Dragutã
Submissão
J a í z a
S â m m a r a
Dragutã
Submissão
São Paulo 2014
Copyright © 2014 by Editora Baraúna SE Ltda Capa Adriana Brazil Diagramação Felippe Scagion Revisão Mariana M. Benicá
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ Impresso no Brasil Printed in Brazil DIREITOS CEDIDOS PARA ESTA EDIÇÃO À EDITORA BARAÚNA www.EditoraBarauna.com.br
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Notas da autora Quando comecei a escrever Dragutã, eu não tinha ideia de que a minha história fosse tornar-se tão grande. Seria apenas um conto sobre uma moça má que é seduzida por um rapaz mau e transformada em vampira. Porém, as histórias foram aparecendo e eu fui literalmente puxada pela mão para escrever o mundo de Stoyna Dragutã e seus dramas. Com relação à Alexandru, eu quis que ele fosse odiado, mas confesso que até eu mesma, muitas vezes, vi-me envolvida por ele... Assim como outras histórias que eu já tinha escrito, eu não tinha a intenção de publicar Dragutã, pois tinha certo receio do que as pessoas falariam sobre o meu livro. Assim, a priori, Dragutã seria apenas mais uma história encerrada no meu computador, sem pretensões de ser lida até mesmo pelas pessoas mais próximas a mim. Contudo, seria uma história que eu gostaria muito de ter lido, já que sou amante da leitura. Durante o tempo em que estive a escrever, resolvi agregar lugares que nunca conheci e culturas que me fascinavam, tornando o meu livro não somente mais um livro sobre vampiros, mas uma verdadeira viagem. Muitos me perguntam como consegui escrever sobre lugares que jamais vi pessoalmente. Respondo que deixei a minha imaginação fluir apenas vendo fotos de determinados lugares.
Hoje posso afirmar que me sinto lisonjeada quando os meus leitores me abordam pessoalmente ou me encontram nas redes sociais para falar de Dragutã. E posso concluir de forma categórica que Dragutã não é mais meu, ele pertence a todos vocês que se dispuseram a, juntos comigo, embarcar nessa viagem... O meu sincero agradecimento.
Agradecimentos especiais Primeiramente e, de forma óbvia, a Deus, pois acredito que escrever é um dom e, graças a essa dádiva que me fora concedida por Ele, consegui pôr em prática um sonho que sempre tive, desde criança. Aos meus pais, Luiza e Jarbas, por me ajudarem na consecução desse sonho e até mesmo pelas críticas... A toda a minha família e amigos que estiveram presentes me prestigiando e dando forças para continuar o meu trabalho. Não citarei nomes, pelo receio de ser injusta e acabar esquecendo alguém, mas saibam que todos vocês estão guardados em meu coração. À Editora Baraúna, por concretizar o sonho de ver a minha obra publicada. À Adriana Brasil, minha querida capista! Tenho a certeza de que a capa feita por você foi um dos segredos do sucesso do meu livro. Dizem que não devemos julgar o livro pela capa, mas, no nosso caso, como somos escritoras, sabemos que uma bela capa é imprescindível para chamar a atenção dos leitores! Mais uma vez agradeço às minhas bandas e cantores favoritos, em especial Evanescence, Loreenna Mckennitt e
Within Temptation. Sem as suas músicas, este livro não teria continuação, pois foi através das letras e canções que imaginei como seriam determinados lugares e também como reagiriam os personagens diante de certas situações. E finalmente, a todos os meus leitores, que sempre me buscam, seja pessoalmente ou pelas redes sociais. Vocês não imaginam como fico feliz com os comentários sobre Dragutã. Anima-me muito saber que vocês se identificaram com algum personagem ou sentem raiva de outros... É essa a intenção de um escritor: despertar a emoção nos leitores, e espero que eu realmente esteja cumprindo a minha! Muito obrigada mesmo!
A arte da guerra ĂŠ a arte do engano Su Tzu (A Arte da Guerra)
Capítulo XVIII O Clã Após a transformação de Izabelle resolvemos partir de Paris, pois tínhamos a certeza de que todos notariam as diferenças na antiga Condessa de Launay, agora Duquesa Vladu. Em poucos dias, toda a nossa mudança estava arrumada. Porém, Paulo repentinamente havia sumido. — Stoyna, onde está Paulo? Não o vejo desde ontem... — Perguntou-me Lawrence. — Não faço a mínima ideia. Eu o vi antes da minha saída noturna, e não me recordo de tê-lo visto depois que retornei. — Todas as nossas coisas estão arrumadas para a viagem. Já estamos prontos para partir. Só está faltando ele... Preocupados com o sumiço de Paulo, passamos um dia inteiro procurando por ele em Paris e seus arredores, mas não o encontramos. Cansados de procurá-lo sem êxito, resolvemos partir e deixar uma mensagem para ele. Porém, quando estávamos prestes a sair do nosso castelo, Paulo reapareceu. — Vocês estavam indo embora sem mim? — Ele perguntou eufórico. — Claro que sim! Você sabia que estávamos de partida — Respondeu Lawrence laconicamente. — Mas eu tive um bom motivo para me ausentar... Dragutã - Submissão 11
— Se eu soubesse que você iria demorar tanto, eu teria dado um jeito de reencontrar Jaqueline. Talvez ela ficasse estarrecida com a minha nova fisionomia, mas eu queria muito me despedir dela... — Disse Izabelle chorosamente. — Poderia ao menos ter avisado que iria demorar, para que não nos preocupássemos! — Completei, em tom de bronca. — Será que vocês podem me deixar falar? Que eu saiba, todos têm direito à defesa! — Então pode começar! — Eu disse, cortando-o. — Bom, passei quatrocentos anos servindo à sua família, Lawrence, e creio que em todo esse tempo, eu nunca o desapontei... Aceitei o encargo, sabendo que seria muito complicado. Não é fácil a imortalidade. Por muito tempo imaginei que permaneceria sozinho para todo o sempre... — Mas você não está sozinho! Você tem a nós! — Eu sei, Stoyna. Mas eu precisava de alguém a mais na minha imensa vida e creio que eu tenha encontrado. Nunca pensei que isso iria acontecer e, realmente, eu não esperava que fosse encontrar essa pessoa tão especial. Eu, Lawrence e Izabelle entreolhamo-nos, boquiabertos. — Como assim, quer dizer que você encontrou uma companheira? — Sim, Stoyna! Por favor, venha até nós... Olhamos para trás e não acreditamos na aparição. Era Jaqueline. Ele a havia transformado numa vampira, e agora ela também era uma de nós. Izabelle sorriu e correu para abraçar Jaqueline. Aproximei-me de Paulo e também o abracei. — Desde o dia do casamento de Lawrence e Izabelle percebi que havia algo a mais entre vocês... — Engana-se, menina! Mesmo antes do casamento nós já conversávamos!
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— Realmente, devo andar muito aérea a ponto de não perceber as coisas que acontecem ao meu redor... — Isso se chama discrição! E no meu caso, também precaução! Sorrimos juntos e também fui ao encontro de Jaqueline. Ela também havia se modificado. Passou a deixar solto o seu cabelo negro, o que a tornou mais jovem do que outrora. Sua pele, morena, tornou-se pálida, igualmente a nossa, e seus olhos castanhos obtiveram um tom ocre. Analisando a nossa situação, passei a sentir um pouco de receio, pois Izabelle e Jaqueline eram recém-nascidas e poderiam atacar os humanos ao sentir o seu cheiro. Enquanto Jaqueline e Izabelle conversavam, chamei Lawrence e Paulo num canto e passei a falar-lhes. — Precisamos ir embora o quanto antes. Não sabemos como elas reagirão diante dos humanos. — Você tem razão. E por precaução, devemos passar um tempo isolados, num local onde a presença humana não seja tão frequente — Disse-me Lawrence. — Sabemos que os recém-nascidos ficam incontroláveis diante do cheiro de sangue, por isso preparei-me e trouxe vários litros. Acho que dá para saciar a sede de ambas até que cheguemos a um lugar seguro. — Boa ideia, Paulo! — Eu disse a ele. — Antes de transformar Jaqueline eu já havia pensando em tudo! — Ele nos disse, com ar de esperto. No mesmo dia partimos em direção ao leste da França. A intenção de Lawrence era chegar ao Império Sacro Romano Germânico, onde seu pai havia deixado propriedades em Ratisbona. De início, passaríamos algum tempo na propriedade localizada fora da cidade e, posteriormente, quando as novas vampiras já estivessem mais controladas, mudaríamos Dragutã - Submissão 13
para a cidade. Toda a precaução deveria ser tomada, já que, nessa época, Ratisbona era o centro político do Sacro Império, e com certeza, assim como Paris, lotado de pessoas. Saímos numa grande carruagem que ia lotada com alguns de nossos pertences, pois os demais, como alguns móveis de estimação, roupas e alguns adornos, seguiriam posteriormente com pessoas de confiança de Paulo. Uma das vantagens de ser vampira era que eu não precisava me preocupar com o cansaço da viagem e muito menos com a nossa segurança. Afinal, quem seria louco de atravessar o caminho de cinco vampiros? E desses, dois recém-nascidos, entorpecidos pelo cheiro do sangue humano... No entanto, ao contrário do que pensávamos, as duas vampiras eram bastante conscientes de que não poderiam matar indiscriminadamente para obter alimento. Talvez isso se devesse à educação religiosa que ambas tiveram ao longo da vida e, também, pelo fato de que já haviam sido instruídas antes da transformação. Algo que não ocorrera comigo, por exemplo. Vários dias passaram-se e tivemos que parar próximo a Frankfurt para trocarmos de carruagem e cavalos. Sentindo-me faminta, saí em busca de alimento. Enquanto isso, Lawrence e Paulo ficaram encarregados de trocar o transporte e observar as demais vampiras. No entanto, Paulo saiu para negociar e deixou-as sob os olhares de Lawrence. Repentinamente, este sentiu uma presença estranha e acabou deixando-as sozinhas. Izabelle e Jaqueline saíram da carruagem e, pela primeira vez, passaram a ter contato com humanos, sem estarem sob a nossa fiscalização. Para elas era tudo novo, como se literalmente fosse a primeira vez que observavam o mundo. Diante da grande quantidade de vozes e barulhos, Izabelle levou as mãos aos ouvidos, como se quisesse fazer parar a
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algazarra. Nesse momento, ela ficou transtornada e começou a transformar-se. Seus caninos cresceram e seus olhos tornaram-se amarelados. Ao ver a transformação da outra, Jaqueline ficou estarrecida. Porém, ao invés de transformar-se, conseguiu manter o autocontrole e tentou abraçar Izabelle, que se mantinha descontrolada. Izabelle começava a chamar a atenção das pessoas, não somente pela sua fisionomia vampírica, mas também pelo descontrole, pois à medida que Jaqueline se aproximava dela, Izabelle a repelia, como se fosse um felino prestes a atacar. Após me alimentar, retornei para onde estava a nossa carruagem e percebi que algumas pessoas já se aproximavam do local. Imaginei que algo poderia ter acontecido principalmente com Jaqueline, que era a mais nova das recém-criadas. No entanto, eu estava equivocada, pois o problema era com Izabelle. Sorrateiramente, aproximei-me da carruagem e deparei-me com Izabelle, que estava desequilibrada, e com Jaqueline tentando controlá-la. Olhei para os lados e não vi Lawrence, tampouco Paulo. Eu precisava agir urgentemente, mas não sabia o que fazer. Olhei para os lados e vi algumas bancas com mercadorias. Uma delas continha especiarias da Índia. Entre os cheiros de cravo, canela, pimenta, consegui distinguir um que, mesmo longinquamente, feria o meu olfato: era o alho. Talvez se eu conseguisse aproximar a substância fétida de Izabelle ela voltasse ao normal. Contudo, como eu faria para aproximá-lo dela? Nas poucas vezes em que tive contato com a planta, o alho queimou a minha pele... Porém, eu não tinha tempo. Izabelle começou a investir contra as pessoas que perguntavam o que havia com ela. Eu tinha que agir imediatamente. Assim, com toda a repulsa que o alho me causava, peguei-o rapidamente e levei-o até onde ela Dragutã - Submissão 15