Guardiões
de Deus A Batalha nos Céus
Rodrigo Cardozo
Guardiões
de Deus A Batalha nos Céus
São Paulo 2011
Copyright © 2011 by Editora Baraúna SE Ltda Capa Rodrigo Cardozo Projeto Gráfico Aline Benitez Revisão Bianca Briones
Priscila Loiola CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ _________________________________________________________________
C266g
Cardozo, Rodrigo Guardiões de Deus : a batalha nos céus / Rodrigo Cardozo. - São Paulo: Baraúna, 2011. Inclui índice ISBN 978-85-7923-394-4 1. Ficção brasileira. I. Título. 11-8260.
CDD: 869.93 CDU: 821.134.3(81)-3
07.12.11 07.12.11
031817
_________________________________________________________________ Impresso no Brasil Printed in Brazil DIREITOS CEDIDOS PARA ESTA EDIÇÃO À EDITORA BARAÚNA www.EditoraBarauna.com.br Rua Januário Miraglia, 88 CEP 04507-020 Vila Nova Conceição - São Paulo - SP Tel.: 11 3167.4261 www.editorabarauna.com.br www.livrariabarauna.com.br
Sumário Agradecimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 Prólogo - O Primeiro sinal... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 O Início... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 Parte I A Passagem... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 A Chegada... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 A Jornada... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69 A Vila dos Escribas... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85 A Profecia... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107 Na Cidade... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135 A Lua de Sangue, 1ª Noite... . . . . . . . . . . . . . . . . . 209 A Lua de Sangue, 2ª Noite... . . . . . . . . . . . . . . . . . 237 A Lua de Sangue, 3ª Noite... . . . . . . . . . . . . . . . . . 285 A Lua de Sangue, 4ª Noite... . . . . . . . . . . . . . . . . . 363 A Aura... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 407 A Lua de Sangue, 5ª Noite... . . . . . . . . . . . . . . . . . 431 O Baile... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 451
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A Realidade... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 475 A Identidade Revelada... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 489 A Seleção... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 495 A Peregrinação... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 517 Parte II Rastros de Destruição... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 519 O Vale da Perdição... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 525 A Comunidade do Sul... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 547 O Povo das Cordilheiras Celestiais... . . . . . . . . . . . . 551 A Invasão ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 571 A Montanha dos Quatro Elementos... . . . . . . . . . . . . . . 575 Na Comunidade... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 601 O Guardião dos Elementos... . . . . . . . . . . . . . . . . . 605 O Encontro... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 623 A Batalha... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 641 O Retorno... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 657 Livro II - Guardiões de Deus A Guerra das Almas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 663
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Agradecimentos Agradeço a Deus por ter me dado à oportunidade de escrever e publicar o livro. A minha família que é meu maior tesouro. Aos meus amigos e também aos meus leitores, os quais muitos se tornaram amigos maravihosos. O meu muito obrigado a todos. Rodrigo Cardozo
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Prólogo O Primeiro sinal... O ar estava estagnado, nem uma única brisa soprava. O correr sempre agitado das águas dos rios experimentava uma calmaria incomum. Os animais emudeceram, como nunca acontecera antes. As ruas estavam desertas, ninguém em sã consciência se atrevia a sair de suas moradas. O silêncio dominava o reino... Na câmara principal, duas poltronas ao centro sobressaiam-se majestosamente às demais, não eram ocupadas havia tempos, em épocas remotas qualquer um gostaria de poder sentar-se sobre seus assentos, eles designavam poder, autoridade e respeito a quem os ocupasse. Hoje, porém, todos queriam distância desses lugares amaldiçoados, sentar-se naquele momento sobre qualquer um deles, significava tomar decisões que afetariam todo o reino e as consequências destas seriam catastróficas. Um pouco mais à frente, outros quatro lugares mereciam destaque, um dos assentos se encontrava vago, nos outros três, expressões assustadas observavam aquele que acabara de se levantar. Com sua posição grandiosa, invocava para si a atenção de todo aglomerado de olhares, sabia o caos que suas palavras causariam, isto já era visto perante a grande agitação dos presentes, antes mesmo de seus lábios pronunciarem qualquer som. 9
Muitos outros lugares comuns formando uma oval finalizam a câmara, desse modo todos os membros podiam se ver. O conselho se encontrava todo reunido. O local estava à mercê das sombras e apenas o branco dos olhos dos participantes se distinguiam. Esperavam que aquela convocação fosse um equívoco, um presságio mal-interpretado, porém em seus íntimos conheciam a realidade e ela se manifestava contrária as suas expectativas. As assembleias do conselho eram sempre para tratar de assuntos de máxima urgência, e dessa vez todos conselheiros e sábios estavam presente, isso já dava um significado todo especial àquela convocação de última hora. A quietude continuava a causar calafrios àquelas faces amedrontadas. Atentos, continuavam a estudar o rosto soberano sempre imponente, ao centro, prestes a falar, iluminado timidamente apenas pela chama do castiçal central, muitos traços de sua fisionomia eram engolidos pela escuridão conforme se movimentava. O silêncio continuava mortal. O tempo custava a passar. Os únicos sons pronunciados naquela noite, e que parecem ecoar no reino todo, finalmente saíram da figura central do círculo. — O profeta esta entre nós! — Sua respiração saiu com dificuldade, antes de prosseguir. — Começou!
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O Início... Vinham dos céus num levante avassalador. Só era possível vê-los nos intervalos dos clarões passando pelas massas gasosas sem resistência. Iam em direção a pontos luminosos ainda distantes, que pareciam formar um mapa gigantesco. A colisão era certa, dada a espantosa velocidade da aproximação. Logo, seus destinos se encontrariam. A chuva caía sem trégua, a tempestade atípica nesta época poderia ser interpretada como mau agouro. A vasta superfície da cúpula da Basílica recebia grande carga d’água, em seu interior porém tudo parecia indiferente ao que ocorria do lado externo. A basílica dispunha de laterais com colunas de mármore brancas, ligadas entre si por arcos ornados com enfeites rústicos entre cada pilar. Vitrais imensos com cores e desenhos diferentes encaixavam-se perfeitamente sobre os arcos. Várias fileiras de bancos vazios acompanhavam a disposição das colunas, veredas os separavam permitindo assim chegar da entrada principal ao conjunto de degraus ao centro sem nenhum obstáculo. O grande altar central se localizava embaixo da cúpula da basílica, feito de pedra calcária branca, estava coberto por uma pequena peça de linho, onde repousavam dois castiçais dourados. A construção já fora palco de grandes celebrações. O livro empoeirado entre os castiçais há tempos intocado, revelava que o local havia muito não era visitado por viva alma. Hoje, porém dois corpos se encontravam em seu interior,
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atrás da pedra retangular, molhados uniam-se num abraço forte e demorado. Ela, com seus cabelos loiros abaixo dos ombros, seus fios lisos eram presos por uma pequena tiara vermelha. Possuía olhos grandes de coloração castanha, cheios de vida, que agora porém, exibiam uma expressão de medo. Os dentes comprimiam seus lábios carnudos, ferindo-os profundamente. Seu vestido branco se estendia até a metade da coxa, a umidade o colava ao corpo e exibia toda sua beldade, uma musa aos olhos alheios. Ele deixava seus cabelos cacheados caírem sobre os olhos negros da cor do ébano, realçando assim seu rosto. Jovem alto e dono de uma estrutura atlética. De fala pausada, porém firme. Todos lhe rendiam elogios — o que não era para menos, pois seus feitos eram aclamados por todo o reino. Para ela, foi amor à primeira vista e logo após o primeiro beijo teve certeza, este era o homem que desejaria ter por toda eternidade. Entretanto neste instante estava tão nervosa que não percebia que suas unhas marcavam as costas do jovem enquanto seu abraço o comprimia para si. Ele sempre estivera ao seu lado apoiando-a, fora seu amparo nos momentos difíceis. — Einar, estou com medo! Vamos embora enquanto podemos. Sua voz trêmula demonstrava os sinais de fraqueza, estava no limite de suas forças, prestes a perder o controle. — Michaela, não podemos desistir agora, chegamos tão longe... — Será que você não percebe que estamos sozinhos nisso! — A voz saíra mais alto do que ela desejara. Vendo-a tão frágil, sua expressão meiga o comoveu, sentiu suas forças revigorarem, lutaria por ela até o fim mesmo que isso lhe custasse a própria vida. — Eu a protegerei! Você e o nosso querido filho. — disse colocando as mãos sobre a barriga saliente dela. — Confie em
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mim. Jacó virá nos encontrar, o grande sábio do conselho se mostrou muito confiante quando soube de sua gravidez. — Einar acariciou-lhe o rosto. -Temos que acreditar! Ele irá nos ajudar... Um trovão cobriu o som das vozes dos jovens...
Jacó andava a passos rápidos pelos corredores escuros, a fraca iluminação dos archotes presos as paredes não lhe permitia ter uma visão plena do local. Ansiava chegar a basílica. A imagem das expressões assustadas de todos quando suas palavras anunciaram “o começo” não lhe saia da memória. “Tudo está perdido? Não! Não pode ser assim...” Tentou afastar os pensamentos ruins que lhe vinham à mente. Não podia perder a fé, não agora. “Ainda há esperança. Ninguém sabe ainda, mas há. Esta criança que esta por vir mudará o rumo da nossa história. Ela será início da mudança. Quem sabe de uma possível união?” O sábio parou por um momento, um odor fétido invadiu o local, seus pés ficaram gelados. Pegou um archote apontando-o para o chão, uma névoa impregnava todo o local. — Mas o que é isto? — Prendeu a respiração. Sua expressão mudou-se rapidamente. –Não pode ser... Quando compreendeu do que se tratava, era tarde. Tossiu perdendo o fôlego, não conseguiu tomá-lo novamente a névoa o havia engolido.
— Michaela, não se preocupe, estou aqui com você. Apertou-a com mais força contra seu peito, fazendo-a sair de seu transe. — Estão contra nós, todos! — Um pequeno soluço a fez parar por um breve momento.
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— Há algo nesta basílica... Posso sentir... — Suas pernas fraquejaram. — Não há nada aqui. — E os Livros Sagrados? — Michaela mudara de assunto como se estivesse falando consigo mesma. Relembrava acontecimentos sinistros ocorridos recentemente. — O que acontecerá se eles caírem em... Não temos saída! Você não percebe! Houve uma época em que a esperança me acompanhava, mas acho que ela me abandonou há muito tempo. Lágrimas escorreram por sua face, enquanto se protegia nos braços de seu amado. — Meu pai tentou me avisar, mas não lhe dei ouvidos. Em sua aflição, parecia poder ouvir as sábias palavras dele. “Fique, minha filha, você não imagina que forças estão envolvidas nesse conflito, não podemos fazer nada. Você não entende. Por favor, não vá.” — Implorou ele. “O senhor é um covarde, meu pai. Se alguém não lutar, jamais sairemos desta condição.” “Somos uma minoria, não seja precipitada... Se for agora, só ira encontrar dor e desespero. Coisas terríveis poderão lhe acontecer. Ainda não é o momento. Fique, eu lhe imploro...” “Se eu não for, talvez este momento nunca chegue. Einar me protegerá! “
A porta bateu com violência quando a jovem saiu, deixando para trás a expressão triste na face do homem de idade avançada. Hoje via que o pai tinha razão, fora muito precipitada em sua escolha e pagava um preço muito alto por isso, mais do que podia suportar. Fez-se o clarão de um raio acompanhado do barulho de
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um trovão. Isso a trouxe para a realidade novamente. — Tudo vai ficar bem, Michaela. — Olhou-a bem fundo nos olhos, com seu sorriso confiante, passou as mãos pelo seu rosto enxugando-lhe as lágrimas. — Só peço que acredite em mim, após esta noite tudo estará terminado, não haverá mais dor ou medo, ficaremos juntos para sempre. — Aproximou seus lábios aos dela, cedendo-lhe um beijo carinhoso. Outro raio rompeu-se perto da Basílica. Um rumor súbito ao fundo foi ouvido por ambos. O jovem guerreiro adiantou-se, entretanto uma mão delicada o deteve. — Não vá! — Você esta tremendo! Acalme-se... Estou aqui para protegê-la. — Fique comigo, sinto algo que jamais senti antes. O medo esta me dominando. É melhor irmos embora. — Não podemos! Deve ser Jacó. Desvencilhando-se dela, contornou o altar, seus passos ecoavam mais baixos à medida que se distanciava da mesa de mármore. Ainda soluçando, ela implorava pela sua desistência. Encostou suas delicadas costas na perna do altar deixando seu corpo escorregar até o chão onde ficou rezando. O jovem caminhava com cuidado em direção a porta dos fundos, a peça de madeira presa por dobradiças não era larga, porém alta. E mesmo com a chuva constante que caía unida aos barulhos regulares dos trovões, os batimentos em seu peito pareciam poder ser ouvidos a distância. Um raio iluminou uma pequena estátua ao lado, o susto que Einar provou foi intenso. O jovem esticou os braços devagar, quando seus dedos se aproximaram do trinco, este virou-se sozinho emitindo um som agudo. Recompôs-se logo da indecisão que o invadira momentaneamente, abriu a porta com determinação. Estava vigilante, o que encontraria no corredor? Entretanto para sua
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