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Intensa da sobriedade ao devaneio

Natasha Vargas Ramos

Intensa da sobriedade ao devaneio

SĂŁo Paulo 2013

Copyright © 2013 by Editora Baraúna SE Ltda Capa Laíse Caldeira Projeto Gráfico Aline Benitez Revisão Bianca Briones

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ ________________________________________________________________ R144i Ramos, Natasha Vargas Intensa da sobriedade ao devaneio/ Natasha Vargas Ramos. - 1. ed. - São Paulo: Baraúna, 2013.

ISBN 978-85-7923-603-7 1. Conto brasileiro. I. Título.

13-03412 CDD: 869.93

CDU: 821.134.3(81)-3 ________________________________________________________________ 30/07/2013 31/07/2013 ________________________________________________________________

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O senti sem tocar Consegui sentir a alma e entender o que passava atrás daqueles olhos, muitas vezes tristes e muitas vezes usando de métodos para disfarçar lágrimas.

Consegui captar a sensibilidade e medos, consegui atravessar a ponte do coração, mas caí na metade.

Mas consegui sentir o calor que o medo transmitia.

Eu achei a sensibilidade no olhar, que poucos enxergam ou entendem.

Consegui tocar na ferida, sem que doesse, enxerguei como ele realmente é.

Vi a alma dele... e do que ele tava precisando e querendo...

Só pela voz de desespero dava para perceber o tanto de carinho que ele queria.

Consegui ver no seu corpo o que a angústia trazia.

Percebi suas mãos trêmulas ao demonstrar sentimentos.

Captei pensamentos, sem que precisasse abrir a boca.

Pelo seu rosto sabia se estava triste, brabo, alegre ou carente.

Pelo seu jeito descobri todas as faces de uma pessoa perdida nela mesma.

E nesse longo vazio perdido do seu próprio

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mundo, acabei afastando as chances de descobri-lo mais ainda.

Essa descoberta estava ótima, queria vê-lo sempre e admirá-lo por sua principal beleza, por ser humano, Acertos, erros e um belíssimo caráter.

Estranho sentir alguém sem tocar e eu senti.

Saudades de ontem eu continuo tendo.

Tenho mais saudades do amanhã que continua na expectativa de chegar.

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Saudade do que foi — Sim, sou dramática.

Queria viver um sonho que hoje não se tornou realidade, queria voltar a ter o conforto que um dia eu senti naqueles braços.

Queria dar a paz que pude dar, Voltar a sentir os braços abertos como se tivesse voando.

Ter a saudade encontrada e matado desejos Abraço sincero e carência que transmitia O novo que parecia velho, porém bom O novo, de novo O verso sincero, a conchinha quentinha, o afago, banhos intermináveis.

Continuar tentado as provas de que nem todo mundo é igual.

Ah! Sinto falta. Sabe?

Queria tudo de novo.

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Lados que lado tem?

Meus olhos já não o enxergavam da mesma maneira a intensidade a qual o transmitia estava diminuindo seu interesse diminuíra e sua paixão retrocedendo seu corpo já não esquentava mais E suas mãos não acariciavam do mesmo modo suas palavras foram diminuindo e a vontade, esvaindo um término sem início ou um início sem meio?

Pelo outro lado os olhos sentiam vontade de expulsar lágrimas o corpo sentia falta do calor e os cabelos, falta das mãos grandes mãos, nas quais sonos foram embalados por elas.

Rápido, precipitado e medroso, esse lado foi doado lembrarás com saudade de belezas expostas, experiências vividas e notas no violão.

Lados, que lado tem?

Lados de uma paixão.

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Sabor da madrugada Uma madrugada é um despertar carregado de nitidez, de sabor, de som, de peso e forma.

Toda vez que uma noite despenca sobre o sol, a serenidade começa a transbordar de dentro para fora de tudo e todos, até seu próprio limiar de trevas, entre a morte do sol e a ressurreição do mesmo, cria-se dentro de nós um universo paralelo que amplifica exterioriza, multiplica todas as faces espelhadas de um dia cinza, calado e insípido.

Nas madrugadas frias e silenciosas, descubro que existem asas. Das quais te ajuda, coloca para cima e te sente sem nem ao menos tocar ou ver seus olhos. Nas madrugadas tediosas, o claro reina no coração, fazendo sentir vivo uma chama. Não de amor, mas de esperança; O sereno, nome dado ao ar da madrugada, invade nosso corpo, nariz e boca, e este mesmo dia sem tom, se transforma numa orquestra turbulenta de sentimentos. Nas madrugadas, aquelas monótonas e vazias, passam a ficar preenchidas. As insônias passam a valer mais a pena. Conversas intermináveis, com asas inacreditáveis. Voar pelo mundo, voar pela mente, imaginar cenas, música tocando e no fundo uma vontade viver e vivenciar. A serenidade e silêncio da noite não deixam se quer se despedir do dia. O

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dia como um todo. A escuridão atravessa uma saudade de algo que nem foi vivido. O medo do escuro inexiste nessa situação, difícil explicar para quem não sente ou teme. A madrugada se faz mágica. De uma única forma de contagiar. A madrugada preenche, sem toque e olhar, mas com intensidade de querer deitar e simplesmente sonhar.

Sonhar um sonho novo, uma vontade, um novo arriscar, um novo viver. Um novo deitar.

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Abra a porta, medo!

— Toc, toc... A paixão quer entrar.

— Mas ela pode desarrumar tudo aqui. Bagunçar meu coreto.

— Apenas abra. Sinta seu coração bater de novo.

Sinta a emoção que ela pode te trazer. É na bagunça que a gente acha o que quer guardar e o que não. Ela pode te ajudar, já pensou?

— Mas e se machucar? — Você só vai saber, se se deixar ser livre de você. Afinal, você ainda tá vivo!

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Eu o conheço e não é sonho!

E parecia mesmo que o conhecia de outros carnavais. Aquele sorriso não era estranho. Já tinha sentido aquela alma e tocado naquele coração.

Pode ser de outras vidas, talvez, ou até mesmo dos meus próprios sonhos.

Aqueles medos aparentes já tinham se revelado nas minhas noites de sono. O toque de suas mãos já tinha aparecido no meu calor.

Não era novo, mas é como se fosse. É estranho, ao mesmo tempo em que conheço, desconheço. Mas não de uma forma ruim, e sim de uma forma completa. Por admirar e me surpreender todos os dias.

Eu não tinha necessidade de tê-lo, mas sim de olhares, daqueles olhares fortes e vibrantes, que me instigariam a acordar cada dia com um novo sorriso. Cada vez mais aberto, sincero e feliz.

Era mais um membro qualquer aparecendo na minha vida? Seria só mais um alguém? Seria só mais uma futura dor?

Não, tenho certeza que não!

Ele andará do lado da protagonista na minha história. Na minha novela ninguém participa se eu

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não quiser, e ele aparecera para tomar conta do set, da autora, protagonista...

E ai de quem contradizer minha versão. É a mais bonita e sincera de todas elas. E no dia que ele me for apresentado como “meu”, não terei mais dúvidas em dizer, que meu mundo brilhará mais do que brilha. Meus olhos falarão mais do que falam, eu sentirei mais do que sinto e nós seremos isso, nós.

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Nua e crua A vida nos prega peças, mas com cada peça a gente vai montado nosso quebra-cabeça.

O meu vem sendo montado a cada dia, cada pecinha, umas foram colocadas erradas, outras estão onde tinham que estar. E ultimamente as peças vêm se encaixando, numa perfeição tão incrível e sublime que parece que as peças também estão “curtindo” estarem ali.

A reciprocidade na nossa vida é o que nos move e motiva a sempre continuar para frente, nunca recuar.

E o melhor de tudo é quando surge alguém, aquele alguém que faz ter certeza que nada acontece por acaso.

Que enche seus olhos de brilho, que enche seu coração de esperança e sua vida de paz.

Há aquele alguém que te mexe de uma forma inexplicável, de uma forma tão doce e tão “alma”, que você não deseja ter fim. Às vezes parece que aqueles olhos precisavam dos seus, como os seus tinham necessidades daqueles. Às vezes parece que seu maior conforto viria de qualquer coisa amável, quando percebe que vem de outro coração pedindo conforto.

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Você sente que aquela pessoa só quer paz e se sente numa obrigação gostosa de fazê-lo sentir essa paz.

Você acha algumas vezes que seu destino era para qualquer coisa, quando aparece alguém que faz sua cabeça girar e pensar tudo completamente diferente, tendo certeza que seu destino é ser feliz, que isso é possível, e que você pode fazer alguém feliz, apenas com a simplicidade das coisas.

O que é simplicidade? É você admirá-lo tocando violão e suspirar por ele ter lembrado a música que você mais gosta e vê-lo se esforçando para sair perfeito. É você admirar cada palavra que ele dá, às vezes até pequena perto da imensidão de experiências e sabedoria que ele tem, do que passa ou demonstra. É você poder mostrar-se nua de sentimentos sem medos, mostrar-se aberta com o coração, aberta com os sentimentos, aberta com a alma, sem receios. Crua das angústias e não querendo tê-las. É você tocá-lo, parecendo que está tocando também sua alma. É você admirar seu sorriso, seu carinho, seu rosto e seu interior cada dia, como se fosse a primeira vez. É você tentar conquistá-lo a cada minuto, cada segundo e se sentir conquistada por cada encontro, cada conversa, cada troca.

Então, com toda essa simplicidade, com seus olhares fortes e ousados a minha frente, eu encaixo cada peça.

Eu invisto em cada momento, eu sorrio por dentro, por pensamento e por fora. E vou vivendo, feliz e vivendo.

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