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Comunicação, instituição e sociedade



Organizadoras

Rosália Aparecida da Silva, Viviane Cristina Camelo e Solimária Pereira de Lima

Comunicação, instituição e sociedade Autores

Daniel Faria Esteves Elisângela de Carvalho Franco Famir Apontes

Iza Reis Gomes-Ortiz Janaina Ferri Candéa Mara Felippe

São Paulo 2017


Copyright © 2017 by Editora Baraúna SE Ltda

Capa

Débora Neves

Projeto gráfico Editora Baraúna Revisão

Adriane Gozzo

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________

Impresso no Brasil Printed in Brazil

DIREITOS CEDIDOS PARA ESTA EDIÇÃO À EDITORA BARAÚNA www.EditoraBarauna.com.br

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PREFÁCIO Aqui está um desafio digno de aplausos. Quando um grupo de pesquisadores resolve escrever um livro relatando suas experiências, ganham todos, mas principalmente a Instituição (IFRO) de Rondônia e a sociedade de um modo geral. Mais que debater a comunicação, os autores propõem-se a submeter a críticas o que pensam a respeito de Comunicação, Sociedade e Cultura. Cada capítulo do livro apresenta um novo desafio, colocando o leitor a par dos resultados dos estudos a respeito do tema, ao mesmo tempo que o convida para a reflexão. Seja quando trata de aspectos legais como a importância da transparência na gestão pública federal, garantindo a democracia e a lisura nas atividades administrativas e educacionais, ou quando aborda um projeto gráfico da campanha institucional “Pinte o nosso mundo com as cores da gentileza”, destacando pequenas ações de cortesia. Além disso, o livro trata de assuntos mais voltados para as questões educacionais, como, por exemplo, as TICs e o Livro Didático, mostrando a importância das “ferramentas” utilizadas em sala de aula, das mídias digitais, da escrita hipertextual, do ciberespaço e do


surgimento de um novo leitor que desperta para a necessidade de reflexão sobre a formação docente. Se em Kant não há experiência sem espaço, os espaços virtuais surgem como a experiência em si, pois eles são gerados à medida que são manipulados, experimentados. As redes sociais eletrônicas convidam à produção de identidades fakes: fazer-se passar por outro, criar codinomes e pseudônimos, inserir falsas imagens de si, criando comunidades. É por isso que “o paradigma na era digital, na sociedade de informação, enseja uma prática docente assentada na construção individual e coletiva do conhecimento”. (PIERRE LÉVY, 1999). Interagindo com diversas comunidades, os sujeitos do espaço do saber são ao mesmo tempo singulares, múltiplos, nômades e em vias de metamorfose (ou de aprendizado) permanente. Passamos do cogito cartesiano ao cogitamus. (LÉVY, 1998). Assim, a inclusão digital ou infoinclusão é a democratização do acesso às novas tecnologias da comunicação, de forma “igualitária”, minimizando o movimento maior de exclusão social. Inclusão digital é também simplificar a sua rotina diária, maximizar o tempo e as suas potencialidades. Um dos maiores desafios impostos pelas atuais tendências globais, visto que o problema está além da utilização da nova linguagem. Trata-se da superação das limitações humanas por meio da tecnologia. Para tanto, é preciso proporcionar, não só o computador, mas também acesso à rede e domínio das ferramentas.


O local e o global não ficaram de fora do livro. Temas atuais que são discutidos no mundo todo em função da necessidade de produção de conhecimento que aproxime o que é local do que é global. Na Pós-Modernidade, os grupos “silenciados” ganham “vozes” para narrarem a história sob suas óticas. É o local sobrepondo-se ao global ou, como bem disse Leon Tolstoi, “Se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia”. É uma forma de pensar as seguintes questões: O que eu significo? O que eu represento para a minha comunidade? Como a identidade cultural não pode ser única, uma vez que a diversidade cultural é global e o deslocamento identitário cultural é constante, resta a resistência aos discursos hegemônicos inerentes ao poder colonial. O termo “aldeia global” faz referência a algo pequeno, onde todas as coisas estão próximas umas das outras e remete à ideia de que a integração mundial no meio técnico-informacional tornou o planeta metaforicamente menor. Isso tudo tem a ver com o fato de que nosso mundo fluido exige que as identidades não sejam permanentes “é porque somos incessantemente forçados a torcer e moldar as nossas identidades, sem ser permitido que nos fixemos a uma delas, mesmo querendo, que instrumentos eletrônicos nos são acessíveis e tendem a ser entusiasticamente adotados por milhões”. (BAUMAN, 2005, p. 96-97). Sabemos todos que o conhecimento e o saber se renovam do choque das culturas. Por isso a miscigenação de povos, culturas, valores, gostos, credos em to-


dos os quatro cantos do globo possibilitam uma outra globalização. Essa é a que queremos para a educação: preocupar mais com a essência do ser humano e seu verdadeiro papel aqui no globo. Nair Ferreira Gurgel do Amaral1

1 Doutora em Linguística com Pós-Doutorado em Educação. Professora da UNIR/RO.


APRESENTAÇÃO Neste ensaio, está o resultado do desafio lançado aos servidores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO), integrantes do Grupo de Pesquisa em Educação, Filosofia e Tecnologias (GET/IFRO), para debater a comunicação e suas ligações com as unidades educacionais recém-estruturadas pelo Governo Federal e que deram origem aos IFs, dentro e fora de seus muros. E assim foi estruturado o livro, com a primeira parte envolvendo Comunicação e Instituição e, na sequência, textos sobre Comunicação e Sociedade. A proposta nasceu inicialmente de reunião ordinária do GET, em que cada linha de pesquisa teria como meta buscar publicações. É importante frisar a liderança de Rosa Martins, doutoranda em Geografia e grande incentivadora para os demais pesquisadores do grupo. Aliado a este objetivo, a Assessoria de Comunicação e Eventos (ASCOM/ IFRO) também lançou proposta, que se conciliou com os anseios da Linha de Pesquisa 3: Educação, Sociedade e Cultura de se ampliar o acesso ao debate público sobre processos comunicativos. No artigo de abertura, a pedagoga do campus Ariquemes, Elisângela Franco, escreve sobre A Lei de


Acesso à Informação no âmbito dos Institutos Federais: a importância da transparência da gestão pública federal. O artigo objetivou analisar a lei quanto à finalidade e os principais aspectos no âmbito dos institutos, bem como sua importância na transparência dos dados na gestão pública administrativa federal. Como técnica de pesquisa adotou-se uma abordagem qualitativa, utilizando-se o método de revisão bibliográfica e pesquisa documental. Os resultados demonstraram que ao longo dos tempos ocorreu um avanço na efetivação do direito ao acesso à informação. Isso se deve pela relevância que tem a Administração Pública na gestão dos dados e na transparência dos atos públicos. No âmbito da administração nos Institutos Federais as informações têm sido amplamente divulgadas e disponibilizadas ao público através de seus sites e nos próprios campi e reitorias. Entre os aspectos relevantes, observa-se que houve melhoria no uso das tecnologias da informação e de comunicação como facilitadores do acesso às informações públicas no contexto institucional. Portanto, conclui-se que a importância do acesso claro e transparente às informações públicas no âmbito dos Institutos Federais é garantia de democracia e lisura nas atividades administrativas e educacionais, buscando o fortalecimento da Administração Pública Federal. O segundo capítulo é de autoria do jornalista Daniel Esteves, do Instituto Federal do Acre (IFAC), que iniciou seu artigo com o seguinte questionamento: Assessoria ou Diretoria? Uma nova perspectiva para


a comunicação da rede federal de educação profissional, científica e tecnológica. Esse trabalho analisa a atuação da comunicação social nas instituições pertencentes à Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, cuja administração descentralizada tem mudado os hábitos das tradicionais assessorias de comunicação. Apesar de ter sido criada há pouco mais de cinco anos, a Rede Federal é composta por unidades de ensino fundadas no início do século passado. Para atingir a uniformização necessária à rede, as antigas escolas técnicas vêm se adaptando para padronizar seus modelos de comunicação com as inovações propostas. O presente trabalho busca, a partir de leituras de pensadores e teóricos da comunicação focados nas áreas de assessoria e de gestão pública, analisar os conceitos de Comunicação Pública aplicados às áreas e identificar os novos padrões que foram implementados nas instituições pesquisadas, que contribuíram para a alteração da definição de Assessoria de Comunicação para Diretoria de Comunicação. A três mãos, as comunicadoras Rosália Silva, Janaina Saldanha e Viviane Camelo exploraram o tema Comunicação e gestão da informação nos institutos federais: consulta via Lei de Acesso à Informação nas unidades do Norte e Centro-Oeste. O texto traz um panorama geral sobre a comunicação e o trabalho desenvolvido pelas assessorias de comunicação, com destaque para a estrutura das ASCOMs das regiões Norte e Centro-Oeste, em que estão localizados doze Institutos Federais. Nestas instituições (reitorias e cam-


pi) trabalhavam 11.585 servidores em junho de 2014. A solicitação de informação sobre as ASCOMs foi realizada via Lei de Acesso à Informação (LAI), obtendo resposta de onze dos Institutos, da qual é possível visualizar a estrutura das assessorias e as áreas profissionais que dela fazem parte. Fechando a primeira parte do livro, Janaina Saldanha faz proposição sobre Comunicação Interna: projeto gráfico da campanha institucional “Pinte o nosso mundo com as cores da gentileza”. Este artigo apresenta o Projeto de Comunicação Interna do Instituto Federal de Rondônia destinado ao público interno da Instituição. O Projeto Gentileza visa atingir, em uma primeira etapa, ao público-alvo – servidores técnico-administrativos, professores e alunos do Instituto Federal de Rondônia. As ações desenvolvidas têm o objetivo de criar um envolvimento com a Instituição e uma imagem sólida perante seu público. E ainda estabelecer um vínculo de confiança e fidelidade, fortalecendo a missão proposta pelo IFRO. A campanha do Projeto Gentileza é baseada em destacar pequenas ações de cortesia no ambiente corporativo, que tem o poder transformador de fazer o dia a dia mais feliz e produtivo. No capítulo inicial da segunda parte, a técnica em assuntos educacionais, Solimária Lima, aborda As Tecnologias da Informação e Comunicação – TICs e o Livro Didático. O livro didático é um importante instrumento utilizado por todos os professores no contexto escolar. Buscando a origem do livro,


remontamos o período de seu surgimento, quando passa a ser utilizado como instrumento de auxílio à aprendizagem para os alunos e professores. Com o decorrer do tempo e o advento das TICs, propõe-se uma reflexão sobre o novo papel do livro didático e de que forma a escola vai se readequar para abranger essas novas tecnologias em seu cotidiano. Indiscutivelmente, as novas tecnologias estão cada vez mais presentes em todos os ramos da sociedade, incluindo-se a educação, e o livro didático digital é prova disso. Discutiremos como a escolar se adequará aos novos tempos de modernidade através das mudanças em suas práticas pedagógicas. O segundo capítulo, a jornalista Mara Felippe traz para o livro Leituras e leitores em tempos de internet e mídias digitais. O mundo da escrita hipertextual é o da superabundância textual, cuja oferta ultrapassa a capacidade de apropriação dos leitores. O surgimento de um tipo de leitor, o imersivo, que aprende e atua na rede informática, desperta a necessidade de reflexão sobre a sua própria formação e como isso interfere no aprendizado. É preciso entender algumas diferenças entre a leitura tradicional feita no livro impresso e na tela e suas diferenças procedimentais que envolvem conceitos como interatividade, velocidade, hipertextualidade, entre outros. O artigo proposto visa discutir a formação do leitor que navega no ciberespaço e demonstra perfis diferenciados, que precisam ser descritos e analisados, a fim de traçar estratégias eficazes para o aprendizado.


Para finalizar, o debate se volta para o lado sociológico, com Iza Ortiz e Famir Apontes discorrendo sobre O local e o global: a necessidade de comunicação entre as sociedades para uma produção de conhecimento, em que se pretende apresentar algumas aproximações entre as teorias do sociólogo Karl Mannheim e Boaventura Souza, na tentativa de analisar a produção da moçambicana Noémia de Sousa e demonstrar a necessidade de comunicação entre as sociedades locais e globais. Far-se-á uma exposição das linhas gerais da Sociologia do Conhecimento, na visão de Mannheim, visando demonstrar sua preocupação com o discurso social, com as relações sociais que fazem parte dos pressupostos da Ciência considerada única e hegemônica. Mannheim discute a inserção da abordagem qualitativa, questionando a supremacia da quantitativa. E Boaventura questiona e sugere a inserção dos contextos locais, não apenas o que é determinado como global ou universal, mas a inclusão das sociedades coloniais nos pressupostos das ciências sociais. E através destas sociologias analisar a produção da escritora moçambicana Noémia de Sousa como conhecimento crível, presente e visível para os discursos oficiais.

As organizadoras: Rosália Silva Viviane Camelo Solimária Lima


SUMÁRIO PARTE 1 – COMUNICAÇÃO E INSTITUIÇÃO A lei de acesso à informação (LAI) na administração pública Federal: A transparência da gestão no àmbito dos institutos federais 17 Assessoria ou diretoria? Uma nova perspectiva para a comunicação da rede federal de educação profissional, científica e tecnológica. 41 Comunicação e gestão da informação nos institutos federais: consulta via lei de acesso à informação nas unidades do norte e centro-oeste 61 Comunicação interna: projeto gráfico da campanha Iinstitucional “pinte o nosso mundo com as cores da gentileza” 93 PARTE 2 – COMUNICAÇÃO E SOCIEDADE As tecnologias da informação e comunicação – TICs E O LIVRO DIDÁTICO 113 LEITURAS E LEITORES EM TEMPOS DE INTERNET E MÍDIAS DIGITAIS 129


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