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Samaúma e o Povo das Américas

Origem dos povos das Américas

Kiko Proença

Samaúma e o Povo das Américas

Origem dos povos das Américas

São Paulo 2013

Copyright © 2013 by Editora Baraúna SE Ltda Capa Henrique Proença Projeto Gráfico Monica Rodriguês Revisão Priscila Loiola

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ _______________________________________________________________

P957s

Proença, Kiko Samaúma e o povo das Américas: origem dos povos das Américas/ Kiko Proença - 1. ed. - São Paulo: Baraúna, 2013.

ISBN 978-85-7923-825-3 1. Ficção brasileira. I. Título.

13-02510

CDD: 869.93 CDU: 821.134.3(81)-3

_______________________________________________________________ 28/06/2013 28/06/2013 _______________________________________________________________

Impresso no Brasil Printed in Brazil DIREITOS CEDIDOS PARA ESTA EDIÇÃO À EDITORA BARAÚNA www.EditoraBarauna.com.br Rua da Glória, 246 – 3º andar CEP 01510-000 – Liberdade – São Paulo - SP Tel.: 11 3167.4261 www.editorabarauna.com.br

“Ninguém cruza nosso caminho por acaso e nós não entramos na vida de alguém sem nenhuma razão”.

Chico Xavier

“Cada pessoa que passa em nossa vida, passa sozinha, porque cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra. Cada pessoa que passa em nossa vida, passa sozinha e não nos deixa só, porque deixa um pouco de si e leva um pouquinho de nós.

Essa é a mais bela responsabilidade da vida e a prova de que pessoas não se encontram por acaso.”

Charlie Chaplin.

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Agradecimentos Para minha família, Suci, Henrique e Guilherme; meu pai, Edison Proença, já falecido; minha mãe, Zuramil Botogoski Proença; meus irmãos, Edison Proença Júnior, Maurício Proença e Carlos Alberto Proença; minhas cunhadas e sobrinhos; toda família Borges, em especial Dona Elza, minha segunda mãe; meus amigos, que me inspiraram alguns personagens; e a todos que passaram por minha vida de uma maneira ou de outra, causando boas ou más impressões, causando bem ou mal-estar. Com suas atitudes, contribuíram para que eu melhorasse sempre, para que eu me lapidasse como se lapida uma pedra bruta.

Agradeço ao Grande Arquiteto do Universo, que é Deus, por me dar saúde e capacidade.

O Autor.

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Prólogo As imigrações, no final do século XIX, foram movimentações importantes que ocorreram no Brasil, que iniciava um sistema de governo novo: a República.

Os imigrantes encontravam nessa nova nação condições ideais para, com muita luta, melhorarem de vida. Cresceriam junto com esse novo país e suas novas oportunidades e, isso, com certeza, seria muito mais fácil na imaginação deles.

Vários grupos étnicos chegaram e encontraram nas diversas regiões do país muitas dificuldades, pois, ao contrário da Europa, o desenvolvimento era lento nas terras do novo mundo.

Vasta mata fechada, muitas florestas e a falta de ligações entre as regiões, logicamente, ajudavam a criar essas dificuldades. A locomoção tornava-se lenta e demandava tempo.

As florestas gigantes, “o grande pulmão do mundo”, são responsáveis por acolherem inúmeras espécies da biodiversidade existente no Planeta Terra e, ainda nos dias de hoje, mantêm intactas certas áreas que abrigam muitos perigos e mistérios. Áreas ainda desconhecidas, jamais atingidas por qualquer expedição, por qualquer humano, preservam assim os seus habitantes, sejam de que espécie for, os seus segredos, os seus tesouros.

Os imigrantes ajudaram a impulsionar o progresso brasileiro, a transformar ambientes inóspitos em áreas produtivas, a avançarem com o desenvolvimento, a darem condição para que a marcha para o oeste fosse uma realidade. E as incursões para o norte, uma fronteira ainda mais distante, isolada por 11

vários rios gigantescos, quase intransponíveis, também foram desbravadas por imigrantes e migrantes, que, com isso, chegaram até a misteriosa Floresta Amazônica, que passou a receber milhares de trabalhadores para aquela que seria a obra do século: a ferrovia Madeira-Mamoré.

Este livro conta a saga de uma dessas famílias de imigrantes que vieram para o Brasil e seu descendente, das dificuldades em sustentarem suas necessidades básicas, dos perigos e de tudo que se pode encontrar em meio à mata fechada, em meio a ruínas que não se sabe ao certo como surgiram e de como esses ambientes estão intimamente ligados à condição de sobrevivência da humanidade. Essa sobrevivência depende fundamentalmente de água. Das nascentes de rios. Nos mananciais subterrâneos, o tesouro se renova.

A água é água, desde que o mundo é mundo. Não há uma usina produtora de água nem uma fonte inesgotável. A água tem seus ciclos. Ora estão nos céus, no seu estado gasoso; ora nos rios, nos oceanos e no subterrâneo em seu estado líquido; ora nos polos na forma sólida. Nessas três formas, a água preserva a vida na terra.

O que não pode acontecer é o «assassinato» da água, acabar com sua potabilidade, pois o líquido continuará existindo, porém não terá a função de fazer os biomas se desenvolverem e viverem em harmonia, nem manter as células vivas. A água podre apodrecerá o planeta, a vida. Sem os gelos dos polos que funcionam como um ar condicionado natural, o aquecimento global será inevitável e a vida na superfície do planeta se tornará insustentável.

Há muito mais preocupação com esse líquido precioso do que se possa imaginar. Dele depende a vida! E as florestas, entre outras coisas, são responsáveis em manter a água, bem mais precioso para a vida, em perfeito estado de pureza e em reservatórios naturais ainda impensáveis e desconhecidos.

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Nesse ambiente inóspito, homens destemidos, desejosos em fazer parte do progresso, se embrenham nas matas em busca de trabalho, de riquezas, de tesouros e de satisfação pessoal, sem realmente saberem ao certo o que encontrarão e se sobreviverão aos perigos que se escondem imperceptíveis em qualquer moita, árvore, rios ou banhados.

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Capítulo 1 07h00min. a.m. Estação ferroviária de Cracóvia, sul da Polônia, cidade sob o jugo do império Austro-Húngaro, um jovem casal acomodava-se na plataforma de embarque à espera da Maria fumaça que os levaria até a cidade de Gdansk, ao norte do antigo território polonês, na Província de Pomerânia, próximo à foz do rio Vístula.

Embora Cracóvia estivesse sob o domínio do império Austro-Húngaro, que se formou em 1867, o norte do país, especialmente a cidade de Gdansk, estava sob o domínio do Reino da Prússia. Além desses dois países, o Império Russo também era soberano sobre uma parte do território polonês desde 1866.

Sentados muito juntos em um dos bancos confeccionados em madeira da estação, mantinham seus braços entrelaçados para se aquecerem do frio intenso que fazia naquela manhã. Mal podiam conversar, pois o ar gelado que respiravam fazia doer suas vias aéreas e seus pulmões. Estavam ali, sentados em meio a muitas dúvidas e incertezas. “Será que fizemos a escolha certa?”, pensavam sincronizados com o olhar perdido no horizonte.

Pareciam relutantes em seguir adiante, porém a decisão já estava tomada. O inverno rigoroso do Leste Europeu não os maltrataria mais. A situação era irreversível.

Os dois jovens se preparavam para o início de uma viagem de muita coragem. Traziam consigo o sonho da conquista de uma vida melhor, além de tudo que podiam carregar e o que era permitido levar.

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Era uma manhã realmente muito gelada do rígido inverno do leste da Europa naquele ano. Montanhas de gelo, acumuladas pela neve, formavam-se ao redor da estação, deixando apenas os espaços dos trilhos livres, para que a máquina de ferro pudesse chegar aos seus destinos sem a interrupção desse fenômeno natural adverso.

O vento rompia o ar e fazia congelar a pele e os ossos. Os músculos enrijeciam, os lábios ficavam rachados e a espera tornava-se infinita. Tremiam, abraçados um ao outro. Seus olhos contemplavam o branco que quase os cegava.

Sim, pensavam, “qualquer lugar que formos não será mais frio, mais congelante que isto aqui”, e antes que a situação piorasse e uma nevasca atingisse a estação de trens de Cracóvia, o que provavelmente mataria os dois congelados, a Maria fumaça chegou. Imediatamente levantaram, pois já fazia uma hora e meia que estavam ali, sentados, imóveis, tentando apenas se aquecerem.

Com movimentos lentos, sentindo a dificuldade de colocar a máquina humana para funcionar, carregaram as bagagens para dentro do trem. Colocaram em cima dos bancos nos compartimentos apropriados. Alguns baús eram grandes demais e ficaram entre os assentos e a porta do vagão. E após toda aquela manobra, finalmente acomodaram-se nos bancos duros também em madeira da classe econômica.

Abraçados, para que o corpo de um aquecesse ao do outro, estavam prontos para os seiscentos e dez quilômetros da longa viagem que se iniciava em direção ao norte do país, mais precisamente ao porto de Gdansk, junto ao mar Báltico. Era apenas o primeiro trecho de uma viagem de muitos dias.

Então o chefe da estação anunciou com um potente grito, no idioma local: — ALL ABOARD! (todos a bordo!)

— Z POCIAG JEDZIE POZOSTAWIC! (o trem vai partir!).

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