salientou-se, porém, entre os pastores: Amós (783-738 a. Cesar). Percorrendo as regiões de Damasco na Síria quando elas estavam dominadas pelos filisteus, e de Judá ao sul da Palestina, as caravanas iam a Jerusalém vender além de ovelhas, carne, couro, leiterias e tapeçarias diversas. Amós contudo, habituado a pequenas anotações deixou registrada a imoralidade comercial e a corrupção na justiça que acompanhava o tráfego de escravos, mesmo com aqueles reunidos em proletariados. Mas o profeta não chegou a oferecer um programa social 13


definido, denunciando para Israel a necessidade de uma reforma moral e apelando para o retorno às medidas vistas no reino de David (1055-1015 a. C.). Pastor como êle, Amós sabia usar a funda na defesa de suas ovelhas contra as feras predadoras. Também dava voltas rápidas em torno delas para atingi-las nas têmporas, únicos locais vulneráveis às pedradas desferidas por fundas. Entretanto, o profeta Amós dizia em seus discursos palavras referentes ao gigante Golias. E o profeta foi ouvido pelo rei Jeroboão II ao aperfeiçoar disciplinarmente e fortificar os seus exércitos. A austeridade do profeta transferiu-se ao rei. Diferente de todos, Amós deu outra versão ao desafio de Golias sobre David. Para êle o gigante foi derrubado com duas pedradas. Uma destinada a retirar o capacete de cobre do filisteu e outra para atingi-lo nas têmporas e conseguir derruba-lo. Teria sido deste modo que Samuel o elevou a escudeiro e general do rei Saul (I Reis 17: 4 e 5). E foi graças aos ataques laterais de esgrima que os judeus tornaram-se invencíveis contra os povos que percorriam Canaã. Porém o rigor austero de Amós não ficou só aí. Voltou-se ainda contra os comerciantes desonestos que se serviam de balanças viciadas (Amós 8: 4 a 6), tanto co mo se mostrou contrariando o monoteísmo ou absolutismo dos reis indiferentes com as manifestações populares pedindo paz. Antecipou-se a Maomé (570-632) criando condições de diálogo em progressão crescente de entendimento. Um rei adjunto deveria estar presente embora se apresentasse com o nome de Alá, Eloim, El Shaday, Ibraim e Jeová, ou qualquer outro nome pronunciado pelos crentes nas sinagogas e templos, como ainda tenha 14


deixado as suas impressões sobre a democracia iniciada na Grécia, quando antecipa-se a Sigmund Freud (18561939) ao dizer: “Se duas ou mais pessoas são convidadas a opinar, suas ideias não se confirmarão em doutrina pois divergirão aqui e ali”. E com isto ficou interpretada a impossibilidade das democracias que dizem tornar todos iguais perante a lei, mesmo nas cidades cosmopolitas que acolhem os estrangeiros com o mesmo direito dos patrícios. Reunindo todas as cidadanias, indiferentes diante das restrições estabelecidas pela ordem trabalhista.

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