De zurique a amazonia 15

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De Zurique Ă AmazĂ´nia Sombras do Nazismo na Floresta



São Paulo 2017


Copyright © 2017 by Editora Baraúna SE Ltda

Capa

Bruno Ferreira Xavier

Diagramação

Editora Baraúna

Revisão

Mariana M. Benicá

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ ________________________________________________________________ B763d Botelho, Jeferson De Zurique à Amazônia: sombras do Nazismo na floresta / Jeferson Botelho. - 1. ed. - São Paulo : Baraúna, 2016. ISBN: 978-85-4370-739-6 1. Nazismo - Ficção brasileira. 2. Ficção brasileira. I. Título. 16-38421

CDD: 869.93 CDU: 821.134.3(81)-3

________________________________________________________________ 07/12/2016 09/12/2016 Impresso no Brasil Printed in Brazil

DIREITOS CEDIDOS PARA ESTA EDIÇÃO À EDITORA BARAÚNA www.EditoraBarauna.com.br

Rua da Quitanda, 139 – 3º andar CEP 01012-010 – Centro – São Paulo - SP Tel.: 11 3167.4261 www.EditoraBarauna.com.br


Laís e Heloísa Fleming



Agradecimentos

Dedico esta obra aos meus avós, João e Anésia Antunes (in memoriam); à minha mãe, Zilda Antunes (in memoriam); às minhas filhas, Laís e Heloísa Fleming, e à Phaedra.



Sumário 1 – Um Estranho Paciente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 2 – U-Boot 639K. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 3 – Entrando no Grande Rio. . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 4 – A Pirâmide Oculta. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 5 – O Abismo da Morte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46 6 – Eine Reise Zurück in der Zeit? (Uma Viagem de Volta no Tempo?) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 7 – Restos de uma Nave Espacial . . . . . . . . . . . . . . 75 8 – A Morte de um Lobo do Mar . . . . . . . . . . . . . . 89 9 – Conhecendo Akiri . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98 10 – Um Submarino na Floresta . . . . . . . . . . . . . . 109 11 – Retorno à Zurique . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118 12 – América. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131 13 – Na Base Secreta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145 14 – De Volta à Zurique . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151



1 – Um Estranho Paciente

Agosto de 2001, tarde fria e nublada em Zurique, Suíça. Michael Cromwell, um jornalista inglês de 31 anos que escrevia para vários jornais, foi visitar um antigo paciente internado em um hospital psiquiátrico, pois chegaram até suas mãos alguns papéis com fragmentos de uma escrita aparentemente indecifrável com estranhas histórias envolvendo o paciente. Tais papéis foram entregues pelo vizinho dele, o senhor Svens, que trabalhava na manutenção do hospital. Cromwell entrou em contato com o diretor e médico do hospital e, depois de muito insistir, conseguiu permissão para visitar o incógnito paciente. Entretanto, a pretensa visita deveria ser breve, pois o interno tinha idade avançada, apresentava constantes delírios e recebia doses diárias de medicamentos psicotrópicos. Cromwell compreendeu perfeitamente a imposição do diretor, agradeceu-o e se dirigiu para o sexto andar, onde ficava o quarto do paciente, acompanhado por um enfermeiro. Ao adentrar, encontrou um se11


nhor bastante idoso, pálido e de olhos azuis ouvindo uma música clássica em um tom baixo. O jornalista percebeu que havia uma grande quantidade de papéis rabiscados por todo canto e que, sobre uma pequena escrivaninha, havia um modelo de um submarino alemão e um antigo quepe de oficial da marinha. Tratava-se do senhor Klotz, ou melhor, do Capitão Hans Acker Klotz, de 91 anos de idade, que se encontrava deitado em seu leito, escrevendo sobre uma prancheta. Em um primeiro momento, Klotz ignorou a presença de Cromwell, que logo se identificou: – Boa tarde, senhor Klotz! O meu nome é Cromwell, sou jornalista e gostaria de conversar com o senhor sobre suas estórias e compreender os seus escritos um tanto diferentes, como estes aqui, que eu trago comigo. Klotz parou de escrever e olhou fixamente para Cromwell, com um olhar bem severo, e disse, com uma voz rouca e em um inglês carregado de sotaque alemão: – Nein (Não) são estórias, são histórias, e verdadeiras. – Verdadeiras? Quanto? Klotz voltou a escrever e ficou em silêncio, ignorando novamente a presença de Cromwell, que, sem jeito, ainda insistiu novamente com Klotz. – Senhor Klotz? Capitão? Estou aqui para ouvi-lo. – Ouvir a mim? Ninguém acredita em mim! É uma pena, pois meu tempo está se esvaindo! Klotz teve um forte acesso de tosse por alguns segundos, repetidas vezes. 12


– Posso me sentar, senhor Klotz? Quero compreender o que significam estes escritos tão diferentes que o senhor escreveu. – O herr (senhor) não acreditaria, pois ninguém nunca acreditou. É por este motivo que estou confinado neste quarto há anos e todos acham simplesmente que estou louco. – O senhor ainda tem parentes vivos, senhor Klotz? – Tenho uma irmã, cunhado e dois sobrinhos que há muito tempo não me visitam. – O senhor veio para cá após a guerra? – Mais ou menos. Já que o herr quer me ouvir... – Por favor, capitão! – Tudo começou quando assumi o comando como capitão do meu terceiro submarino. – Como assim? – Bitte (Por favor), antes, desligue a vitrola para podermos conversar. Eu gosto de ouvir música, pois ajuda a acalmar minhas fortes dores de cabeça que foram herdadas da história que vou contar a você. Cromwell atendeu rapidamente ao pedido de Klotz e percebeu que era um disco da 5ª Sinfonia de Mahler, algo tenso com ritmos variados. Klotz começou a murmurar, recostou-se na cama, bebeu um pouco de água e começou a divagar em suas memórias.

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2 – U-Boot 639K

– Era verão de 1943 e, como disse, assumi pela primeira vez o comando do submarino U-Boot 639K, da Classe IXC. – O meu pai serviu como oficial na Normandia, mas eu não entendo nada de submarinos. – É parecido com aquele modelo sobre a escrivaninha, que ganhei de um amigo há muitos anos e que infelizmente já morreu. A classe tipo IXC envolve submarinos de longo alcance e que serviram à poderosa Kriegsmarine. – A Kriegsmarine? – A Marinha de Guerra do Reich. – Certo. – Os IXCs eram submarinos que possuíam grande capacidade de armazenamento de combustível, possibilitando maior autonomia à embarcação para longas viagens. Tinham autonomia de 13.450 milhas ou 24.480 km, com deslocamento de 10 nós ou 18,5 km/h na superfície e 4,0 nós ou 7,4 km/h quando submerso. – E qual a profundidade que atingiam? 14


– 230 metros de profundidade facilmente. – Bastante para a época. – Antes de zarparmos, recebi as últimas instruções do comando para encontrar outro submarino de mesma classe, o U-599, em um ponto do Atlântico, precisamente nas coordenadas 6º de latitude sul e 31º de longitude oeste. – O senhor ainda se lembra dos números das coordenadas depois de tantos anos? – Sim, lembro-me muito bem, pois partíramos do grande porto de Hamburgo, na Alemanha, em uma manhã chuvosa em direção ao Atlântico Sul. – Este tipo de ordem do comando era comum? Era rotina? – Em certos casos sim, são até compreensíveis, mas confesso que estranhei, pois tive um péssimo pressentimento diante das ordens que recebi e cheguei até a questioná-las. – O que o senhor disse aos superiores? – Fui repreendido de imediato pelo meu superior direto, que simplesmente mandou cumprir as ordens sem questioná-las, o que acatei. Em seguida, despedi-me. – O senhor não desconfiava de nada? – Achei muito estranho. – E quanto à tripulação, o senhor os conhecia? Já havia navegado com os marinheiros sob o seu comando em outras missões? – Sim, com seis deles. – O senhor sempre teve o controle da tripulação, conseguia ter pleno domínio hierárquico sobre eles diante das situações de perigo e conflito? 15


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