Meuanjodaguarda 15

Anjo da Meu

Guarda

Honorato Ribeiro dos Santos

Anjo da Meu

Guarda S達o Paulo 2013

Copyright © 2013 by Editora Baraúna SE Ltda Capa e Projeto Gráfico Aline Benitez Revisão Valéria Maria

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ ________________________________________________________________ S235m Santos, Honorato Ribeiro dos Meu anjo da guarda / Honorato Ribeiro dos Santos. - São Paulo : Baraúna, 2013.

ISBN 978-85-7923-656-3 1. Ficção brasileira. I. Título.

13-0291.

CDD: 869.93 CDU: 821.134.3(81)-3

14.01.13 16.01.13 042148 ________________________________________________________________ Impresso no Brasil Printed in Brazil DIREITOS CEDIDOS PARA ESTA EDIÇÃO À EDITORA BARAÚNA www.EditoraBarauna.com.br

Rua da Glória, 246 – 3º andar CEP 01510-000 – Liberdade – São Paulo - SP www.editorabarauna.com.br

Aos leitores:

Este livro, no qual narro a vida do protagonista “Zé de Patrício” [pseudo], não é fictício ou uma história inverossímil; trata-se de um autorretrato. São narrados os acontecimentos no decurso de toda a caminhada por que passei e vivi, além das adversidades de vida. O pseudo Zé de Patrício, ao lado do seu protetor, a quem chama de “Meu Anjo da Guarda”, vive acontecimentos reais e provinciais.

Há personagens reais e fictícias. Cada encontro com o anjo da guarda é verossímil; guardei na memória cada caso, sem ignorar detalhes e acontecimentos que viveu Zé de Patrício.

Usei o personagem como meu pseudônimo; por isso, falo na primeira pessoa — “EU”. Não sei se foi milagre, mas senti a presença real de um ser misterioso, que acredito ter sido meu anjo da guarda, que sempre, nas horas mais difíceis e perigosas, chegava e me valia. Com sua intervenção, impedia que algo ruim acontecesse contra mim nas adversidades. Apareceram pessoas amigas que, em nome ou na imagem do anjo, livraram-me de perigos e até mesmo de ter sido morto.

5

Não sei se os leitores acreditam nesses seres, mas irão crer em pessoas que sempre aparecem para acudir-nos quando precisamos de socorro imediato. Eu afirmo, sem medo de errar: Deus, com Sua misericórdia, por Seu imenso amor a cada um de nós, deu-nos um anjo da guarda. Ele nos protege no nosso caminho e nas adversidades.

Quer creiamos, quer não, os anjos foram feitos por Deus como mensageiros e protetores de cada ser humano.

Talvez os leitores comparem minha história com as suas. Não é coincidência; existem anjos que também nos dão luz para nos guiar. Não é conto da carochinha, tampouco crendice ou superstição. Tudo que escrevi é a pura verdade; aconteceu. Aconteceu deveras, quer creiam, quer não.

Todos têm direito de usar o livre-arbítrio ao opinarem a respeito. Todavia, narro com precisão os acontecimentos. Meu anjo da guarda me guardou e defendeu, encarnado nas pessoas representadas neste conto.

Cada um de nós tem uma história a contar, pois fazemos a História. Nenhum de nós pode dizer o contrário, que não passe por tais dificuldades e perigos. Ninguém é isento de adversidades; mesmo Jesus Cristo teve as Suas, desde a tenra idade, até se entregar à morte na cruz. Eu tenho a minha e a conto com coragem, sem esquecer uma vírgula sequer.

Somos todos peregrinos, andarilhos, nesta estada na Terra. É aqui que a gente constrói, dentro do nosso “EU”, o bem e o mal. Deus nos ampara e envia para todos um anjo da guarda para nos livrar das tentações endemoninhadas, contra os perigos que nos cercam. Quer seja espiritual, quer seja carnal.

6

Ninguém é isento de perigo, na terra e nos ares, viajando de um lugar para outro. Sabemos o destino, mas não temos certeza se chegaremos a ele, ou para onde nos dirigimos. Nenhum passageiro ou tripulante sabia que o Titanic iria se chocar contra um imenso iceberg.

Ninguém sabe o que acontecerá no dia-a-dia enquanto permanece neste planeta. Cada dia é novo, repleto de acontecimentos bons ou ruins. E, nesse ínterim, somos validados pelo nosso anjo da guarda quando passamos por sufoco, e até risco de morrer. Na hora, ao nos livrarmos da morte, sendo socorridos por alguém, levantamos as mãos aos céus, em agradecimento a Deus.

Esta história é minha. É sua. É de cada um que passou por maus bocados, e sempre o anjo valeu. Anjo visível que nos socorre, enviado pelo invisível.

O autor

7

8

Prefácio Honorato Ribeiro dos Santos narra a vida do personagem Zé de Patrício, protagonista desta história, usando a primeira pessoa do singular. Faz crer aos leitores que se trata de uma personagem pseudo do autor. Pelo emprego de uma linguagem simples, mostra — de forma impressionante — como, em todos os momentos da vida, ele fora protegido por estes seres celestiais. Com sabedoria, leva-nos a crer que qualquer um de nós pode viver a mesma experiência. É só acreditar, pois, muitas vezes, deparamo-nos com fenômenos que não têm explicação.

Quantas vezes deixamos de pegar um avião porque atrasamos, ou por outro motivo, e o aeroplano vem a cair sem que haja sobreviventes? Há acidentes que dificilmente teríamos chance de escapar com vida, mas, sem explicação, saímos ilesos. Para os incrédulos, trata-se de coincidência; porém, para meu amigo Honorato, ao narrar a história do Zé de Patrício, confirma a proteção do anjo em nossa estada. E é o que nos mostra nestas páginas.

Em “MEU ANJO DA GUARDA”, com certeza, os leitores conhecerão, na íntegra, a fé e a religiosidade do 9

escritor. Eu li com carinho o original e pude ver quantas experiências, quantas vezes, fora protegido pelo seu anjo.

Quantas vezes fora alertado a tempo, antes que o pior pudesse acontecer?

Por isso, recomendo e agradeço o privilégio de fazer parte de mais uma obra deste amigo, “Honorato Ribeiro dos Santos, que muita gente chama de “Hagaribeiro”.

Mestre Honorato, carinhosamente seus ex-alunos o chamam de professor Honorato; e o povo, “Zé de Patrício”.

Eis porque ele auto se revela no protagonista desta história.

Helena de Paula Autora do romance “Moinhos de Vento”

“O TALENTO DE UM ESCRITOR NÃO SE MEDE PELA SUA PERFEIÇÃO; E, SIM, PELA INTENSIDADE COM QUE TOCA AQUELES QUE O LÊ.”

10

PRIMEIRO ENCONTRO Minha mãe, como sempre, com uma panela grande de ferro, preparava o feijão com costela de boi dentro e temperava com cebola-verde e pimentão. Usava um fogão de lenha e a colher de pau para mexer sem parar. Ateava mais fogo e a panela borbulhava, exalando o cheiro gostoso de quem sabe cozinhar bem a feijoada. Foi essa a comida que a família almoçou para a viagem de canoa que fizemos, subindo rio acima — o Velho Chico — para visitar os parentes que moravam numa vilazinha mineira, por nome de Matias Cardoso, em Minas Gerais. Éramos oito pessoas. O noivo de minha irmã mais velha, Maria, com 18 anos, se chamava Durval, apelidado por Du. Era assíduo pescador, bom remador, remava no piloto da canoa e meu pai, na proa. Foi uma viagem ótima de rio manso, placidamente bom para viajar sem perigo. À margem havia os manguezais, grandes moitas de calumbi, espécie de arbustos de muitos espinhos os quais provocavam um forte remanso e formava um caldeirão um tanto perigoso para a canoa deslizar; balançava nas fortes ondas, 11

mas cortava-as firmemente sem invasão de água dentro dela, pois, estava pesada e os remadores suavam; os remos flexionavam. Porém, os remadores eram bons e todos nós ficamos tranquilos, calmos enquanto passávamos nos lugares mais perigosos e fundos. De vez em quando, teria que fazer a travessia para outro lado da margem direita onde havia várias coroas. Todas as vezes que chegávamos beirando coroas, meu pai encostava e mandava a gente descer e caminhar sobre ela. Era uma enorme alegria, pois, ao pisar naquela areia, ela gritava suavemente nos pés da gente. Muitas aves ribeirinhas a voar sobre nós cantando e mergulhando nas águas para pegarem peixe e se alimentarem. Encontramos muitos ovos de garça, marreca, paturi e pegávamos para cozinhar e comer. A coroa era enorme. Chegamos ao fim numa caminhada de uma hora. Era uma linda praia rasa que a gente brincava de corre-corre e se atirava na água, tomando um banho gostoso e fresco. As aves voavam sobre as águas e a gente observava com inveja a liberdade que elas tinham de ser donas do espaço infinito e azul anil; de sol a brilhar fortemente, mas dava-nos o mais rico tesouro, que eram as águas gostosas do rio São Francisco. Enquanto a gente corria um atrás do outro e se atirava na água, a canoa subia a remo lentamente, mais leve, pois, só ficou a nossa mãe sentada a observar a gente correndo, brincando alegremente, gozando da riqueza da mãe natureza que nos encantava de ver a beleza que nos ofertava. Nos céus, as aves; à margem, o capinzal, as plantações de milho, mandioca, moranga, batata-doce e pescadores a

12

pescar de anzol seu almoço de peixe pescado nas águas do Velho Chico.

Chegamos ao fim da coroa e a canoa aportou-se para que a gente embarcasse. Ficamos tristes, pois, foram momentos felizes que a gente passou a brincar e a tomar banho; comer ovos de gaivota e ver os peixes darem cambalhotas; outros, de bicos à tona sugavam oxigênios para encher a bexiga nadadora. É ela que faz o peixe respirar no fundo do rio. Quando esvazia, o peixe sobe e suga o ar enchendo-a novamente.

Entramos na canoa e nos agasalhamos. Agora a canoa seguia beirando o barranco do rio. Os remadores fincavam o remo no fundo do rio, encontrando terreno firme para empurrar com mais facilidade, pois era raso.

Avistamos a cidade de Manga, terras mineiras; a primeira cidade. Atravessamos para encostar e fazer almoço. Descemos todos e a minha mãe foi ajeitar as trempes e procurar pau seco para fazer o fogo para aprontar o almoço.

Foi fácil encontrar. Enquanto ela aprontava o rango, nós subimos barranco acima e chegamos ao cais. Havia muita gente. Uns pescando de anzol, outros tomando banho; outros pegando água para abastecerem as casas. Subimos os degraus do cais e avistamos a cidade. Ruas calçadas e outras não. Passamos por uma rua que havia uma usina de descaroçar algodão e imprensar fardos enormes de cem quilos do ouro branco. Os vapores carregavam para Pirapora. De lá, eram embarcado para as grandes fábricas de tecido em Belo Horizonte e São Paulo pela “Maria Fumaça”. Naquele tempo, o algodão era o ouro branco.

Quase todas as cidades ribeirinhas tinham usinas. Era o

13

único emprego que havia para o povo. Outros viviam da pesca e da lavoura.

Voltamos e a nossa mãe já havia feito o almoço.

Todos nós almoçamos pirão de peixe fresco com abóbora dentro. Quando fizemos o quimo, embarcamos e seguimos rio acima. Às seis horas da tarde, aportamos no porto de Matias Cardoso. Não havia cais. Era um pequeno município de Manga. Fomos recebidos pelos parentes. Abraçamos alegremente uns aos outros e seguimos para sua residência. O lugarejo estava em festa religiosa, pois, se festejava o Divino Espírito Santo. Às 9h havia a celebração da santa missa. A igreja era linda em formato de arte barroca. Dentro havia lindos quadros pintados a óleo nas laterais da parede. O forro era de madeira e havia muitas imagens de anjos e santos, tudo pintado a óleo. Ficamos encantados com a beleza da igreja. Após a celebração da santa missa, voltamos para o almoço. À tarde, minha irmã, Urçulina, saiu e me levou para passear à beira do rio. Eu era o caçula da família. Chegando lá, havia uma grande coroa, muitas crianças estavam tomando banho e correndo uma atrás da outra. Lembrei-me de nossa viagem e o passeio na coroa que a gente fez em viagem. Eu corri e entrei na água rasa. Fui caminhando, caminhando com água na canela e quando dei por fé, o chão cedeu comigo.

Sumi no fundo à procura de alguma coisa para agarrar e salvar-me. Naquele momento, meu anjo gritou para minha irmã que eu precisava de socorro. Ela chegou e me viu subir a última subida para findar no afogamento.

Ela segurou na minha mão e me puxou para fora. Era

14

um banco de areia. Eu não sabia e ninguém me avisou que a coroa terminava ali. Quem sabia nadar, caia no banco e saia nadando. Mas eu não sabia nadar, pois, eu tinha apenas oito anos de idade. Essa foi a primeira vez que o meu anjo da guarda me salvou. Rezei para ele a oração que a minha mãe me ensinou: “Santo Anjo do Senhor, / meu zeloso guardador/ se a ti me confiou/ a piedade divina /Sempre me rege, guarda, governa, ilumina”. Amém.

15