Ensinando xadrez na escola Livro dedicado a educadores que pretendem aplicar xadrez na sala de aula
Danilo Pastoriza
Ensinando xadrez na escola Livro dedicado a educadores que pretendem aplicar xadrez na sala de aula
S達o Paulo 2013
Copyright © 2013 by Editora Baraúna SE Ltda Capa e Projeto Gráfico Aline Benitez Diagramação Thais Santos Revisão Bianca Briones
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ -------------------------------------------------------------------------------P329e Pastoriza, Danilo Ensinando xadrez na escola: livro dedicado a educadores que pretendem aplicar xadrez na sala de aula/ Danilo Pastoriza. — São Paulo: Baraúna, 2012. ISBN 978-85-7923-631-0 1. Xadrez - Estudo e ensino. 2. Esportes escolares. I. Título. 12-8811.
CDD: 794.1 CDU: 794.1
30.11.12 05.12.12 041196 -------------------------------------------------------------------------------Impresso no Brasil Printed in Brazil DIREITOS CEDIDOS PARA ESTA EDIÇÃO À EDITORA BARAÚNA www.EditoraBarauna.com.br Rua da Glória, 246 — 3º andar CEP 01510-000 Liberdade — São Paulo — SP Tel.: 11 3167.4261 www.editorabarauna.com.br
Prefácio Inúmeros estudos demonstram os benefícios do xadrez para todas as faixas etárias: ajuda na memória, melhora a concentração, auxilia no raciocínio lógico, entre tantos outros. Diante de tantos argumentos a favor, é de assustar o quanto o jogo é pouco incentivado nas escolas, pois são raras aquelas que contam com o xadrez na sua grade curricular e, as que contam, fazem de maneira extracurricular e não obrigatória. Vários países utilizam o xadrez como disciplina comum, na Armênia, por exemplo, desde 2011 o xadrez se tornou obrigatório nas escolas para crianças a partir de 6 anos, já na Romênia, além de ser obrigatório, o xadrez é responsável por 33% da nota de matemática. No Brasil, o Estado do Paraná foi pioneiro e implantou o projeto “xadrez nas escolas” na década de 80, em 2003 o MEC (Ministério de Educação e Cultura) levou esse projeto a âmbito federal e busca incentivar o xadrez nos Estados e prefeituras interessadas, mesmo com incentivo, ainda são poucas as escolas onde realmente o xadrez é levado a sério. Por outro lado, caso o xadrez se tornasse obrigatório 5
em toda rede escolar, teríamos pessoas capacitadas para ensinar? Muito se fala em introduzir o xadrez no ambiente escolar, mas o que se nota é que muitos professores têm dificuldade de aplicar esse conteúdo de maneira prazerosa para os alunos ou não tem a didática necessária. Para o ensino do xadrez, não basta apenas ensinarmos as regras, táticas e posições, temos que criar um contexto, relacionar o jogo com aspectos da vida, tornar lúdico o aprendizado. Esse livro tenta fornecer alternativas aos professores que querem apresentar de maneira lúdica e divertida o fascinante mundo do xadrez, e assim, contar com mais uma ferramenta pedagógica.
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Livro A metodologia aplicada nesse livro é a mesma que o autor usa em suas aulas, partindo do princípio que os alunos não tiveram ainda nenhum contato com o xadrez. Nessa fase, o importante é que os alunos se familiarizem com as peças e o movimento de cada uma delas, pois muitas crianças têm dificuldades no início de fixar a movimentação das mesmas. Por isso ao ensinar qualquer fragmento do jogo, são indicados alguns exercícios, para o melhor aproveitamento do que foi ensinado. Algumas dicas para os alunos gravarem a movimentação das peças: Trabalhar com rimas: Nesse exercício, o professor antes de mostrar a movimentação de cada peça (sendo num mural de xadrez, sendo desenhando na lousa, ou qualquer outro método),
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faz uma rima, em que ele diz a primeira parte da frase e os alunos completam em voz alta, esse exercício é de grande valia quando se trabalha com crianças, pois facilita o aprendizado da movimentação. Alguns exemplos (que eu uso nas minhas aulas) Peça
Professor diz
Alunos completam
Peão
Peão Valente
Só anda pra frente
Peão
Peão é mau
Só captura na diagonal
Peão
Peão não tem asa
Só anda uma casa
Torre
A torre reluz
Só anda em cruz
Cavalo
Cavalo que pira
1, 2 e vira
Bispo
O bispo me diz
Só ando em X (xis)
Rainha
A rainha “supermulher” Anda por quiser
Rei
O rei com seu cajado
Anda pra qualquer lado
Rei
Mas o rei é velhinho
Só anda devagarzinho
onde
Rei (Fugir do xeque) O que fazemos pro rei Capturar, cobrir ou não morrer? correr
Pode-se também criar músicas, com base nas músicas que já existem, para a melhor fixação. Exemplos
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Música Original
Música Adaptada
Cai cai balão Cai cai balão Aqui na minha mão Não cai não, não cai não, não cai não Cai na rua do sabão
Vai vai peão Vai vai peão Andando pelo “tabuleirão” Volta não, volta não, volta não Sempre em frente é sua missão
Pirulito que bate bate Pirulito que já bateu Quem gosta de mim é ela Quem gosta dela sou eu
Torre que anda de frente Anda rápido e não reduz Pra lembrar o movimento dela É só fazer o sinal da cruz
Pirulito que bate bate Pirulito que já bateu Quem gosta de mim é ela Quem gosta dela sou eu
Torre que anda de lado Anda pra frente e para atrás Pra lembrar o movimento dela É só fazer o sinal de mais
Pirulito que bate bate Pirulito que já bateu Quem gosta de mim é ela Quem gosta dela sou eu
O bispo anda inclinado O porque ele não diz Pra lembrar o movimento dele Basta desenhar um X
O cravo brigou com a rosa Debaixo de uma sacada O cravo saiu ferido E a rosa despedaçada
A rainha brigou com o rei Por causa de uma jogada A rainha anda todas E o rei anda quase nada
O objetivo desses exercícios em conjunto é a familiarização das crianças com as peças, visando sempre a fixação dos movimentos por parte das crianças. Lembrando que nesse primeiro momento, o objetivo é a criança conhecer todas as peças e sua movimentação e não estratégias de jogo. 9
Tabuleiro
O tabuleiro de xadrez é composto por oito linhas de oito casas, que são de cores claras e escuras alternadamente. As oito linhas de casas horizontais se chamam colunas. As oito linhas de casas verticais se chamam fileiras, e são numeradas como em um jogo de batalha naval, onde cada fileira é identificada por uma letra (a-h) e cada coluna é identificada por um número (1-8). Portanto, o tabuleiro tem 64 casas, que formam 8 fileiras, 8 colunas e 26 diagonais!
Fileira
Coluna 10
Diagonal
Proposta de exercícios º Qual a cor da casa “g3”? • Variante: Depois de o aluno achar a cor e a casa, perguntar qual a coordenada da casa do lado direito (ou acima ou abaixo etc..) • Variante: Perguntar qual a coordenada da casa que fica 3 casas à esquerda (ou à direita ou acima ou na diagonal etc..) º Partindo da casa “a1” e andando apenas pelas casas escuras, quantas casas são necessárias para chegar na casa “h8”? • Variante: Pedir que se anote todas as casas em que se passar. º Partindo da casa “a1” e seguindo pela diagonal até a casa “e5” e depois seguir a diagonal até a casa “b8”,por quantas casa passaram? • Variante: Anotar todas as coordenadas das casas. º Partindo da casa “a1”, quantas casas tenho que passar pra chegar na casa “f8”? 11
• Variante: Passando apenas pelas casas escuras • Variante: Mesmo exercício, sem passar pela casa “g7” • Variante: Anotar as coordenadas das casas º Na coluna “d”, anotar as coordenadas das casas escuras • Variante: Anotar apenas as casas claras • Variante: Fazer esse exercício com determinada fileira. Notação Cada tipo de peça (que não seja um peão) é identificada por uma letra maiúscula, geralmente a primeira letra do nome daquela peça. T – Torre C – Cavalo B – Bispo D – Dama (Rainha) R – Rei Os peões não são indicados por uma letra, mas pela ausência dessa letra - não é necessário para distinguir os peões para jogadas normais, já que os peões podem avançar apenas para frente (capturas são identificadas diferentemente; veja abaixo). Notação para as jogadas Cada jogada é indicada pela letra da peça, mais a coordenada da casa de destino. Por exemplo Be5 (bispo se move para e5), Cf3 (cavalo se move para f3), c5 (peão se move para c5 – sem inicial no caso de jogadas com peão). Quando uma peça faz uma captura, um “x” é colocado entre a inicial e a casa de destino. Por exemplo, Bxe5 (bispo captura a peça em e5). Quando um peão faz uma 12
captura, a coluna da qual o peão partiu é usada no lugar da inicial da peça. Por exemplo, exd5 (peão na coluna “e” captura a peça em d5). Capturas En passant são especificadas pela casa de partida do peão que capturou, e a casa para qual ele se move (não o localização do peão capturado). Jogadas de desambiguação Se duas peças idênticas podem se mover para a mesma casa, a inicial da peça é seguida por: •(1) se ambas as peças estão na mesma linha, a coluna de saída; • (2) se ambas as peças estão na mesma coluna, a linha de saída. Se as peças estão em linhas e colunas diferentes, o método (1) é preferível. Por exemplo, com dois cavalos em g1 e d2, qualquer um dos dois poderia se mover para f3, a jogada é indicada como Cgf3 ou Cdf3, conforme for apropriado. Com dois cavalos em g5 e g1, as jogadas são C5f3 ou C1f3, conforme for apropriado. Como visto acima, um x pode ser usado para indicar uma captura: por exemplo, C5xf3. Talvez seja necessário identificar uma peça de saída com tanto sua coluna quanto linha em configuração incomum (ex.: o jogador tem três rainhas ou três cavalos no tabuleiro). Promoção de peão Se um peão chega à última linha, alcançando a promoção, a peça escolhida é indicada após a jogada, por exemplo e1D, b8B.
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Roque O roque é indicado pela notação especial 0-0 (roque pequeno) para o roque do lado do rei e 0-0-0 (roque grande) para o lado da rainha. Xeque e Xeque-Mate Uma jogada que coloca o rei do oponente em xeque pode ter a notação “+” adicionada. O xeque-mate também pode ser indicado como “#” Fim do jogo A notação 1-0 ao final das jogadas indica que o jogador branco ganhou, 0-1 indica que o preto ganhou, e ½-½ indica um empate. Peão Os peões são organizados da seguinte forma: Os 8 peões brancos na fileira 2 Os 8 peões pretos na fileira 7
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Movimentação: O peão se movimenta apenas para frente, uma casa por vez. (Peão valente só anda pra frente)
Captura O peão captura na diagonal, sempre na direção da base do adversário. (Peão é mau, só captura na diagonal)
Jogadas especiais: Pulo duplo, en passant e promoção Pulo duplo: Na primeira jogada do peão, o peão 15