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O Doador

O Doador

Antônio Walter de Andrade Nascimento

São Paulo 2014

Copyright © 2014 by Editora Baraúna SE Ltda

Capa e Projeto Gráfico Monica Rodriguês

Revisão

Ana Paula Ferreira

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ ________________________________________________________________ N193d Nascimento, Antonio Walter A. (Antonio Walter de Andrade), 1936O doador / Antonio Walter de Andrade Nascimento. - 1. ed. - São Paulo: Baraúna, 2014.

ISBN 978-85-7923-963-2 1. Romance brasileiro. I. Título.

14-09180 CDD: 869.93

CDU: 821.134.3(81)-3 ________________________________________________________________ 31/01/2014 05/02/2014 ________________________________________________________________

Impresso no Brasil Printed in Brazil DIREITOS CEDIDOS PARA ESTA EDIÇÃO À EDITORA BARAÚNA www.EditoraBarauna.com.br

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Ao ser que podemos vir a ser.

Prefácio Essa é uma obra de ficção, não é uma história real. No entanto, bem poderia ser, pois realmente acontece. E tem acontecido sempre, em praticamente toda a história da humanidade. Variam as circunstâncias, variam os pormenores, variam os desenlaces, mas a essência é quase sempre a mesma.

A trajetória de Robson, o personagem central, não difere muito da trajetória de inúmeros seres humanos, talvez até mesmo de pessoas como você... e eu. É uma história de dores e prazeres, de erros e acertos, de causas e consequências; uma história de mudanças pessoais, quando as influências sofridas, os apoios recebidos e as decisões tomadas definem o caminho a ser perseguido e o destino a ser alcançado. É uma história de aprendizagens, de mudanças de comportamentos, crenças e atitudes, reconstruindo a personalidade, nem sempre para o bem, nem sempre para o mal — como acontece a todos nós. É uma trajetória, e as trajetórias são compostas por momentos — milhares deles, milhões deles que se com7

pletam, que se chocam, mas que sempre, cada um deles, determina os momentos seguintes.

Basta olhar em volta para encontrar, em cada Fulano, em cada Cicrano, em cada Beltrano, um Robson tentando, entre trancos e barrancos, entre tapas e beijos, forjar o seu destino. É quando um apoio, um conselho, um impulso certo na hora certa — ainda que aparentemente rejeitados — podem fazer toda a diferença.

Talvez você se encontre ou se descubra em alguns ou muitos dos momentos da trajetória de Robson. Talvez os rejeite ou, quem sabe, talvez os aproveite para direcionar sua própria trajetória até o seu próprio destino.

Até o momento em que todos nós iremos, fatalmente, descobrir quem somos realmente e o que nos espera do outro lado da ponte.

O autor

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Talvez apĂłs a morte o homem venha a conhecer as razĂľes e o sentido de sua existĂŞncia.

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Mas, enquanto vive, ele cria suas próprias razões para viver e forja seu próprio destino.

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Primeira

ยง parte

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Capítulo 1 Lembrava-se vagamente. O paredão de luzes a inundar-lhe os olhos, a incendiar-lhe a mente e, depois...nada.

Com esforço, tentou abrir os olhos. Lentamente. A névoa branca dissipando-se pouco a pouco, as paredes brancas, a cama estreita que mais parecia maca; um longo tubo transparente que parecia introduzido no dorso de sua mão, fixado por esparadrapo; um odor estranho, lembrando... hospital?

A consciência voltou-lhe à tona, como uma pancada na alma: hospital! Acidente! Marina! Que era feito de Marina?

Olhou em volta. Tinha a perna esquerda engessada e doía-lhe o pescoço e a cabeça ao menor movimento. Mas, não só. Doía-lhe todo o corpo, particularmente no lado direito do tronco, próximo à cintura. Com dificuldade, apalpou o local — havia algo ali a cobrir-lhe a pele, uma grande atadura, Estava ferido.

Percorreu todo o quarto com o olhar. Ninguém.Tentou chamar alguém, gritar, mas a voz custava a obedecer-lhe e o esforço causava-lhe mais dores. Tentou mover-se, mas as dores aumentaram, alcançando tal intensidade que lhe tolhia qualquer tentativa.

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