O Zero e a Cerejeira
JEFERSON BOTELHO
O Zero e a Cerejeira
São Paulo 2017
Copyright © 2017 by Editora Baraúna SE Ltda
Capa
Pedro Freitas Rocha da Silva
Diagramação
Editora Baraúna
Revisão
Adriane Gozzo
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ ________________________________________________________________ B762z Botelho, Jeferson O zero e a cerejeira / Jeferson Botelho. - 1. ed. - São Paulo : Baraúna, 2017. ISBN 978-85-437-0834-8 1. Ficção brasileira. I. Título. 17-45878 CDD: 869.3 CDU: 821.134.3(81)-3 ________________________________________________________________ 06/11/2017
07/11/2017
Impresso no Brasil Printed in Brazil
DIREITOS CEDIDOS PARA ESTA EDIÇÃO À EDITORA BARAÚNA www.EditoraBarauna.com.br
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Dedicatória Para Heloísa e Laís Fleming e Phaedra.
Sumário Capítulo I Um mergulho entre corais.............................. 9 Capítulo II Um estranho achado.........................................15 Capítulo III De volta à embarcação.....................................23 Capítulo IV As ordens secretas..............................................27 Capítulo V A misteriosa peça..................................................35 Capítulo VI O retorno de Michael Cromwell..............43 Capítulo VII Capitão Thierry.....................................................57 Capítulo VIII Tristes cartas do sol poente........................63 Capítulo IX Rumo às ilhas Cook............................................67 Capítulo X O ressurgimento de Akiri...............................77 Capítulo XI O U-525S.......................................................................83
Capítulo XII Um U-Boot fora de seu tempo.......................89 Capítulo XIII A máquina do tempo...........................................95 Capítulo XIV Pulsos do tempo...................................................99 Capítulo XV Capitão Rolf..........................................................105 Capítulo XVI O retorno do U-525S .......................................117 Capítulo XVII O reencontro com Akiri...............................123 Capítulo XVIII Dentro da pirâmide oculta.........................127 Capítulo XIX O I-406........................................................................133 Capítulo XX A espaçonave..........................................................141 Capítulo XXI Um imediato prisioneiro do tempo.........149 Capítulo XXII Retorno à nave....................................................163 Capítulo XXIII Viagem ao país do sol poente......................177 Capítulo XXIV A cerejeira...............................................................187 Capítulo XXV Em Zurique..............................................................193 Capítulo XXVI Paradoxos ..............................................................197
Capítulo I Um mergulho entre corais
Na metade do século XX, o Japão estava em um acelerado processo de crescimento econômico e necessitava de reservas de petróleo e carvão para fomentar a sua indústria, o que o forçou a tomar uma atitude estratégica e agressiva extrema em 1937 e invadir a China, as Filipinas e a Coreia. Como os Estados Unidos também tinham interesses econômicos e estratégicos para aquela região, mesmo possuindo uma frota naval superior, sofreram na manhã de 7 de dezembro de 1941 um violento ataque surpresa, através de uma operação aeronaval contra a sua base em Pearl Harbor, na ilha de Oahu, no Havaí, meticulosamente orquestrada pela marinha Imperial Japonesa. Este histórico ataque destruiu 21 navios e 347 aviões, matando 2.403 pessoas e ferindo outras 1.178, marcando assim a entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial e consequentemente dando início a famosa Guerra do Pacífico. Tal evento também gerou a formação do consagrado eixo que uniu o Japão, a 9
Itália e a Alemanha. Entre as inúmeras missões realizadas pela frota da aviação naval da marinha japonesa, uma em particular se deu na manhã de 8 de março de 1944, onde um jovem piloto oficial partiu com um avião caça Mitsubishi A6M Zero de um porta-aviões e rapidamente se perdeu de vista à medida que ganhava altitude em sua misteriosa missão. Passados 71 anos após a guerra, em pleno mês de julho de 2015, um casal australiano de biólogos marinhos, o Dr. Mason, de 48 anos, e a Dra. Ava Palmer, de 45 anos, eram pesquisadores associados a um Instituto de Pesquisas Oceanográficas da Nova Zelândia, estavam havia quase um mês fazendo um mapeamento de reconhecimento da distribuição e da biodiversidade das espécies de corais e outros invertebrados próximo às ilhas Samoa Ocidental, ou seja, mais precisamente junto às ilhas de Savai’i, Upolu e outras adjacentes na Polinésia, em plena Oceania. Eles tinham como logística um barco que prestava serviços para o instituto e batizado de Ataraxia, com 60 pés (27,43 metros) de comprimento, tendo como comandante o experiente capitão Pierre Thierry, 60 anos, que serviu na marinha francesa por quase duas décadas e conhecia muito bem aquelas águas do Pacífico. Além de terem o apoio de três marinheiros fiéis ao capitão e nativos da ilha de Java, os quais também sempre eram contratados por mergulhadores e caçadores de tesouros. Na noite de uma quarta-feira, eles passaram por uma forte tempestade, o que os obrigou a mergulharem na quinta-feira logo após o almoço. 10
– O que você acha, Mason? Será que as condições do tempo hoje estão melhores para mergulharmos? – Acho que sim, Ava, podemos tentar. – Doutores! Vocês querem que eu mande um dos rapazes mergulhar com vocês? – Não precisa, capitão, o trabalho é demorado e já estamos acostumados. Mas, mesmo assim, obrigado. – Ok, então, Dr. Mason. Nós os aguardaremos. Bom mergulho! – Obrigado, capitão. – Muito obrigada, capitão. Eu gosto do capitão Thierry, ele está sempre preocupado conosco. – É verdade, Ava. Ele também é muito prestativo. Sabendo que não tinham o dia todo, eles logo mergulham naquelas águas cristalinas de azul intenso e rapidamente conseguem chegar no fundo sobre uma grande rocha formada por basalto, há uns 10 metros de profundidade, que era bastante comum devido à origem vulcânica daquelas ilhas e atóis. Ao contornarem a espessa rocha, eles observam uma grande sequência de corais, esponjas, anêmonas, estrelas-do-mar e uma grande quantidade de peixes tropicais de um colorido maravilhoso. Daquele ponto começam a fotografar, a medir e a mapear todo aquele monumento natural. Mas as coisas lá no fundo não estavam muito confortáveis devido às correntes marinhas que estavam muito fortes. Ambos estavam tendo dificuldades de se manterem em equilíbrio, o que exigia maior resistência em relação às correntes, até que Ava observou uma outra extensão rochosa e avisa Mason pelo comunicador e por sinais. 11
– Veja, Mason, a estrutura adentra para a base da ilha. Vamos olhar? Neste momento, Mason olha para o seu marcador de ar comprimido do cilindro e concorda com Ava. – Ok. Quando eles começam a se aproximar da extensão daquela pequena barreira de corais, são puxados por uma forte corrente, que os leva para dentro de um tipo de túnel na base da ilha. Esta carona indesejável e inevitável não foi nada agradável, muito pelo contrário. Além de serem águas mais frias e densas, eles são jogados contra as rochas laterais do suposto túnel e percebem que não adiantava voltar e nadar contra a corrente. Assim, seguem em frente e vão percebendo que a mesma perde a força aos poucos e logo percebem que tinham se deslocado cerca de uns vinte metros para dentro. Bastante exaustos e doloridos pelas batidas que sofreram nas rochas, visualizam uma sutil luz aparentemente natural na superfície e logo começam a subir, e, para surpresa deles, era uma grande galeria formada por basalto, rocha calcária, antigos esqueletos de corais, restos de madeiras e muita vegetação que adentrava por cima, e onde existira um teto que colapsou. Havia uma abertura bem encoberta por vegetação densa. – Está tudo bem com você, Ava? – Sim, Mason, e com você? – Sim, foi mais o susto! – E que susto! Achei que iríamos morrer. – Mas não morremos! 12
– E agora, Mason, o que vamos fazer? – Vamos descansar, retomar as forças e sair daqui! – Você vai querer mergulhar de volta pela abertura desta caverna? – Claro que não, Ava. É impossível com esta corrente. – Ah! Bom! – Vamos ter que escalar uma dessas bordas e subir pelas rochas e pela vegetação. – Concordo, Mason, mas o que você está fazendo! – Quero fotografar tudo isto. Para a posteridade! Depois de uns vinte minutos descansando, eles observam o melhor ponto para começarem a escalar, considerando ainda todo aquele equipamento como os cilindros, as nadadeiras, as máscaras, a câmara, etc. – Vamos indo, querida, senão vai ficar tarde. – Sim, Mason, vamos sair logo daqui.
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Capítulo II Um estranho achado
Eles se deslocam para o lado direito da gruta, sobem numa rocha, se seguram em alguns galhos e raízes e começam a subir, até que percebem que algo relativamente grande estava preso logo acima na vegetação que adentrava a grande gruta, porém, devido ao movimento de subida deles, ocorre desestabilização daquela estranha massa, que começa a descer e logo atinge parcialmente o solo, mas fica inclinada e presa pela vegetação. Dando tempo ainda para o Dr. Mason empurrar a Dra. Ava com força e ambos caírem para o lado esquerdo no solo e sofrerem apenas alguns arranhões nos braços. – Você está bem, Ava? – Sim, só alguns arranhões. – Eu também. Mas olhe, Ava, eu não acredito. – Um velho avião! – Que coisa fantástica! Não é só um velho avião, mas sim um caça japonês Zero da Segunda Guerra Mundial. – Você tem razão, Mason, dá para ver ainda o círculo vermelho na lateral da bandeira japonesa. 15