9 Contos que não se deve ler à noite.

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Rodrigo Soares Capela

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que não se deve ler à noite

São Paulo 2013

Copyright © 2013 by Editora Baraúna SE Ltda Capa e Projeto Gráfico Aline Benitez Revisão Vanise Macedo

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ ________________________________________________________________ C241n Capela, Rodrigo Soares 9 contos que não se deve ler à noite/ Rodrigo Soares Capela. - São Paulo: Baraúna, 2013.

ISBN 978-85-7923-678-5 1. Conto brasileiro. 2. História de suspense. I. Título II. Título: Nove contos que não se deve ler à noite.

13-0380.

CDD: 869.93 CDU: 821.134.3(81)-3

17.01.13 21.01.13 042242 ________________________________________________________________

Impresso no Brasil Printed in Brazil DIREITOS CEDIDOS PARA ESTA EDIÇÃO À EDITORA BARAÚNA www.EditoraBarauna.com.br

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Dedico à minha amada Lisa; ao meu precioso Heitor; aos meus adoráveis José e Leta; ao meu ídolo, Maurício.

Aos meus IrmĂŁos; Aos meus amigos Ricardo, Renata e DĂŠbora, por me incentivarem nos momentos de fraqueza; Ao Tio Manuel e ao meu amigo Luiz Henrique, por sempre me deixarem falar em demasia.

Sumário INTRODUÇÃO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 I. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 II . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 III. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 IV. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63 V . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77 VI. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91 VII . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107 VIII. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121 IX. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133

INTRODUÇÃO O medo é um sentimento que nos acompanha desde a mais tenra idade até a velhice. Cada um tem sua coleção de medos e, se inicia geralmente na infância, onde tememos fantasmas, posteriormente terminamos a vida com medo da morte. Entre esses dois, presentes para uma infinidade de seres humanos, angariamos outros, de diferentes tipos e magnitudes. Quem, em uma madrugada chuvosa, sente-se confortável para confrontar um espelho, em um quarto escuro? Quem dormiria uma noite no quarto de um recém-falecido, em uma casa sem luz elétrica? Quem teria a audácia de visitar, solitariamente, um cemitério rural, em noite de lua cheia? Quem pernoitaria em uma casa com fama de assombrada e desafiaria o habitante sobrenatural? Certamente muito poucas pessoas.

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O medo também pode ser fruto de um evento sabidamente humano. Qual pessoa, em sã consciência, transitaria pelas ruas desertas de uma cidadezinha assolada por um assassino serial? Quem visitaria um recluso com fama de canibal e aceitaria seu convite para jantar? Quem abrigaria um famoso assaltante que sufoca suas vítimas? Juntemos a esses medos pouco prováveis os do cotidiano: ser assaltado; ser assaltado e baleado; assaltado, baleado e morto.

Existem os medos de pouca magnitude — ser demitido; ser demitido e ficar desempregado; ser demitido, ficar desempregado e ser despejado de casa.

Esse sentimento potencializa-se facilmente, seja com uma criança que se assusta com as sombras de seu quarto, seja com o adulto que enfrenta as mazelas desta vida, seja com o idoso que enfrenta os descasos da família e da sociedade.

Desejo a todos os leitores que desfrutem deste livro, recheado de personagens imaginários e casos fictícios. Todavia, antes de iniciarem a leitura, lembrem: estes são contos que não devemos ler à noite!

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Rodrigo Soares Capela

I

Durante longas horas, ficava parado, encarando o mar; repetidas tardes e incontáveis noites eram testemunhas da sua vigília. Com os pés descalços, enfiados na areia úmida da praia, o velho marinheiro enfrentava seus demônios interiores, em silêncio e quase imóvel. Apenas se afastava conforme as ondas avançavam. Não lhe era permitido tocar a água do mar. A neta vinha buscá-lo sempre que o negrume da noite ocupava a praia.

— Vamos, vovô. Sua sopinha de peixe já está na mesa.

Era uma menina adorável! Tinha pele morena graças à bondade do sol tropical; cabelos castanhos, cacheados e olhos azuis que hipnotizavam os homens. E Esses foram motivo de discussão entre os moradores da vila de pescadores; ninguém sabia explicar de onde vieram, pois na família não havia olhos em tons claros. Porém, não se ousava colocar a reputação da mãe da garotinha em questão; ninguém falaria mal de uma mulher honrada como Joana, principalmente depois de sua morte horrenda.

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