Immortales

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Priscila Loiola CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ _________________________________________________________________

N772i

Norris, Roxane Immortales / Roxane Norris. - São Paulo : Baraúna, 2011.

Inclui índice ISBN 978-85-7923-430-9 1. Ficção brasileira. I. Título.

11-7778.

CDD: 869.93 CDU: 821.134.3(81)-3

18.11.11 23.11.11

031443

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Impresso no Brasil Printed in Brazil DIREITOS CEDIDOS PARA ESTA EDIÇÃO À EDITORA BARAÚNA www.EditoraBarauna.com.br Rua Januário Miraglia, 88 CEP 04507-020 Vila Nova Conceição - São Paulo - SP Tel.: 11 3167.4261 www.editorabarauna.com.br www.livrariabarauna.com.br

Aos meus pais, João Jones e Neyde, que, mesmo ausentes, estão presentes em cada linha, em cada palavra e significado que aprendi em minha vida.

Aos meus filhos, Ighor Augusto e Lucas Augusto, e marido, Augusto Cesar, que perderam muitos minutos de convivência comigo ao longo dessa produção, mas que possuem meu amor incondicional... Sempre!

Ao meu irmão Jones e à cunhada linda, Márcia, porque acreditaram em minha capacidade e inteligência para fazer a diferença nesta história.

Aos meus amigos do MSN, que sempre foram aquelas pegadas na areia quando eu cansava de andar... me carregaram no colo, confiaram em mim, sonharam comigo e estão aqui, desfrutando desta realização! Às duas autoras, que estão presentes nestas linhas, que brindaram à imaginação de nós, leitores, com suas histórias e personagens bem construídos; que me incentivaram a estar aqui: Jane Austen e Matsuri Hino (mangaká maravilhosa!).

Obrigada a você que dedicou seu tempo para ler esta obra; eu só posso esperar que mesmo diante de alguns deslizes, você sonhe... torça, chore, sorria... se emocione.

Boa leitura!

Roxane Norris

Notas Esta é uma obra de ficção; nomes e situações ocasionalmente podem remeter o leitor à realidade histórica, e o farão.

Todavia, apesar dos estudos e da dedicação da autora em ser fiel aos acontecimentos da época, não deve servir como fonte de dados e datas.

Tendo em vista os parâmetros dos livros publicados pelo mundo, a cronologia e narrativa desta obra podem conter, eventualmente, um diferencial. Por favor, esteja atento às mudanças de ponto de vista e personagens durante sua leitura.

Aos menores de dezoito anos, esta não é uma obra recomendada para leitura por conter cenas de violência e sexo.

Salvo supervisão de um responsável.

A autora se exime de qualquer responsabilidade mediante este aviso.

Por haver sempre confrontos de ideias sobre o mito, a autora se reservou o direito de criar sua própria lenda, levando em consideração alguns pontos do original.

Prólogo ab

Não devemos achar que a natureza se comporta de maneira tão diferente nos vários pontos do universo. Há um ciclo que sempre é mantido, quer estejamos perto ou longe de seu centro... A vida é gerada da mesma forma, em qualquer planeta, quer você seja uma planta ou um animal... Pensante ou não. O que é pensamento para você? Eu já me questionei isso milhares de vezes, e até hoje, mesmo depois de tudo o que já vi e senti, ainda o acho complexo demais. Dele surgem nossas memórias, nossas ideias... o conhecimento. Será que você sabe quem é mesmo?

Você está em tudo a sua volta, está relacionado às pessoas, ao solo, à água... Está em mim. Há anos eu vago por essa terra, conheci o início e o meio da sua história. O fim, entretanto, ainda está longe, talvez mais certo do que antes. Quem sabe? Me diga você, depois que ouvir a minha história...

Treze clãs partiram de Sinai há doze mil anos, seus líderes eram homens renegados por suas próprias raízes... Párias da sociedade de seu planeta de origem. Homens que buscavam uma nova terra para habitar... para viver com suas famílias; os Immortales

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nascidos e os que ainda estavam por vir, que hibernaram durante a travessia ao novo mundo. A terra prometida com que seus líderes tanto insuflavam seus olhos, suas mentes. O que tinham a perder? Nada além do que já lhes fora tirado. Eram fortes, numerosos e com alto poder de combate. Venceriam à força, se preciso fosse, para garantir sua sobrevivência. Não havia pressa em chegar, pois seu tempo de vida sempre fora longo. Era assim a vida no universo, antes que eles tomassem o destino de um planeta em suas mãos e se denominassem deuses. Caídos ou não...

O terceiro planeta em distância da estrela brilhante em seu centro, o conhecido Sistema Solar, Gaia. Como era seu nome antes da guerra, o nome dado pelos que nela moravam... A raça que não conhecia o horror, os gritos ou o cheiro da morte. E que lutou, como todo sistema, para se manter de pé, e foi a última a sucumbir, mas não sem antes levar consigo os planos dos invasores. Deitando por terra seu poder de aniquilação, tornando-os fracos e indefesos, assim como aqueles que resistiram a eles, e que foram seus semelhantes um dia. Iguais... Simples mortais de poucos anos de vidas.

E para onde fora a soberba de serem dominadores? Ainda brilha naqueles que não aprenderam com os erros... mas não nos herdeiros dos sete clãs que caíram imaculados na Terra, porque ainda não haviam nascido, não tiveram que se misturar aos da outra espécie e se tornar mortais; sua mutação foi quase nenhuma graças aos que tomaram conta deles... e os esperaram nascer. Os pais de uma raça imortal, que através de uma combinação genética testada em si mesmos, adaptaram os corpos dos que nasceriam, ainda imaculados, ao novo campo magnético do planeta... Eles corriam contra o tempo, ou aqueles teriam o mesmo destino dos outros, mas

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quis a natureza que obtivessem sucesso e eles conseguiram manter os genes dos embriões intocados em sua longevidade, na capacidade de pensamento e telepatia, no domínio total da mente e da natureza, na rapidez de reflexo. Uma experiência bem-sucedida para que não alcançassem seu fim, mas nada é sempre tão perfeito e inexplicavelmente uma anomalia aconteceu... O desenvolvimento de uma sede por sangue, justificado por seus criadores como uma resposta ao metabolismo acelerado de algumas células. O rápido batimento de seu coração e a alta capacidade de funcionamento de seu cérebro eram fatores que exigiam uma quantidade de sangue muito acima do que seu corpo poderia acumular para serem mantidas em sua função.

E os puros, assim denominados os primeiros imortais, se tornaram predadores, criaturas da escuridão que saíam à noite em busca de saciar sua fome com sangue... Os primeiros de nós alimentavam-se da espécie nativa em pequenas doses, como lhes fora ordenado. Sendo rigidamente doutrinados para seguirem essa conduta, até a morte de seus pais, os anciões. Um macho e uma fêmea que levaram o conhecimento da criação de sua espécie consigo, para o esquecimento.

Foi quando o restante dos outros seis clãs impuros elegeu um líder, o mais velho e sábio entre eles, que os procurou e teceu um acordo entre imortais e impuros. Um acordo escuso que feria as leis da nossa natureza, mas que os puros se sentiram na obrigação de acolher; eram irmãos, afinal. Os membros dos seis clãs impuros lhes serviriam de alimento para poderem compartilhar os poderes que tinham. Inocentes de como a natureza de sua espécie se apresentava, os imortais também concluíram que, se tinham a mesma origem, o sangue não lhes faria mal algum e a chance de recuperarem a capacidade da longevidade perdida era quase certa.

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E assim nasceu a raça vampírica... Os mortais que, quando mordidos, tinham seus genes misturados aos dos imortais, como fora pensado... Entretanto, o sangue humano secava em suas veias com uma rapidez ainda maior, absorvido completamente pelas células modificadas na combinação, gerando uma necessidade lancinante por sangue humano que substituísse o seu para manter em funcionamento o corpo mortal, um corpo não mais compatível com ele. Um impuro que se alimenta do humano, pois tem um passado genético em comum. Um meio humano, meio imortal, que nunca se reproduzirá, pois várias funções lhe foram roubadas em troca da eternidade, em troca do tempo extirpado de seu corpo. Vampiros. Um ser exposto à luxúria e à ambição da pior camada de nossa espécie.

Não éramos todos iguais? Sim, tanto eu como você vivíamos mais que um milênio ou três, mas a guerra nunca traz benefícios, e eu conservei esse poder através de uma maldição... a maldição de sangue. E quem estaria, em sã consciência, feliz por viver preso a isso? Nós não tivemos escolha, fomos criados na tentativa de manter vivas meras crianças... Vidas.

Você nunca foi menos do que eu... e eu invejo você por poder decidir seu destino. Eu estou em você e você em mim, somos parte de uma mesma natureza, alterada por aqueles que não tinham o direito de existir...

Eles haviam criado uma nova aberração que fatalmente fugiria ao controle. Uma espécie ainda pior do que nós, pois será que eles teriam a mesma consciência que a nossa? A resposta veio rápido no número de mortes que cobriu a face do planeta que tomamos emprestado como nosso lar, que calou as vozes dos habitantes que não tinham como se defender de nós. A luta que trouxemos às portas deles e nos fez parte da vida desse sistema os tolheram de sua capacidade de reação.

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Eram presas fáceis para aqueles que não sabiam coexistir. O que havíamos criado? Então, nada mais restou aos imortais, senão negar-lhes seu sangue. Sem sangue imortal fatalmente seriam extintos.

Nós acreditamos nisso, empreendemos uma caçada aos que fugiam às regras, mas, mesmo assim, depois de seis mil anos, uma nova luta foi travada por aqueles que buscavam o controle sobre a herança de sangue dos imortais, os vampiros que se mantiveram na escuridão por milênios, alimentando-se de animais ou de si mesmos, esperando o momento de nos confrontar. Não queríamos ser responsáveis por um novo desequilíbrio num mundo que tentava se reerguer entre destroços da primeira batalha, a guerra que deflagramos no passado, que não atingiu seu propósito e não fazia mais sentido. Uma nova consciência chegou tarde demais, quando a miséria de nossos irmãos de sede já aniquilara a existência de muitos de nós e gritavam uma vez mais aos nossos olhos o erro cometido: dar vida ao que nunca deveria ter nascido – um exército de seres famintos, liderados por aqueles sem razão, cujo desejo por poder sobrepujava qualquer moralidade. A falta de consciência que nos havia banido de Sinai presente em cada célula deles, voltando em ondas avassaladoras, um passado sobre nossas cabeças que pensávamos enterrado. E a mão dos imortais verteu sobre suas cabeças, impondo sua força, tornando-se algoz de seus semelhantes, para proteger os humanos que restaram...

Semelhantes no flagelo que era a existência na Terra naqueles dias e dos quais haviam roubado a vida; seu planeta.

A vida desse planeta foi protegida, e os que deviam ser poupados de um novo horror foram defendidos. Os vampiros foram caçados com mais vigor, uma vez mais, mas a praga estava disseminada sobre a terra. Até que o Conselho dos Sete clãs os procurou com um acordo: se aceitassem vi-

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ver sobre as leis dos imortais, teriam um lugar em nossa sociedade. Era uma tentativa desesperada de nossa parte para manter o equilíbrio do planeta, já que havíamos sofrido baixas. Em sua maioria, os vampiros aceitaram, mas impuseram sua presença no Conselho através de um clã eleito por eles, os Hakkinen, a representação dos menos favorecidos, para que os direitos dos vampiros tivessem voz. E assim foi feito, novos tabus e regras foram criados para manter aquela sociedade sob controle... Os que não concordaram foram banidos e advertidos de que seriam eliminados. Assim foram declarados renegados.

Enquanto os humanos se multiplicavam, repovoando sua terra de direito, os imortais caçavam renegados e criavam sua sociedade híbrida com os vampiros. Oito clãs, oito líderes... mas apenas sete famílias que deviam conservar a linhagem dos imortais, jamais modificando seu sangue, não ferindo humanos e casando se possível entre si. Primeiro, irmãos com irmãos, depois na falta destes, entre primos, ou o equilíbrio seria desfeito. O respeito pelas leis e pelo Conselho seria rompido. Um vampiro jamais deveria morder um imortal sem que esse lhe concedesse esse benefício, e ambos não tinham mais o direito de morder humanos. A morte de um imortal seria considerada um crime passível de expulsão, e se seu algoz fosse um vampiro, este se tornaria um renegado. A fome de um imortal por humano era punível com a morte. Leis existem para serem seguidas, cumpridas... burladas e depreciadas.

Nenhuma sociedade é perfeita e mesmo entre nós, vampiros e imortais, havia aqueles que jogavam sujo, que sempre se movimentavam por detrás dos panos, que ainda almejavam o controle tanto dos vampiros, como dos renegados e dos imortais, e que continuavam se alimentando de humanos. Uma vez pária, sempre pária. Essa máxima deve servir para você

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entender quem eles são. O resquício da pior índole de Sinai, que se instalou aqui e que nós devemos pôr fim... assim que os localizarmos. Há milênios nos organizamos para isso e temos mantido um controle sobre suas ações. Contudo, eles estão entre nós, nos sorriem, são nossos amigos... irmãos. Infiltrados no Conselho, manipulando a maior parte de seus membros e, ainda assim, liderando os renegados contra os imortais sem deixar rastros. A caçada recomeçara... silenciosa, em meio a nós mesmos. Os humanos estão a salvo por enquanto, mas se os imortais deixarem de existir, não há promessa de futuro para eles e apenas um grupo dessa espécie sabe disso... Os mais leais aos imortais, que sabem de sua existência e mantêm sua identidade em segredo e nos protegem; pessoas que também não tem rosto, nome, que agem no mundo humano e caçam os renegados, que aceitaram viver no limite para manter sua espécie a salvo... A Sociedade de Órion.

Juntamente com ela, agem os Protettori, guardiões escolhidos a dedo pelos líderes dos sete clãs entre vampiros e imortais, para protegerem suas famílias. Cientes de que são os alvos dessa caçada, os imortais da família principal de cada um dos sete clãs alternaram entre si um período de governo e elegeram o mais velho dentre eles como seu líder... Uma família com o poder de decisão sobre as outras, que seria preservada mais tempo dormindo, e pela qual as outras zelariam em segredo. Sem o conhecimento do Conselho, essa escolha foi feita. O sangue real eleito, o mais puro dos imortais. Essas foram as medidas adotadas pelos líderes dos sete para manter o controle sobre os seus e preservar nossa espécie, apenas a eles e ao chefe dos Protettori foi dado o conhecimento do local de hibernação de cada família principal. No entanto, nós fomos traídos por um membro do Conselho em 1362... no calendário humano. Datas baseadas no que eles chamam de religião e que para mim é quase como um

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